Imprevistos E Surpresas Da Vida escrita por Liz


Capítulo 53
Arrependimento


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora, mas é que sempre acaba surgindo uma coisa e outra que adia o momento de escrever... enfim, inicialmente pretendia que esse fosse o último capítulo, mas estava ficando enorme e nem havia acabado ainda, portanto decidi dividi-lo. O último está quase, quase pronto, vou me esforçar para postá-lo até domingo.

Boa leitura!



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Carlos Daniel voltou o mais rápido que pôde ao hospital. Mesmo sabendo da personalidade de Paola, não podia deixar de sentir-se decepcionado com a atitude dela.

– Meu amor, eu sei que você é forte! - Carlos Daniel estava novamente ao lado da amada, embora ela seguisse desacordada

Ele pôs suas duas mãos sobre a mão esquerda de Paulina, e a apertou forte. Fechou os olhos e começou a rezar baixinho, pedindo para que Deus não os abandonasse.

– Senhor Bracho, peço por favor que se retire do quarto. - o médico tocou o ombro de Carlos Daniel, trazendo-o de volta ao "mundo real".

– Não vou sair do lado dela. - respondeu sério

– Desculpe se fui inconveniente, mas o senhor está a horas aqui, e além disso tenho ótimas notícias. - sorriu confiante

– Horas? - perguntou confuso, nem havia se dado conta de quanto tempo se passara, mas agora isso não importava– Diga logo quais são essas notícias! - pediu exasperado

– Preciso que saia, pois vamos preparar a paciente para a transfusão de sangue.

– Então já conseguiram um doador? - Carlos Daniel deu um largo sorriso

– Eu diria que quem conseguiu foi o senhor! Apesar de ter me dito que ela havia se negado, acaba de chegar acompanhada de dois policiais, a irmã gêmea de Paulina.

Carlos Daniel ficou praticamente incrédulo com a afirmação do doutor, e se perguntava o que a teria feito mudar de ideia. Mas como não havia tempo a perder, deu um beijo no rosto de Paulina e logo saiu do quarto, sem mais questionamentos.

Logo, ele se dirigiu até a capela do hospital para agradecer por suas preces terem sido ouvidas. Depois, ligou para a mansão com a finalidade de avisar a todos que lá estavam e foi para a sala de espera, onde aguardou confiante.

Esperar, esperar, esperar... a demora já provocava temor em Carlos Daniel, quando finalmente o médico apareceu em sua frente.

– Tudo ocorreu dentro do esperado, sua noiva e seu filho estão fora de perigo! - revelou o doutor

Eufórico, Carlos Daniel abraçou o médico.

– Obrigado! – respirou aliviado - Posso vê-la?

– Paulina já foi levada para o quarto, ainda não despertou, mas isso é normal. Ela ainda ficará 24 horas em observação, e se tudo seguir como está, receberá alta. E sim, pode vê-la. - disse, se retirando em seguida

Carlos Daniel já ia em direção ao quarto da amada, porém quando entrou no corredor que o guiaria até lá, avistou Paola sendo levada pelos policiais. Aproximou-se.

– Independente do que tenha te levado a mudar de opinião, te agradeço. Obrigado Paola, em meu nome e em nome de Paulina. - disse a olhando fixamente, esperando alguma reação de sua parte

– Se eu fosse você não agradeceria tanto, querido. Já parou para pensar que sua pior inimiga foi quem te ajudou? Que ironia, não? - disse sorrindo, nem mesmo a presença dos policiais a intimidava

– Pode não parecer, mas não te considero uma inimiga. Só uma pobre infeliz que tudo o que soube fazer foi desejar o mal a quem nunca te fez nada. - disse com sinceridade

– Que seja, pouco me importa seu sentimentalismo barato. Sabe por que eu vim até aqui? Para despertar em vocês a sensação de saber que precisaram da colaboração de uma pessoa que só carrega sentimentos ruins no sangue. Quero que essa sensação atormente vocês diariamente. Que peninha, não é? - Paola soltou uma gargalhada

Carlos Daniel a olhou com raiva, mas não se deixou levar pelas palavras de Paola. Cansado de ouvi-la, virou-se e saiu, deixando-a falando sozinha.

Ele foi até o quarto da amada novamente. Dessa vez, ficou em pé, acariciando suavemente as bochechas dela, até que lentamente Paulina abriu seus olhos.

