Raphaella Harmon: A Volta De Um Velho Inimigo escrita por SupremeMasterOfTheUniverse


Capítulo 2
Bato Um Papo Na Cabeça Com Meu Sogro


Notas iniciais do capítulo

CampHalfDirectioner, sua linda!!!! Vi que você recomendou a 1ª temporada e me senti a pessoa mais feliz do mundo!!!! :3 Sua perfeita. Bem, aqui está o segundo capítulo. Gostem dele, viu???



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Camp Half-Blood; Arsenal; Segunda-Feira; 09:26 da manhã;



Eu havia ouvido falar sobre Luke Castellan, no Acampamento. Filho de Hermes. Pelo que me contaram, ele havia morrido. Eu fiquei meio sem fala.


Eu: Hã... é... hum...

Annabeth: Ficou sem fala diante do meu namorado lindo?

Eu: É... mais ou menos isso.

Ela riu.

Fomos até onde Luke estava. Ele era bem bonito. Bem bonito. Tinha um físico atlético e parecia ter uns 20 e poucos anos. Annabeth era meio jovem para namorá-lo.

Luke: Prazer em conhece-la, Rapha. Pelo que ouvi falar, você é a melhor arqueira que já pisou nesse acampamento.

Joguei meu cabelo para trás do ombro.

Eu: É, eu posso ser boa arqueira mas... não me diria a melhor arqueira que já pisou nesse acampamento. Quero dizer, Apolo já pisou aqui, não pisou? Enfim, é um prazer em conhece-lo também, Luke. Pelo que ouvi, você é o melhor destravador de trancas que já pisou neste acampamento.

Ele abaixou a cabeça, tímido.

Luke: As pessoas falam demais.

Eu: Pois é. Pensei que eu era a única que achasse isso. Então... você vai ficar no chalé de Hermes?

Luke: Bem... sim. Eu era o conselheiro-chefe de lá, antes de sair daqui. Acho que como conselheiro-chefe eu não vou ficar, novamente, por um bom tempo, mas lá eu fico.

Eu: Entendi.

Luke: Você é filha de Apolo, hã?

Fiz que sim com a cabeça.

Luke: Annabeth me contou sobre alguns dos seus poderes. Então, você brilha?

Eu: Pois é. Nasci premiada. Eu vim com um monte de poderes inéditos. Pelo que sei, você também.

Ele encolheu os ombros.

Luke: Os deuses são todos incompreensíveis.

Eu: Descobri isso. Eu tenho tanto contato com Apolo...

Annabeth: Você têm visto ele?

Eu: Quase todo dia.

Annabeth: Então sabe por que o sol está se pondo mais cedo?

Eu: Apolo vai pra minha casa e fica lambendo a garganta da minha mãe.

Um frio percorreu minha espinha.

Luke: Acho que você prefere mudar de assunto.

Eu: Eu prefiro mesmo.

Annabeth: E então, Percy já chegou? Você já o viu? Eu estou aqui há um tempão.

Eu: Já, nos dois viemos no mesmo carro.

Ela franziu o cenho.

Annabeth: Como assim?

Eu: Ah, você não sabe. Percy me achou em Nova York há dois meses. É que eu estou tão acostumada a ir à casa dele que eu me esqueço.

Luke: Espere... o que você têm com Percy?

Eu: Sou a namorada dele.

Luke: Ah...

Eu: Bom, foi muito legal te reencontrar, foi um prazer te conhecer, Luke... mas agora eu tenho que deixar as minhas coisas no meu chalé. Será que eu poderia reencontrar vocês mais tarde?

Luke: Hã, claro. Mas... não traga Percy. Ele não gosta muito de mim.

Eu: Entendi.

Acenei para eles e saí da arena.

Fui em direção aos chalés. Detalhe que eu não havia contado: ano passado fui promovida a sub-conselheira-chefe do chalé de Apolo. Agora, Lee e eu mandávamos naquela bagaça. É isso aí. Então, entrei no meu chalé e não vi ninguém lá. Ninguém mesmo. Vazio. O que aconteceu com meus campistas? E foi no segundo em que larguei a minha mala em cima da minha cama em que meu irmão, Michael Yew, saiu do banheiro.

Michael: Soldado!

Fui até ele e dei um abraço nele. Meus irmãos tinham essa mania de me chamar de soldado por causa das minhas roupas camufladas e do meu coturno. Eu, sinceramente, não ligava. Michael e eu ficamos colocando a conversa em dia, por alguns minutos quando uma dúvida se passou pela minha cabeça.

Eu: E onde estão os outros?

Michael: Deixe-me ver: Lee está na forja, te esperando, porque ele sabe que você gosta de ir lá; Will está na floresta, praticando arco e flecha e Jenna está no arsenal, ajudando um campista que chegou ontem de tarde a escolher uma arma.

Eu: E você não pretendia me falar que Lee está me esperando? Por quê?

Michael: Sei lá. Queria matar as saudades.

Eu ri.

Eu: Vou pra forja. Tchau.

Ele acenou e eu saí de meu chalé.

Fui seguindo em direção à forja, onde quase todos os dias via meu amigo Charles Beckendorf produzir armas, e quase sempre o ajudava. Quando entrei lá, lá estavam Charlie (eu era a única que o chamava assim. Digo, eu e Silena Beauregard. Todos os outros o chamavam de Beckendorf.) e meu irmão, Lee Fletcher.

Charlie: Eu estava te esperando. Flechas não se fazem sozinhas, e eu quero dar algumas para uma amiga! Acha que eu posso fazer tudo, Raphaella Harmon?

Eu ri e andei até o outro lado da mesa onde ele estava e dei um abraço nele. Senti falta de Charlie.

Lee: E eu? Não ganho nada?

Dei um abraço em Lee por cima da mesa.

Eu: Estava com saudades de vocês! Como vão?

Lee: Eu estou bem. Só achei que você não chegaria mais.

Eu: E você, Charlie?

Lee: Beckendorf.

Eu: Charlie.

Lee: Eu digo Beckendorf.

Eu: Eu digo Charlie.

Charlie: O mais velho decide. Vamos lá, façam suas apostas.

Lee: Desculpe, quantos anos você tem mesmo?

Eu: Dezessete, amigo.

Ele abaixou as sobrancelhas e fez uma cara de emburrado. Eu sorri e arqueei as sobrancelhas como se dissesse ganhei. Ele pegou o arco dele de cima da mesa e saiu da forja, furioso. Eu ri da cena. Ele recuou um pouco.

Lee: Amanhã a inspeção é nossa.

Eu: Beleza.

E então, ele saiu pra valer.

Eu: E então, como vai a vida?

Charlie: Ah, normal. Você não estava aqui no seu aniversário então eu não tinha ninguém para dar aquelas super flechas que estão ali no canto.

Ele apontou para uma mesa no canto de uma parede, onde uma aljava metalizada com flechas incríveis estava. Meu queixo caiu.

Eu: Ah, meus deuses.

Charlie: Pode pegar.

Eu: Sério isso? São pra mim mesmo?

Ele apontou com a cabeça para a aljava. Eu andei até lá e peguei a aljava. Haviam muitas flechas lá dentro. Quando eu as tirei, elas não tinham ponta, mas estavam encaixadas em buracos.

Eu: Mas, por que...

Charlie: Se você ativar a aljava, ela insere na flecha pontas com funções diferentes. Algumas explodem, algumas servem de gancho pra escalada, algumas são tranquilizantes. Algumas são injeções com poções. Têm poções do amor, da fácil persuasão, da morte e do calor. As da morte, feito com o próprio sangue de górgona. Não se preocupe, ninguém importante morreu para eu descobrir. Tinha um pouco desse sangue no inventário. E, claro, algumas são flechas normais.

