As Crônicas Aladas - Principatus escrita por Mano Vieira, DannyZR


Capítulo 5
Capítulo Quatro.


Notas iniciais do capítulo

Bem, aqui estou eu, mais uma vez postando um novo capítulo para vocês, queridos leitores HDASKHASKDJLHA
Espero que vocês gostem e apreciem com moderação!
Boa leitura!



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Eram asas. Eu não acredito no que estou vendo! Um humano normal não tem asas, mas e se eles não forem humanos?

Ambos estavam no meio de uma briga alada agora e eu não podia fazer nada, pois estava muito longe deles. Era uma espectadora.

As asas do Loran eram grandes e a penugem era branca e brilhava forte. Já os do Kyle eram grandes e as penas eram escuras, sem brilho. O que será que isso significa?

– Ei vocês dois! Parem de brigar! Estão loucos? – eu tentei mesmo sabendo de que nada adiantaria.

Ambos travavam socos e chutes. Até Kyle ser acertado na barriga e cuspir sangue.

– EI! – Grito o mais alto possível. – Parem! Por favor.

Eu realmente não queria ver essa cena. Ela era demais para mim. Ajoelho-me e começo a chorar. Eles estão brigando por minha culpa. Isso não é legal. E eu não tenho como parar essa briga, afinal eu sou só mais uma garota normal.

+++

A luta deles continuava. Kyle e Loran já tinham levado vários golpes e continuavam voando e proferindo socos e chutes no outro. Eu já desisti de tentar parar, sabia que por mais alto que eu gritasse seria em vão.

Ficar sentada vendo dois conhecidos violando um ao outro não é legal. Eu realmente gostaria de fazer de tudo para pará-los, mas não posso. Não consigo. O motivo de eu estar aqui junto com eles, não se sabe. Talvez seja um tipo de tortura do Loran. Isso é bem a cara dele. Talvez esse tenha sido o jeito dele provar para mim e para o Kyle de que ele é melhor.

Já estou cansada de apenas ficar aqui, ajoelhada, sem fazer nada. E tudo isso está acontecendo porque eu conheci Kyle? Gostaria de saber se eu teria que passar pela mesma coisa caso nós não tivéssemos virando amigos. E tenho certeza que se estivesse passando por isso aqui em outras circunstâncias, não sentiria o que estou sentindo agora.

Encolho-me mais para me aquecer melhor. O lugar ficou mais frio de um segundo para o outro. Não quero mais olhar para cima e ver as cenas de uma briga entre um cara chato e um companheiro, mas mesmo não vendo, eu posso ouvir. Tampo meus ouvidos com a mão, porém, de nada adianta.

Algumas penas caem no chão com leveza. Olho para elas e vejo que a maioria tem uma coloração escura. Kyle está perdendo. Pego meu celular e verifico a hora. Por mais incrível que pareça, ainda estamos no mesmo minuto em que eu saí de casa. Acho que nesse local, o tempo não funciona. Pergunto-me onde estamos.

+++

A camada preta é quebrada por dedos finos e pálidos que surgem e logo, uma pessoa inteira adentra no local. Essa pessoa é Maggie.

– Uau! Que bagunça! – diz ela olhando para os dois que continuam travando a briga.

– Maggie? – Digo esperando uma resposta. Meu coração bate mais forte agora. – é você mesma?

Ela olha para mim e sorri.

– Olá, Emilly. Vejo que você não está gostando e nem entendendo nada do que está acontecendo aqui, não é? – Ela anda até mim e me ajuda a ficar em pé.

– Você está certa... – Abaixo a cabeça.

– Um deles te explica isso depois.

– Você sabe como pará-los? – Pergunto com esperança.

– Eu até sei...

– Faça! Por favor, eu te peço! – Aperto suas mãos.

– Ok! – Ela beija minha testa e solta as suas mãos das minhas.

Fico observando-a. Ela salta e vai até onde ambos estão. Ela para bem entre eles.

