Who Will Be Hurt? escrita por Emilly Vic


Capítulo 3
Olhares Indiscretos


Notas iniciais do capítulo

Depois de muitos contratempos, finalmente um novo capítulo. Espero que curtam (y) Ótima leitura!!



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No olhar de cada uma o que dominava era o pânico, ao ouvir aquela voz as duas estremeceram, sabiam que era Frankie que havia acabado de chegar do trabalho. Logo permaneceram estáticas, não sabiam como iriam agir diante dele. Se ele entrasse discretamente sem dizer nada teria visto a cena que com certeza elas não poderiam explicar.

— Oi meu amor! Eu cheguei mais cedo pro jantar do nosso aniversário de casamento. Ei maninha! O que está fazendo aqui tão cedo? E por que o seu vestido está molhado?

— Eu? Bem... É que... – Nesse momento Jane estava tão nervosa que mal conseguia formular uma frase, então Maura percebendo que ela estava apreensiva resolveu explicar.

— Chamei Jane para me ajudar com a organização do jantar e enquanto estávamos conversando ela derramou um pouco de cerveja em seu vestido.

— Jane, por que você não pega algum dos vestidos da Maura? Ou prefere ficar assim molhada, o que é uma boa ideia, pois você está muito engraçada assim.

— Há, Há, Há Frankie! – Jane ri com certa ironia. – muito engraçado, até parece que eu vou dar algum motivo para você rir da minha cara. E além do mais, as roupas de Maura em mim ficam tão curtas que quando eu visto fico parecendo até uma prostituta, lembro até dos tempos em que eu me disfarçava de Tifhanny quando trabalhava no narcóticos.

— Não seja boba Jane, minhas roupas ficam lindas em você. Vai se trocar, pois a hora do jantar já está chegando e nem preparamos tudo ainda.

Enquanto Jane se trocava no quarto, Maura e Frankie adiantavam-se na preparação do jantar. Pouco tempo depois Jane retorna até a sala arrancando um sorriso indiscreto de Maura.

— Uau Jane, não disse que você ficaria linda?! Esse vestido vermelho é a sua cara!

— Obrigada Maura. Mas espera aí, vocês nem me esperaram e já organizaram tudo?

— Que isso Jane, hoje você é nossa convidada apesar de já ser de casa. – Enquanto Frankie acabava de falar pode-se ouvir o som da campainha. – Os convidados já chegaram! Deixa que eu atendo.

Em alguns minutos todos os convidados já haviam chegado, iniciando-se assim o jantar. A alegria é que tomava conta daquela mesa e também os olhares indiscretos entre Jane e Maura, numa tentativa de desvendar o que a outra estava pensando sobre o que aconteceu mais cedo já que não tiveram a oportunidade de conversar a sós. Elas nem se quer trocavam uma só palavra, apenas se olhavam, deixando um clima diferente durante o jantar, o que não passou despercebido por Constance.

— O que aconteceu com você Jane? Onde está o seu humor negro e as suas piadinhas afiadas, nem se quer trocou uma só palavra com Maura durante todo o jantar? Por acaso vocês brigaram?

Jane de tão surpresa com a pergunta de Constance começou a ficar nervosa e consequentemente gaguejou durante a resposta. – Bom... Não, nós não brigamos, por que brigaríamos? Não aconteceu nada! – Após responder a pergunta Jane então entorna de uma só vez a taça de champagne. Claro que depois disso ninguém acreditou na resposta.

— E você Maura, têm alguma coisa a dizer?

Enquanto Maura fixava o olhar em Jane respondeu: – Não tenho nada a dizer mãe, aliás, estamos aqui pra comemorar o meu aniversário de casamento com o Frankie e não a minha amizade com Jane. Então que tal propor um brinde ao nosso casamento, ao nosso amor que começou de uma forma tão rápida, mas que conseguiu resistir ao passar dos anos. Um brinde ao nosso amor!

Todos então levantaram as suas taças de champagne e até Jane com sua taça vazia consumida pelo nervosismo, brindando ao amor que respeitava e ao mesmo tempo queria para si. Mesmo demonstrando estar feliz com toda aquela comemoração, a morena já não aguentava mais permanecer naquele local depois de tudo o que ocorreu antes, do beijo, de sentir o toque de Maura em seu corpo e agora tinha que estar em frente a toda essa alegria. Se sentia culpada e confusa, não tinha o direito de magoar o irmão mesmo que fosse para a sua própria felicidade. O que a deixava mais apreensiva ainda era a incerteza em relação ao que Maura sentia por ela, a incerteza se o beijo ocorreu por um mesmo desejo ou se Maura correspondeu por um impulso ou por uma falta de reação contrária, talvez a loira não sentisse nada por ela. Rizzoli resolveu ir embora, só assim ela iria afastar esses pensamentos.