Eu: Ah, meus deuses, isso é mesmo pra mim? É pra mim mesmo? Eu sou tão legal assim?

Ele riu.

Charlie: Eu achei que você era uma boa pessoa, e que merecia, e eu meio que estava sem nada para fazer, e também estava sem sono... aí saiu isso.

Eu: Charlie, você é o melhor amigo que uma arqueira pode ter.

Charlie: Que bom que você gostou. Eu achei que você ia voltar no inverno, e eu sei que é seu aniversário no Natal, então eu fiquei te esperando. Mas eu gostei que você gostou.

Eu: Gostei? Eu estou encantada! Ah, cara, nunca vou poder te recompensar com isso. Do que mais Hefesto é deus?

Charlie: Dos artesãos. E das esculturas.

Eu: Juro, eu vou te arrumar o maior pedaço de mármore que a população já viu, assim você vai esculpir a maior e melhor escultura de todos os tempos... ah, cara, eu já disse que eu te amo?

Charlie: Não, mas eu sou adorável. Podia imaginar.

Mostrei a língua para ele.

Eu: Poxa, cara, valeu mesmo. Sou eternamente grata a você por isso.

Charlie: Quê isso.

Eu: É sério.

Charlie: Não tente desviar do assunto inevitável.

Franzi o cenho.

Eu: Que assunto?

Charlie: Por favor, Rapha. O acampamento todo sabe que você e Percy chegaram juntos.

Minha cara assumiu uma expressão de surpresa.

Eu: Uau. As notícias correm rápido por aqui.

Charlie: É, com as ninfas, e os filhos de Afrodite juntos...

Eu: É. Então, no segundo em que eu saí daqui, ano passado, eu percebi que não havia dado nenhuma informação minha para ele. Endereço, telefone, nada útil. Só havia falado a escola em que eu estudo. Eu sabia que ele morava em Nova York. Enfim, eu fiquei o resto do ano passado inteiro e até março deste ano rodeando a cidade procurando por ele. No final do ano passado, meu pai passou a aparecer para mim todos os dias, e me vigiou em todos os lugares em que eu procurava Percy. Ele passou o meu aniversário com a minha família e agora, quase toda noite, ele aparece na minha casa e fica lá, lambendo a garganta da minha mãe.

Charlie se encolheu como se tivesse tido um calafrio.

Eu: É, eu sei, é uma cena assustadora de imaginar. Voltando à história, no meio de março, eu estava no Starbucks, tomando um chocolate quente, e quando fui jogar o copo no lixo, Percy estava a alguns metros de distância de mim.

Charlie: Ah, que fofo.

Eu: É, eu sei. Desde então, nós não nos separamos nunca mais.

Charlie: Essa é uma história comovente.

Eu: É. Eu sei que é. Agora, como vai o namoro que você prometeu com Silena?

Ele coçou a nuca e encolheu os ombros.

Eu: Charlie!

Charlie: Ela vai me rejeitar!

Eu: Ela te ama! Quem ama, não rejeita; aceita!

Charlie: Isso foi um poema?

Eu: Não, tenho lido muita poesia. É a força do hábito.

Charlie: Ah... sei lá, cara.

Ele se sentou em um banco.

Eu: Cara, ela gosta de você. Sério. Ela vive amando você; ela sente amor por você; ela transpira amor por você.

Charlie: Então, por que ela ainda não veio falar comigo?

Eu: Então, por que você ainda não foi falar com ela?

Ele bufou, derrotado. Eu sorri, triunfante.

Charlie: Quem tomou a iniciativa? Você ou Percy?

Eu: Eu o beijei.

Charlie: Então, você.

Eu: Pois é.

Charlie: Ok, eu vou pensar.

Bati palminhas. Dei um tapinha nas costas dele.

Eu: Já é um progresso. Agora, se não se importa, vou esfregar minha super aljava e minhas super flechas na cara de Will. Até mais tarde.

Charlie: Até mais tarde.

Saí da forja e deixei a minha aljava nova com as minhas flechas novas em baixo da minha cama, em meu chalé. Fui até o chalé de Afrodite e bati na porta. Silena Beauregard, a conselheira chefe de lá, abriu. Ela sorriu. Até éramos amigas, por isso eu fiquei feliz de ter sido ela.

Silena: Oi, Rapha. Entre!

Nos abraçamos e eu entrei no chalé.

Silena: Sente-se em qualquer lugar.

Eu me sentei na primeira cama que vi.

Silena: E então, como foi o tempo lá fora?

Eu: Ah, bem legal. Normal. Sile (eu a chamava assim), eu preciso falar com você sobre uma coisa.

Silena: Fale. Eu sou toda ouvidos.

Eu: Por que você e Charlie não namoram?

A expressão dela ficou entristecida e ela se sentou ao meu lado.

Silena: Eu... eu tenho medo.

Eu: De quê?

Silena: De estar apaixonada.

Eu: Mas a sua mãe é a deusa do amor.

Silena: Por isso mesmo! Imagine que vergonha seria ouvir que uma filha de Afrodite se apaixonou. O que diriam se você perdesse uma competição de música?

Não disse nada.

Silena: Ou... o que diriam se um filho de Hermes fosse roubado? Ou se um filho de Poseidon se afogasse no mar?

Eu fiquei quieta. Ela tinha toda a razão.

Eu: Odeio quando você está certa.

Silena: Eu gosto mesmo dele. Mesmo, mesmo. Mas e se ele zombar da minha cara por isso?

Eu: Ele não vai zombar da sua cara por você gostar dele. Ele gosta de você, Silena.

Silena: Como você sabe? Como você pode saber?

Eu: Sabia que eu passo boa parte do dia na forja, falando e fazendo armas com ele?

Silena: Alguém já me falou sobre isso.

Eu: Então! Eu sei, mais do que ninguém, que ele gosta de você. Passei o verão passado inteiro tentando convencê-lo a se declarar pra você. Acabei de ter uma discussão com ele sobre isso.

Silena: Sério?

Eu: Sério. Muito sério. Ele disse que tem medo de ser rejeitado por você.

Silena: Se ele gosta tanto assim de mim, como vocês dizem, por que ele não se declara?

Eu: Ele me fez essa mesma pergunta e eu vou te responder com as mesmas palavras que eu respondi a ele. Por que você não se declara pra ele?

Ela abriu a boca para argumentar, mas fechou. Realmente, não tinha argumento melhor que o meu.

Eu: Que situação constrangedora essa minha. Eu sou o cupido de uma filha de Afrodite. Que legal.

Silena: É, não é legal mesmo.

Sorri.

Eu: Ainda não vi grande parte dos meus irmãos e amanhã eu vou fazer a inspeção. Tenho muito a fazer. Te vejo mais tarde, Sile.

Silena: Tchau, Rapha. Até mais tarde.

Saí do chalé 10 e fui indo em direção a floresta. Fiquei rodeando as árvores, procurando meu irmão, Will Solace. Depois de um tempo procurando eu o vi. E lá estava ele, mais alto, com os cabelos louros mais compridos caindo na testa, mirando em um alvo, enquanto Quíron o auxiliava. Quíron foi criado por nosso pai, Apolo, portanto tinha todas as habilidades que os filhos normais de Apolo tinham. Eu não era uma filha normal de Apolo.

Eu: Ei, palhaço!

