Fantasy escrita por Mikys, smqrt, Seriously


Capítulo 5
Capítulo 5 - A história da Meia Noite


Notas iniciais do capítulo

ok esse ficou grandão, por isso que demorei kkk
Hei, obrigado por esses comentários inspiradores mágicos celestiais ♥
Ok, enjoy *-*



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                      Aurey

- A Menina da Água retornará.

 Mas dessa vez, uma história ela carregará.

 A meia noite de uma sexta,

A maldição a afetará.

Quando a primeira vez seus olhos brilharem,

Será apenas o começo.

Causará a destruição de muitos,

Porque a irá do passado nunca terminará.

- Ai! – gritei. – Minha cabeça. – Abri meus olhos e me vi deitada sobre a grama de uma floresta. Minha cabeça doía, devo ter batido em algum lugar. Sozinha, na floresta. Ótimo bom sinal. Eu nem sei o que eu estou fazendo aqui.

Observei minhas roupas. Uma calça jeans, uma bota que batia na canela, da cor bege, bem confortável. Uma blusa larga preta com mangas largas e um capuz, que eu estou usando. Por dentro sinto meu cabelo, longo e negro. Completamente preto, que batia na minha cintura. Levantei ainda com a cabeça doendo, e algum objeto caiu de meu bolso. Uma adaga de ouro. Gravada com um tridente.

- Poseidon. – murmurei. É claro. Um presente de meu pai? Não me lembro de ter essa adaga. Mesmo assim, a guardei de volta. Talvez seja útil, considerando que eu estou sem nada e perdida. Ao andar mais para frente, vi um lago. Espere, é o mar.

Considerando que meu pai é o deus do mar, eu podia muito bem entrar lá e ficar protegida. Mas não sei se meu pai quer que eu fique nos domínios dele. Mesmo assim. Como é a vida sem desafios?

Eu me aproximei não muito perto da borda. O lugar onde eu estou já dá em alto mar. Parece ter neblina em todos os lados, não consigo enxergar mais adiante do mar. Mas está tudo bem, pelo menos até agora. Me aproximei mais da borda, e foi ai que eu percebi que estou em um precipício. Não muito alto. Talvez do tamanho de um prédio de cinco andares. O mar lá em baixo é calmo – por enquanto, murmurei para mim mesma. – Essa queda não parece ser perigosa. Como eu já disse, como é a vida sem desafios?

Afastei da borda. Respirei fundo. Eu me sentia infinita, mesmo sem saber onde estou, e até mesmo, o que aconteceu comigo nos últimos tempos? Lembro quando fui colocada para adormecer. Dormi cinco anos. Apenas porque sou filha de Poseidon, e não tenho medo dos famosos deuses. Depois disso, não lembro nada. Passa vagamente pela minha memória o Acampamento. Como se eu tivesse voltado para lá, mas com a memória perdida. Sem saber nada sobre mim.

Quando eu reparei, eu já estava em queda livre.

Esqueça o que eu disse sobre a queda não ser perigosa.  Enquanto em despencava, o vento batia muito forte. Eu caia muito rápido, ao ponto de eu não estar conseguindo respirar muito bem. Porém a sensação de cair de um lugar alto me lembra de alguma coisa. Como se eu já tivesse feito isso. Mas eu não me lembro de ter caído de um precipício. Eu apenas fechei meus olhos, e esperei cair na água.

Como eu previ, assim que eu toquei meu pé na água – sim, cai de pé. – a água se agitou. Quando eu mergulhei na água, ondas gigantes começaram a se formar. Eu não me molhei, é claro, mas as ondas estão muito grandes. Eu mereço? Eu nem sei o que está acontecendo.

