UMA DEFINIÇÃO NÃO ENCONTRADA NO DICIONÁRIO - Não ir embora: ato de confiança e amor, comumente decifrado pelas crianças.
­_ A menina que roubava livros

Uma coisa que tenho notado, é que a vida não é tão bela como é contada nos livros, li muito sobre o amor e quando o conheci devo dizer que me apaixonei por esse sentimento, porém, o amor é o sentimento que desencadeia um outro que destrói os poderosos e desorienta os grandes pensadores: A perda. E o pior é que mesmo sabendo disso, não tem como escolher simplesmente não amar.

Fiquei um tempo encarando o corpo imóvel do meu primo enquanto chorava desconsoladamente, Leigh estava desesperado enquanto chorava sobre o corpo do irmão, e eu não pude fazer nada, ate que ouvi um rugido diferente, um rugido de dor, me virei depressa e lá estava Castiel urrando após ter sido atingido por Sazu, Selena voou ate lá desesperada e pronta pra atacar Sazu, mas ele lhe lançou o mesmo feitiço, os dois caíram fazendo um enorme estrondo e então voltaram para suas formas humanas, eles estavam com as roupas aos farrapos, na verdade quase uma peça íntima, olhei em volta e vi todos os meus amigos apanhando feio como eu apanhei, senti uma dor terrível dentro de mim, um desconsolo, senti meu coração ser esmagado, tirando meus sentidos. "Eu devia tê-los mandado ir embora, eles não deviam estar aqui"_ Pensei com as mãos nos cabelos, me levantei com uma força que não sei de onde tirei e corri ate Castiel, Selena caiu um pouco mais longe, ele estava com a respiração ofegante e sua perna estava muito ferida, jorrava sangue formando uma poça no chão. Então Pethria se aproximou de mim e antes que eu fizesse qualquer coisa vi seus olhos negros. Ela fingiu um olhar triste muito bem treinado.

_ Por que está tão desesperada? Você nem os conhece..._ Começou ela.

Enquanto encarava seus olhos todas as minhas lembranças deles iam sumindo.

_ Você mesma viu, eles mataram seu pai, mataram sua única família disse ela apontando para Lysandre e Mel.

Então vi a imagem de um rapaz ruivo com olhos cor de mel, e sua irmã também ruiva mas de olhos verdes, os dois apunhalaram meu pai, e socaram Lysandre e Mel ate a morte.

_ Ninguém aqui gosta realmente de você, são todos falsos!_ Disse ela apontando para os meus amigos que estavam sendo segurados cada um por vários guerreiros, eles gritavam algo que parecia ser meu nome mas não conseguia ouvi-los, e eles não tinham forças pra se safar dessa.

_ Mas... Eles são meus amigos... Eles se importam comigo..._ Disse me sentindo meio embriagada.

_ É claro que não, você mesma os ouviu falando mal de você pelas costas, você sabe que eles só estão aqui pra ver você morrer!_ Disse ela.

Me lembrei das diversas vezes em que peguei cada um deles fofocando sobre mim, e usando meus poderes também pude ver eles tramando ver minha derrota.

_ Só eu sou sua amiga aqui Valentine!_ Continuou Pethria._ Eu sempre estive lá quando você mais precisou, não se lembra das aulas de canto e violão que te dei?_ Disse ela sorrindo pra mim.

Lembrei de todos aqueles dias em que eu estava sozinha e ela sempre ia me visitar com um violão e um pote de sorvete, eramos grandes amigas, como pude duvidar dela?

_ Desculpe... Por tudo... Pethria..._ Disse ainda me sentindo estranha e embriagada.

_ Valentine não!! É isso o que ela quer, não se deixe levar pelas mentiras dela, não olhe nos olhos dela!!_ Gritou o garoto ruivo que matou meu pai enquanto se esforçava pra se levantar e se apoiava na perna que não estava ferida.

Pethria colocou uma espada em minhas mãos.

_ Vai amiga, vingue a morte do seu pai e da sua família!_ Disse ela enquanto se afastava.

Peguei a espada e caminhei devagar na direção dele, o garoto ruivo tentou se afastar mas Pethria o segurou pra mim.

_ Eu estou sempre com você!_ Sorriu ela.

_ Não, meu amor, escute, eu te amo, tente se lembrar de mim!_ Gritou o garoto desesperado enquanto eu me aproximava dele com passos rastejantes.

_ NÃO VALENTINE, LEMBRE-SE DA MINHA VISÃO, EU TE CONTEI, NÃO FAÇA ISSO, VOLTE AO NORMAL!!_ Gritou a garota ruiva enquanto tentava chegar ate mim, mas Sazu lhe atingiu com o mesmo feitiço só que dessa vez em um posto vital, ela caiu lentamente no chão, com os olhos paralisados enquanto o sangue escorria em seus lábios.

_ NÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO!!!! SELENA, MINHA IRMÃ!!!!!_ Gritou o garoto ruivo enquanto tentava loucamente se soltar dos braços de Pethria.

_ Você... Matou... Meu pai..._ Disse levantando a espada devagar.

O garoto se virou pra mim chorando, senti uma forte e inexplicável dor no peito, mas o desejo de vingança era maior.

_ Não meu amor, tente se lembrar..._ Implorou ele mas antes que terminasse a frase lhe finquei a espada na barriga, ele soltou um gemido oco.

E no mesmo instante percebi o que eu havia acabado de fazer, vi Castiel caindo devagar no chão com as mãos sobre o ferimento, toda minha memória voltou, e eu vi minha vida indo embora junto com ele. Me lancei no chão junto à ele, gritando e chorando, amaldiçoando o mundo inteiro principalmente a mim mesma.

_ Amor... A culpa não foi sua..._ Disse ele com a voz fraca quase inaldível.

Não conseguia pensar em nada pra dizer, a dor que eu sentia era tão desesperadora que eu mal conseguia respirar, Lysandre e Mel estavam mortos, Selena também, olhei em volta e vi cada um dos meus amigos caindo imóveis um após o outro, eu estava sozinha no mundo, Castiel ainda sorria pra mim enquanto definhava aos poucos.

_ Eu não vou deixar você morrer!_ Disse baixinho ao seu ouvido e coloquei as duas mãos sobre o ferimento.

"Só tenho uma chance não posso falhar"_ Pensei enquanto me preparava para a dor que eu estava prestes a sentir.

_ Não faça isso... Você irá desmaiar, não vai adiantar... Já é tarde... Não quero que você morra, meu amor..._ Disse ele quase sem voz.

_ E eu não quero viver em um mundo que você não está!_ Disse chorando.

_ Eu te amo..._ Ouvi ele dizer.

_Por que veio aqui Castiel?_ Perguntei ainda chorando.

_ Porque... Todos tem escolhas, e agora eu sei... Que a minha escolha é você!

Ainda chorando usei o dom, como eu já não tinha mais minha cura própria haveria riscos de não funcionar, mas eu tinha que tentar, uma luz branca meio azulada começou a surgir de minhas mãos e passou para o corpo de Castiel, foi então que a dor começou, era tão insuportável que eu senti vontade de morrer, a dor era exatamente do jeito em que Irã Sensei descreveu, senti meu corpo ser dilacerado, todas aquelas etapas, me curvei sobre Castiel, chorando de tristeza e dor, apoiei todo peso do meu corpo sobre ele, pra que eu não tivesse forças pra levantar involuntariamente, todas as suas veias brilharam na tonalidade do dom de cura, sob sua pele, a ferida começou a se fechar devagar, mas era um processo lentíssimo, devo ter ficado alguns minutos assim enquanto meus inimigos me encaravam sorridentes, mas pra mim parecia uma eternidade, apenas meu amor por ele foi o que me segurou sobre seu corpo, o ferimento fechou e minha mão parou de brilhar então deixei meu corpo cair sobre o dele. Meus olhos estavam pesados, meu corpo e meu coração doía tanto que desejei nunca ter nascido, comecei amolecer e eu não estava conseguindo me manter acordada, estava com a cabeça sobre o peitoral de Castiel, mas não ouvi seu coração bater, reuni forças de onde não tinha apenas pra olhar seu rosto.

_ Castiel?? Amor... Funcionou?_ Perguntei sem obter resposta._ CASTIEL!!!!!_ Grite desesperada o sacudindo, ele não respondia, ele não respirava, usei o Xisgan e não consegui captar vida nele ou em qualquer um dos meus amigos.

Soltei um grito alto de dor, medonho, destruído, o abracei e beijei seus lábios que estavam perdendo o calor._ Eu sou um monstro...._ Disse chorando enquanto me sentia dominada pela dor e pelo ódio, enquanto sentia que todo meu amor estava indo embora juntamente com Castiel.

_ Feliz aniversario de 18 anos Valentine!_ Ouvi Pethria dizer.

Me deitei sobre o corpo de Castiel, e permaneci ali chorando e implorando que me matassem logo. Não ha motivos pra viver sem ser amado, é como viver respirando um ar venenoso, sem jamais morrer envenenado. Perdi tudo o que eu tinha, tudo o que eu conquistei, todos que me amavam, perdi tudo de uma só vez, perdi a mim mesma no meio daquele sofrimento.