Ele olhou de rabo de olho pra mim e sorriu. Soltou a flecha, que acertou bem no centro do alvo e veio na minha direção, me dar um abraço. Eu confesso que havia sentido falta daquele cheiro de madeira que ele tinha. Mas eu gostava do cheiro.

Will: E aí? Como foram as... férias daqui?

Eu: Ah, normais. Como sempre foram, mas nos últimos dois meses e meio, eu tinha um namorado!

Will: Claro. Jackson.

Eu: Por que nem você, nem papai, nem minha mãe, nem Lee, nem ninguém da minha família aprova meu relacionamento com Percy? Quíron, me defenda!

Quíron: Eu aprovo o relacionamento. Desde que não passe dos limites aqui no acampamento, não há problema.

Eu: Obrigada.

Quíron: Mas eu não ganho um abraço?

Ri e andei até onde Quíron estava. Abracei-o.

Quíron: Treinou durante esse ano?

Eu: Sim.

Quíron: Arco e flecha?

Eu: Sim.

Quíron: E esgrima?

Eu: Menos do que arco e flecha.

Quíron: E o controle de seus poderes?

Eu: Só em casa. E com o auxílio de Apolo. Além do fato de que descobri mais poderes.

Quíron: Bem, vamos discutir sobre isso mais tarde. E sobre outras coisas também.

Eu: Ok. E então, como foram as coisas por aqui?

Will: Nada mudou muito, Soldado. Só... – ele engoliu em seco. – Campistas que chegaram.

Quíron e Will se entreolharam e fizeram que sim com a cabeça, como se tivessem conversado telepaticamente. Arqueei a sobrancelha direita.

Eu: Ok... eu não sei o que rolou aqui. Posso treinar com vocês?

Quíron: Por que você não vai até o arsenal, pega uma espada e vai à arena, treinar um pouco de esgrima com Luke? Ele é o novo instrutor de esgrima do Acampamento.

Eu: Gente, o que está acontecendo? Quíron, você nunca me deixou usar uma espada, na minha vida, enquanto eu não estivesse na aula de esgrima, no horário marcado. O que quer que seja, vai precisar de uma reunião?

Will: Podemos conversar mais tarde? É que nós também estamos discutindo alguns assuntos... de garoto.

Analisei-os de baixo a cima, com o cenho franzido, desconfiada.

Eu: Papo de macho. Sei. Eu vou indo, mas eu volto.

Segui o conselho de Quíron e fui até o arsenal e escolhi uma espada bem bonita e afiada. Parecia ser nova. Jenna já não estava mais lá, o que me ajudou a lembrar que eu ainda não havia visto ela, desde que cheguei. Embainhei a espada e fui até o meu chalé. Peguei a minha armadura e ela estava no mesmo lugar onde eu a havia escondido, ano passado. Vesti-a e fui até a arena. Vou te contar, não sou, definitivamente, a melhor espadachim que já existiu, mas eu até levava jeito para a coisa. Tipo, se eu me aplicasse, eu poderia ser bem boa. Quando cheguei na arena, Percy estava jogado em um canto, usando sua armadura, bebendo água (recuperando o fôlego) enquanto Clarisse batia o pé no chão, impaciente. O elmo de javali dela estava no chão.

Eu: Clarisse, vamos lutar.

Peguei o elmo e joguei-o para ela. Ela pegou e colocou na cabeça. Desembainhei a minha nova espada. Peguei o elmo que Percy estava usando e coloquei-o na cabeça.

Percy: Algum problema, Rapha?

Eu: Não, Percy. Está tudo ótimo.

Percy: Tem certeza?

Eu: Nunca tive tanta na vida.

Clarisse e eu iniciamos a luta que eu precisava para esfriar a cabeça. Enquanto nós lutávamos, ficamos batendo um papo.

Clarisse: E como está a vida, Harmon?

Eu: Ótima. E a sua?

Clarisse: Legal. Acertou um monte de flechas em um monte de monstros durante esse tempo?

Eu: Os monstros quase não apareceram para mim. A minha vida toda. Esse último ano, vieram mais, mas ainda assim, tudo normal. Só um lestrigão e... só um lestrigão.

Clarisse: Sei, normal. Isso acontece com alguns sortudos, como você. HÁ!

Ela quase cortou meu pescoço fora, mas eu me abaixei, e aproveitei para me deitar no chão. Bati minha canela com força nas dela, derrubando-a no chão. Dá para perceber que eu gosto de dar rasteiras. Me apoiei em meus braços e me joguei para cima, levantando-me. Coloquei a ponta de minha espada na garganta de Clarisse.

Clarisse: Beleza, você ganhou. Mas só essa. E eu deixei. Agora, ME AJUDE A LEVANTAR, HARMON!

Estendi a mão e ajudei ela a levantar. Embainhei a espada. Clarisse saiu de lá, acho que tentando manter a dignidade. O pai dela era o deus da guerra. É o mesmo discurso que Silena havia feito para mim, há alguns minutos.

Percy: Você não está bem.

Olhei para ele que ainda estava no canto. Fui até lá, tirei o elmo e deitei minha cabeça no colo dele.

Eu: Quíron está escondendo alguma coisa de mim.

Percy: Sério?

Eu: Sério. Encontrei ele e Will, na floresta, treinando arco e flecha. Perguntei se poderia treinar com eles, mas eles falaram que tinham de conversar. Disseram que seria um “papo de macho”. Eu não fui muito com a nessa.

Percy: Mas e se for mesmo um papo de macho?

Eu: Eu não sei. Mas eu não acho que seja. Quíron também disse que vamos discutir sobre algumas coisas mais tarde.

Percy: Então, se ele realmente está escondendo algo de você, ele pretende te contar. Por que você não tenta ver algo sobre isso? Se lembra que todas as vezes em que você ficava na presença do Oráculo você tinha visões?

Eu: Boa ideia. Não tinha pensado nisso. Vou até lá.

Me levantei e tirei a bainha com a espada de minhas costas. Joguei-a ao lado de Percy.

Percy: Ei!

Eu: Amor, se importa de levar ao arsenal para mim?

Entrelacei meus dedos e coloquei as minhas mãos dadas ao lado de meu rosto. Tentei imitar a carinha de bebê foca de Percy. Provavelmente, não ficou tão fofo como ficava quando ele fazia.

Percy: Tá. Não ganho nem um beijo?

Eu: Já te beijei demais nessa vida.

Dei um tapinha nos joelhos dele e saí da arena. Andei até a Casa Grande e entrei lá. Era exatamente a mesma coisa da qual eu me lembrava. Subi as escadas até o sótão. Lá, revi os troféus dos heróis que já haviam passado pelo Acampamento Meio-Sangue. Cabeças da Hidra, pedaços de bronze celestial, essas coisas. Vi, acho que pela milionésima vez, o lenço de Afrodite que Percy e Annabeth recuperaram em um parque aquático em Denver, Colorado. Enfim, achei a minha velha amiga assustadora: o Oráculo de Delfos. Era uma múmia que, por mais que me reconfortasse, ainda me assustava. Andei até onde ela estava. O que muita gente não sabe é que quando eu me sentia mal, eu ia até o Oráculo e desabafava com ele. Eu sei, ela não me ouvia, mas eu sentia que sim. E eu gostava de falar com o Oráculo. Confesso, eu havia desenvolvido sentimentos amistosos pelo Espírito de Delfos. Não suportaria se algo acontecesse com aquele Oráculo. Uma vez ou outra, ele fazia alguns barulhos, me respondendo. Mas, geralmente, eu ouvia uma voz feminina em minha cabeça, que me respondia e me aconselhava. 99,99999 % das vezes em que eu ia falar com o Oráculo, eu tinha visões. Ou seja, só uma vez eu não tive. Me sentei ao lado do Oráculo e peguei sua mão morta e gélida, como normalmente fazia.

