POV Samanta

Eu havia dormido na cadeira ao lado de Felipe. "Putz!" Pensei.

-O Luan vai me matar _Dessa vez o pensamento saiu em voz alta.

-Se você quiser pode ir lá.. Eu vou receber alta só mais tarde_ Felipe disse.

-Tá acordado faz tempo? _Eu perguntei

-Não muito.

-Acho que vou dar uma passadinha em casa.

-Pode ir lá.

-Vai ficar bem? _Eu indaguei preocupada e receosa em ter que deixá-lo.

-Vou sim. Relaxa. _Eu depositei um beijo no rosto dele e saí da sala.

POV Luan

Eu olhei no relógio impaciente. Estava pensando seriamente em procurar uma delegacia e dar queixa de desaparecimento. Não preguei os olhos a noite toda. Eu estava muito preocupado. Andava de um lado para o outro na sala de estar quando vi a maçaneta da porta abrir e Samy entrar.

-Graças a Deus garota! _Eu disse olhando ela, que me olhou, sorriu rápida e foi para o quarto dela._Samy?_ Eu disse seguindo-a.

-Bom dia Luan. _E ela fechou a porta. Fiquei um tempo sem reação mas, depois sem bater na porta do quarto dela, eu resolvi entrar. Ela estava deitada na cama de barriga pra cima.

-Entrei. _Eu disse deitando do lado dela.

-Eu percebi.

-Por que não dormiu em casa? Eu imaginei tantas coisas ruins que poderiam ter acontecido contigo. _Ela me interrompeu.

-Mas eu estou aqui e estou bem.

-Não sei qual é a sua definição de estar bem, mas a minha não é essa. Com certeza não. Vai me dizer o que aconteceu? _Eu virei o rosto para olhá-la.

-O Sebastian espancou o Felipe, um amigo meu. E daí como o Fê é órfão e mora sozinho, eu fiquei com ele no hospital. Acabei dormindo lá.

-Dava pra ter deixado o celular ligado, não?

-Ele descarregou no caminho do hospital.

-Por que Sebastian bateu no seu amigo? _Dessa vez ela me olhou.

-Não preciso responder isso _Ela disse se levantando. _Me ajuda numa coisa?

-Diga...

-O Fê não tá podendo andar e ele vai ter que ficar em um rígido repouso. Então me ofereci para, hum... Digamos, ser a "enfermeira" dele. _Ela disse fazendo aspas com os dedos. _ Então, eu preciso levá-lo para casa e vou ficar uns dias lá cuidando dele.

-E por que você não trás ele para cá? _Eu me aborreci.

-Aqui não tem estrutura suficiente. _Ela argumentou

-E você vai ficar sozinha com ele? _Eu disse num tom que revelava meu ciúmes.

-Relaxa, ele é quase um amigo gay. _Eu sorri. Bom, ao menos isso.

-Sendo assim, acho que posso te ajudar.

-Obrigado _Ela ficou tão radiante. Estava indo para o banheiro, quando se virou e veio em minha direção.

-Quer dizer que você ficou preocupado? _Ela chegou perto de mim. Eu ainda não tinha levantado da cama.

-Uhun.. _Eu disse nervoso.

-A noite deve ter sido tortuosa. _Ela disse colocando o joelho entre minhas pernas. Seus cabelos caíram em meu rosto e ela os jogou para trás. Engoli em seco. Até minha respiração tinha mudado. O cheiro dos cabelos dela me embriagaram por um breve instante.

-Samy... _Ela me calou com um selinho. _Samy, o que você está fazendo? Eu... Para com isso! _Mas ela não me ouviu. Ao invés disso me deu um longo beijo. Eu não conseguiria resistir a isso. Era muita coisa pra mim. Apertei a cintura dela com força e introduzi minha língua em sua boca. O beijo foi aprofundando mais e mais. Eu sabia que deveria parar, mas naquele instante eu havia esquecido o por quê._ Samanta, Samanta. Por favor.. _Minha voz saiu num murmúrio baixo e lento. _Por favor. _Eu consegui dizer mais uma vez. Ela saiu de cima de mim depois de me dar um selinho demorado. E foi para o banheiro. Fiquei parado pensando no que tinha acabado de acontecer. Uau.

POV Samanta

Terminei o banho, me vesti e chamei Luan para me levar no hospital, buscar Felipe. No caminho, não nos falamos direito. Acho que passei dos limites.

-Eu vou entrar buscá-lo.

-Precisa de ajuda?_Ele se ofereceu.

-Não precisa. Ele não trouxe nada pra cá. Só me espera aí. _Eu bati a porta do carro e entrei no hospital. Felipe já estava em pé me esperando.

_Oi. Desculpe a demora _Eu disse assim que entrei.

-Tudo bem. _Ele me abraçou sem força.

-Bom, meu irmão vai nos levar até sua casa. Só estou levando umas peças de roupa, amanhã termino de buscar minhas coisas. E... Eu meio que disse pro meu irmão que você é quase um amigo gay meu _Ele me olhou pasmo.

-Você disse isso mesmo?

-Se eu não dissesse ele não deixaria eu ir ficar contigo. Na sua casa. Só eu e você. _Ele sorriu e pegou na minha mão. Nós dois saímos lentamente do hospital.

Assim que nos viu, Luan ajudou ele entrar no carro e depois nos deixou em frente da casa do Fê.

-Amanhã eu passo em casa _Eu disse. Ele só me olhou.

-Vê se não perde aula. Tchau Felipe, melhoras. _E Luan entrou no carro nos deixando lá.

-Fique a vontade. _Felipe disse me tirando do meu transe pessoal.

-Obrigado. _Eu disse entrando na enorme sala de estar e largando minha bolsa perto da porta. _Você vai pro quarto? _Perguntei.

-Não. Pretendo ficar aqui na sala um pouco.

-Só um pouco hein _eu disse e ele sorriu.

-Tá bom senhorita. Não quer se juntar comigo? _Eu mordi o lábio e sentei ao lado dele.

-Você precisa tomar um banho. Tá cheirando sangue e hospital _Nós rimos.

-Sério mesmo? _Eu fiz que sim com a cabeça. _então acho que irei tomar um banho e aproveito te mostrar teu quarto.

-Você não tem medo de morar nesse casarão sozinho? _Eu perguntei subindo a escada com ele.

-Não. Eu até prefiro. _Ele segurava firme no corrimão.

-Isso foi uma indireta pra mim? _Eu disse brincando

-Jamé _Ele parou no alto da escada e me olhou sorridente. _Posso matar saudade do seu beijo?

-Ahan. Pode. Deve. Mas, depois que tomar um banho. Se não vai parecer que estou beijando um defunto._ Ele riu parecendo uma criança.

-Vossa senhoria que dá as ordens _E ele indicou uma porta para mim onde seria meu quarto e depois entrou numa porta ao fim do corredor, onde supus que era o quarto dele.

Eu estava me transformando no tipo de pessoa que mais abominava e fiquei mal por isso. O Felipe não merecia que eu o iludisse.

"Ah, mais que mal há nisso?" -Pensei entrando no quarto e deitando na cama. Já havia percebido que os dias ali seriam proveitosos.

[...]