Nova York estava estranhamente calma, não havia um caso novo há quase duas semanas, não que isso deixasse Beckett chateada, claro.

Beckett, Ryan e Esposito estavam na delegacia na frente do computador assistindo Hannibal, Ryan particularmente não gostava muito da série, ela o fazia se sentir nauseado, e olha que ele já havia visto de tudo.  Na melhor parte do episódio o telefone da Beckett tocou. “Beckett!” falou ela rapidamente ao atender, “Certo, estamos a caminho.” E desligou. “Droga, homicídio?” perguntou Espo já sabendo qual seria a resposta. Beckett assentiu “Rua Lexi, 76, vamos!”. Os meninos levantaram e a acompanharam até o elevador. “Vou passar para pegar o Castle, encontro vocês lá!”.

Quando Castle ouviu o barulho da porta ele já sabia: homicídio ou ela veio pra casa mais cedo, como duvidava que a Gates permitisse isso, deduziu que a primeira opção era a mais viável. “Já vou!” gritou Castle antes que ela pudesse dizer algo. “Já estava na hora de algo acontecer” falou ele pegando na mão dela “Bom saber que você apoia esse tipo de coisa” disse Beckett “Detetive Beckett, eu jamais ousaria a dizer uma coisa dessas, é só que NY é uma cidade agitada demais para ficarmos duas semanas sem nenhum crime” Com um sorrisinho, Beckett respondeu “Você tem razão”.

Ao chegarem lá, Beckett avistou Espo e Ryan, pela expressão presente no rosto deles a coisa não era nada boa. “Então o que temos?” perguntou Beckett, mas tudo que obteve como resposta foi ‘hm hm mm...’. “O que foi? O gato comeu a língua de vocês?” disse Beckett rindo, mas o sorriso sumiu do seu rosto assim que viu a cena do crime. Isso não era possível, não podia estar acontecendo de novo, ela sentiu seus joelhos fraquejarem e se não fosse pelas mãos de Castle lhe segurando ela provavelmente já estaria no chão. Todos a encaravam, esperando para ver qual seria sua reação. Bom, nem ela sabia como ela deveria reagir a tal cena, todos os tipos de emoção passavam pelo corpo dela, dor, compaixão, raiva... Medo. Mas tudo que ela conseguiu fazer foi rezar para suas pernas colaborassem para que ela conseguisse chegar até o corpo sem desabar.

O beco, o lixo, as facadas, a roupa, a vitima, tudo, era como se aquilo tivesse sido orquestrado. Tudo naquela cena a lembravam do pior dia da sua vida, memorias ecoavam dentro da sua cabeça, a voz do policial lhe dando a noticia, ela correndo em direção ao corpo inerte de sua mãe, as mãos fortes de seu pai segurando seu ombro e a puxando para um abraço, sussurrando no seu ouvido que tudo ia ficar bem, mesmo que ambos soubessem que nada ia ficar bem, nunca mais, ela teria que viver com essa dor e perda para sempre.

As lágrimas que surgiam em seus olhos logo desabavam em suas bochechas, ela não conhecia a vítima, não sabia sequer o nome dela, mas a semelhança na cena e até nas características físicas a fazia se lembrar da mãe. “Isso não pode estar acontecendo...” foi tudo que ela conseguiu dizer, Castle a envolveu em um abraço sussurrando em seu ouvido que tudo ia ficar bem, só que mais uma vez não, não ia. Nada poderia tirar a dor da perda da família dessa pobre mulher, nada poderia trazê-la de volta, assim como nada trouxe sua mãe de volta.

Uma voz familiar surgiu “Detetive Beckett?”, Beckett que ainda estava abraçada com Castle virou-se em direção a voz. Gates... Mas o que ela fazia aqui, ela nunca ia para o campo... Mas antes que pudesse terminar os seus pensamentos, Gates falou “Para o bem dessa equipe, e para o seu próprio bem, peço para que você se retire do caso.”.