Eu: E aí, velha amiga? Quanto tempo, hã? Então, como foram as coisas enquanto eu estava fora?

Nada. Nenhum barulho, nenhum ruído, nenhum som. Nada de nada. Eu ouvi o sangue circulando em minha cabeça.

Eu: O que há de errado com você? É um fruto da minha imaginação. Têm de me responder, garota. Diga-me alguma coisa.

Silêncio profundo.

Eu: Ótimo. Quíron, Will e a minha própria imaginação estão me ignorando. Adorável. Agradável.

Nenhuma resposta. De repente, senti um fio de calor passar da mão do Oráculo para a minha e percorrer todo o meu corpo, até terminar no final de minha espinha.

Eu: Deuses, o que foi isso?

Foi naquele momento que tudo escureceu. Ou seja, meu plano havia dado certo.


Em minha visão, vi Quíron, Lee e Will discutindo com Jenna, na sala de estar da Casa Grande. Ela estava nervosa. Haviam lágrimas em seus olhos. Seu cabelo preto não estava trançado, como normalmente ficava. Estava solto e caído por seus ombros. Ela usava seu pijama. Will, Lee e Quíron usavam as mesmas roupas que eu havia visto eles usando, hoje.


Jenna: Espere até Rapha descobrir isso. Ela vai ficar arrasada. Por que vocês não me contaram isso antes?

Lee: Jenna, nós sabemos que você está surpresa. Foi uma grande surpresa para nós também. Mas você não pode contar à Rapha de jeito nenhum. Ela iria ter uma ataque cardíaco ou algo do tipo. Quem sabe acabaria matando um de nós.

Jenna: Mas ela não pode ficar sem saber disso. Pelo contrário, acho que ela mesma deve sair nessa missão. Ela é a pessoa mais indicada para isso.

Quíron: Eu concordo com você, minha querida. Mas temos de nos lembrar que isso poderia magoá-la bastante. Ela desenvolveu sentimentos pelo Oráculo, com o tempo. Temos de nos importar com ela, também.

Me preocupei com o Oráculo. Minha mão apertou a da múmia mais forte.

Jenna: Eu... eu me importo com ela. Só quero o melhor pra ela. Mas vocês sabem que se ela souber disso tudo, e da missão, nunca irá nos perdoar. Jamais.

Will: Nesse aspecto, Jenna têm razão. Rapha gostaria de ir nessa missão, ela mesma. E, sinceramente, não conheço nenhuma semideusa mais poderosa que ela. Sem ofensa, Jenna.

Jenna: Mas é verdade. Não me ofendi.

Lee: Ainda acho que nós deveríamos ir. Não ela. Iria abalar o psicológico dela.

Jenna: Então, discuta com ela. Façamos o que ela disser. Quíron?

Os três olharam para o centauro. Quíron parecia abalado.

Quíron: Acho que a missão deveria ocorrer secretamente.

Jenna: E se ela ver a missão? E se ela ver algo da missão? E se ela ver onde está?

Quíron: Esse é um risco que nós vamos ter de correr. Se ela ver onde está, eu envio uma mensagem de Íris a vocês, contando o paradeiro.

Jenna: Lembrando que ela vai nos odiar.

Quíron: Isso é para o próprio bem dela.

Ela suspirou.

Jenna: Está bem. Quando podemos ir?

Quíron: Ao amanhecer.

Jenna: Ela acorda todos os dias ao amanhecer.

Quíron: Nesse caso, às três e meia.

Foi quando tudo escureceu novamente e minha visão mudou. Sim, eu já havia tido visões duplas assim mesmo. Normal.

Eu me vi em o que parecia ser o jardim de uma escola. Um internato, eu diria. Haviam quatro corredores com portas ao meu redor. Três acabavam um no outro, mas um tinha uma passagem que levava para o jardim onde eu estava e o outro lado para uma campina verde que teria feito o estádio Super Bowl se ajoelhar. Olhei para as minhas roupas. Eu estava usando uma camisa branca, não abotoada até o último botão. Nunca abotoei camisas até o último botão. A gravata vermelha estava simplesmente pendurada em meu pescoço. Metade para um lado, metade para o outro, passava por minha nuca. Eu também usava uma saia justa cinza e preta que terminava um palmo acima de meu joelho. (Não se preocupe, eu tenho coxas compridas) Eu estava sentada em um banco. Logo, um sinal tocou e um monte de adolescentes saíram de suas salas. Todos usavam roupas iguais às minhas, mas as camisas abotoadas até o último botão, paletó da mesma cor da saia, gravata amarrada corretamente.

Xx: Adolescentes... todos querem ser perfeitinhos, não é mesmo, Raphaella Harmon?

Me levantei e me virei para trás. Lá havia um homem que parecia ter uns trinta anos. Ele era bonito, para o padrão da terceira década. Tinha um cavanhaque bem aparado, cabelos curtos e uma expressão rebelde no rosto que me lembrava meu namorado. Ele usava o uniforme daquela escola, mas por baixo do paletó, usava uma camisa havaiana de estampa colorida. No bolso do paletó dele, havia um tridente bordado.

Eu: Poseidon.

Poseidon: Bom, você me reconheceu.

Eu: Aprendi a reconhecer deuses rápido, senhor.

Poseidon: Bom... muito bom.

Ele se sentou no banco. Eu mantive minha postura com as mãos dadas atrás das costas.

Eu: Essas pessoas não nos veem?

Poseidon: Não, não veem. Não se preocupe com isso.

Eu: Hum. Então, Lorde Poseidon, qual é a razão da sua aparição aqui?

Poseidon: Sabe, garota, eu gosto de você. Vou te contar uma coisa que eu já disse a Percy, mas você não pode contar para Tyson.

Eu: Não vou contar a Tyson. Juro pelo Rio Estige.

Poseidon: Bom. Assim é bom. Enfim, Percy é meu filho favorito. E eu sei que você é a filha favorita de Apolo.

Eu: É... isso é o que Apolo diz.

Poseidon: Pelo tempo que passei com Apolo, parece que é você mesmo.

Eu: Podemos ir direto ao ponto, Lorde Poseidon? As pessoas do Acampamento já devem estar preocupadas comigo. O tempo passa mais rápido durante as minhas visões.

Poseidon: Claro. Não há problema. Bem, você faz meu filho feliz, então eu decidi te fazer um favor. Mas é um total segredo.

Eu: Entendi. Segredo.

Poseidon: Percy está preocupado com você.

Franzi o cenho e me sentei ao lado dele.

Eu: Comigo?

Poseidon: Sim, com você. Ele acha que a visão da luta de vocês está te aterrorizando.

Eu: Mas por que ele acha isso?

Poseidon: Percebeu que você mudou depois de vocês se encontrarem, em março?

Eu: Percebi mas...

Poseidon: Então. Você está diferente. Está começando a se preocupar se está bonita suficiente ou não. Está usando vestido. Está passando maquiagem.

Eu: Eu estou tentando ficar o mais bonita possível para ele.

Poseidon: Exato. Ele acha que você está tentando acalma-lo e fazê-lo esquecer dessa visão, o que significaria que essa visão estaria te atordoando.