Estou indo bem, até agora. Não muito longe de mim, uma onda do tamanho de um prédio de cinco andares se formava. Parece que meu pai quer se livrar de mim logo. Eu não iria me afogar, posso respirar debaixo da água, mas o impacto me levaria para longe. Quando ela ficou uns vinte centímetros de mim, eu fiz algo de última hora. Fechei meus olhos e ergui minha mão. Faz tempo que não faço isso, talvez não de certo, ou meu pai não permita. Quando percebi que não ia dar certo, coloquei mais força na mão, e a onda se aproximava.

Então eu vi que deu certo. Abri um olho para espiar, e consegui ver que fiz uma parede de água na minha frente. E quando a onda bateu com a parede de água... Em uma explosão – que por sorte não me levou para longe – o nível do mar aumentou, muito, podemos dizer. A água que batia em meus ombros agora ia acima de minha cabeça. Veio um pânico. Faz muito tempo que eu não entro na água, ainda mais com o mar agitado desse jeito.

Antes de eu poder raciocinar, uma onda maior que a outra – mais ou menos do tamanho de um prédio de nove andares, valeu pai. - e estourou em mim antes de eu reagir. A água salgada me jogou para trás, e eu fiquei rolando. Eu não me afoguei, obviamente, mas eu estava batendo a cabeça na areia, que coisa mais retardada. Fiquei rolando por lá uns dez minutos até a onda parar, e eu me levantei. Eu tossi, com os olhos fechados, e eu sentia minhas roupas molhadas. Devo ter me atrapalhado e fiz elas se molharem.  Finalmente abri meus olhos.

Eu estava na beira de uma praia, a brisa batia em mim, fria. Acho que eu tremia de frio. Esfreguei meus olhos em tentativa de tirar a areia dos meus olhos, que ardiam. Tirei minha blusa de mangas compridas, ficando apenas com uma blusa regata preta, a calça jeans, e a mochila que eu carreguei até lá. Tudo molhado. Verifiquei se eu ainda estava com a adaga, e vi que não. Levantei preocupada.

Ótimo. Pensei. Agora estou perdida e desarmada.

Fui em direção ao mar, onde pensei ter visto um brilho. – dessa vez não me molhei, claro – Mas não é a adaga. É um... Machado?

Ouvi um barulho atrás de mim, e quando me virei, outro machado estava cravado na areia a poucos centímetros de mim. Outro barulho. Quando me viro, tem outro machado cravado na areia. Virei rapidamente, e percebi agora que lá estava uma parede rochosa. Em cima, vi algo se mexer, entre umas folhas que lá tinha. Eu peguei o machado em minha frente e saí correndo de lá, em disparada. A praia é pequena demais, não há muitos lugares para eu me esconder. Na minha frente, um começo de mata se expandia enquanto eu me aproximava. Eu podia muito bem entrar lá, ou correr para o mar de volta, mas acho que meu pai não gostaria nada disso.

Decidi ir para a mata. Enquanto eu corria, senti algo se fincar atrás de mim. Brequei, e senti agora que a minha mochila ainda está lá, e uma adaga presa a ela... A minha adaga.

Peguei a adaga e taquei a mochila na areia. Uma mão segurava um machado e a outra a adaga. Virei para trás mas não avistei minha ameaça, apenas vi um mato perto de mim se mexer. Eu queria dizer que sou experiente com o machado, mas não estou afim de mentir. Fiquei parada um tempo, me virando a cada barulho que eu escutava. Comecei a achar que a coisa, ou pessoa, ou ameaça... Tanto faz... Foi embora. Andei até a beira do mar e coloquei o machado lá. Uma onda o levou embora. Tomará que meu pai pense que é uma oferenda. Peguei a minha mochila, a adaga e saí correndo da praia. Dentro da mata – que eu pensei que seria grande – é pequeno. É um tipo de morro, que leva para cima. Eu sentei em uma pedra e abri a mochila. Lá dentro tem uma lanterna, uma garrafa térmica, algumas comidas, alguns dracmas, e uma troca de roupa. Graças aos deuses, uma troca de roupa. É claro que não vou me trocar aqui, mas pelo menos tenho uma. Peguei a roupa para ver.

