Quanto Tudo Começou A Mudar. escrita por Lina Pond


Capítulo 31
Nós não estamos juntos.




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Andei de cabeça baixa o caminho inteiro. Eu não queria ver Mariana. A raiva que eu sentia dela não tinha se esvaído completamente. Mas eu sabia que ela estava apaixonada por mim. E eu sabia como aquilo que ela viu devia ser doido. Eu precisava ao menos me desculpar. Coloquei um vestido florido e tênis, o jeito que costumava andar antes de Aaron. Antes de me conformar que usar moletons e nunca pentear o cabelo era legal, porque eu já tinha um namorado. Como eu tinha sido idiota.

A empregada de Mariana abriu a porta e sorriu para mim, como se sentisse minha falta. Ela me mandou subir as escadas e eu encontrei uma Mariana de pijamas, deitada na cama assistindo Burlesque.

- Eu esqueci como você sempre usa esse filme como exemplo de superação.

- Não – ela disse apontando para mim – Eu uso a Xtina. Você vê como ela sempre aparece magra novamente? Eu quero ser assim.

Eu sorri e me sentei ao seu lado.

- Sobre o que você viu Mari...

- Você está me chamando de Mari – ela se sentou e sorriu.

- Sim – eu disse acenando com a cabeça – Não foi completamente sua culpa. Quer dizer, você fez um monte de merda sua vida inteira, mas não foi você que obrigou minha irmãzinha a fazer sexo.

- Ah Emma – ela pulou pela cama e me abraçou – Eu senti tanto a sua falta. Eu não posso viver sem você. Eu não... Emma, eu...

- Não seja apaixonada por mim – eu disse bruscamente e sua expressão ficou triste – Quer dizer, eu nunca fui ninguém de especial. Quer dizer, olhe para mim. Eu sequer tenho uma cintura, minha bunda é grande demais e antes de Aaron, eu nunca teria ficado nua na frente de ninguém. Além de você. E não teria, se soubesse que você... Enfim. Eu não sou ninguém. E agora três pessoas incríveis estão apaixonadas por mim. E eu queria poder ficar com cada uma delas, mas eu não posso.

- Você ficaria comigo se não fosse pelo Aaron? – Mariana perguntou, esperançosa.

- Eu não sei – eu sorri – Eu nunca pensei nisso. Você é linda Mari, mas eu nunca te vi assim. Eu nunca pensei em ficar com alguém do mesmo sexo. Só com garotos.

- É por isso que você deixou o Dylan montar em você? – ela riu.

- Ele não estava montado em mim.

- Estava.

- Ok, estava. Eu não sei o que aconteceu. Mas depois que você faz sexo, tudo fica complicado. Porque você sabe que normalmente sexo resolve as coisas. E ai você acha que pode fazer sexo com qualquer um, só para ele nunca ficar magoado. Mas se você faz sexo com essa pessoa, ela muito provavelmente vai ficar magoada quando você não a escolher. É bem difícil.

- Eu sei – ela disse acenando com a cabeça.

- Por isso, eu não vou fazer sexo com você. Porque você é minha melhor amiga. E quando você arranjar uma mulher bem gata e sair por ai desfilando com ela, eu vou ser a maior fã de vocês. Mas Mari, não pode ser eu.

- Tudo bem – ela disse segurando minha mão – Mas eu gostaria de saber quem você vai escolher. O Dylan ou o Aaron?

- Eu não faço ideia – eu disse rindo – Não é louco? Porque dois caras lindos estão querendo ficar comigo? Meu Deus, eu sou uma droga. O que eles veem em mim?

- O que eu vejo – Mari disse sorridente – Eu posso pelo menos...

- O último? – eu perguntei, sorrindo.

- O último.

Então Mari segurou meu rosto e me puxou para perto. Ela encostou seus lábios nos meus e me beijou por longos segundos, enquanto eu permanecia imóvel. Não era especial para mim. Como eu queria que fosse, mas não era.

- Eu acho que é o Aaron – ela disse quando me soltou.

- Eu também – assenti quando ela me puxou para o outro lado da cama, para que terminássemos de assistir Burlesque juntas.

***

- Alô?

- Aaron – eu respirei aliviada – Me desculpe te ligar a essa hora. Eu imagino que você deve estar descansando, ou estudando.

- Na verdade, eu estava em uma festa – ele disse secamente.

- Ah, certo. Eu só queria me desculpar.

- Pelo que Emma? Por não nos vermos a quase dois meses?

- Já faz tudo isso?

- Sim, Emma.

- Eu sinto muito – eu disse envergonhada. - Eu posso ir ai amanhã?