Eu: Não tenho problema nenhum com essa visão. Claro, não é agradável, mas eu quase não penso nela. Eu evito ao máximo possível.

Poseidon: Pois então. Mostre a ele que você está bem.

Eu: Mas se eu falar sobre a visão com ele, ele vai se assustar.

Poseidon: Mostre sem falar.

Suspirei.

Eu: Você se importa se eu apoiar a minha cabeça em seu ombro?

Poseidon: Hã? Ah, não. Só um pouco. E só dessa vez.

Fiz que sim com a cabeça e apoiei-a no ombro dele.

Eu: Ele é uma boa meia-pessoa.

Poseidon: Sim, ele é.

Eu: E você sabe que eu o amo mais que tudo?

Poseidon: Sim, eu sei.

Eu: Você foi falar com ele?

Poseidon: Ele fez uma reza.

Eu: E o que ele disse?

Poseidon: Que você estava preocupada com essa visão. E que ele queria saber como te ajudar.

Eu: E você respondeu?

Poseidon: Eu disse que iria ajuda-lo. E eu estou ajudando. Vim aqui te avisar, não vim?

Eu: É, você veio.

Respirei fundo.

Eu: E como eu posso ajuda-lo? – choraminguei.

Levantei minha cabeça.

Poseidon: Olhe, vocês dois estão prestes a sair em uma missão. Tente aproveitar esse tempo para tranquiliza-lo.

Eu: Uma missão?

Poseidon: Eu já falei mais do que deveria. Até breve, Raphaella Harmon.

Eu: Espere...

Ele acenou a se dissipou em névoa. Logo, tudo ficou branco e eu sabia o que estava acontecendo.


Pisquei forte e quando abri meus olhos estava no chalé 3. Percy e Annabeth estavam discutindo. Percy estava sentado ao meu lado, mas virado para Annabeth.


Annabeth: ... mas você não decide mais isso!

Percy: Olhe, Annabeth, você tem o meu aviso.

Annabeth: Percy, eu já tenho dezessete anos! Você não acha que eu posso cuidar de mim mesma?

Percy: Eu achava até...

Annabeth: Ela acordou.

Percy se virou para mim. Ele estava com o cenho franzido, assim como Annabeth.

Eu: Acordei?

Annabeth: É. Você ficou desaparecida o dia todo. Você sabe que quando as visões acabam, seus olhos ficam todos brancos e voltam ao normal.

Assenti.

Annabeth: Então, depois que a visão acabou, você desmaiou.

Percy se levantou e se virou para mim.

Percy: Você está tentando me matar?

Me sentei.

Eu: Eu? Te matar? Como assim?

Percy: Desaparecida. O dia. Todo!

Eu: Eu fui falar com o Oráculo e tive uma visão! Não estava tentando matar ninguém, seu idiota!

Annabeth: Como assim falar com o Oráculo? Uma profecia?

Eu: Não, só falar mesmo. Eu faço isso. Fui tentar ter uma visão.

Annabeth: Em razão de quê?

Eu: Já te explico.

Percy: Eu achei que você pretendia voltar!

Eu: Eu pretendia! O que eu não pretendia era ter uma visão de diversas horas e um desmaio de diversas outras horas!

Percy: Você têm alguma ideia de que horas são?

E foi naquele momento que eu me toquei que não tinha ideia de que horas eram. Olhei para o um relógio. Meu queixo caiu.

Eu: Caramba! 21:32!

Percy: É. Quando você subiu para falar com o Oráculo ainda era de manhã.

Eu: Cara! Essa foi a visão mais longa que eu tive ou... a que horas a visão acabou?

Annabeth: Às sete e pouco da noite.

Eu: Foi a visão mais longa que eu já tive. Aliás, por que eu estou aqui, e não no meu chalé?

Percy: Eles estão cantando na fogueira. Annabeth e eu nos comprometemos a ficar aqui com você.

Annabeth: Eu achei melhor ficar aqui. Meu chalé tem mais gente, o seu também e aqui só têm Percy e Tyson.

Eu: Podemos ir para a fogueira? Eu estou quase me acendendo de frio.

Annabeth: Mas estamos no verão.

Eu: Hã, dã! Visão! Eu meio que congelo.

Annabeth: Ah, é. Vamos para a fogueira.

Saímos do chalé três e fomos para o anfiteatro, onde fazíamos a fogueira diariamente. Me sentei junto com o meu chalé, Annabeth com o dela e Percy com Tyson. Luke estava lá, com o chalé de Hermes. Como o chalé de Apolo sempre tocava as músicas, eu toquei as músicas. Fiquei com o violão. Geralmente, eu ficava com a flauta, mas tudo bem. Sinceramente, eu prefiro o violão. Como sempre, nós tentamos animar o povo, tocando músicas agitadas. Mas, sério, aquele povo era desanimado para caramba. Isso fazia todo o meu trabalho ser em vão. Estávamos tocando uma versão mais rápida de Twist And Shout, dos Beatles, os semideuses mais famosos de todos os tempos e os melhores irmãos que uma filha de Apolo poderia desejar, quando Percy decidiu se sentar ao meu lado.

Eu: Estou ocupada.

Percy: O que eu fiz?

Eu: Nada. O que foi?

Percy: Ah, não. Você está ocupada.

Revirei os olhos.

Eu: Pode falar. Eu consigo tocar e te ouvir. Nasci com essa habilidade.

Percy: Eu falei com Quíron.

Eu: É, eu percebi ele lá do seu lado.

Percy: Então, ele disse que têm algo acontecendo.

Eu: Ah, não diga?

Percy: Mas, disse que é algo que não pode ser contado a você.

Eu: Por que não?

Percy: Ele disse que é pro seu próprio bem.

Eu: Então, ele não te contou.

Ele fez que não com a cabeça.

Suspirei.

Eu: Acho que têm alguma coisa com o Oráculo.

Percy: Por quê? O que tem Oráculo?

Eu: Lembra que eu ouvia uma voz na minha imaginação?

Percy: Lembro.

Eu: Não ouvi hoje.

Percy: Sinal de que a imaginação está fraca.

Eu: Você não acha que se fosse a imaginação eu teria ouvido?

Ele fez de novo aquela cara de quem não pensava em éons. Eu odiava quando ele fazia aquela cara, porque era sinal de que ele ia falar alguma besteira.

Percy: Teria, não teria?

Eu: Teria sim, Percy.

Percy: Foi o que eu achei. Mas ainda não é razão suficiente para ter alguma coisa com o Oráculo.

Eu: Eu sei! Eu sei. Mas a outra razão... – olhei para os dois lados. – Eu não posso te contar agora. Só depois.

Percy: Por quê?

Eu: É confidencial. Depois eu te falo. Vá, sente com Tyson. Você estava morrendo de saudades dele, não estava?

Percy: Estava sim.

Eu: E ele parece ser alguém cheio de amor para te dar. Vá lá com ele.

Percy: Ok. Será que a gente podia se encontrar mais tarde... – Ele chegou com a boca perto de minha orelha. – Na praia?

Sorri e mordi o lábio inferior. Eu amava meus encontros com Percy na praia. Geralmente, acabávamos nos beijando, no oceano. Fiz que sim com a cabeça, freneticamente, como uma criança. Percy deu um beijo em minha cabeça e foi se sentar com Tyson, novamente. Tocamos mais algumas músicas animadas, ouvimos piadas, rimos muito e depois fomos para os nossos chalés. E quando eu me sentei em minha cama, finalmente, pela primeira vez naquele dia, eu vi minha irmã, Jenna Alexander.

