Aurea

Uma vez, minha mãe, Helena, me disse que um dia eu encontraria finalmente alguém. Sinceramente, eu acho que esse alguém é Leo.

Esses últimos dias... Foi algo tão irreal. Foi uma coisa que eu nunca pensei que ia acontecer comigo. Foi ótimo, me fez esquecer todos os meus problemas. Que um dia eu posso possivelmente destruir os deuses...

Por que eu estou pensando nisso de volta? Porque os problemas sempre voltam. E dessa vez, o problema veio em forma de pessoa.

Eu estava com Leo no centro de treinamento. Descobri que tenho um dom com arco e flecha. Uma arma que eu pensei que eu nunca iria usar, eu sou realmente boa.

 Leo tinha pedido para eu tentar ensinar ele – o que foi uma coisa que nunca se realizou. Uma hora, ele quase me acertou. E eu estava do lado dele. Tive que pegar outro arco porque Leo basicamente quebrou o outro. Resumindo, foi uma péssima ideia, mas foi engraçado. Até deixaram ficar um o arco e uma porção de flechas, e isso foi bom. Até ai, o problema não tinha aparecido.

O problema chegou desfilando. Literalmente. O problema é uma menina. Uma menina com cabelo marrom escuro, liso, e com pontas enroladas, olhos verdes. Um verde claro. Essa menina chegou acompanhada de outra menina, de cabelo ruivo e com pontas mais claras.  Olhos verdes, iguais o da outra menina. A segunda menina parecia envergonhada do que a primeira fazia. A primeira está usando a camiseta do Acampamento com uma gola V, e shorts justo. A segunda está usando a blusa do Acampamento também, mas uma mais larga, e por baixo dela uma blusa de frio listrada azul claro e azul escuro. As duas se aproximaram.

- Olá – disse a menina de cabelo marrom. – Meu nome é Sarah Alesky. Mas pode me chamar de linda, ou perfeita. Sou filha de Hipnos. Tenho benção de Afrodite.  – ela disse, jogando o cabelo para trás. - Eu soube que você é a menina que vai destruir os deuses. – ela fez umas aspas com as mãos, e a segunda menina a interrompeu.

- Oi, meu nome é Charlie Jones. – disse ela. – Ignore a Sarah. Ela gosta do Leo.

“Sarah” fingiu que não ouviu. Ela continuou sorrindo.

- Sim. – eu disse irritada. – Eu sou essa.

A tal de Sarah girou os olhos ironicamente.

- Bom – ela disse. – Pode não contar comigo. Eu sou a...

- Famosinha – acrescentou Charlie suspirando.

- Tanto faz! – disse Sarah. – Eu sou a famosinha do Acampamento. Não se meta no meu caminho, Laurea.

- É Aurea. – eu a corrigi impaciente. – E me desculpe, mas se você é tão famosinha assim, porque eu não te conheço?

Charlie riu.  Sarah me encarou.

- Olhe só, menina – disse ela. – Não entre no caminho, eu já disse! Eu sou a menina que faz acontecer às coisas, então saia! Você é tão burra que nem percebeu que eu já estou com o seu antigo namoradinho, Nico.

Meu coração apertou. Mas porque raios eu estou preocupada com isso? Sarah sorriu pelo canto da boca satisfeita. Leo ao meu lado se mexeu, me fazendo lembrar que eu não tenho nada com Nico.

- Ótima tentativa. – eu disse. – Que pena, ia dar tão certo. Mas eu não tenho nada com ele. Sai daqui.

- Tome cuidado comigo, amiga. – disse Sarah e saiu e dando um empurrão forte. Charlie, do meu lado, sussurrou um desculpe baixo.

- Esquece ela. – disse Charlie – Ela pensa que pode de tudo. Mas enfim, eu sou Filha de Hermes. Não pense que estou do lado dela nessa coisa. – completou Charlie, e saiu correndo atrás de Sarah.

                                                              Ω

Depois disso, estava na hora do almoço.

Eu e Leo estávamos indo para o almoço, quando encontramos Piper no caminho.

- Hey – disse Piper. – Como vão os pombinhos?

Eu dei uma risada envergonhada baixa.