– Seja lá qual for o motivo disso, mas, será que vocês não veem que ela não está gostando? – Diz Maggie com uma voz autoritária.

– Ora! Olha quem nós temos aqui... A linda patricinha que anda junto com eles achando que sabe das coisas. – Fala Loran com um tom de ironia.

– Eu não irei me rebaixar ao seu nível e falar o que eu queria...

– Você não tem o que falar... Admita! – Riu Loran. – Vá para escola. Não irá ganhar nada ficando aqui, afinal, você não passa de uma mera humana...

Maggie riu. Eu não sei o motivo dela estar rindo. Eu nem sei o porquê dela estar aqui.

– Bem, querido Loran... – Começou andando até ele. Para ela, é como se houvesse um chão onde eles estavam. – Creio que você deve ter se esquecido de que aqui nessa dimensão os humanos não são permitidos. E se eu estou aqui, isso significa que eu não sou uma mera humana.

Maggie é como eles? Ela também tem asas? Será que eu sou a única normal daqui?

– Você não tem uma aura como a nossa. Eu posso sentir isso. – Falou o ruivo fitando-a.

– É claro que não. Eu sou uma guardiã! – Maggie estendeu sua mão direita para frente e manteve a palma virada para baixo. Da palma, faíscas começaram a sair, até que toda a sua mão estivesse em chamas. – E agora vamos parar com essa briguinha.

Uma guardiã? Ela consegue invocar o fogo? O que isso significa?

Agora, aquela briga estava entre três pessoas. Eu já não aguentava mais isso. Tampei meus olhos enquanto ouvia os movimentos deles.

+++

Como eu não queria vê-los lutando, eu só olhei quando finalmente Maggie me chamou.

– Vamos sair dessa coisa. – Ela estendeu a mão para mim. Eu segurei sua mão e ela me puxou pondo-me em pé. – Depois explicamos tudo certinho para você.

O lugar em que estávamos desapareceu e em questão de segundos, voltamos para frente da minha casa. Ainda não tinha dado o horário da aula.

– Vamos? – Ela olhou nos meus olhos.

Eu não queria ir para a aula. Tudo o que eu mais queria agora era dormir e tentar esquecer o que aconteceu.

– Desculpa, mas depois de tudo isso eu acho que prefiro ficar em casa hoje. – Falo soltando a mão dela com delicadeza. – Obrigada por se importar comigo, mas vocês já podem ir.

– Ok. – Fala ela séria. – Até mais tarde e melhoras.

Kyle vem até mim e deposita um beijo em minha testa.

– Depois nós conversamos sobre isso, Emi.

Eles se afastam e eu entro em casa. Lena olha para mim preocupada.

– Aconteceu algo? – Ela estava tomando o café da manhã enquanto lia um livro.

– Não estou me sentindo muito bem, então decidi ficar em casa hoje. – Falo. – Vou para o meu quarto dormir um pouco, ok?

– Tudo bem! – Ela coloca o livro de lado e se levanta. – Se precisar de algo, eu estarei aqui.

– Ok!

Vou para o meu quarto, fecho a porta e deixo a mochila na frente dela. Jogo meu corpo com força sobre a cama e tento adormecer. Minha cabeça está doendo.

Acordo com Lena acendendo a luz do quarto. Olho para ela e ela está sorrindo levemente. Ela tem na mão uma bandeja com dois copos de suco da cor laranja e com dois lanches.

– Achei que seria legal você comer agora – explica ela.

Eu devia agradecer a ela, pois ninguém nunca fez isso por mim. Sinto-me importante agora.

Sento na cama com os pés para fora do colchão e ela senta na minha frente. Ambas pegamos os lanches e damos uma mordida. Pego o copo do suco e bebo um pouco. Está tudo muito bom!

– Bem Emi... Acho que você passou mal por não ter comido direito nessa manhã. – Eu não acredito que ela passou um tempo pensando no que me fez passar mal.