Uma calça jeans, igual a que estou usando. Um tênis preto com um par de meias, uma blusa laranja. Escrito, Acampamento Meio Sangue.

Como assim, o Acampamento Meio Sangue? Eu nunca repito nunca fui ao Acampamento. Pelo simples motivo que antes que eu pudesse ir, os deuses me colocaram para dormir. Não há motivos de eu ter uma dessas, na bolsa. E eu acordei em uma floresta com a bolça. Será mais provável que meu prazo acabou.  E os deuses tenham sido gentis, me dando suplementos – oque é pouco provável –. Mesmo assim, guardei a blusa de volta na mochila, e peguei a lanterna. Ela ainda funciona, deve ter algum feitiço nela.  Recolhi minhas coisas e segui para o caminho acima.  Quando cheguei lá em cima, eu ouvi um barulho. Virei-me para trás, segurando a adaga, firme, em um gesto de batalha. Outro barulho, mas dessa vez mais perto. Meu coração disparou quando vi uma sombra perto de mim. A sombra de uma pessoa.

- Hey! – um menino surgiu, da mata. Com aparência de um... Elfo latino. Com cabelos pretos encaracolados, olhos castanhos escuros, orelhas pontudas, um rosto alegre e infantil e um sorriso travesso. Parecia ter a minha idade. – Você é uma semideusa? Se não eu vou ter que te matar... – Eu encarei o cara. Que tipo de pergunta é essa?

- Sou. – falei firme. – Quem é você?

- Eu sou... Espere. Você é inimiga? – o menino disse.

- Eu não sou inimiga. – eu falei. – Apenas se você fizer parte do PCACFDP.

- PCAC... Oque? – ele disse.

- Pessoas com algo contra Filhas de Poseidon. – eu falei. Eu havia inventado essa sigla antes de eu ser posta para dormir. Tento entender como eu ainda lembro dessa sigla tão grande, ou porque eu falei isso.

- Você é filha de Poseidon? – Ele tossiu, ironicamente, mas eu continuei a encara-lo.  – É do Acampamento?

- Não. – eu disse, erguendo uma sobrancelha, sabendo a próxima pergunta.

- Então porque você tem a camiseta? – Ele perguntou, e eu sabia que essa iria ser a próxima pergunta.

- Eu de um jeito ou outro, não sou daqui... – disse confusa. – Eu acho. Sou de outro tempo. Fui adormecida pelos deuses. – falei, e um raio caiu na praia, lá em baixo. Tive uma vontade de gritar: Oi Zeus! Então, você está vendo que eu estou de volta! É bom que saiba que eu ainda não tenho medo de você! Mas fiquei quieta. O menino me encarava, confuso. – Mas não significa que sou inimiga. Fui adormecida por ser filha de Poseidon.

Ele suspirou, aliviado.

- Afinal, qual é o seu nome? Eu sou Leo, Leo Valdez. – Ele disse indiferente.

- Aurea Price. – falei. Mas tive uma breve impressão que eu ia dizer outro nome. Quer dizer, esse é meu nome.

- Aurea Price? – disse Leo. Acho que eu já ouvi esse nome... De algum lugar. Mas enfim, eu sou filho de Hefesto. Você quer ir para ao Acampamento? Eles aceitam Filhas de Poseidon agora.

- Já deve ter ouvido mesmo... Os deuses me odeiam, se eu lembro bem. – Outro raio. – E sim...

- O.k. – ele disse. – Siga o capitão Leo.

Andamos por umas duas horas até chegar ao Acampamento. A sorte é que não encontramos nenhum monstro no caminho. Quando chegamos à entrada, eu senti que eu não deveria entrar. Lembro-me de quando eu estava nessa entrada, não andei nem um passo dentro do Acampamento e adormeci. E se acontecer a mesma coisa? Fiquei parada em frente à entrada. Leo percebeu e parou. Olhou-me confuso, mas eu não estou paralisada. Respirei fundo, até a primeira pergunta vir.

