– Você vai se chamar Carolina, sabe por quê? Você foi a única coisa boa que seu pai me proporcionou, em homenagem a isso quero que se chame assim, uma mescla de nossos nomes. - dizia ela, "conversando" com a filha, enquanto uma lágrima brotava em sua íris verde.
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Na casa Bracho, as coisas iam de mal a pior. Se por um lado, a fábrica tinha voltado a prosperar e as cerâmicas eram as mais vendidas do país, na mansão o clima era cada dia mais pesado.

Carlos Daniel havia perdido peso, dormia pouco e passava muito tempo na fábrica, ainda que não sentisse vontade nem ao menos de trabalhar. Seu quadro claramente era de um indício de depressão.

Vovó Piedade passava poucas horas do dia sóbria, momentos em que aproveitava para escrever àquela que gostaria que estivesse livre, alegrando a casa e a vida de Carlos Daniel. Em cumplicidade com a Adelina, Piedade escrevia as cartas e a governanta as enviava ao presídio.

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Paola, sabendo que a irmã estava presa e separada de Carlos Daniel, decidiu que seria o momento perfeito para fazer uma supresinha para o "marido". E assim, em um belo dia, o fez.

– Sentiu minha falta? - perguntou entrando na sala de Carlos Daniel

– Quem te deixou entrar? Por que não te anunciaram? - respondeu sério

– Ai queridinho, pra que esse drama todo? Uma esposa apaixonada não pode mais visitar o marido? - disse sentando-se, com o mesmo ar de superioridade de sempre

– Não me venha com esse papinho agora, o que quer?

– Está bem, se prefere assim... – disse sorrindo sarcástica - vim te dar o tão esperado divórcio, ainda tem os papéis aí?

– Claro que tenho. – disse enquanto abria uma gaveta e os procurava - Aqui estão, só falta sua assinatura.

– Pois bem, finalmente vai se livrar de mim, meu amor. – disse se levantando e acariciando o rosto de Carlos Daniel, que lançou-lhe imediamente um olhar de reprovação- Mas claro, não sem antes me pagar o que falta, lembra do nosso acordo?

Carlos Daniel rapidamente completou um cheque com o valor desejado por Paola.

– Como esqueceria? –disse alcançando-lhe o cheque- espero que não volte a me importunar.

– Vejo que os negócios vão muito bem... e o amor? - provocou Paola, fingindo não saber de nada

– Já te dei o que você queria, assine e vá embora. – respondeu seco

– Tá bom queridinho, por que essa pressa toda? -disse enquanto pegava uma caneta e em seguida assinou- Prontinho! Até algum dia, "meu amor". - disse e piscou para ele, saindo logo em seguida

Assim que Paola se retirou, Carlos Daniel ficou fitando o nada, perdido em seus devaneios.

– E pensar que agora sim poderíamos ser felizes juntos... –disse pensativo, lembrando-se da amada– O que estou dizendo? Isso não é mais possível! - recriminou-se

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* Finalmente venci, eu disse que não iriam poder comigo! Agora só preciso pensar em uma maneira de me livrar daquele imbecil, ele sabe demais e não vai aceitar que o deixe em troca de nada... * pensava Paola, enquanto dirigia seu belo carro vermelho pelas ruas da cidade.

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Mais 3 meses se passaram, e agora Paulina estava a ponto de dar a luz. Célia havia conseguido permissão para que o parto acontecesse em um bom hospital, com os custos pagos por ela.

Não foi um parto fácil, mas após duas longas horas finalmente ecoou por toda a sala o choro que era música para os ouvidos de Paulina.

– Parabéns mamãe! Sua menininha é muito linda! - disse o médico enquanto observava uma das enfermeiras limpar a criança

– Posso vê-la? - perguntou Paulina sorrindo. Apesar do visível cansaço, em seu olhar havia um brilho especial

– Claro! - respondeu o médico, alcançando-a para Paulina

A criança, que ainda chorava, rapidamente se acalmou ao estar junto da mãe. Paulina olhava encantada para a menina, e não pôde conter a emoção em tê-la nos seus braços pela primeira vez.

– Carolina, minha princesa! - disse com os olhos carregados de lágrimas

– Precisamos levá-la para o berçário! - comentou uma das enfermeiras, interrompendo o momento

– Mas já? - perguntou Paulina. Seu maior desejo era não soltar sua filha nunca.

– A senhorita e a neném precisam descansar! Mais tarde a traremos de volta para que possa amamentá-la.

– Está bem então. - rendeu-se Paulina

Paulina logo foi transferida para um quarto e dormiu durante algumas horas. Depois, conforme a enfermeira havia informado, levaram Carolina para ser amamentada por ela.

Apesar da felicidade do momento, Paulina não esquecia-se que na porta do quarto estavam dois guardas que a vigiavam, e que assim que tivesse alta, teria de voltar para o presídio.

======================Casa Bracho=====================

Eram 19:00, Carlos Daniel havia chegado da fábrica exausto pelo longo dia de trabalho e acabou cochilando.

" Um bosque. Flores. Um belo aroma exalava naquele lugar. Carlos Daniel caminhava sem um rumo certo, quando de repente começou a ouvir risos de crianças, várias. Não demorou muito a avistá-las, e seguiu naquela direção.

Logo pôde ver uma mulher ninando em seu colo um lindo bebê. Aproximou-se um pouco mais, tudo era muito confuso. Não conseguia ver o rosto da mulher e nem da criança, mas agora aquele bebê parecia ter uns 8 meses, era uma menina. Ao vê-lo, mesmo de longe, estendeu os bracinhos e pronunciou "papai".

Carlos Daniel tentava alcançá-la e pegá-la, mas suas tentativas foram frustradas. Parecia que a cada passo que dava, a distância aumentava. Em um piscar de olhos, tudo ficou escuro."

Carlos Daniel acordou em pulo, totalmente desorientado, perguntando-se o que aquele sonho queria dizer.