Já na fase adulta, ela começara a se desiludir e a entender que nunca mais se encontrariam. Isso até esse preciso instante, em que o destino resolvera colocá-los frente a frente outra vez.
--------------------------- Fim do Flashback -----------------------------------

A voz de Carlos Daniel retirou Paulina de seus devaneios.

- Você, Paola?  que brincadeira é essa? - perguntou

- Eu... não sou Paola, senhor. Meu nome é Mariana Martins e como já devem ter lhe informado, sou sua nova secretária. (tentando disfarçar sua surpresa ao vê-lo e procurando manter uma postura séria)

- Mas como é possível? Você é idêntica a minha esposa!

- Sua... esposa? (Paulina falava pausadamente, ainda tentando digerir tantos acontecimentos em tão pouco tempo)

- Sim. (respondeu seco, ainda tinha dúvidas de que não se tratasse de um jogo de Paola para enganá-lo)

E um silêncio se formou naquela sala.

Paulina mais uma vez se perdeu em seus pensamentos. Não podia deixar de sentir um certo alívio, pois aparentemente não tinha sido reconhecida. Mas também, por um lado, gostaria de expressar tudo o que sentia naquele instante e indagar Carlos Daniel sobre os motivos pelos quais nunca mais havia voltado a procurá-la. Talvez essa fosse a hora de enfrentar esse passado. Ou não...dúvidas e incertezas rondavam sua mente.

Carlos Daniel, por sua vez, olhava fixamente para Paulina. Sabia que ela lhe lembrava alguém, mas se não Paola, quem era?
 Ao perceber aquele olhar que transmitia doçura e serenidade, teve a certeza de que não se tratava de sua esposa. Tentou buscar em suas lembranças a resposta que procurava, e lhe veio a cabeça a imagem que constantemente recordava, a de Paulina. Mas será? E se assim fosse, por que a mudança de nome?

Aquele silêncio foi quebrado com a entrada de Rodrigo na sala, fazendo ambos voltarem a realidade.

- Interrompo algo? - disse Rodrigo, ao perceber o susto que eles levaram.

- Não! - exclamaram ao mesmo tempo, fato que deixou Paulina envergonhada.

-  Ok então - disse Rodrigo, rindo

- Precisa de alguma coisa? - CD tentou mudar de assunto

- Sim, vim mostrar a fábrica para a Mariana.

- Vamos então - disse Paulina, afinal seria uma ótima maneira de sair daquele clima tenso.

Depois de percorrer a fábrica, Rodrigo conduziu Paulina para aquela que seria sua sala.

- Carlos Daniel vai lhe trazer alguns documentos e indicará o que deve fazer. - explicou Rodrigo, saindo logo após.

- Está bem. (não era o que queria, mas ele era seu chefe e seria inevitável tal situação).

E assim foi, minutos depois CD entrou na sala e lhe indicou o que faria com os papéis. Os dois tentaram fingir que nada havia acontecido antes, talvez por medo de enfrentar a verdade. Mas seus corações batiam forte cada vez que estavam perto.

- Mariana, sei que é seu primeiro dia aqui, mas a fábrica não está em uma situação fácil, estamos com muitas coisas pendentes. Há algum incoveniente em você ficar após o expediente? - disse CD

- Bom... não. (ainda era seu primeiro dia e não queria correr o risco de perder o emprego, portanto não podia se negar)

- Estarei em minha sala, tenho alguns assuntos pendentes para resolver. Qualquer coisa, me chame!

- Ficaremos só nós aqui?

Carlos Daniel pôde perceber um certo receio da parte dela, realmente parecia ser uma boa pessoa e não queria assustá-la.

- Sim, mas não se preocupe, peço que fique apenas uma hora a mais,  e se quiser, depois te deixo em casa.

- Não é necessário senhor, eu me viro.

Ele não quis insistir.

Assim, as horas se passaram. Veio o fim do dia e todos foram embora, ficando na fábrica apenas Paulina e Carlos Daniel, conforme o combinado. Cada um ficou em sua sala, mas entre planilhas e documentos, inquietações os desconcentravam.

O trabalho acabou demorando mais do que o esperado. Paulina estava disposta a não deixar nada pendente, mas foi interrompida de suas funções quando ouviu batidas na porta. Foi abrir.

- Está tarde, imagino que a senhora esteja cansada. - comentou Carlos Daniel

- Senhorita... e na verdade estou sim. Mas não tem problema.

- Então quer dizer que não é casada?

- Não. Mas isso não é assunto pra falarmos aqui em local de trabalho. (Tentando fugir do assunto, não queria revelar nenhum detalhe de sua vida pessoal que pudesse fazer com que Carlos Daniel se lembrasse dela).

- Tem razão, mas podemos jantar e aí conversaremos melhor. Deixe as coisas que faltam, amanhã a senhorita termina. (CD se sentia diferente perto de Paulina, precisava descobrir o que havia por trás disso tudo).

- Jantar agora? Melhor não, e se o senhor me permite, vou embora (pegando a bolsa)

- Vamos, aceite meu convite! Não tem nada demais nisso, ou tem? (segurando a mão de Paulina)

- Não, é só que...

- Vamos lá! (sorrindo)

Ver aquele sorriso e sentir o toque de Carlos Daniel na mão dela, fez Paulina parar de levar tudo tão ao pé da letra. No fim das contas, ainda que o tempo tenha passado, não conseguia resistir a ele.

- Está bem então. - respondeu Paulina, com um sorriso um pouco envergonhado.