POV Luan

Eu não fui pra casa. Deixar Samy na casa de outra, que estava na cara, não ser gay nem aqui, nem na China, me deixava fora de mim. Eu queria voltar lá e levá-la comigo. Continuar aquele beijo. Fazer amor com ela. Eu queria poder dizer o quanto meu sentimento por ela aumentou e o quão intenso ela está.

Estacionei o carro e desci ativando o alarme. A praça estava vazia. Andei um pouco e achei um banco, onde me sentei. Fiquei pensando nos momentos ao lado daquela pestinha. Ir pra casa agora não teria o mesmo efeito. Ela não estaria lá. Ouvi passos e uma garota vinha em minha direção.

-Posso sentar aqui? _Ela disse me olhando sem piscar.

-Claro que pode. _Ela se sentou quieta. Tinha os olhos claros, cabelos compridos escuros e brilhantes, e um corpo perfeitamente moldurado. Ela era dona de uma beleza estonteante, não posso negar.

-Você é irmão da Samanta, né? _Ela perguntou quebrando o silêncio.

-Sou sim. Conhece ela? _Eu fiquei mais interessado na conversa

-Quem não conhece não é? Ainda mais depois de ontem. _Ela deu uma mordida numa paçoca que comia e depois ofereceu a mim. Eu não quis, então ela se virou e ficou olhando para o repleto nada. _Meu nome é Karla. _Ela se apresentou depois de um tempo.

-Meu nome é Luan, mais acho que você já sabia. _Ela riu. Cara, que sorriso perfeito.

-Sim eu sabia.

-O que aconteceu ontem? _Não pude deixar de perguntar.

-Não ficou sabendo? _Eu neguei com a cabeça. Se ela estivesse falando do Sebastian, eu até sabia. Mas, algo me dizia que tinha mais nessa história. _Como ela não te contou!

-Ela nem dormiu em casa _Eu disse na esperança de que ela parasse de fazer perguntas e me contasse logo.

-Sebastian ficou furioso porque viu sua irmã aos beijos com Felipe. O Sebas não queria bater no Felipe, ele só queria descontar a raiva e ciúmes. Por que tipo, fazia pouco tempo que os dois tinham terminado. Mas, ai quando ele foi esclarecer com a Samy, perdeu o controle e puxou o cabelo dela a agredindo verbalmente. Foi terrível. O Felipe não deixaria jamais aquilo acontecer e partiu pra cima do Sebas que estava apanhando feio, até os amiguinhos boys dele aparecerem. Daí virou uma puta covardia. E o Felipe ficou acabado. Sem contar, que o Sebas só parou de bater, porque a Ro, melhor amiga da Samy, se enfiou no meio da briga. Foi épica. A escola toda parou só pra ver. _Eu estava atordoado com tanta informação. Beijos com Felipe? Aquele mesmo que ela está na casa agora? Fazendo sabe-se lá o quê? Sebastian bateu na Samy? Depois de eu ter deixado claro que ele ficasse bem longe? Felipe defendeu a Samanta? Como ela pôde ter escondido isso de mim?

-Nossa! _Foi a única coisa que eu consegui dizer.

-Estranho ela não ter te contado.

-Como já disse, ela não dormiu em casa. _Eu me pus de pé.

-Já vai? _Ela perguntou ficando em pé também

-Vou ver se encontro Samanta. Ver se ela está bem, sabe... _Eu menti.

-Não vou mais te ver? _Ela me olhou. Finalmente, pude reconhecer a cor exata de seus olhos. Eram verdes.

-Que combinação perfeita. _Eu disse me aproximando dela.

-Tá falando de quê? _Ela perguntou sorrindo sem mostrar os dentes.

-Você é tão linda. _Vi ela corar.

-Obrigado _Ela estava visivelmente sem graça.

-Me passa o número do seu celular.. _Eu pedi. _eu ficaria aqui contigo mas, preciso achar minha irmã. _Ela me passou o número. Me aproximei mais dela e a selei. _Tchau, Karla. _Ela sorriu e ficou me olhando ir embora. Eu precisava achar o Sebastian.

POV Samanta

Estava deitada na imensa cama. Já havia passado mais de uma hora que Felipe tinha entrado no chuveiro para tomar um banho. Levantei e fui atrás dele.

-Fê? _Eu perguntei entrando devagar na porta ao fim do corredor

-Oi? _Ele disse baixo

-Você tá bem? _Ele me olhou e desviou o olhar.