Eu: Oi, sumida!

Ela olhou para mim e deu um sorriso.

Jenna: Rapha! Quanto tempo, irmã!

Ela se sentou ao meu lado e me e abraçou.

Eu: E aí? Como foram as coisas pro seu lado? Soube que você estava atendendo um campista novo, mas, o dia todo? Você não tem irmãos mais novos para cuidar, não?

Jenna: Desculpe! Você não entende. É um campista novo, mas é da minha idade e é tão lindo....

Eu: Ui ui. Senti dona Afrodite no ar....

Jenna: Não é nada disso! É só... sei lá. Aquela coisa de sempre.

Eu: Sei.

Jenna: E você? Como foi a vida lá fora? Você encontrou Percy?

Eu: Sim, no final de março. Mas, desde então, nós não nos separamos mais. Não conseguimos. Nos amamos.

Jenna: Awn.... vocês são tão fofos! Lembra-se das duas dracmas que combinamos no dia em que eu disse que você gostava dele?

Eu: Eu não prometi nada. Já havia tido uma visão e tal.....

O queixo dela caiu e os olhos se arregalaram.

Jenna: Raphaella Elizabeth Harmon! Não acredito que antes de tudo você teve uma visão sobre isso e não me contou!

Eu: Foi no dia em que cheguei aqui, ano passado! Mal te conhecia. Só conhecia ele e os garotos do chalé de Hermes. Claro, ele me falou o nome de algumas pessoas, mas eu ainda não conhecia ninguém!

Jenna: E depois que ficamos amigas?

Eu: Ah, depois eu não pensei sobre isso nem nada...

Jenna: Ok. Vamos deixar isso para trás. Então, como foi o tempo que vocês passaram juntos fora daqui? Porque aqui, vocês eram uns completos fofos.

Eu: Ah, normal. Saímos, curtimos, beijamos...

Ela bateu palminhas. Eu ri.

Eu: Sinceramente, acho que a coisa que nós mais fizemos foi beijar.

Jenna: Ah, sério? Aqui não era diferente.

Eu: Sério?

Jenna: Muito sério. Era insuportável quando eu tentava conversar com você e vocês dois ficavam lá, beijando...

Eu: Ah, meus deuses, isso aconteceu mesmo?

Jenna: Muitas, muitas vezes.

Eu: Ai, Jenna, me desculpe mesmo! Ah, deuses... que vergonha, cara!

Bati em minha própria testa.

Jenna: Tudo bem. Foi só isso?

Eu: Ah, eu conheci a mãe e o padrasto dele, que são uns fofos, ele conheceu a minha mãe...

Jenna: E qual é a reação dos sogros?

Eu: Normal. A mãe dele gostou de mim. Somos super amigas. Percy puxa o saco de minha mãe e ela gosta, então eu acho que está tudo bem. O problema é que ela fica falando mal dele quando ele não está.

Jenna: Isso é normal. E ele te levava para sair?

Eu: Às vezes. Não somos ricos, como você, sabia?

Jenna: Sabia. Nem todo mundo pode ter uma mãe socialite. E como eram os encontros?

Eu: Não tivemos muitos. Geralmente, no McDonald’s. Mas eu diria que o melhor foi ontem a noite.

Sorri com a lembrança.

Jenna: O que houve ontem?

Eu: Assim, minha amiga Kayla me mostrou uns vídeos do Chicago Musical, que estava em cartaz na Broadway.

Jenna: Ah, meus deuses...

Eu: Ainda não cheguei na parte em que você diz “ah meus deuses”! Acalme-se, jovem. Enfim, eu falei para Percy que estava afim de assistir o musical, porque era legal, e parecia interessante e tal... Bom, como ontem foi nosso aniversário, nós combinamos de sair. O combinado era o seguinte: ele providenciaria tudo e eu pagaria o que ele não pudesse pagar. O caso é: foi surpresa. Para mim, claro. Você acredita que ele me levou para assistir o musical?

Ela levou as mãos ao rosto, surpresa.

Jenna: Ah, meus deuses! Os ingressos custam uma fortuna!

Eu: Pois é! Eu tenho ou não o melhor namorado do mundo?

Jenna: Tem. Agora até me bateu uma inveja.

Eu: Pois é. Mas Percy é meu, entendeu? Não vá se exaltando.

Jenna: Jamais. Não se preocupe.

Eu: E esse campista novo aí? Como ele é?

Jenna: Então, tem a minha idade, 20 anos, o nome dele é William DeVille, alto, moreno, bonito, usa topete, é um garoto adorável.

Eu: E a personalidade?

Jenna: Bom, se fossemos falar sobre personalidade, eu diria que ele é mais o seu tipo.

Eu: Sério?

Jenna: Ele fala igualzinho a você. Chegou aqui usando uma calça camuflada e coturnos.

Eu: Ai minha nossa! Isso é tão eu...

Jenna: Pois é. Mas tire o olho dele, viu?

Eu: Perdão, amiga, já estou comprometida. Eu já tenho o meu amor, tá?

Jenna: Claro. Você e seu amorzinho! Tão fofos....

Lee chegou.

Lee: Moças, têm um chalé inteiro querendo dormir, mas vocês duas ficam conversando, então, como eu sou o líder dessa bagaça aqui, eu estou mandando vocês irem dormir, agora mesmo.

Ergui as mãos e arqueei as sobrancelhas.

Eu: Nossa! Desculpa. Agora eu vou dormir porque o líder se irritou.

Jenna: Tranca a porta de casa hoje, porque o líder acordou do mal.

Nós duas rimos.

Lee: Que engraçado, miladys. Agora, se importam de deixar as outras pessoas dormirem? Elas também são importantes.

Eu: Só vou colocar um pijama. Não posso dormir de jeans.

Lee: Você já fez isso milhões de vezes.

Eu: Eu sei, mas hoje eu quero trocar. – Foi quando me lembrei que iria me encontrar com Percy.

Lee: Ótimo. Jenna, você vai?

Jenna: Já até separei a roupa.

Ela se levantou e pegou uma roupa na cama de cima da nossa beliche. Sim, dormimos na mesma beliche. Ela em cima e eu em baixo. Ela balançou o pijama na cara de Lee. Eu ri daquilo. Depois, ela entrou no banheiro e trancou a porta. Lee se sentou ao meu lado.

Lee: Nem conversamos direito.

Eu: Pois é.

Lee: Como foi lá fora? Tipo, com Jackson e tal... e com tudo?

Eu: A mesma coisa que era antes de eu sair daqui. Mas, dessa vez, eu tinha poderes, duas amigas, ao invés de uma e um namorado. Só isso mudou. Não vou perguntar como foi aqui. Só... como foram as coisas para você. Alguma campista nova bonitinha?

Ele riu.

Lee: Não dessa vez.

Eu: Nada agitado?

Lee: Não, tudo quieto. Mas eu estava contando com a esperança de você vir passar o Natal aqui.

Eu: Meu aniversário é nesse dia e minha mãe é mortal, irmão. Ela não entra e queria que eu ficasse com ela.

Lee: Sei.

Eu: Mas eu vou tentar passar o Natal desse ano aqui. Minha mãe agora está namorando... um cara. Ele pode fazer companhia a ela.

Lee: Claro. Ia ser legal. Mas quem ficou mais decepcionado com a sua falta no Natal aqui foi Beckendorf.

Eu: Charlie. É, ele me falou.

Lee: E o que ele queria?

Peguei a aljava nova debaixo da cama.

Eu: Dê uma olhada nisso, cara.

Ele parecia fascinado.

