(Valéria)

Tinha demorado muito para me recuperar, aliás, ainda não estava recuperada totalmente, por isso não podia agir por mim própria. Os raios lunares que tinham percorrido o meu corpo, danificaram todos os meus músculos e sistema nervoso. Estive mais de um mês sem conseguir mexer a ponta de um dedo. O quarto onde estive parecia um bloco operatório. Várias luzes incidiam na minha face e no meu corpo. Variadas vezes Agnes e as outras Consortes iam ver o meu estado, tratavam de mim com uma magia da qual eu nunca tive conhecimento e, por muito que me custe admitir, se não fossem elas, eu não poderia vingar-me. Recuperei a ponto de me poder exercitar poucos dias depois de Luther ter ficado com o seu corpo e poder bastante danificados. Desde que tinha partido, Luther ainda não tinha recuperado a sua verdadeira forma, continuava na forma de uma esfera reluzente. Todos os dias, Agnes liderava um ritual para saber o estado do nosso Mestre e tentar comunicar com ele. A resposta era sempre a mesma todos os dias: Luther estava em recuperação. Através do seu poder, Agnes teve conhecimento do combate que estava para decorrer e então, nesse preciso momento, tive uma brilhante ideia. Sabia o que iria acontecer se Isabella fosse tomada pela raiva e usasse o Punhal.

Petrus morreria. Isabella, tomada pela raiva, usaria o Punhal Lunar para se vingar e aí, como sem Petrus para ela é impossível viver, juntar-se-ia ao meu Mestre e juntos completariam os planos deste mesmo. Um plano perfeito.

Mas para isso precisava de ajuda. Dirigi-me ao clã de Inugami. Eu iria assistir a tudo, mas de longe… Sabia que tentar persuadir o chefe do clã não ia ser fácil, mas ele tinha razões para afastar Isabella do seu filho. Fui recebida à grande clareira, onde se encontrava as habitações do clã, por enormes lobos que me mostraram as suas presas de imediato. Por sorte, Inugami estava por perto e deu ordens para que eles não fizessem nada. Dentro de uma cabana, coberta por várias peles de variados animais, contei a parte dos planos que lhe interessava.

— Grande Chefe, sei do combate que vai acontecer hoje. Tenho também conhecimento dos sentimentos do seu filho para com a sua oponente, por isso queria propor-lhe o seguinte…

Demorei quase meia hora para lhe explicar tudo. Limitou-se única e simplesmente a ouvir-me. Enquanto Isabella estivesse distraída e preocupada em lutar com o restante clã, Inugami aproveitaria para desmembrar e desfazer Petrus com os seus dentes. Isabella revoltar-se-ia contra Kiba, já que, devido aos seus sentimentos para com ela, tudo aquilo aconteceu e o seu amado tinha sido aniquilado. Do resto, depois eu tratava.

— Vou-me arriscar demasiado. Aquela mulher é perigosa. – a sua voz grave e imponente dava-me arrepios. Não conseguia compreender como aquela rapariga tinha tido a coragem para enfrentar aquele homem. – Mesmo assim… Tentarei, mas aviso-te já, que se alguma coisa correr fora dos eixos, não te deixarei dormir.

Curvei-me, dizendo:

— À sua vontade, Grande Chefe.

“Grande Chefe”… Queria não me arrepender de lhe ter chamado aquilo e esperava, que um dia, quando Luther acordasse e soubesse daquilo, não ficasse ofendido. Sabia que Petrus não lhe contaria nada até que o combate não passasse. Isso dar-me-ia vantagem. Aquele sonho, se é que se podia chamar assim, tinha sido uma espécie de aviso antecipado, mas eu conhecia Petrus bem demais… Isabella não ia contar com tal ataque, queria eu dizer, ela decerto que estava a contar que Inugami não jogasse limpo de todo, mas com um ataque daqueles ela não contava de certeza. Bem, dar-me-ia bastante gozo ter Isabella como companheira novamente, ainda mais, pelo mal…