Por isso chorava, perdida em um redemoinho de ideias e pensamentos. Mas sobretudo, de dúvidas. As malditas duvidas que voltavam a aparecer, justamente no momento em que Paulina estava segura de sua felicidade.

Paulina foi retirada de seus devaneios ao ouvir a voz de Carlos Daniel, que acabara de entrar no quarto.

- Por favor, não leve em conta as palavras de Paola, sabe que ela quer nos prejudicar. - disse ele, sentando-se ao seu lado

Carlos Daniel só então percebeu que ela chorava.

- Não sei... - disse Paulina, de cabeça baixa e ainda com lágrimas nos olhos

- Vai me dizer que acreditou? -ele levantou o queixo da amada suavemente, fazendo seus olhares se encontrarem- Realmente acha que eu faria isso com você?

Ao olhar no fundo daqueles olhos castanhos, aquela incerteza desapareceu dos pensamentos de Paulina. Era como se ela pudesse enxergar a alma de Carlos Daniel através daquela íris castanha e sentia que em nenhum momento ele havia mentido.

- Há poucos dias eu estava te criticando por não confiar em mim, mas agora acabei tendo a mesma atitude que desaprovei em você. Me desculpa? - disse Paulina, envergonhada

Carlos Daniel respondeu com um beijo. Com aquele gesto palavras não eram necessárias, ela sabia que tudo estava bem.

...

- Meu amor, tem algo mais que te incomoda? - perguntou Carlos Daniel, que havia notado algo diferente nela

- Sim... - respondeu preocupada

- E o que é? Sabe que pode contar comigo pra tudo. - disse ele, transmitindo confiança

- É que pela primeira vez eu vi Paola sabendo da verdade... a vi como minha irmã. E não sabe o quanto me doeu a atitude dela, saber que continua a mesma que eu conheci em Cancun e agora determinada a nos fazer mal. - desabafou Paulina, com olhar triste

- Não fique assim, infelizmente as coisas são como são e não podemos fazer nada para mudá-las. - disse Carlos Daniel, abraçando-a

- E pensar que tudo poderia ter sido tão diferente se tivéssemos sido criadas juntas... - falou ela, abraçando fortemente o amado

...

Eles ficaram conversando por mais algum tempo e depois adormeceram ali naquelas poltronas. Haviam combinado que o melhor a se fazer seria que os dois conversassem com Paola para esclarecer a questão do divórcio. Paulina ainda tinha um fio de esperança que pudesse se acertar com a irmã e Carlos Daniel, um pouco contrariado, prometeu à amada que não faria nada que prejudicasse Paola.

O dia amanheceu e Paulina foi para a pousada descansar. Carlos Daniel levou Lizete para casa e depois foi para a fábrica. Nos últimos dias tinha descuidado do trabalho, justamente agora que a Cerâmica não prosperava como antigamente.

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Alguns dias se passaram e a rotina continuava a mesma. Paulina e Carlos Daniel passavam o dia na fábrica, ela estava empenhada em ajudá-lo com o que fosse necessário para que o negócio se reerguesse, e assim fazia. Apesar dos problemas, continuavam mais apaixonados do que nunca.

Carlos Daniel havia optado por colocar as crianças em um colégio interno enquanto as coisas se ajeitavam. E Paola, mesmo ignorada constantemente por todos, continuava na casa Bracho, sob a desculpa da gravidez.

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- Meu amor, não acha que está na hora de falarmos com a Paola?  Eu sei que me pediu para esperarmos o melhor momento, mas não quero mais que ela fique lá em casa. - disse Carlos Daniel, enquanto terminava de revisar alguns papéis na fábrica

- Tem razão Carlos Daniel, mas temos que ser cautelosos, não sabemos como ela vai reagir! - exclamou Paulina

- Não importa o que ela diga, não vai nos afetar. - afirmou ele, colocando as mãos na cintura de Paulina e aproximando seus corpos

- Por favor, espero que você cumpra sua promessa, não quero que perca a cabeça com ela. - impôs, séria

- Está bem, não se preocupe! - disse, a beijando em seguida.
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Paola havia passado todos esses dias atenta a todos passos não só de Carlos Daniel, como de toda a família Bracho. Sabia que ele continuava com Paulina e que em breve falariam de divórcio, mas fingia-se de desinformada. Claro, não perdia uma só chance de provocar a todos, era seu passatempo preferido.

Ela tinha recebido uma ligação de Carlos Daniel e agora o aguardava no escritório da Casa Bracho. Evidentemente sabia qual seria o assunto, assim como as armas que iria usar para persuadi-lo. Porém, algo um tanto quanto inesperado a faria fracassar em suas tentativas.

Paola estava pensativa sentada em um sofá, quando viu Carlos Daniel entrando acompanhado de Paulina.

Carlos Daniel puxou duas cadeiras, uma para ele e outra para a amada e assim os dois sentaram-se em frente à Paola.

- Quanta formalidade, fala logo queridinho! - pediu Paola, com o mesmo tom de sempre

- Bem...vou ser direto. Você sabe que nunca fomos um casal dos mais "amorosos" e nenhum de nós dois se esforçou para que chegássemos a ser assim. Sempre fomos muito independentes um do outro, você com suas viagens e eu com a fábrica, enfim.... já consultei um advogado e os papéis do divórcio em breve estarão prontos. Estou apaixonado por Paulina e ela por mim, queremos nos casar em breve e imagino que você não tenha nenhum impedimento. - explicou Carlos Daniel da maneira mais cordial possível

Paola soltou uma gargalhada e Paulina e Carlos Daniel se olharam surpresos.

- O que foi? Acharam que eu ia chorar, protestar? Se quiser deixar seu filho desamparado, a opção é sua Carlos Daniel, mas saiba que não permitirei que você possa vê-lo. - disse Paola, apelando para o lado emocional

- Filho? Você não se cansa mesmo, não é? Bela jogada, mas seu plano falhou. - disse Carlos Daniel

- Do que está falando? É evidente que estou grávida. - respondeu Paola, acariciando a "barriga"

- Deixa de ser descarada, Paola! Eu ouvi sua conversa com Osvaldo, sei exatamente o que tramavam. Desiste, sua máscara caiu! - disse ele, com o tom de voz um pouco alterado

Paola nesse momento perdeu totalmente a cor, seu olhar e sorriso seguros de si desapareceram... "Como posso ter falhado? O plano era perfeito!" se perguntava ela

Talvez perfeito demais para que pudesse dar certo...