"O que fizeram comigo, me criou. É um princípio básico do universo. Que toda reação cria uma reação igual e oposta." - V de Vingança.

Fechei a porta do táxi atrás de mim. Joguei a mochila nas costas e fui andando em direção a casa da minha avó que continuava do mesmo jeito que eu tinha visto da ultima vez. Vincent vinha atrás de mim trazendo uma pequena mala. Dessa vez não iriamos ficar muito tempo lá, só umas semanas. Toquei a campainha.

Demorou alguns segundos, mas minha avó atendeu.

– Violet. – Ela estendeu os braços em minha direção.

Eu dei um sorriso de orelha a orelha e retribuí o abraço. Ela estava cheirando a bolo de cenoura.

– Vó.

Nos afastamos. Ela tinha o mesmo sorriso sereno.

– Como você estão? E olá Vincent. – Ela olhou por cima do meu ombro e viu um Vincent cansado.

– Morrendo, porem vivo. – Ele debochou. – Sua neta podia ajudar mais vezes.

Minha avó e eu rimos e ignorei o comentário do Vincent.

– Leve a mala lá pra cima, obrigado. – Dei um beijo na bochecha dele e entrei na casa. – Vou ate o meu quarto, vó.

Subi as escadas com cuidado, observando os quadros da parede. E lá estava minha família toda reunida, minha mãe mais nova e eu bebê. Dei um sorriso comigo mesma e continuei subindo as escadas. Cheguei no meu quarto e me joguei em cima da cama. Vincent apareceu minutos depois.

– Olá. – Ele fez uma cara de sedutor.

– Dessa vez poderei dividir o mesmo quarto, né? – Ele perguntou arqueando uma das sobrancelhas.

– Pode sim. – Fiz uma cara de duvida.

Me levantei da cama e me dirigi ate ele e o beijei. Foi um beijo demorado e quente. Mas eu não podia me deixar levar pelo desejo que subia pelo meu corpo, havia uma coisa para resolver antes de me senti totalmente em casa.

– Até a cama. – Dei um sorriso quando nos separamos.

Coloquei o pé pra fora do quarto. Vincent agarrou minha cintura.

– Onde vai? – Ele perguntou.

– Ao cemitério. Volto daqui a pouco. – Lancei um beijo pra ele e tirei sua mão de mim.

Desci as escadas e fui até a cozinha. Minha avó estava fazendo bolo de cenoura.

– Vou ao cemitério, volto daqui a pouco. – Disse e fui ate a porta.

Atravessei a porta e andei pela rua calma até o cemitério. As pessoas iam falando comigo, dizendo um oi ou acenando. Coisas de pessoas muito educadas ou falsas. Não liguei, apenas retribuía e continuava o meu caminho. Cheguei no cemitério, havia um guarda novo ali.

– Bom tarde. – Ele disse.

Retribui com um sorriso e entrei.

Fui andando entre os túmulos ate chegar ao dos meus pais. Perto do túmulo deles, havia varias outros e, perto dali, havia uma menina da minha idade visitando o túmulo de alguém. Ela chorava silenciosamente.

Cheguei perto dos túmulos e me ajoelhei.

– É tão triste perde alguém. – Ela falou olhando para mim.

– Sei como é. As pessoas acham que é fácil. – Respondi.

– E como se uma parte sua que fosse embora. Ainda mais se são seus pais. – Ela comentou.

Concordei com a cabeça.

– Lugar estranho pra conhecer alguém, me chamo Sophia Smith. – Ela se virou para mim e estendeu a mão.

– Sou Violet Tyler. – Sorri.

– Meu pai morreu de forma drástica, não se sabe por quem. Nunca souberam. – Ela comentou.

– Os meus também.

Aquela situação estava começando a ficar chata. Me levantei, voltaria outra hora. Quando me levantei fiquei e comecei a andar a menina se levantou também. Eu olhei para o túmulo do qual ela estava em frente.

“Clark Smith" continha no tumulo.

Eu suava frio, olhei para cima e a menina estava a minha frente me encarando com um sorriso.

– Quero que a pessoa que o matou morra da forma mais cruel e, se for pelas minhas mãos, melhor ainda. – Ela disse com um sorriso psicótico.

– Com licença. – Falei fria e me retirei do caminho dela. Fui seguindo para fora do cemitério.

Aquela era sem sombra de duvida a filha dele. Respirei fundo, aquilo não me cabia mais. Eu já havia terminado aquele capitulo da minha vida, não queria mais nada relacionado àquilo. Dei um sorriso comigo mesma e atravessei o portão do cemitério.