- Piper – disse Leo. – Não comece com essas Filhas de Afroditagem.

Piper o fuzilou com um olhar.

- Sabe Pipes – disse ele. – Esse zíper fica voltando para mim toda hora. Eu acabo abrindo ele. É tipo a espada do Percy... Calma, já fiquei quieto.

Ela riu.

- Melhor nós irmos sentar nas mesas – eu disse quando chegamos, e apontei para Percy, meu meio irmão. – Acho que ele vai querer falar comigo.

Eles concordaram e eu fui em direção á mesa de Poseidon.

Percy acenou.

- Hey! – ele disse quando eu me sentei. – Você se lembra de mim?

Eu ri. Porque isso é a primeira coisa que me falam quando as pessoas me vêm?

- Mais ou menos. Eu me lembro de que você me deu minha adaga. Poseidon tinha dado para você.

- É! Isso mesmo. – ele disse. – Que bom que esteja de volta... Hã... Acho que Poseidon quer falar com você.

- Por quê? – perguntei, e percebi que eu não estava comendo nada, mas nem me importei em pegar algo.

- Eu não sei. – admitiu. – Ele disse que ainda não consegue falar com você. E falou que... Era para você ir ao Estreito de Long Island. Ok?

- Ok. – eu disse. – Eu... Eu...

Não consegui terminar a frase quando olhei para uma cena. Perto das mesas, aquela Sarah estava lá. Beijando... Beijando Nico. Meu coração se apertou, e eu fechei meus olhos contra minha vontade. Depois, abri meus olhos confusa.

- Seu olho... Mudou de cor?

- Mudou? – perguntei ainda confusa.

- Está... Azul?

Tirei a adaga e tentei me ver no reflexo. Sim, meus olhos estão azuis.

- Pacifico.

Percy me olhou confuso. Eu percebi que falei esse pacifico não sei dá onde.

Sou eu, Aurey. – uma voz veio a minha cabeça. Uma voz feminina, parecida com a minha. É ela, Aurey. – Escute. Quando seus olhos ficarem vermelhos ou brancos, é perigo. Marrom, preto, Azul ou verde é pacifico. Preciso ir agora.

- Percy é a Aurey. – eu contei. – Ela me disse. Quando meu olho brilhar em vermelho ou branco é perigo. Está relacionado com a profecia. É como se eu estivesse falando comigo mesma. A outra eu falando comigo mesma...

Olhei para lá e Sarah e Nico ainda estavam lá. Eu não sei por que, mas parecia meio falso. Senti meu olho ficar molhado, e Percy percebeu e virou para trás. Ele me olhou triste. Eu balancei minha cabeça confusa.

- Seu olho. Voltou ao normal. – comentou Percy.

- Percy. Escute. – eu disse séria. – O que você viu agora. Não fui eu. Acho que foi Aurey. Eu não sei o que está acontecendo comigo. Eu não gosto de Nico, e não faz diferença nenhuma isso. Ok?

Ele concordou.

- O almoço já acabou. – disse ele. – É melhor você ir falar com o nosso pai.

Eu concordei. Eu me levantei e segui caminho para o Estreito de Long Island. Vi Jane no caminho que acenou para mim sorridente. Quando cheguei lá, estava meu pai. Em pé no meio das ondas. Ele me avistou tristemente.

- Olá, venha até mim, criança. – disse Poseidon. Eu ignorei esse último comentário.

- Oi – eu disse, me aproximando.

Quando fiquei de frente para ele. Vi que suas mãos estavam presas em uma corrente, e uma flecha presa no meio da corrente. Poseidon me encarou triste.

- Vamos começar Price. – disse uma voz feminina.

Então Jane surgiu bem atrás de mim, e rapidamente, pegou seu arco e atirou uma flecha, fazendo minha adaga cair, e a água a levou a adaga. Em um movimento rápido, Poseidon estendeu sua mão para mim. Vi um brilho dourado sair dela, atrás de mim, aquela menina, Charlie. Vi ela amarrada também. Ela também estava com a mesma corrente que meu pai, nos pés, nas mãos, mas ela está com uma fita na boca. Me virei para o lado que Jane está, e nesse momento mesmo, uma flecha acertou bem em meu coração.