– O que aconteceu? – perguntou atordoada- A última coisa que me lembro é que estávamos abraçados, e de repente tudo escureceu - Paulina tentava relembrar os últimos fatos

– Tem uma coisa que você ainda não sabe, meu amor. Quando chegou aqui no hospital, você estava sofrendo uma... - Carlos Daniel engoliu em seco, a culpa ainda o perseguia - uma ameaça de aborto, e perdeu muito sangue. Por isso você desmaiou, por estar fraca demais. – contou

– Nosso filho está bem? - questionou Paulina, deixando uma lágrima cair. No momento apenas isso lhe importava, a vida daquele pequeno ser que crescia dentro dela.

– Agora sim, vida minha.– afirmou, secando a lágrima dela com o polegar– Você e ele já estão fora de perigo, graças a uma transfusão de sangue

– Você doou sangue para mim? - Paulina assustou-se ao perceber a gravidade do caso

– Era o que eu mais queria, mas não somos compatíveis. –suspirou- Quem doou o sangue foi a Paola.

– Paola? - arregalou os olhos

– Parece contraditório, mas sim. Fui até o presídio e lhe implorei. No primeiro momento ela se negou, mas depois alguma coisa que ignoro, a fez mudar de ideia.

Carlos Daniel contou à Paulina sobre a forma hostil com que Paola o havia tratado no hospital, e ambos conversaram durante algum tempo sobre o assunto.

Mais tarde, Paulina recebeu a visita de Vovó Piedade, que foi acompanhada de Carolina.

Assim, mais um dia se passou e logo Paulina recebeu alta.

====================== 1 mês depois ===================

Paulina havia se recuperado rápido, sua gravidez de 3 meses ia muito bem e todos na casa estavam contentes.

Durante esse tempo, Paulina não havia tido contato algum com Paola. Não sentia-se encorajada para vê-la.

Mesmo com o bom clima na mansão Bracho, algo começava a incomodar Paulina: O distanciamento de Carlos Daniel. Ele passava muito tempo na fábrica, e muitas vezes chegava tarde e ia direto para seu quarto. Desde que havia dado alta, Paulina estava em um quarto de hóspedes, e sentia falta do carinho de seu amado.

Esse incômodo aos poucos ia enchendo a cabeça dela de dúvidas em relação ao amor dele, mas tentava pensar que isso não passava de fantasias de sua parte.

================================================================

Era domingo, por volta das 8 da manhã, quando Paulina ouviu batidas na porta do quarto.

– Senhorita Paulina, está acordada? - perguntou Adelina

– Sim Adelina, pode entrar!

Assim que Adelina entrou, viu que Paulina estava sentada na cama, pensativa.

– Não vai descer para tomar café? - perguntou a governanta

– Não estou com muita fome, mas vou daqui a pouco. – afirmou - Carlos Daniel já acordou? E as crianças?

– As crianças estão brincando lá embaixo, e o senhor Carlos Daniel ainda não desceu.

– Adelina, sabe se Carlos Daniel está com algum problema? - Paulina precisava tirar suas dúvidas, e pensou que talvez Adelina pudesse ajudá-la

– Pro-problema? – perguntou surpresa- Nenhum que eu saiba. - respondeu

Paulina pôde notar um certo nervosismo em Adelina, como se soubesse alguma coisa.

– Tem certeza? - ergueu uma sobrancelha

– Tenho, acredite senhorita. E agora se me dá licença, preciso me retirar.– disse e saiu apressada

Paulina notou algo estranho, mas ainda não podia identificar o que era. Levantou-se, fez sua higiene, vestiu-se e foi até o quarto de Carlos Daniel.

– Amor, está aí? - perguntou entre batidas na porta

– Sim, pode entrar!

Carlos Daniel estava parado em frente a janela do quarto, olhando para um ponto qualquer. Paulina se aproximou e lhe abraçou por trás.

– Bom dia, vamos tomar café? - perguntou ela

Carlos Daniel virou-se de frente e sorriu brevemente.

– Vamos. - respondeu e afastou-se dela, indo em direção a porta

Paulina mais uma vez estranhava a reação dele.

– Não vai nem me dar um beijo de bom dia? - indagou ela

– Claro que sim. - Carlos Daniel se aproximou e deu-lhe um selinho

Paulina sentiu uma certa decepção com tal atitude, mas nada disse. Antes que saíssem do quarto, seu celular tocou, e então Carlos Daniel esperou-a.