— Bom pessoal, já estou indo embora.

— Mas já filha? Está cedo ainda. – Disse Ângela.  

— Tenho que acordar cedo amanhã para o trabalho na Homicídios, mas o jantar estava ótimo.

— É, Jane tem razão, também está na hora de irmos também. – Disse Korsak se referindo ao Frost.

Jane começou a se despedir de todos que ainda ficavam, quando chegou à vez de se despedir de Maura se estranharam no abraço, ficando um pouco atrapalhadas. Para se livrar daquele embaraço Jane apenas ofereceu um aperto de mão. Nada melhor que um aperto de mão, um gesto distante, frio, muito diferente de um abraço, um gesto que transmite calor, intimidade e que era capaz de aproximar. E isso era o que a morena queria evitar naquele momento, sua vontade era de estar mais longe o possível daquela situação.

Depois de algum tempo todos os convidados já foram embora e Maura só assim pode ficar a sós com o seu marido. Já estavam se preparando para dormir, mas Frankie não queria apenas dormir, ele investia em beijos e carinhos na esposa. Em meio às carícias ele percebeu que Maura estava incomodada com algo.

— O que está acontecendo com você Maura? Nunca te vi assim tão estranha?

— Não é nada, eu só estou cansada!

— Isso não é apenas cansaço, tem algo haver com a Jane? Vocês hoje pareciam tão estranhas uma com a outra e pelo que eu conheço da minha irmã, aconteceu sim algo.

Maura se levanta da cama e de costas para o Frankie começa a pensar em algo a dizer que não fosse uma mentira capaz de evocar as suas urticárias. – O que aconteceu foi um assunto de garotas, sabe? De amigas, nada demais. Não precisa se preocupar! Vou tomar um copo de água – Ela se dirige até a porta.

— Dessa vez você escapou, mas na próxima não vou te dar chance Maura!

Quando desceu até a cozinha se direcionou a geladeira em busca de água que dentro de um copo se tornava a combinação perfeita para trazer a calma que tanto precisava. Em meio a cada gole só conseguia pensar o que levou a acontecer aquilo, o local onde ocorreu o que por muito tempo era o seu desejo de se tornar realidade, um desejo que ela sempre tentava encobrir após seu casamento, acabou sendo o mesmo local em que agora ela tenta por meio de goles de água entender e esquecer.

— Como eu pude fazer aquilo, logo com Frankie que foi capaz de arriscar sua vida por mim. Por amor foi capaz de aventurar-se dentre as chamas para me salvar.

Quatro anos atrás.

Quando Maura abriu os olhos, primeiramente observou os equipamentos médicos ao seu redor. Sentia-se cansada, mesmo respirando com a ajuda de um tubo de oxigênio. Confusa sem saber o que tinha acontecido, sentiu a presença de mais alguém no quarto em que estava. Era Frankie que tinha dormido ali durante toda a noite esperando Maura acordar e não pode disfarçar a sua felicidade quando notou os olhos da doutora se abrindo. Apesar de sentir dificuldade em respirar ela tentou tirar o tubo de oxigênio para perguntar a Frankie o que havia ocorrido, como conseguiram retira-la do incêndio e aonde estava a Jane.

— Calma Maura! Não tente dizer nada, apenas descanse. Você passou por um dia muito difícil hoje. Está tudo bem agora! – Frankie dizia acariciando os cabelos de Maura, tentando trazer calma a loira.

Ainda com dificuldades, Maura tenta pronunciar as primeiras palavras. – O que aconteceu? Como me salvaram?

— Quando o detetive Frost acordou, depois de ter sido acertado pelo pai da garota, emitiu um alerta. Então Korsak rastreou o carro dele que estava localizado neste galpão abandonado e me informou o endereço, como eu estava muito perto do local onde ocorreu o incêndio fui o primeiro a chegar, ainda nem havia bombeiros nem os outros detetives da homicídios. Então eu não aguentei e tive que entrar lá. Eu sabia que você estava no galpão, pois eu ouvi os seus gritos de socorro, me arrisquei em meio ao fogo e me desesperei quando lhe vi desmaiada, então carreguei você para fora do galpão. Mas não se preocupe Maura! Jane acabou de me ligar dizendo que ela já conseguiu prender aquele maluco.

Depois de ouvir tudo aquilo a loira ficou emocionada e com um sorriso demostrou gratidão por Frankie, por ter se arriscado no incêndio.