- Não – ele respondeu ríspido – Dia 15 é dia de treino e eu jogo basquete aqui.

- Legal – eu disse tentando fingir animação – Espera, dia 15? Amanhã é dia 15?

- Sim Emma, por que?

- Eu preciso desligar – eu disse respirando fundo demais e tentando segurar as lágrimas.

- Está tudo bem?

- Tudo ótimo. Bom treino. Boa festa.

Desliguei o telefone e corri até a cozinha em busca de um calendário. Contei os dias enquanto meus dedos tremiam e acabei me sentando no meio da cozinha.

- Não, não, não – eu sussurrava enquanto contava os dias no calendário.

Comecei a chorar conforme me dava conta do que estava acontecendo. Eu estava atrasada há dois meses.

***

Dylan e eu continuávamos amigos. Nenhum dos dois nunca mais comentou sobre o ocorrido em seu quarto. Ele tentou começar o assunto algumas vezes, mas eu sempre o cortava dizendo que havia sido um erro e que eu não estava pronta.

Toda a família estava almoçando junta no domingo quando meu telefone tocou.

- Nada de telefone na mesa Emma.

- Desculpa, mãe. É o Aaron. Nossos horários quase não batem. Posso atender?

- Vocês precisam seguir em frente – meu pai disse sem tirar os olhos do prato.

Minha mãe acenou com a cabeça e pude ver Dylan me secando com o canto do olho.

- Oi Aaron.

- Emma, oi.

- Oi.

- Me desculpe por ontem. Eu estava meio bêbado.

- Você está ficando realmente bom nisso – eu disse secamente.

- Você desligou o telefone ontem e parecia... Nervosa. Está tudo bem?

- Ótimo – menti – Tudo ótimo.

- Sorte sua – ele disse com a voz rouca e ouvi um som de mulher atrás dele.

- Aaron?

- Sim?

- Você está dormindo com alguém?

- Você está? – ele respondeu com uma pergunta rápido demais.

- Não – eu disse e ocultei a parte do “quase dormi com o Dylan”.

- Ah. Teria problema se estivesse? – Aaron perguntou e pude ouvir ele se afastando, provavelmente da garota que estava fazendo barulho.

- Não, nós não estamos juntos. Eu preciso desligar.

- Emma...

- Tchau Aaron.

Desliguei o telefone com força demais e me sentei no balanço do jardim. Olhei para minha pulseira e então a arranquei e a joguei longe. Me arrependi segundos depois e sai recolhendo os pingentes pelo quintal.

Aaron ligou a tarde inteira, mas me detive a ignora-lo.

***

Duas semanas se passaram e faltavam duas semanas exatas para Lizzie dar a luz. Eu e Dylan íamos juntos para a escola e conversávamos, mas eu não o deixava chegar perto demais. Mariana e eu voltamos a andar de braços dados pelo colégio, mas agora eu fazia questão de deixar que Carol andasse conosco. Mari não tinha assumido sua opção sexual ou encontrado uma namorada ainda, mas parecia ter me superado. Ela estava feliz. Todos ao meu redor estavam felizes, menos eu.

Aaron mandava uma mensagem por dia, mas eu nunca respondia. Minha menstruação ainda não tinha vindo e todo dia eu passava por uma farmácia, pensando em comprar um teste de gravidez.

Era uma noite de sábado quando recebi uma mensagem de Minnie, que mudou tudo.

“Aaron está quebrando tudo. Disse que não quer falar com ninguém além de você. Você precisa vir aqui.”

Meu pânico foi instantâneo. Corri para pegar as chaves do carro quando vi Lizzie descendo as escadas.

- Onde você vai a essa hora Emma?

- Aaron precisa de mim.

- Você não é a babá dele.

- Lizzie...

- Ótimo – ela abriu o armário de casacos e saiu toda coberta – Então eu vou com você.

***

Levamos três horas para chegar. Eram quatro da manhã e Lizzie dormia ao meu lado. Estacionei e a acordei. Corremos pelo campus até encontrar uma casa gigantesca, com um bando de universitários bêbados. Uma força maior me fez entrar na casa e Lizzie entrelaçou seus dedos nos meus e me seguiu.

- Que merda é essa? – ela perguntou quando um bando de universitárias passou pelada, correndo.

Mas eu estava sem palavras. Aaron estava sentado em uma poltrona, segurando uma lata de cerveja, aos beijos com uma loira gostosa que eu conhecia bem. Minnie.


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Notas finais do capítulo

Postei esse capítulo porque se não postasse, a Beatriz me batia. Então, vocês estão alguns capítulos do fim e está tudo uma droga. Odeio ser má, mas essa é a vida. Beijos!



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