Lee: Que máximo. Tecnológica?

Fiz que sim com a cabeça.

Lee: E o que faz, exatamente?

Eu: As flechas. Elas não tem pontas. Essa aljava insere pontas com habilidades especiais. Ganchos, bombas, poções, tranquilizantes e a ponta clássica de flecha.

Lee: Cara, preciso fazer amizade com Becken...

Eu: Charlie!

Lee: Com Charlie.

Eu: E, fazer aniversário no Natal.

Lee: Claro. Você me empresta um dia desses?

Eu: A aljava ou Charlie?

Lee: Os dois.

Sorri e desarrumei seus cabelos.

Eu: Não. Nunca mesmo.

Lee: Vou me lembrar disso.

Foi naquele momento que Jenna saiu do banheiro.

Jenna: Voltei!

Vê-la naquele momento me preocupou um pouco. Seus cabelos estavam soltos, destrançados, fale como quiser falar, como na minha visão. E ela estava usando a mesma roupa que usava na discussão com Quíron, Will e Lee. Se a visão se realizasse essa noite, além de ser a minha visão mais longa, também seria a minha visão que demorou menos tempo para se cumprir.

Lee: Nesse caso, eu vou me...

Eu: Não! Eu vou primeiro.

Ele franziu o cenho.

Lee: Isso é sério mesmo? Você realmente vai se trocar?

Eu: Sim, eu vou. Gente, não é tão anormal assim.

Lee: É, mais do que você imagina.

Revirei os olhos, me abaixei e puxei minha mala. Vi que Lee estava olhando.

Eu: Pode ir pra sua cama, tá?

Lee: Tá bom! Tá bom.

Ele se levantou e voltou para a cama dele. Peguei um pijama e uma roupa bonitinha, para me encontrar com Percy. Entrei no banheiro e coloquei primeiro a roupa bonitinha e depois o pijama. No caso de você não ter entendido, a roupa bonita por baixo e o pijama por cima. Pode zombar das minhas pantufas de panda, mas foram presente, tá? Saí do banheiro, voltei para minha cama, tirei Ópera do pescoço e me deitei. Peguei um pedaço de papel na minha cabeceira e uma caneta e escrevi em grego:


“Vou me encontrar com Percy na praia. Me dê cobertura.”



Quando todos se deitaram e apagaram as luzes, passei o bilhete para Jenna, acima de mim. Ela fez sinal de positivo com o polegar para mim. Após alguns minutos, lutando para me manter acordada, Jenna colocou a cabeça para baixo.


Jenna: Todos parecem estar dormindo. Você já pode ir. Mas, ah, o que você faria sem mim?

Eu: Muito mais do que você imagina. Há varias noites em que durmo no chalé 2, e ninguém descobriu.

Jenna: Sério? Você dorme lá mesmo?

Eu: Às vezes. E não é a primeira vez que eu faço isso. Vou indo. Obrigada pela ajuda.

Jenna: De nada.

Tirei meu pijama de cima da minha roupa bonita, coloquei os chinelos de panda e saí no silêncio absoluto do chalé. Fui até a praia no mesmo esquema de todas as minhas saídas fora de hora: passei pelos chalés até chegar no de Deméter, me encostei na parede de lá, fui até o pavilhão onde me escondi debaixo de qualquer mesa, evitando ser vista pelas harpias da limpeza, fui para floresta e depois para a praia. Quando cheguei lá, Percy estava sentado na areia, me esperando. Me sentei ao lado dele e peguei seu braço.

Percy: É melhor entrarmos logo, antes que alguma harpia apareça.

Eu: Como quiser.

Nos levantamos e fomos nadando, de mãos dadas até o submergirmos completamente. Vou te explicar as mãos dadas: não é porque somos namorados. Digo, também é por isso, mas essa não é a razão principal. Um dos poderes subaquáticos de Percy é não se molhar debaixo d’água. E o que ele tocasse, também estaria seco. No caso, se eu o tocasse, ficaria seca. Quando já estávamos bem no fundo, bem no fundo, Percy colocou em prática seu poder mais legal. Demos as duas mãos (no caso, a outra, porque uma já estava dada) e ele fechou os olhos. Um turbilhão de bolhas apareceu ao nosso redor, até todas se juntarem e formarem uma bolha de oxigênio, na qual eu e Percy estávamos dentro. Sorri, fascinada e alucinada.

Eu: Cara, isso é muito legal!

Percy: Por que você continua falando isso? Já viemos milhões de vezes.

Eu: Porque é muito legal, e eu nunca vou me cansar disso. Você não se cansa?

Percy: Como assim?

Eu: Tipo, esse poder não esgota? É infinito?

Percy: Sei lá. Até agora, nada. E eu não me canso de você.

Eu: Fofo!

Dei um beijo nele.

Percy: E então? Qual é a outra razão?

Eu: Outra razão do que mesmo?

Percy: De ter alguma coisa errada com o Oráculo. Depois, eu que sou o lerdo.

Eu: Ah, é! Você é mesmo. Então, a visão que eu tive hoje. Quíron, Will, Lee e Jenna estavam discutindo. Ela estava triste, com lágrimas nos olhos. Ela dizia que “quando eu descobrisse, eu ficaria arrasada”.

Percy: Descobrisse o quê?

Eu: Não sei. Quíron disse que eles teriam de pensar em mim, também, e que com o tempo eu desenvolvi sentimentos pelo Oráculo. Eles diziam algo sobre uma missão na qual eu deveria ir, que eu era a pessoa mais indicada para isso, que eu era a semideusa mais poderosa que eles conheceram e blá-blá-blá-blá-blá...

Suspirei e me deitei no ombro de Percy.

Eu: algo de errado com o Oráculo.

Percy: Sim, parece. Rapha...

Me levantei e olhei para ele.

Eu: Diga?

Percy: Você acha que eu sou um bom namorado?

Revirei os olhos, sorrindo.

Eu: Quantas vezes por dia eu falo que você é o melhor namorado do mundo?

Percy: Várias. Mas, tipo, você fala só por falar, só pelo que você sente no momento, ou você realmente acha que eu sou um bom namorado?

Me sentei de frente para ele com “perninhas de índio”. Coloquei minhas mãos nas bochechas dele.

Eu: Você é o melhor namorado do mundo. Digo isso porque é verdade. Não é a magia do momento. Eu o amo, Percy Jackson, e para sempre o amarei. Estou. Apaixonada. Por. Você. Entendeu?

Percy: Entendi.

Um silêncio um pouco constrangedor se fez.

Eu: E aí? Nada? Nenhuma reação? Nem um “eu te amo também”?

Percy: Ah, claro. Eu a amo, Raphaella Harmon, e para sempre a amarei. Estou. Apaixonado. Por. Você. Entendeu?

Eu: Você está falando isso porque é verdade, porque é o que eu quero ouvir, ou apenas está repetindo o que eu disse?

Percy: Porque é verdade.

Eu: Nesse caso, entendi.