- Que foi? – ele disse. – Se ficarmos aqui fora da barreira muito tempo, os monstros podem vim atacar.

- É que... Eu... Adormeci, aqui. – eu falei. – Em um passo dado dentro do Acampamento... – Tentei afastar a memória, mas ela me venceu, me fazendo lembrar- me daquela terrível noite em que fui colocada para dormir.

Era uma Quinta Feira, dia doze. Faltavam poucos minutos para a meia noite. Poseidon me dissera que se eu não chegasse ao Acampamento antes da meia noite, Zeus iria me punir, pois ele já estava bravo comigo, e estava me dando uma chance. Eu estava descendo a colina rapidamente, quase chegando. Uma corrida contra o tempo, e uma corrida contra um monstro. Um cachorro infernal tamanho grande me perseguia, e foi o motivo para eu ter me atrasado. O relógio em meu pulso emitiu um barulho. Dois minutos para a meia noite. Tentei acelerar, mas estava chovendo e o chão escorregadio. Se eu escorregasse, o cachorro atrás de mim me faria comida para cachorro.

Lembrava-me das palavras de Poseidon antes de eu partir em rumo ao Acampamento:

- Aurea, você é uma das únicas pessoas vivas que não tem medo da fúria dos deuses. – dissera ele. – Zeus está furioso. Estão te chamando de Menina da Água lá no Olimpo. E você também, é a única que pode derrotar os deuses se quiser. Mas te peço, por favor. Não use esse seu poder para o mal. Use para o bem. Vá para o Acampamento, você terá até a meia noite para chegar lá, se ao contrário, Zeus irá te punir. Tentei impedir, mas Zeus está realmente bravo. Boa sorte, Menina da Água.

O relógio fez outro barulho, me fazendo voltar á realidade. Um minuto. Um minuto e eu estou chegando! Eu irei conseguir. A entrada do Acampamento estava quase em minha frente. Continuei correndo, e meu relógio marcou 10 segundos. Aprecei o passo, e a entrada estava literalmente em minha frente. 3 segundos. Vai, Aurea, corre!

Quando alcancei a entrada e pisei um passo no portal, o relógio fez vários barulhos indicando que o tempo acabou. Porém, um trovão soou acima de minha cabeça, e eu senti meu corpo ficar pesado. Caí no chão um centímetro ao portal. Percebi depois que, não deu tempo.

- Aurea! Cuidado! – gritou alguma voz, me fazendo voltar á realidade. Eu estou em frente ao portal do Acampamento, o mesmo que vi na lembrança. Em minha frente, Leo já estava dentro do Acampamento, gritando coisas que eu não consegui ouvir mais. Atrás de mim, eu vi um monstro. Quando ele ia me atacar, me taquei dentro do Acampamento com as últimas forças que eu tinha, e caí dentro do Acampamento.

Lembranças começaram a ir pela minha mente. Sobre o meu passado, e sobre algum menino... De cabelos negros e pele pálida que eu não consegui identificar. Olhei para cima, ainda tonta, e vi Leo assustado. As lembranças começaram a sair de minha mente, me mantendo ciente do que acontecia, e me levantei, ainda um pouco zonza.

- Desculpe. – eu disse. Ele mexeu a cabeça em um ato de não tem problema.

- Melhor nós irmos. – Leo disse. – Temos que falar com Quiron.

Descemos o Acampamento escuro. Já deve ser tarde, pois não há nenhuma luz ligada. Descemos a colina nos primeiros dois minutos totalmente no escuro, contando com o senso de direção de Leo. Até eu lembrar da lanterna na minha mochila, e ficou melhor, iluminou o caminho, mas não deu para ver a aparência do Acampamento. Enquanto nós descemos a colina, eu tropecei em uma rocha – pelo menos eu pensava que era uma rocha, mas acho que não existe rochas que xingam – e Leo segurou minha mão para eu não cair. Foi meio embaraçoso, mas foi mais quando ele supostamente, esqueceu de soltar, pois ficou a segurando no resto do caminho.

