Beyond Broken Souls escrita por Haunted House, Angel of Silence, Angelika Malfoy


Capítulo 1
Victoire Amandine Vernon




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Batidas na porta anunciaram a entrada de minha avó.

–Victoire, já está pronta? A chave de portal partirá daqui a pouco. - Ela falou alto de trás da porta, vovó nunca gritava.

–Estou indo grand-mère, só preciso acertar a maquiagem.

Mentira, ainda vestia as meias de seda (cada vez mais raras, a guerra nos privava de todos os tecidos que vinham da Inglaterra e o Führer apreendera toda a nossa indústria). Quem pode me culpar? Fui deitar próximo às quatro da manhã, depois que todos os convidados foram embora da soirée de volta as aulas, então, lógico, acordei atrasada. O maior culpado é o meu pai, que consentiu com a festa, depois de eu muito implorar, nossa nova casa não era muito digna de receber visitas e ele jamais suportaria que alguém duvidasse da riqueza de sua família, por mais fantasiosa que fosse, já que agora vivíamos na morada do caseiro de uma fazenda que uma vez nos pertencera, mas que era tudo o que nos restava agora. Quanto sugeri, inocentemente, convidar os meus amigos para a mansão dos meus avós, em Nice, ele finalmente deixou. Por mais que não se desse bem com os sogros, bruxos, assim eu pelo menos pararia de importuná-lo e o deixaria trabalhar.

Acontece que por mais esnobes que fossem os pais dos alunos de Beauxbatons, claramente não se importavam com um trouxa, mesmo que ele aparecesse bastante no noticiário como o banqueiro que perdera tudo duas vezes, por outro lado comentariam exaustivamente sobre a incrível decoração do palacete o dia todo e a minha reputação permaneceria intacta, ou seja, melhor do que a da Delacour.

Mais batidas na porta.

–Victoire Amandine você tem dois minutos!

Droga, dessa vez era meu avô e ele sim parecia sentir prazer em gritar.

Estava lutando para prender a franja, que insistia em cair nos meus olhos, coloquei o chapéu que fazia parte do uniforme formal, obrigatório no dia da recepção e desci as escadas correndo, os saltos estalando no piso de mármore.

–Sem tanta afobação, olhe só a sua postura.

Eles não podiam ser um pouco menos críticos?

Grand-mère me analisou de cima abaixo.

–Você parece a sua mãe. – Disse por fim, aprovando. – Tenha um ano maravilhoso, e escreva.

Enquanto ela me abraçava, um pouco rígida demais as chamas da lareira brilharam verdes e uma garota, seguida por um homem bem vestido saíram de dentro dela.

–Dine! –Mélanie correu até mim e pulou no meu colo.

Meu avô pareceu seriamente perturbado com isso. Ele bem que tentava fingir gostar das duas netas igualmente, mas nunca aceitou bem o fato de ter uma bruxa abortada na família. Mélanie estava prestes há fazer 10 anos, data da admissão em Beauxbatons, e jamais demonstrara algum sinal de magia. Mais um motivo para ele e meu pai não se darem bem.

“Ah, se Celine tivesse se casado com um bruxo de renome, jamais teríamos uma aberração na família” O velho vive resmungando pelos contos, o que gera discussões homéricas no Natal, aniversários, páscoa... Então eu tiro Melanie da sala e os dois ficavam se ameaçando com a faca do peru.

Vovô geralmente vence, afinal ele tem uma varinha (o que já rendera a meu pai algumas deformações anotômicas engraçadas, por assim dizer). Talvez a discussão mais épica tenha sido a perto da época do meu nascimento (segundo me contou Mademoiselle Rouiz, nossa empregada de tanto tempo que se recusou a ir embora mesmo quando o banco de papai faliu). Naturalmente, meu nome deveria ser Victoire Amandine Chevalier, pelo lado paterno da minha família, mas meu avô ameaçou dizendo que faria o possível e o impossível para anular o casamento se não dessem o sobrenome Vernon, da minha mãe, à mim e a qualquer filho posterior. Meu pai detestou essa humilhação mas aceitou no fim. Deve ter sido nessa época que as reuniões de família passaram de tensas e potencialmente perigosas à perigo mortal, não se aproxime.

–Vou sentir sua falta. – A voz doce da minha me despertou.

–Também vou sentir a sua- Ficamos nos abraçando por um tempo. Até que vovó me chamou, levemente irritada:

–O portal está pronto Victoire.

–Tchau querida. - Falou meu pai. -Tenha um bom ano.

Dei-lhe um beijo no rosto. – Tentem não se matar, não na frente de Mel.

–Vou tentar-Disse sério, mas sorria. Um pouco.

–Cuide da mamãe, certo? Não fique só trabalhando. -Não que fosse adiantar.

–Pode deixar. Ela gostaria de estar...

–Adeus. –Se ele dissesse que minha mãe gostaria de se despedir eu choraria, porque era mentira, na maior parte do tempo ela nem sabia quem eu era.

Olhei para vovô.

–Se comporte, estude, aja como uma dama. Lembre-se você representa a nossa família, não me decepcione. Tente se aproximar daquele rapaz, Tetzner, seria um bom casamento, bela família, os alemães estão cada vez melhores.

Nada de Boa viagem, bom ano, nem mesmo Tchau, a personificação do afeto.

–Eu só tenho 15 anos Grandpa.

–E com essa idade sua avó já estava prometida a mim. Se apresse, e escreva. Devo alerta-la que algumas mudanças ocorrerão esse ano no colégio, aproveite para construir relações.

–O quê? Quê mudanças?

–Você descobrirá na escola.

–Tory o portal!

O brilho que saía do bule de chá se intensificava. Minha avó me empurrou para a mesinha de chá para que eu pudesse segurá-lo, e no segundo em que o toquei senti uma dor aguda na barriga e a sala desapareceu.



























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