Ele abraçou meus ombros e eu abracei seu tronco e nos beijamos. Eu adorava beijá-lo. Não que você não saiba, mas eu adorava. Quando nos separamos, caímos deitados, rindo, e ficamos observando as estrelas. Ele me mostrou as constelações e me ensinou quais eram quais. Capricórnio, Sagitário, Órion e A Caçadora. Ele me contou a história dessa última constelação: uma Caçadora de Ártemis que deu a vida em uma luta e acabou morrendo pela mão do próprio pai, o titã Atlas. Seu nome era Zoë Doce-Amarga. Ele me disse que ela era tão boa arqueira quanto eu. Poderíamos ter nos dado bem. Enfim, ficamos uma meia hora vendo as estrelas enquanto contávamos histórias sobre, por exemplo, como Percy foi perseguido por um ciclope quando era mais novo, a vergonha que eu passei quando um garoto me beijou pela primeira vez, aos 14 anos, e minha amiga na época, Joanne, entrou na sala me perguntando se eu ainda precisava de um absorvente, o dia em que Percy manipulou, sem saber, a água para que Nancy Bobofit, a garota que pegava no pé dele no sétimo ano, acabasse encharcada dentro da fonte do museu que eles estavam visitando, e outras. Histórias não muito longas. Seria mentira dizer que não trocamos uns bons e longos beijos. Depois de um tempo, decidimos voltar para os chalés, já que consideramos tarde. A mesma aventura de sempre para não ser pego por ninguém. Quando estávamos nas costas do chalé de Deméter, ouvimos passos.

Eu: Ah, meus deuses, se esconda!

Percy: Onde?

Eu: Ah... sei lá.

E nos pressionamos mais forte contra a parede do chalé.

Os passos continuaram, até que os fugitivos passaram por nós. Eram Lee, Will e Jenna. Eles passaram correndo na direção da Casa Grande.

Eu: Percy, vá para o seu chalé. Eu vou segui-los. – cochichei.

Percy: Como assim? Você tem de ir dormir. Aliás, eles devem ter descoberto que você fugiu.

Eu: Provavelmente. Jamais saberemos. Digo, você. Porque eu vou atrás deles.

Percy: Se você for, eu vou.

Eu: Deixe de ser teimoso! E se nos pegarem?

Percy: Se nos pegarem, vão nos pegar juntos.

Respirei fundo e fiz uma cara de frustração.

Eu: Às vezes, eu queria que você fosse menos perfeito.

Percy: Não sou perfeito.

Eu: Mas é o mais próximo que se pode ser. – Conferi se a barra estava limpa. – Venha!

E fomos para a Casa Grande. Ficamos na varanda do lugar, ouvindo a conversa que ocorria na sala.

Eu: Vigie. Me avise se alguma harpia ou coisa do tipo aparecer.

As vozes vindas da sala eram de Jenna, Will, Lee e Quíron, como eu já previa.

Jenna: E então? Qual é a razão disso?

Quíron: Bom, Jenna, acho que você já sabia que algo estava errado com o Oráculo.

Jenna: Que algo estava errado eu sabia. Vocês descobriram o que era?

Um silêncio de alguns segundos se fez. Não podia dizer o que ocorria lá dentro, porque eu não via.

Lee: Jenna, o Espírito de Delfos foi roubado do Oráculo.

Por um segundo, perdi o equilíbrio do corpo. Percy me segurou. Ouvi um suspiro feminino de surpresa.

Jenna: Ah, deuses, como isso aconteceu? Vocês contaram à Raphaella? Há quanto tempo isso aconteceu? Ai, santo Apolo, que confusão!

Quíron: Acalme-se, querida. Nós não sabemos como aconteceu nem a data exata. Não, Rapha ainda não sabe.

Lee: Fomos consultar o Oráculo, outro dia. Não houve nenhuma resposta. Chegamos à conclusão de que o Espírito de Delfos já não estava mais lá.

Will: Pensamos em uma missão. Eu, você e Lee devemos sair e procurar pelo Espírito e devolvê-lo ao Oráculo. O que acha?

Ela suspirou.

Jenna: Acho... não sei. Espere até Rapha descobrir isso. Ela vai ficar arrasada. Por que vocês não me contaram isso antes?

Lee: Jenna, nós sabemos que você está surpresa. Foi uma grande surpresa para nós também. Mas você não pode contar à Rapha de jeito nenhum. Ela iria ter uma ataque cardíaco ou algo do tipo. Quem sabe acabaria matando um de nós.

Jenna: Mas ela não pode ficar sem saber disso. Pelo contrário, acho que ela mesma deve sair nessa missão. Ela é a pessoa mais indicada para isso.

Quíron: Eu concordo com você, minha querida. Mas temos de nos lembrar que isso poderia magoá-la bastante. Ela desenvolveu sentimentos pelo Oráculo, com o tempo. Temos de nos importar com ela, também.

Peguei a mão de Percy e a apertei. Jenna limpou a garganta.

Jenna: Eu... eu me importo com ela. Só quero o melhor pra ela. Mas vocês sabem que se ela souber disso tudo, e da missão, nunca irá nos perdoar. Jamais.

Will: Nesse aspecto, Jenna tem razão. Rapha gostaria de ir nessa missão, ela mesma. E, sinceramente, não conheço nenhuma semideusa mais poderosa que ela. Sem ofensa, Jenna.

Jenna: Mas é verdade. Não me ofendi.

Lee: Ainda acho que nós deveríamos ir. Não ela. Iria abalar o psicológico dela.

Jenna: Então, discuta com ela. Façamos o que ela disser. Quíron?

Silêncio.

Quíron: Acho que a missão deveria ocorrer secretamente.

Jenna: E se ela ver a missão? E se ela ver algo da missão? E se ela ver onde está?

Quíron: Esse é um risco que nós vamos ter de correr. Se ela ver onde está, eu envio uma mensagem de Íris a vocês, contando o paradeiro.

Jenna: Lembrando que ela vai nos odiar.

Quíron: Isso é para o próprio bem dela.

Ela suspirou.

Jenna: Está bem. Quando podemos ir?

Quíron: Ao amanhecer.

Jenna: Ela acorda todos os dias ao amanhecer.

Quíron: Nesse caso, às três e meia.

Jenna: Ok. Vou preparar minhas coisas.

Lee: Ah, Jenna, por que Rapha não estava na cama dela? Onde ela está?

Jenna: Foi se encontrar com Percy, na praia. Eles fazem isso direto. Mas não os interrompa e não conte a ela que eu disse isso. Ela me odiaria. Deixe-os se encontrarem. E, Quíron, deixe-os, ok? Não interrompa, não apareça lá em alguma noite, não vá até lá e mande-os ir para cama, e não os vigie de jeito especial. Ela merece, coitada.

Will: Odeio essa quebra de regras.

Jenna: Você, senhor Will Solace, é o irmão dela. Você odeia o relacionamento deles, não a quebra das regras. Isso tudo é ciúme de irmão. Agora, vamos preparar as coisas.

Meus olhos se arregalaram.

Eu: Percy, vamos! – sussurrei.

Nos levantamos e saímos correndo na direção dos chalés. Quando chegamos lá, demos um rapidíssimo beijo de boa noite (você acha que perderíamos o momento?) e corremos separados para os nossos chalés. Quando entrei no meu chalé, corri em silêncio para a minha cama, peguei os pijamas jogados no chão, joguei-os debaixo das cobertas e me deitei lá, escondida em meio aos lençóis. Por debaixo das cobertas, tirei o short e coloquei a calça do pijama. A camiseta, fiquei com aquela mesma. Fechei os olhos, fingindo que estava dormindo. Em questão de milésimos de segundo, meus irmãos entraram no chalé. Jenna pegou uma mochila no armário e começou a guardar algumas roupas lá dentro. Você devia ter visto as roupas. Todas roupas sensuais. Não posso dizer o que aconteceu depois disso, porque eu acabei dormindo. Mas eu só conseguia pensar em uma coisa: eu teria de fazer a inspeção de todos os chalés sozinha.


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Notas finais do capítulo

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