Quando terminamos de descer, o lugar estava mais escuro que lá em cima. Leo fez sinal para que eu fizesse silêncio com a mão – com a outra, por que a outra segurava a minha mão... Embaraçoso. – E sussurrou algo como: Aqui é os chalés, onde todo mundo dorme. E pediu para eu o seguir. Ele me levou até a beira do mar, mas era diferente do lugar onde estávamos. Havia uma grama, umas árvores verdes, uma pequena mureta, que bate em meu tornozelo, e dá direto para o mar. Eu nunca vim aqui, mas me parece de um jeito, familiar.

- Acho que se nós falássemos com Quíron agora – Leo disse, já em um tom mais alto. – Ele não estaria tão gentil. Quíron é o diretor de atividades do Acampamento. Já está realmente tarde. Devemos falar com ele amanhã. Ele vai te mandar para o seu chalé, de Poseidon e bah, bah, bah. Acho que você devia passar a noite aqui.  Não que seja noite, daqui a pouco já é de manhã e todos vão acordar. Então eu vou com você falar com ele.

- O.k. – eu disse. – Obrigada. – Ele me fitou por algum tempo.

- De nada. – Leo finalmente disse alguma coisa, porque acho que eu estava começando a corar. – Hum... Amanhã nos vemos. Boa noite. – ele sorriu, soltou a mão timidamente, oque foi embaraçoso, de novo. E depois saiu correndo. Eu respondi boa noite. Apenas ouvi barulhos, por que não dava mais para ver ele. Depois, deitei em um canto, e deixei a lanterna virada para o lado da mata, e com uma mão segurando a adaga.

Eu acho que não conseguirei dormir. Dormi por tanto tempo, que não sinto nem uma misera vontade de dormir agora. Eu também não posso sair daqui – e eu não sairia se pudesse – então só me resta ficar aqui.

As estrelas brilham no céu, e a luz da lua está refletida no mar. Eu me sentei, na margem. Fiquei observando o mar. Eu não sei como, mas algo aqui me parece familiar. Esse lugar... Eu não sei. Não é possível, eu nunca vim aqui.

- Meu nome é Aurea, Aurea Price. Eu acabei de acordar, e estou no Acampamento Meio Sangue. Quase fui morta por um menino, o mesmo que me trouxe para cá. Não é possível eu já ter vindo aqui. Essa sou eu. – murmurei para eu mesma.

- Aurey? – disse uma voz masculina. Eu virei para trás. Mas não tinha ninguém. – É você? Você está viva? – Me levantei, segurando minha adaga. Aurey. É esse o nome. Eu tive um impulso dele na hora que fui me apresentar, mas o nome simplesmente escapou da minha cabeça. Procurei de onde a voz veio, mas não achei. Depois, um menino simplesmente apareceu das sombras. A lanterna o iluminou. Cabelos negros e pele pálida. Cabelos negros e pele pálida. Calma. Eu já o vi em algum lugar... Não foi o menino que eu não consegui identificar na minha memória?

- Quem é você? – eu perguntei trêmula.

-- Sou eu, Nico. – ele disse, me fitando. – Você não sabe quem eu sou? - Eu o encarei. Eu não sei quem ele é, mas parece que eu já o vi em algum lugar. Sem ser apenas em minha memória. Meu cérebro estava me deixando zonza de novo. Ele me olhava confuso, exigindo respostas. – Aurey, é você?

- Meu nome é Aurea. – falei. – E não, desculpe. Não conheço você... – ele pareceu triste, e suspirou. – Apesar de... – eu falei, e o suposto Nico me olhou esperançoso. – Eu... Já ter visto você... Mas não, pessoalmente. Parece uma... Memória. Eu não sei. – falei, e deixando meu cérebro mais confuso.