Não posso contar para ela o que realmente aconteceu. Ah não é nada disso, Lena, eu sai de casa e meus dois amigos começaram a brigar por minha culpa e então fomos para um local totalmente entranho. O mais legal é que ambos tinham asas e não davam a mínima para mim. E depois disso tudo, minha melhor amiga aparece e começa a soltar fogo pelas mãos.

– Deve ter sido isso. – Dou mais uma mordida no lanche. – Vou tentar acordar um pouco mais cedo para poder comer melhor...

Ela sorri e se inclina para passar a mão nos meus cabelos.

Conversamos um pouco mais enquanto comemos os lanches. Ela diz que tinha que sair e que talvez passasse toda a noite fora.

+++

Passo a toalha por todo o meu corpo tentando impedir de que alguma gotícula de água caia no chão do meu quarto. Assim que eu me sinto totalmente, ou quase, seca, enrolo a toalha no meu corpo calço os meus chinelos e vou para o meu quarto.

Coloco uma roupa descente, para dormir, e apago a luz do quarto. Pulo sobre a cama e fico olhando para o teto. Imagino tudo novamente. O que eles são? Algum tipo de mutante? Eu não gosto dessa ideia. Não gostei de ambos brigando. Não gostei de ser a única que não sabe de nada.

Adormeço por alguns segundos, mas logo acordo. Olho para a janela e vejo que ela está aberta. Levanto, vou até ela e fecho. Quando dou uma volta de 180º surpreendo-me com o que vejo.

Um menino está parado no meu quarto, me olhando. De suas costas saem duas lindas e grandes asas brancas. Eu sei que é Loran por causa da coloração do cabelo.

– Olá Emilly. – Disse ele encolhendo as asas.

– Você quer exatamente o que aqui?

– Não te prometemos uma explicação? – Ele anda até mim. – Estou aqui para isso.

Olho para ele. Tento perceber se ele está mentindo ou não. É. Ele está falando a verdade

Sento na cama e digo calmamente para ele:

– Pode começar me explicando o porquê das asas. – Era realmente algo que eu queria muito saber.

Ele riu, sentou-se na cama de Lena e me fitou por um tempo.

– Emilly, qual é o nome do ser que é humano e tem asas?

Achei que era uma pergunta retórica, então fiquei quieta até perceber que ele estava realmente esperando por uma resposta.

– Harpia. – é o que eu falo.

Ele ri novamente.

– Não conhece nenhum outro?

Penso em todos os seres com asas e que tem corpo de humano.

– Existem também os anjos. – Falo depois de muito tempo.

– Isso! Você chegou onde eu queria que chegasse. – Ele fala empolgado. – Emilly, tanto eu como o Kyle somos anjos.

Penso nisso. Eles não têm uma auréola em cima da cabeça.

E é isso o que eu digo para ele.

Loran sorri com a pergunta e passa a mão sobre as mechas de cabelo.

– Não temos, pois estamos na terra. – Explica.

– Então no céu vocês têm?

– Isso mesmo! – Ele sorri.

– Eu gostaria de saber também o motivo de suas asas serem brancas e as do Kyle serem pretas.

Ele fica com um semblante sério.

– Emilly, isso serve para nos diferenciar um do outro.

– Como assim?

– Eu, Loran, sou um anjo ainda puro. Até alguns dias atrás eu morava no céu exercendo a minha tarefa lá. – Ele faz uma pausa para umedecer os lábios – Kyle tem asas da cor preta, pois ele é um caído. Um anjo que deixou de ser puro e foi banido das terras sagradas.

Uau!

– É por isso que eu não me dou muito bem com ele... Nós, anjos, não gostamos muito dos caídos. – Explica.

– O que a Maggie é?

Ele respira pesadamente.

– A Maggie é uma guardiã. No mundo existem guardiões para os elementos. Às vezes, o número de guardiões varia, de quatro para seis. – Diz – mas sempre se mantém os guardiões de: água, Terra, Fogo e Ar. Como você pôde ver Emilly, a Maggie é uma guardiã do fogo.

