- Como o amor é lindo... parabéns ao casal! - disse alguém que os observava, em tom de deboche

- O que faz aqui? - disse Carlos Daniel

- Vim ver como está Lizete, pobrezinha... - respondeu cinicamente

- Paola, vá embora. Lizete não precisa da sua presença aqui, ela está muito bem cuidada. - argumentou Carlos Daniel, tentando manter a calma

- Ah claro... percebo. Paulina além de rouba maridos, virou babá? Que decadência... - debochou Paola

- Não te devo explicações, mas só para seu conhecimento: Paulina não precisa ser babá de ninguém, ela simplesmente está me ajudando porque me ama. -ele segurou firme na mão da amada-Paulina é única, tem um caráter e um jeito muito diferente do seu, então não permito que a envolva em suas intrigas. Pra quê essa farsa de mulher traída? Você nunca me amou, não me venha agora com essas ceninhas. - disse Carlos Daniel, ríspido

- Carlos Daniel, por favor... não é momento e nem lugar para conversarmos sobre isso. - afirmou Paulina, que até então havia permanecido calada

- Resolveu abrir a boca, foi? Tenho que confessar que estou admirada com sua atitude, quem diria que a mosquinha morta, vendedora de lanches, virasse amante do MEU marido? E não adianta defendê-lo, Carlos Daniel só está com você por sua aparência lhe recordar a minha. Como uma forma de matar as saudades enquanto eu estava longe, entende? - provocou Paola com um belo sorriso de soberania nos lábios

Paulina ficou em silêncio, enquanto Carlos Daniel olhava Paola com muita raiva. Queria expulsá-la dali o mais rápido possível, mas não podia fazer escândalo em um hospital.

Paola seguiu:

- Só está te usando, queridinha... mas assim que ele tiver o que mais deseja de você, vai correr novamente para os meus braços. Sabe a que me refiro, não é? -ela pôde perceber uma expressão de espanto na face de Paulina- Ou será que já teve?

- CHEGA PAOLA! - gritou Carlos Daniel

Paulina nada respondeu. Levantou-se da mesa e foi correndo para o quarto onde Lizete estava. Sentou-se em uma das poltronas e chorou baixinho toda sua angústia.

Desde que Carlos Daniel havia lhe contado sobre a farsa da gravidez e a armação com Osvaldo, Paulina sabia que Paola não os deixaria em paz, mas estava segura de que poderia enfrentá-la e lhe dizer tudo o que pensava sem medo, assim como uma vez havia feito. Estava disposta a fazer o necessário para preservar sua felicidade.

No entanto, ao vê-la pela primeira vez sabendo do parentesco que as une, algo a impediu de falar ou fazer qualquer coisa contra Paola. Ela não entendia bem o porquê disso, seria porque agora tinha a certeza que ambas compartilham o mesmo sangue?

De certa forma, vê-la ali, com o mesmo ar de superioridade e ironia de sempre, foi como um choque de realidade, fazendo com que Paulina se sentisse mal. Mal por ver que sua irmã, sua única família, alguém da qual tinha esperança de que um dia pudessem ter uma boa relação, fosse uma pessoa assim. Ao mesmo tempo, inevitavelmente a frase "Mas assim que ele tiver o que mais deseja de você, vai correr novamente para os meus braços... Ou será que já teve?" ecoava na mente dela, juntamente com dúvidas sobre o amor de Carlos Daniel.

Por isso chorava, perdida em um redemoinho de ideias e pensamentos. Mas sobretudo, de dúvidas. As malditas dúvidas que voltavam a aparecer, justamente no momento em que Paulina estava tão segura de sua felicidade.