- Você não estava morta? – Nico perguntou. Eu o observei séria. Ele pareceu arrependido de ter perguntado isso, mas parece estar fazendo uma pergunta verdadeira. Ele recuou quando percebeu que eu fiquei irritada com a pergunta. E colocou a mão no bolso, percebendo a adaga na minha mão.

- Que tipo de pergunta é essa? – eu suspirei ainda irritada. – Eu fui colocada para dormir pelos deuses, há muito tempo. Mas, por acaso, eu te conheço? – O tal Nico me fitou triste mais uma vez. Eu me perguntei se um dia eu realmente já o conheci.

 - Não. – Nico olhou para os pés. – Você não me conhece. 

Então ele desapareceu. Evaporou. Tanto faz, mas sumiu. Acho que ele viajou pelas sombras. Não foi como ele chegou? Pelas sombras? Ele deve ser filho de Hades. Mas que raios de dia foi esse? Um cara que eu acho já ter visto em algum lugar apareceu, me chamando de Aurey. O mesmo nome que veio em minha cabeça, quando encontrei Leo. Leo Valdez, um outro cara que tentou me matar, e quase conseguiu.  Eu cheguei ao Acampamento Meio Sangue. Estou deitada na grama, e agora que eu percebi isso. E acho que agora, eu tenho que dormir.

Acordei rindo, baixo. Sonhei com esse meu: E acho que agora, eu tenho que dormir. Foi muito irônico. Eu realmente dormi, na hora que eu terminei a frase, e fiquei sonhando com essa cena repetidamente em meus sonhos. Virei para o lado, e vi uma pessoa, sentada, me encarando, a beira da risada. Eu assustei, e quase cai para trás. Então eu vi Leo, tentando evitar a risada. Eu o encarei, colocando a mão no coração.

- Cara – eu disse. – Que susto!

Leo começou a rir, por um tempo, e eu ri junto.

- Foi mal. – ele falou. – Eu não tive intenção. Porque você estava rindo? Foi engraçado. – Leo riu.

- É que, eu, hm, nada, foi bobeira. – eu falei indiferente. – Agente vai? Esse chão é duro. – ele concordou, rindo.

Nós entramos no Acampamento. É bem bonito. Bem verde. E cheio de campistas treinando, e eu vi os chalés. Posicionados formando um semicírculo. Os chalés com as portas abertas revelavam muita gente dentro deles, entrando e saindo. Tive a sensação familiar de novo. Ainda está tudo muito confuso. Continuamos andando até chegar a uma casa, branca. Em frente dela, um centauro estava observando os campistas. Quando nos aproximamos, o centauro acenou para Leo e me fitou com uma expressão confusa. Suspirei, o que tem de errado comigo? Nunca viram uma nova campista nesse Acampamento, lotado de gente?

- Olá. – disse o centauro. – Eu sou Quiron. Provavelmente você deve ser nova. Qual é o seu nome?

- Aurea Price. – eu respondi, e ele assentiu, me fitando, como se eu falasse uma mentira. – E sim, sou nova. – Franzi a sobrancelha.

- Bem vinda ao Acampamento. – Quiron finalmente disse. – Você já sabe seu pai Olimpiano? – ele perguntou, como se já soubesse a resposta. - Ou mãe? – acrescentou rapidamente.

- Sei. – eu falei. – Poseidon.

Ele assentiu, e virou para Leo.

- Foi você que a achou? – Quiron perguntou, e Leo fez que sim com a cabeça, depois, Quiron se virou para mim. – Acho que você deve conhecer alguém, Aurea. – ele fez uma pausa. - Você pode ir também, Leo. - Eu fiz sim com a cabeça, e Leo também. – Vão à procura de Annabeth.

Leo saiu, andando, e eu fui atrás dele, deixando um centauro confuso, atrás.

- Quem é Annabeth? – eu perguntei para Leo.

- Ela é uma filha de Atena – disse ele. – Ela me dá medo.

