A Realeza - Casamento Real escrita por Mia Golden


Capítulo 14
Capítulo 14




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Capitulo 14

O soldado me levou até o gabinete do rei. Respirava fundo e tentava manter a calma. Iria ficar sozinha com ele. Dizia a mim mesma para ser forte mas, estava com medo. Paramos em uma grande porta cor de marfim.

- Pode entrar senhorita, o rei a espera. – disse o soldado.

- Esta bem, obrigado. – disse a ele. Ele se virou e partiu. Respirei fundo bati na porta e entrei.

Quando passei pela porta, avistei pela primeira vez a sala do rei. Era um lugar imponente com quadros pelas paredes, alguns monumentos. A sala era toda branca com detalhes em dourado. A mesa do rei era de uma cor caramelo com a madeira toda trabalhada. Tudo muito perfeito.

O rei Clarkson estava atrás de sua mesa, de costas para mim e olhando pela janela. Me aproximei da mesa para saber o que ele queria.

- O senhor mandou me chamar? – perguntei a ele.

- Sim, mandei. – disse ele ainda de costas para mim.

- E o que o senhor quer? – perguntei.

- Me diga senhorita America – ele começou a dizer ainda virado – o que acha desta frota que pedi?

Não entendi o que ele estava tentando dizer. Será que tinha me chamado para falar disso?

- Parece bom. – disse, ainda sem entender.

- Você percebeu o tanto de homens que respeitam as minhas ordens? De como tenho poder sobre eles? – perguntou ele agora se virando para mim. O seu rosto parecia normal.

- Claro! O senhor é o rei. – disse dando de ombros.

- Exatamente, eu sou o rei! – disse ele abrindo os braços como se quisesse abraçar o mundo. Eu só o encarei.

O que este homem quer comigo?

Será que é para falar sobre tropas?

Ele só pode ser louco!

- Desculpe alteza – disse tentando manter a calma – o que exatamente quer falar comigo?

Ele veio em minha direção com passos fortes tentando me mostrar sua superioridade. Estremeci no meu lugar. Qualquer coisa, gritaria com todas as minhas forças e sairia correndo.

- Quero lhe contar algo senhorita America. – disse ele se aproximando de mim.

- Uma...história? – perguntei sem entender.

Uma história?

Agora sim estou começando a ficar com mais medo!

- Sim, uma história que soube hoje. – disse ele me encarando.

- Ok. – concordei.

- Hoje estava com meus conselheiros e Maxon em nossa sala para a nossa reunião – ele começou – minha cabeça estava latejando de tanto pensar – disse ele colocando a mão na cabeça para dar um ar dramático e continuou - então sai da sala para caminhar um pouco, mas algo muito inesperado me pegou de surpresa.

Ele contava aquilo com uma naturalidade e calma que parecia que nós dois tínhamos algum tipo de amizade. Que ele poderia me contar tudo. Mesmo assim, mantive o silencio para ouvi-lo. Ele continuou.

- Sorrateiramente, fui caminhando em direção a aquilo que me deixou intrigado – disse ele – tentei não fazer barulho para não chamar a atenção. Mas quando consegui avistar, percebi duas pessoas conversando coisas bastantes intimas de um passado não tão distante. E você sabia onde?

De repente senti um frio na barriga. Lembrei-me de mim e Aspen conversando no jardim. Fiquei ali, parada, rezando para que não fôssemos nós dois que o rei viu.

- Não, não sei – disse baixinho quase faltando o ar. Ele se aproximou de mim e me encarou bem de frente olhando bem dentro dos meus olhos.

- Você sabe sim – disse ele com aquela voz sinistra – vi e ouvi você conversando com aquele rapaz. Coisas muito íntimas.

- Não sei do que o senhor está falando – disse tentando não parecer nervosa.

- Não se faça de idiota! – disse ele entre os dentes – quer que eu esclareça os melhores momentos para você – ele continuou – encontros em uma casa na árvore a meia noite, encontros aqui mesmo no palácio quando ele era um simples guarda... quer que eu continue senhorita America?

Fiquei pálida. Não conseguia me mexer e não conseguia falar. Parecia que tudo estava girando. O rei ouviu a mim e Aspen falarmos de um passado. Mas para ele aquilo era uma arma perfeita.

- Então senhorita America, vai me dizer que não era você? –perguntou ele me comendo com os olhos.

Respirei fundo. Minha garganta já estava doendo com vontade de chorar. Não podia mentir por que ele me viu e disse exatamente o que eu e Aspen conversamos. Estava sem saída.