Uau!

– E o que seria os outros dois guardiões? – Pergunto. – Me refiro a quando existem seis.

– Nunca se sabe. Às vezes é algo relacionado a coisas normais e às vezes não. Tem vez que os outros dois guardiões têm poderes tão complexos que nem eles mesmos conseguem se entender.

– Ok, mas agora vamos direto ao ponto. – Respiro e passo a língua pelos meus lábios para umedecê-los. – Onde era aquele local?

– Quando anjos ou criaturas místicas vão travar uma batalha aqui na Terra, eles criam um pequeno portal para Ethereo. Ethereo é como se fosse uma dimensão alternativa, que fica aqui na terra mesmo. Humanos não podem entrar nesse local.

– Se humanos não podem entrar lá, por que eu entrei? – Fico tensa.

Loran sorri maliciosamente e então, antes de começar, suspira.

– Você tem uma missão aqui na Terra. Você não é humana, Emi – Diz ele fitando os meus olhos.

Engulo em seco. Nunca imaginei que um dia iria ouvir essas palavras especiais de livros.

– E o que eu seria então? – Tenho medo da resposta. Tenho medo de a minha vida mudar para pior com o que vou ouvir agora.

– Você é um ser alado, querida Emilly.

Ele sorri. Toda a tensão do meu corpo me deixa. Sinto-me leve.

Um ser alado.

– Um ser alado – repito.

– Isso mesmo, Emi. Você é como eu. Você é como Kyle, só que mil vezes melhor e mais bonita!

– Eu posso criar asas e voar?

Ele ri divertidamente.

– Sim, mas não é a coisa mais fácil do mundo de se fazer. – Ele fica sério – Emilly, eu não queria ter que te contar isso, mas é preciso para a sua melhor segurança.

– O que? – Volto a ficar tensa.

– Agora que você é consciente, você tem um impacto forte no mundo espiritual. Sua aura angelical poderá ser sentida por qualquer ser místico. – Disse ele sério.

– E? – Eu não tinha intenção de ser grossa.

– E que muitos monstros virão atrás de você. Caso você não esteja aqui, eles irão atrás do seu maior tesouro.

Thony.

– Eles te perseguirão até você estar caída ensanguentada, morta. Seu irmão está em risco agora, seus amigos estão correndo risco agora.

– Eu posso defendê-los. – Digo.

Ele ri.

– Não tente enganar a si mesma. Todos nós sabemos que você não pode. Eu não quero ser grosso, mas essa é a realidade. – Diz Loran. – Existe até uma maneira de você protegê-los.

– E que maneira seria essa?

– Você viria comigo, para um lugar bem longe daqui e iríamos treinar. – Diz ele calmamente.

– Enlouqueceu? Nem a pau que eu irei fugir com um menino que entrou faz pouco tempo no colégio e que tem asas.

– Você também as tem. Admita.

Okay, ele tinha me pegado. Mas qualquer garota em sã consciência não iria fazer isso.

– Eu vou continuar aqui em casa, com Thony e Lena. – Disse. – Essa é a resposta final.

– Mas...

– Sem mais! Essa é a resposta final. – Disse calma. – Loran, eu acho que está um pouco tarde...

– Eu entendo. – Disse ele. – Bem, querida Emilly, até amanhã!

– Até.

Suas asas surgiram num segundo para o outro e ele se foi pela janela, deixando algumas penas no chão.

+++

Desperto e dou um grande pulo da cama. Não estou com sono e isso é algo bom!

No colégio está tudo normal. Meus amigos normalmente me perguntariam o motivo da minha falta se já não soubessem.

Sento no meu local de costume e fico ali, observando o nada.

– Emilly, eu acho melhor você ir se tratar! – Maggie me puxa de um mar de pensamentos.

– Por quê?