— Maura, eu sei que não é o momento, mas eu preciso te dizer uma coisa. Não precisa falar nada depois de ouvir. Eu só quero que você me escute. Eu não me arrisquei no incêndio apenas pela obrigação de cumprir o meu dever como policial ou agente da lei, eu fiz aquilo por que já faz algum tempo que eu venho sentindo algo muito forte por você. Para ser específico acho que me dei conta disso quando você salvou a minha vida em cima da mesa de autópsia e depois eu tive certeza quando trabalhamos juntos no meu primeiro caso de homicídios com aquele cara que achamos morto no lago. – Em meio a declaração de Frankie, Jane entra no quarto sem ser percebida. Ele não nota a sua presença e continua se abrindo com Maura. – Maura, o que realmente quero dizer é que eu te amo. Não sei como você ainda não tem ninguém em sua vida! Você é a mulher mais perfeita que eu já conheci, é engraçada, do seu jeito, mas é, também é inteligente, entende tudo sobre carros, motores, uma mulher que todo homem gostaria de ter ao seu lado. Eu amo você Maura.

Ao ouvir tudo aquilo Jane permaneceu estática tendo a mesma reação que Maura. Frankie se assustou ao ver a presença da irmã.

— Oi Jane, você estava aí? Que parte da conversa você ouviu?

— Diria que a parte mais interessante!

— Bom... Eu já vou indo, creio que vocês devem ter muito o que conversar. E Maura pense no que eu te disse. Até logo Jane!

— Really! Meu brother acabou de fazer uma declaração?

Maura agora um pouco mais recuperada consegue dizer algumas palavras. – Parece que ele gosta mesmo de mim.

— E você? Gosta dele?

— Preciso pensar. Mas o que aconteceu com você? A sua expressão facial transmite tristeza, por que você está assim Jane?

— Por nada! Quer dizer, por tudo o que aconteceu hoje. Foi um dia muito cansativo e tenso! – Então ela começa a sorrir e olhar para Maura de uma forma mais meiga. – Mas é bom te ver assim, se recuperando, orei tanto pra que você ficasse bem.

— Tenho certeza que as suas orações ajudaram bastante! Mas agora eu fiquei curiosa, o que você tinha de tão importante para me falar quando fossemos nos encontrar no Dirty Robber?

— Nada demais! – Dentro de si o que Jane queria dizer era: “Eu queria contar tudo o que eu sinto por você Maura, que eu te amo mais do que como uma amiga e que eu já não consigo mais olhar pra você e não imaginar como seria as nossas vidas juntas, onde você pudesse sentir o mesmo que eu sinto, amor. Mas depois de tudo o que ouvi de Frankie não sei se posso mais dizer isso, não depois que você tomar a sua decisão.”

— Jane? Jane? Você esta aí?

— Oi? O que?

— Você está meio dispersa. Esse “nada demais” tem cara de mais alguma coisa.

 Já disse Maura, é só um cansaço. E você para de conversar, está falando muito pra quem inalou muita fumaça e por pouco não saiu queimada. Você é a verdadeira inspiração para a música da Alicia Keys. – Jane se arrisca e tenta cantar a letra com sua peculiar voz rouca. – This girl is on fireeeee. – A loira começou a interrompê-la com gargalhadas que logo se transformaram em tosses. – Tá vendo fica aí rindo da minha bela voz e acabou com falta de ar. Coloca de volta esse tubo de oxigênio que eu vou chamar o médico pra te ver.

***

Todas aquelas lembranças, além de serem um trauma na vida de Maura, eram capazes de arrancar sorrisos. Como era bom se lembrar do cuidado especial que Jane fornecia a loira nos momentos em que ela se encontrava desprotegida e mesmo com tantas mudanças em sua vida, aquela sensibilidade que percebia em si pela simples presença da morena permaneceu inalterada. Porém, Frankie ao perceber a animação da esposa, a desliga de seus pensamentos.

— Maura! Eu não sabia que um copo de água te deixava tão feliz!

— Estudos mostram que a ingestão de água pode ter um benefício psicológico sobre o raciocínio, além de aliviar a ansiedade.

— Acho que eu vou tomar um copo de água também pra ficar alegre. Sabe o que me deixaria alegre também?

— Uma bela noite de sono?

— Não. Um beijo seu me deixaria feliz.

— Então espera que eu vou te dar essa felicidade.

Maura puxou Frankie para um beijo, esse mesmo beijo poderia até trazer felicidade ao seu marido, mas ela não sentia o mesmo. Naquele momento ela não estava nos braços de Frankie por inteira, seu corpo até poderia estar presente para fornecer carinho, mas a sua mente estava confusa, pensava em Jane, em tudo o que havia acontecido entre elas. Logo agora depois de tantos anos de casados, quando ela já havia se conformado com o amor de Frankie, já havia deixado de lado o desejo de ter Jane. E ao mesmo tempo pensava o quão errado foi ter feito isso, logo com a sua única irmã. Um misto de sentimentos a rodeavam nesse momento, menos a tal felicidade que ela oferecia ao seu marido.                                                  


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Comentários sempre são muito bem vindos ;)



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