- Sim... era eu – disse com um suspiro.

- Muito bem! – disse o rei se escorando em sua mesa e cruzando os braços – como as coisas são, não é? A garota que parecia perfeita e amada pelo povo por sua sinceridade e humildade – ele continuou – é uma mentirosa e traidora.

- Não sou traidora – disse em minha defesa.

- Como assim não é? Se encontrava com aquele rapaz aqui dentro do palácio em meio ao processo da seleção, e vem me dizer que não é traidora? – ele disse se aproximando de mim.

- Eu não sou traidora! – disse já com os olhos cheios d’água.

- Sim, você é TRAIDORA! – ele disse em um tom mais alto que cheguei dar um passo para trás.

- Aquilo aconteceu antes de eu entrar na seleção – comecei a me explicar -  hoje não temos mais nada um com o outro. Somos amigos.

- Se encontravam aqui dentro do palácio as escondidas – disse o rei com uma cara anojada – e ainda vem tentar se justificar.

- Quando eu entrei na seleção – comecei dizendo – não queria nada com Maxon, por que estava triste com o fim do meu relacionamento com ele – continuei a explicar – aceitei participar para ajudar minha família, e com o tempo percebi que estava me apaixonando por Maxon, e então Aspen apareceu no castelo como um guarda e meus sentimentos ficaram confusos por que estava dividida entre ele e Maxon. Mas escolhi Maxon e Aspen entendeu e seguiu seu caminho.

Disse tudo o que podia naquele momento. O rei me encarava como seu eu fosse mais do que uma pessoa que ele não gostava. Ele estava me destruindo de vez.

- Cabo Leger, não é? – ele me perguntou.

- Sim. – disse baixinho.

- Peguei a ficha dele – ele se virou e pegou uma pasta na mão – ele era um seis, se inscreveu para ser recrutado. Depois de alguns meses como soldado subiu de nível. Aspen Leger. – disse o rei me encarando.

- Senhor eu já disse nós...

- Maxon sabe? – perguntou ele indo em direção a janela e ficando outra vez de costas para mim.

- Sabe, contei tudo a ele e ele me perdoou. – disse tendo dificuldades de respirar.

- Maxon é muito burro! – ele disse ainda de costas.

- Ele não é burro, ele é compreensivo – disse em sua defesa.

- Compreensivo? Não senhorita! Isso é burrice, é fraqueza – disse ele se virando para me olhar.

- Maxon é uma boa pessoa.

- Ele pode até ter deixado passar, lhe perdoar – ele começou – mas eu não. Levo as leis muito a sério. Alguém tem que ser punido.

- O que? – perguntei sentindo meu coração disparar.

- Eu vou fazer o seguinte – disse o rei – não farei nada contra você, até por que preciso que esteja na palma da minha mão – ele continuou – mas com o Cabo Leger sim, ele terá consequências.

Senti minhas pernas fraquejarem. O rei Clarkson estava gostando de cada efeito que suas palavras faziam em mim. Nunca me senti tão vulnerável.

- O que o senhor está dizendo? – perguntei com medo de ouvir a resposta.

- O Cabo Leger precisa ser executado – ele disse com um sorrisinho – o mais rápido possível.

- O que? – disse incrédula sentindo minha respiração se acelerar.

- Eu o quero morto – disse o rei me fulminando com os olhos – já chega um traidor que tenho debaixo do meu teto! Um tem que pagar!

- Não, por favor! – disse suplicando a ele. As lágrimas começaram a correr pelo meu rosto.

Não queria que matassem Aspen. Ele era uma boa pessoa. Nosso passado agora era passado, e nós estávamos felizes pelo rumo que nossas vidas estavam tomando.

- Já está decidido, ele será executado hoje – disse ele se afastando – providenciarei que o levem para longe para fazerem isso – ele olhou para mim e riu – assim, não verá seu corpo.

- O senhor não pode fazer isso! – disse em meio as lágrimas – ele é uma boa pessoa!

- SIM, EU POSSO! EU SOU O REI E EU TENHO O PODER! - disse ele gritando e me fazendo encolher.

Me ajoelhei no chão e chorei com as mãos no rosto. Soluçava e estava me sentindo fraca. Aspen! Não posso deixar isso acontecer!

- Por favor! – disse em meio aos soluços – Não faça nada com ele – respirei fundo – faça comigo então, mate a mim!