– Alô!

– Paulina Martins?

– Sim, quem fala?

– Sou Marco Duran, advogado de Paola Montaner. A senhora é a irmã dela, exato?

– Sim, sou eu. O que deseja? - questionou, surpresa

– Estou ligando para informar que minha cliente deseja muito falar com a senhora e com o senhor Carlos Daniel.

– Desculpe, mas não temos nada para falar com ela. - Paulina foi direta

– Eu é que peço desculpas pela insistência, mas posso afirmar que Paola não é mais a mesma de antes. - ouviu-se uma pausa na voz dele- Eu sempre gostei de resolver casos difíceis, pois penso que mesmo o maior assassino tem um coração com sentimentos bons, mesmo que quase imperceptíveis. E com Paola não foi diferente. No início realmente ela demonstrou total frieza, mas podia ver em seus olhos a angústia. E ao longo do tempo ela mostrou seu lado frágil, me confidenciou muitas coisas que me fizeram compreendê-la.

– E que coisas são essas? - questionou intrigada

– Acho que não sou eu o indicado para lhe contar isso, por isso peço mais uma vez que venha visitá-la. Sua irmã a espera. - disse e desligou em seguida

Paulina ficou desconcertada com a ligação, realmente não esperava que Paola quisesse conversar, e menos ainda esperava ouvir aquelas palavras do advogado.

– O que houve? - perguntou Carlos Daniel, ao perceber que Paulina havia ficado em silêncio após desligar o celular

– Era o advogado da Paola, disse que ela quer conversar conosco.

– Espero que não volte a ligar, pois não vamos conversar com ela. - retrucou sério

– Carlos Daniel, ele me disse que Paola mudou, que não é a mesma de antes... - disse pensativa

– E você acreditou?

– Não sei, ele pareceu tão sincero... - Paulina foi interrompida

– Não me diga que está pensando em vê-la? - perguntou incrédulo

– Hoje é domingo, dia de visitas. Acho que poderíamos ir até o presídio e comprovar se realmente essa mudança é verdadeira.

Carlos Daniel não concordou com a ideia, mas devido a insistência de Paulina, resolveu acompanhá-la. Tomaram café, avisaram Vovó Piedade e saíram.

==================== Presídio =======================

– Paulina, Carlos Daniel! - exclamou Paola assim que os viu a sua espera em uma das mesas da sala de visitas

Assim que Paola se aproximou, Paulina dedicou-se por uns segundos a observá-la. Realmente não parecia a mesma de antes, seu semblante vitorioso e seu ar de superioridade não estavam mais presentes, dando lugar a uma Paola abatida, visivelmente triste.

– Obrigada por terem vindo! - disse Paola, sentando-se em frente à eles

– Bem... seu advogado disse que queria conversar, e aqui estamos. - disse Paulina, meio sem jeito

Paola ficou em silêncio por alguns instantes, como se estivesse procurando as palavras certas para usar.

– Me perdoem! - disse diretamente

– Paola, não é fácil esquecer tudo o que você nos fez sofrer, você quase acabou com nossas vidas, nos ameaçou... enfim, tantas coisas. - lembrou-se Paulina, pesarosa

Paola abaixou a cabeça, e o som de um choro abafado pôde ser ouvido.

– Eu sei, mas estou verdadeiramente arrependida. - a voz de Paola soou como um sussurro em meio às lágrimas

– E o que te fez mudar tão radicalmente? - questionou Paulina, desconfiada

Carlos Daniel observava calado.

– Entre outras coisas, Marco. - levantou a cabeça, revelando seu rosto molhado- Ele foi paciente comigo, me ouviu, me aconselhou... foi muito mais do que um simples advogado. – esboçou um sorriso- Ele me fez entender que a vida vai muito além do mundo superficial em que eu vivia, pena que agora é tarde demais.

Ao ver a forma como a irmã falava, Paulina começara a crer em suas palavras. Aproveitando o momento, sentiu a necessidade de perguntar algo que inúmeras vezes havia rondado sua cabeça, sem nenhuma resposta concreta.

– Por que você me odiava tanto?


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Notas finais do capítulo

Comentem pessoal, assim serei motivada a postar mais rápido!
Beijos e "hasta pronto" ;)