-Estou sim. _Eu entrei e me sentei na beirada da cama onde ele estava deitado.

-Achei que quisesse me ver, ficar comigo. Eu estava te esperando.

-Nós somos somente amigos, Samanta. Sabe, não teria porquê eu ir lá e te beijar e sei lá mais o quê.. _Eu me senti a vontade para deitar ao lado dele.

-Por que diz isso?

--Por que você disse para seu ex que estávamos juntos, então ele te bateu e depois me bateu porque eu te defendi. Aí no hospital, você disse ao médico que éramos apenas amigos e disse ao seu irmão que eu era gay. Estou tentando adivinhar se você é confiável ou não. _Eu engoli em seco.

-Claro que sou.

-E nós estamos juntos? _Eu desviei o olhar.

-Eu não quero me prender a ninguém nesse momento. a gente pode ficar, se curtir, se conhecer sabe..

-Eu não sou esse tipo de garoto. E se não formos ficar de fato juntos, prefiro nem começar esse lance.

-Meio tarde não acha? _Ele me olhou e eu o encarava. _Você quem sabe. _E ia sair da cama quando ele me puxou de volta para si.

-Sinto que estou apaixonado por você.

-Não quero te iludir, Fê.

-Meio tarde, não acha? _Ele repetiu meu argumento e eu senti a garganta seca. _Fica aqui comigo _Ele pediu. Não pude dizer que não. Então me ajeitei na cama e deitei no peito dele. E ficamos conversando pelo fim da noite.

POV Roberta

A notícia que recebi do médico foi a pior de toda a minha vida. Aquilo não era um diagnóstico e sim uma maldição. Eu tinha uma grave doença no útero. Que já estava ali, mas depois do soco piorou. E agora eu poderia ter sangramentos regulares. Até acabar morrendo por hemorragia. Sem contar que eu não poderia ter filhos. E eu teria que aceitar aquilo, porque não tinha cura.

Cheguei em casa arrasada. Me enterrei na cama. eu só queria ficar sozinha por um bom tempo.

POV Karla

Ele era lindo. Tanto quanto me disseram que era. Permaneci mais um tempo parada ali na praça. Finalmente havia conseguido falar com ele. Meu amor platônico. Eu não conseguia parar de sorrir. Me considerava estúpida por nunca ter tentado me aproximar. Mas, agora ao menos eu poderia -quem sabe- ter uma chance com ele.

POV Sebastian

Roberta não me atendia. Acho que se chateou com alguma coisa. Bom, não me interessa saber o quê. A garota afinal, só era boa de cama. Estava em frente de casa lavando meu carro quando vi o irmão da Samanta vindo em minha direção.

-O que foi dessa vez? _Eu perguntei já me preparando para o pior.

-Então quer dizer que você além de ter falado com a Samy, bateu nela? _Ele perguntou

-I daí, sua irmã não passa de uma puta. E não se ofenda. Você sabe que é verdade. _Voltei lavar meu carro e ele se virou para me olhar.

-Sabe, eu poderia quebrar sua cara agora. Mas como já vi que bater não funciona muito né? Então, só vou te pedir mais uma vez para que fique longe dela. _E ele saiu.

Terminei de lavar meu carro e fui pra casa da Roberta. A mãe dela atendeu desolada.

-Senhora Carter, sua filha está?

-Não sei se ela vai querer te atender. Mas, você pode tentar. Ela está no quarto dela.

-Obrigado _Eu disse entrando na casa. Pelo jeito a mãe dela não sabia sobre a briga. Bati na porta do quarto e ela pediu para entrar.

-Oi.

-Sebas? Você? _Ela disse desviando o olhar.

-Você não me procurou. Fiquei preocupado. _Eu disse parado perto da porta.

-Ahan tá. Ficou preocupado por que eu não te procurei ou por que não teve ninguém pra comer? _Ela falou ainda sem me olhar.

-E também você não apareceu na escola. _eu disse

-Como se você ligasse. _Precisava reverter aquela situação.

-Eu gosto de você. Me desculpe por ter te batido, por ainda se importar com a Samanta. Mas, é você que eu quero. Porque é você quem me faz bem. _Ela ficou um tempo quieta. Depois se levantou e veio me beijar.

-Senti sua falta. _E eu a beijei mais desesperado. Aquilo não era uma total verdade. Mas, ela não precisava saber disso.

[...]