Sem título. escrita por MAguirre
- Para onde estamos indo? - Ela me perguntou. Já não era sem tempo.
- Vamos voltar no tempo. Eu vou lhe mostrar uma menina. Uma casa. Uma rua. - Respondi, contendo um risinho. Aquela seria a melhor volta no tempo que eu faria para alguém. Talvez não para mim. Pois até eu tenho lembranças. E acredite, não é legal ter lembranças quando você é imortal. Mas eu fui teimosa.
Para voltar no tempo, você não precisa ter poderes. Você não precisa de uma máquina. Você só precisa de imaginação. E isso, você encontra em livros. E livros, você encontra numa biblioteca, mas, para a magnitude de toda aquela volta, teria que ser uma biblioteca enorme.
Quando eu contei a minha ideia, ela esboçou uma pequena felicidade.
- Eu já fui lá. - Ela informou. - Eu não sabia que você gostava ler.
- Ah, eu gosto muito. Afinal, por que viver uma só vida quando você poe viver milhares, lendo? - EU falei, tentanto ser um pouco simpática.
- Por que você não está viva. - Pronto. Ele acabou com o meu dia. E o pior: falando a verdade. Eu não estou viva. Nem morta. Não sou nem zumbi, nem fantasma, nem qualquer dessas coisas inúteis.
Afinal: nossa passeio para "voltar no tempo", seria um tanto animado, mas seria melhor se ela levasse seus amigos. Ou pelo menos pudesse contar a eles que ela foi nesse lugar. Amigos? Sim, ela tem. Ou pelo menos esse é o nome que ela encontrou para eles.
Eu irei apresentar os principais. Não os principais amigos, mas os mais relevantes. Durante essa história, eu irei contar a vida deles, e respectivamente, as suas mortes.
Ela sempre ficava se perguntando como era possível que tantas pessoas distintas pudessem se reunir em um só lugar. E logo você descobrirá por que.
Havia,
O menino de olhos castanhos caídos, cuja vida era sempre um antônimo.
Uma menina de olhos amendoados, cujo os livros foram um refúgio, e cuja minha primeira história tornou-se a sua preferida.
Um homossexual que usava um cachecol preto com voz esganiçada que queria dominar o mundo.
Uma menina que se denominava "perfeita" e que sua vida eram animes.
Um menino alto com dislexia cujo nome se referia a sua impossibilidade de distinguir cores.
Uma menina - engraçada- que tinha o cabelo cor de fogo(artificialmente).
Um menino legal que gostava de tocar violão.
Um menino que sempre falava "Isso é racista!"
Uma menina delicada que sempre lia "Meu pé de Laranja Lima" ( tinha olhos lindos!)
E um outro menino, que ninguém mais conhecia, nem suas melhores amigas, nem ninguém. Ele era o melhor amigo
dela. E ela, a melhor amiga dele. E os dois se entendiam. E os dois eram muito, muito felizes. Até que um dia, ele foi embora. Foi necessário. Ela, esperava todos os dias pera vê-lo. Ele, esperava todos os ias poder voltar. É uma pena que isso nunca tenha acontecido.
Só tenho duas coisas a dizer sobre isso: Sinto muito.
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