O rei Clarkson que estava sentado em sua cadeira detrás da sua mesa me encarou e alguns segundos depois soltou uma gargalhada. Aquilo era uma prova para os meus nervos. Aquele homem era a maldade em pessoa! Será que não existia algo bom nele?

- Acha mesmo que faria alguma coisa com você? – disse ele ainda sorrindo ironicamente – Quero que viva para sempre, para se lembrar de que comigo não se brinca – disse ele entre dentes – e que este é o preço que se paga por se meter no meu caminho.

Não conseguia mais lutar, estava derrotada. Não tinha mais forças. Aspen morreria e eu não iria conseguir ajuda-lo. Levantei minha cabeça, ainda estava ajoelhada. Percebi que o rei só me observava. Ele se levantou e veio em minha direção.

- Levante-se – ele disse. Com dificuldade me levantei.

- Irei fazer uma proposta para você – disse ele – pode livrar a vida deste rapaz, se fizer a escolha certa.

- Escolha? – disse baixinho.

- Sim, uma escolha. – ele disse.

- Está bem, o que tenho que escolher? – disse suspirando

- Terá que escolher entre Maxon e o Cabo Leger. – disse ele.

Naquele momento perdi o chão. Não poderia escolher um ou outro. Era injusto demais.

- Não pode me fazer escolher! – disse voltando a chorar.

-Posso sim – ele disse e continuou – irei facilitar sua escolha – ele olhou bem dentro dos meus olhos – se escolher Maxon, o Cabo Leger será morto, e assim não terei problema de dois traidores em minha casa – ele continuou – mas se escolher o Cabo Leger... – ele me olhou com um sorriso irônico – terá que terminar tudo com Maxon, acabar com o casamento e o fazer mandar você embora.

Naquele momento rezava para estar no meio de um sonho. Acordar e ver que não foi real. Salvar a pele de Aspen e magoar Maxon. Ficar com Maxon e Aspen ser morto. Não sentia minhas pernas. Estava a ponto de cair no chão.  As lágrimas não paravam de rolar pelo meu rosto.

- Não tenho o dia todo senhorita America! Quero uma resposta agora! – disse o rei já sem falta de paciência.

Maxon ou Aspen?

- Senhorita! Já estou ficando sem paciência. – disse ele já ficando irritado.

Fechei meus olhos com força para procurar uma resposta. Maxon ou Aspen? Maxon ou Aspen? De repente ouvi uma voz no meu interior.

  Siga seu coração America!

- Senhorita Amer...

- Está bem, eu digo! – falei buscando as poucas forças que ainda tinha.

Ele me encarou para esperar minha resposta.

- Então diga logo, tenho mais coisas para fazer. – disse ele.

Respirei fundo, criei coregem, o encarei e disse:

- Eu escolho... – olhei para o rei, ele parecia estar triunfando sobre mim – eu escolho... Cabo Leger.

O rei me encarou. Percebi que seu rosto mudou de impaciente para algo alegre. Então, ele começou a me aplaudir.

- Senhorita America! – disse ele batendo palmas em minha direção e rindo – que ótima escolha – ele continuou – pelo menos percebeu que não é de nosso nível.

Eu já me sentia exausta. Não conseguia mais lutar e estava derrotada. O rei, enfim, conseguiu o que queria. Eu teria que desistir de Maxon.

Sem querer ficar nem mais um momento naquele lugar, me virei e fui em direção à porta. Estava fraca.

-Senhorita America? – o rei me chamou, mas não me virei, só fiquei parada olhando para a porta. Ele disse mesmo assim.

- Aconselho que ache uma boa desculpa para fazer Maxon não perdoa-la – ele disse. Senti meu coração partir. Ele continuou – sei que é muito boa com palavras. E mais! Espero que não conte a ninguém sobre esta nossa conversa, se não, as consequências cairão sobre o Cabo Leger. – percebi que ele caminhou em minha direção e parou atrás de mim e falou perto do meu ouvido.

- Quero que diga hoje à noite na hora do jantar – ele disse – em frente a minha esposa e a mim – ele continuou – quero muito ouvir a sua história e quero ver a reação de Maxon. Entendido senhorita?

Respirei fundo e concordei com a cabeça. Não conseguia falar uma palavra. Sai da sala. Quando cheguei ao corredor me encostei à parede e fui escorregando até o chão. Coloquei minha cabeça entre minhas mãos e chorei. Meu coração estava partido. No jantar de hoje teria que terminar tudo com Maxon. Inventar uma mentira e partir seu coração.


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