– Você vive aí, parada, olhando para o mesmo local, do mesmo jeito todos os dias! Isso não é algo normal.

Eu ri.

–Soltar fogo pelas mãos também não é algo muito normal. – Falo num tom baixo para que ninguém ouça.

– Ter dois garotos com penas nas costas na sua cola também não é nada normal! – Disse ela sentando ao meu lado com um sorriso no rosto.

– Okay, você venceu!

Conversamos um pouco até a aula ter inicio.

+++

Meu coração quase sai pela boca quando me chamam na direção do colégio. Vou até lá.

– Olá, vocês me chamaram até aqui? – Falo assim que entro na sala.

O coordenador me olha preocupado. Na frente dos seus olhos está um óculos que parece cegar a qualquer um que queira usá-lo.

– Srta. Emilly, não? – Sua voz é muito grossa, típico de um velho.

– Eu mesma!

– Creio que a senhora prefira ir para a casa... – Ele começa com uma voz forte, mas não alta – Acabei de receber uma ligação dos seus responsáveis falando que um deles se acidentou. Achei melhor avisá-la o mais rápido possível.

Lena ou Thony? AI meu Deus! Eu preciso ir correndo para a casa.

– Ok, se o senhor me der licença! – Digo virando-me de costas e correndo pelos corredores.

Guardo meu material e saio da classe me despedindo de todos em voz alta.

Saio do colégio correndo em disparada ao caminho de casa. Ótimo! Sempre que eu preciso ir a algum lugar, o caminho mais viável está interditado. Um acidente de carro causou isso. Malditos barbeiros!

Desvio e vou por outro caminho. Minha casa realmente precisa ser um pouco mais perto do colégio.

Sinto um arrepio na espinha. Estou sendo seguida, sendo vigiada. Olho para os lados, mas não vejo nada. As pessoas andam em linha reta sem se importar com quem passa do lado e sem ter curiosidade sobre o céu que temos.

Ando normalmente, num ritmo normal. Olho para o relógio e vejo que já se passaram mais ou menos quinze minutos desde que saí do colégio. Ok! Eu preciso correr.

Começo a correr e sinto o vento úmido no meu rosto, bagunçando o meu cabelo. Acostumo-me com o ritmo em que estava quando bato em algo invisível. Cambaleio para trás e olho em frente. Não vejo Nada.

Ando dois passos para frente e estico meu braço direito. Minha mão toca em algo. Ou realmente tem algo ali, ou meu tato está trabalhando super bem ao ponto de estar sentindo coisas inexistentes.

Sinto aquele “algo” se mover. Recuo meu braço e dou alguns passos para trás. Olho assustada para o local. O que é aquilo?

Olho em volta e as pessoas parecem nem percebê-lo. Um homem passa exatamente onde o “algo” está sem dificuldade nenhuma. Ponho a mão em seu ombro e pergunto:

– Como o senhor fez isso? – Ele se vira para mim e me olha bem nos olhos tentando entender o que eu acabei de dizer. – Como o senhor passou por ali? – Insisto.

– Com os pés. – Debocha da minha cara.

– Ah claro, porque não? – Falo para eu mesma.

Ele se vira e murmura “jovem” e sai andando despercebido.

Olho para frente novamente e tento passar. Sem sucesso!

– Meu Deus! Eu preciso ir por aqui! – Penso em voz alta.

Forço a visão para ver o que está atrapalhando a minha passagem. Não enxergo. OK! Essa brincadeira não tem graça.

Olho em volta e vejo se alguém está vendo o mico que estou pagando aqui na rua. Por sorte, ninguém está se importando comigo.

Um homem surge ao meu lado e anda para frente. Acompanho-o para ver se dessa vez eu consigo passar.

Ele vai e eu fico.

Tento chutar o que raios sejam que está na minha frente. Não sinto nada. Tenho uma ideia.