Eu ri. Parecia que já ouvi esse nome, não sei da onde. Annabeth... Filha de Atena? Ok, eu não faço ideia de quem seja. Leo me levou até área dos chalés, de novo, e fomos à frente a um chalé, o de Atena. Em frente dele, duas meninas estão conversando. Uma, de cabelo loiro, e olho da cor cinza. A mesma, segura um livro, que parece estar escrito na capa: Vinte e dois conselhos para que você seja um arquiteto perfeito. Ela usa a blusa laranja do Acampamento, uma calça jeans, e uma bota marrom. A outra menina usa a mesma roupa. Ela é extremamente bonita. Parece que está tentando esconder a beleza. Possui cabelo marrom chocolate, com algumas pequenas tranças, e seus olhos mudam de cor como um caleidoscópio para marrom, azul e verde.

- Hey! – disse Leo, quando estávamos nos aproximando. A menina de cabelo marrom acenou, e a loira ficou me encarando, surpresa. Ficou parada, me fitando.

- Oi – disse a menina de cabelo marrom. – Você é nova? Meu nome é Piper. – ela disse, gentilmente, enquanto a que deve ser Annabeth ainda me fitava.

- Oi, meu nome é Aurea. – falei, sorrindo. A que deve ser Annabeth me olhou mais surpresa.

- Eu... Eu sou... Annabeth... – ela disse confusa. – Aurea... Aurey? – ela me fitou, esperando por respostas.

Suspirei. Qual é essa de todo mundo falar que eu sou uma tal de Aurey?

- Não. – eu disse. – É Aurea, mesmo.

- Como? – ela falou confusa. – História... História... – ela começou a dizer, e fitar o chão, como se estivesse procurando algo em sua cabeça. Olhei para Leo, que parecia tão confuso como eu. A outra menina, Piper, olhava de Annabeth para mim, franzindo a sobrancelha.

- História? – eu perguntei, porém Annabeth não respondeu. Continuou olhando para o chão, por um tempo. Então, ela me fitou.

- Sim! – ela gritou, e todos os campistas olharam para nós por um momento, e depois voltaram a fazer o que faziam. – Aurea... É isso! A terceira chance! A profecia! Uma história ela carregará... A fúria do passado! Você, é Aurea Price, não é? Os deuses... Colocaram você para dormir, certo? – eu concordei, sem entender como ela sabia disso. – Três chances. A primeira. A segunda, e agora a terceira. Três... – Annabeth colocou a mão no bolso, e tirou um papel. – Meia noite, de uma sexta feira. Três. Hoje é terça. Três dias para sexta... Você...

- O que? – Leo disse. – O que tem na sexta? Uma festa mexicana? Eu quero ir. Não é justo, quando tem festas aqui no Acampamento, não me convidam.

Piper mandou Leo fazer silêncio.

- Leo, cala a boca. – Piper disse. – Para que teria uma festa mexicana? – Leo ia argumentar, mas ela o cortou, colocando o dedo na boca, e ele ficou quieto. Voltei a olhar Annabeth, que me olhou preocupada.

- Aurey... Aurea. – Ela corrigiu-se. – Você é a menina da profecia.

- Profecia. – repeti. Piper e Leo ficaram surpresos, mas de um jeito preocupado. Acho que eles sabem que tal profecia é essa, pela reação, seria bom eu não saber.

- Sim. – Annabeth disse. – Você é a única pessoa que pode causar a destruição dos deuses. E também, você é a única pessoa que pode impedir a destruição, o seu outro jeito. Escute. Você foi destinada para acabar com os deuses. Mas outro lado de você. O lado escuro... São três dias. Três dias para o lado escuro aparecer. Precisamos ser rápidos. – ela pausou, e suspirou.

Acho que vi uma lágrima em seus olhos, mas ela rápido virou a cabeça e passou a mão nos olhos. Annabeth respirou fundo, e fechou os olhos.

- Essa profecia se chama A História da Meia noite.


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Notas finais do capítulo

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