Aurea

Olá escuridão, minha velha amiga

Vim conversar com você de novo

Porque uma visão um pouco arrepiante

Deixou sementes enquanto eu dormia

E a visão que foi plantada em meu cérebro

Ainda permanece dentro do som do silêncio

Pensamentos ruins... Alguns pensamentos ruins...

Sexta. Hoje é sexta. E os olhos... Eles estão vinho. E hoje é Sexta. Parece que meu olho vai ficar vermelho quando a minha parte... Ameaçadora, aparecer. Parece que Annabeth estava certa. Ia ser em qualquer sexta, mas esse qualquer sexta seria na exata Sexta que achávamos antes.

E Jane. Pensei que seriamos “amigas” como disse ela, mas Jane está trabalhando para destruir os deuses, junto de mim, daqui algumas horas. Também tem Charlie. Ela foi capturada também, e jogada no mesmo quarto que eu fui jogada. Segundo Jane, ela vai explicar para nós duas agora. Nesse momento, eu e ela estamos na frente dela, presas sob um poste pelos pulsos em uma algema.

- Quando eu atirei uma flecha em você – disse Jane para mim. – Você não iria morrer. Poseidon te deu invulnerabilidade para aquele momento.

- O que você fez com ele? – perguntei irritada.

- Seu pai já está contando para os deuses sobre a nossa ameaça. – disse Jane, com um sorriso de lado. – Por acaso, você já viu seus olhos? Está tudo como deve ser.

Fechei os olhos a toa. Não ia adiantar fazer isso de novo. Mas não quero vê-la.

- Sim. – eu respondi. – Eu vi.

- E quanto a mim? – Charlie interrompeu.

- Ah você. – reclamou Jane. – Nós precisamos de mais semideuses para o exercito, certo? Eu soube que você tem poderes... Especiais.

- Como você sabe? – perguntou Charlie, tremula.

- Eu sei de muitas coisas. – disse Jane indiferente. – Sei que você pode ficar invisível.

Charlie reclamou. Ela pode ficar invisível? Mas... Como o boné de Annabeth?

- Eu... – Charlie falou. – Eu não posso fazer isso... Não mais.

Jane sorriu quando se virou para mim.

- Já são onze e cinquenta e nove? – ela disse ironicamente. – Seus olhos estão bonitos, Aurea.

Charlie se virou para mim ofegante.

Eu senti meu corpo ser dominado por uma sensação quente. Uma que queima. Joguei minha cabeça para trás, no meio de um grito de desespero.

                                        Charlie

Aurea escorregou para o chão, fazendo um barulho alto com a corrente. Aquela menina, Jane, ela está rindo igual uma idiota. Como ela sabe do meu segredo? Ninguém sabe! Apenas eu e Hermes, meu pai! Ela me pretende levar para a guerra? Porque eu? Eu nem sei controlar o poder da invisibilidade direito, às vezes fico invisível do nada, e as explicações nunca fazem sentido.

Espero que me resgatem antes que eu acabe morta. Aurea, atrás de mim, está tremendo de dor. Virei para trás em uma tentativa sem sucesso de ver se ela ainda está bem, mas ela se encolheu. Nós três preferimos não falar nada, apenas ouvindo as gotas de chuva lá fora. Eu nem sei onde nós estamos. A última coisa que lembro foi uma flecha daquela menina ir em direção a Aurea e eu cair desmaiada na água...

Depois de uns minutos ela se levantou. Ela ergueu seus olhos para mim... E literalmente, estão uma cor vermelho brilhante.  Jane sorriu satisfeita. Ela piscou os olhos confusos, e nesse mesmo momento, um brilho preto apareceu em cima da sua cabeça. Um elmo negro. Eu reconheci como a benção de Hades.

                                                             Ω

Parece que nem Jane estava esperando por isso...

Parece que Hades...

Está nos observando.

Mesmo assim Jane pareceu feliz. Ela agradeceu e soltou Aurea, ainda confusa. Depois ela sorriu friamente.

Ela esticou a mão, e dela saiu um fogo negro. Depois ela fechou os dedos e o fogo negro saiu na hora.

- Benção de Hades? – perguntou Aurea friamente.

- Sim. – respondeu Jane. – E parece que não é uma das benções que ficam apenas por dias. Não sei como.

Aurea tirou uma adaga do bolso. A arma está com um tom negro que dá medo. Elas pareceram esquecer-se de mim por um instante, mas depois os olhos vermelhos de Aurea me fitaram.

- E ela? – ela perguntou.

- Vai se juntar para o exército. – respondeu Jane. Elas falam como se já se conheciam e já tinham combinado isso há muito tempo. Uma coisa que eu não duvido muito.

Jane foi atrás de mim e me soltou.

- Você vai se juntar ao exército a pura vontade ou a força? – ela me perguntou ameaçadora.

- Vontade... – eu disse tremula. Eu não estou com vontade de detonar os deuses... Ou elas vão me deixar do mesmo jeito que fizeram com Aurea...

- Vou considerar isso como uma verdade. – Aurea disse. – É bom você ser honesta nisso... – ela me disse me fitando irritada e saiu da sala. Do jeito que ela saiu, ela parecia conhecer o lugar. Jane saiu também, me deixando sozinha.

Tentei seguir Jane, mas ela entrou em uma porta trancada. Eu não queria seguir Aurea, ela está mais perigosa e com benção do deus da morte. Porém fui atrás dela. Ela seguiu um caminho até fora da casa onde estamos – Sim, é uma casa gigante. – e foi lá fora. Está escuro, e ela pegou uma lanterna e foi segurando sua espada. Ela bateu uma porta forte, e eu tive que ir de fininho para não fazer barulho. Ainda está chovendo, mas ela foi do mesmo jeito. Foi difícil seguir ela no meio da chuva fácil, mas a lanterna que ela está usando fez uma luz forte que eu consegui a enxergar melhor. Depois de um tempo andando, ela sentou em uma pedra e ficou olhando para a paisagem.

Fiquei atrás dela me escondendo atrás de outra pedra. Depois de um tempo, pareci que ouvi um barulho de... Choro? Mas foi uma coisa de dois ou três segundos. Ela tirou algo do bolso. Se eu enxerguei direito, era uma foto. Uma foto dela e de alguém. Parece aquele menino... Leo, e outra menina, acho que é a filha de Afrodite, Piper.

Por sua expressão, ela pareceu tentar decifrar a foto. Eu acabei fazendo um barulho sem querer, mas quando ela virou... Vi que seu olho está verde. Mas quando ela me viu, seu olho voltou a ficar vermelho, e ela se levantou. Eu fugi desesperada, e não olhei para trás, apenas ouvi o som do silêncio.