Agacho-me e passo por baixo. Sinto algo roçar as minhas costas. OK, isso não é nada legal. Existe realmente algo aqui e esse negócio respira. Tento olhar para cima, mas vejo apenas o céu, os prédios tentando alcançá-lo e as pessoas andando. O legal é que nenhuma parece se importar com a minha posição: de quatro olhando para cima.

Chamo alguém que está passando por perto no momento. A pessoa olha em volta, para cima e depois para baixo e sai andando como quem não encontrou nada que o chamasse a atenção. Eles não podem me ver!

Já enjoada de ficar nessa posição ridícula, saio daquele local rapidamente e começo a andar, sem olhar nenhuma vez para trás.

Ando uns dez passos e sou empurrada, grosseiramente, para frente. Caio de joelhos na rua e assim que me levanto, vejo que ralei os joelhos. Eles ardem demais. Sinto algo se aproximar, agora sei que não tenho tempo para ficar aqui para lamentando da dor que sinto agora. Levanto e começo a correr loucamente até que eu possa estar finalmente em casa para ver o que aconteceu, como se isso fosse me salvar.

Durante o percurso, esbarro em várias pessoas, mas não tenho tempo para ter educação. Simplesmente grito “desculpa” e continuo correndo. Cada vez mais perto de casa, consigo ouvir a respiração pesada do que me segue. Agora sei que o que quer que seja não é humano. Ok devia estar ciente disso desde que esbarrei nele.

Continuo correndo e pedindo para que a minha casa chegue logo. Olho para trás e já consigo ver o formato do que me persegue. É algum animal bem grande, com dois chifres e anda de quatro. Um touro. Corro o mais rápido que posso. Olho para a minha roupa e vejo que não tenho nada vermelho. OK, pelo menos não irei estressá-lo mais, isso se a história do vermelho for verdade. Depois de um tempo – OK, esse era o pior caminho que eu podia ter pegado!- olho para trás de novo e vejo nitidamente o que me segue: é um touro, mas com algumas partes diferentes do normal. Sua pele tem riscas pretas e uma coloração vermelha. Os olhos estão queimando, literalmente. Os chifres são enormes e deixam a aparecer que muita gente já foi morta por eles. Em alguma parte de um dos chifres existe um anel escrito coisas em uma língua que eu desconheço. No seu nariz existe um arco que parece ser de ouro. Se eu fosse um pouco mais corajosa eu o pegaria e venderia. Daria uma boa grana. As patas dele parecem ser do animal mais rápido do mundo. E a cauda é algo totalmente sem sentido: sua cauda é um tridente.

Devo estar vendo coisas – acho isso não somente por estar vendo “ele”- pois essa coisa acabou de sorrir maliciosamente para mim. Viro o rosto e concentro-me em correr o mais rápido que posso. O meu joelho ralado já não é a prioridade agora. Podia cuidar dele depois, afinal, as feridas nem ardiam mais.

Avisto, finalmente, a minha linda e tão procurada residência. Tenho certeza que em algum lugar lá no fundo, eu estou pulando de alegria. Abro o portão desesperadamente e entro com uma velocidade incrível. Tranco tudo e vou correndo até estar dentro da sala.

Assim que bato a porta, Lena vira-se rapidamente para mim como se estivesse vendo um fantasma, mas assim que percebe que sou eu, ela suspira.

– O que você está fazendo aqui numa hora dessas? – Pergunta ela como se não fosse obvio.

Dou uma pequena risada.

– Ora, qual de vocês dois está machucado?

– Como assim? – Diz ela.

– Um de vocês ligou na escola me procurando, falando que alguém estava machucado. Quem é?

– Emilly, nós não ligamos para ninguém, Thony nem mesmo está em casa. – Diz ela fitando os meus olhos.


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Notas finais do capítulo

E o que acharam? Mandem reviews falando sobre o capítulo e/ou a história toda em si!
Ah, vale lembrar que essa cidade ela foi totalmente inventada por nós, autores!
Beijos e até o próximo capítulos!
Isso é tudo pessoal!



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