Ao entrar em casa vou direto para o meu quarto, sem reparar nas pessoas que estavam na sala ou nas pessoas que estavam nos quartos em que eu passei até chegar onde queria. Mas mesmo não reparando eu consegui sentir o forte cheiro de perfume da minha madrasta, Britney, resumindo a aparência dela: parece uma verdadeira puta.

Entro no meu quarto e tranco a porta. Me sento na cama e pego da minha mochila aquela caixa de presentes. A abro e vejo que dentro tinha uma seringa pontuda com um liquido verde, eu não tenho muita certeza do que é aquele liquido mas tenho certeza que não é só uma das drogas que ela costumava usar.

Eu fiquei uns bons minutos olhando aquele liquido até que alguem bate na porta.

- Char, vem jantar.- Me chama Bryce, aquele garoto só pensa em comida.

- Já vou e como eu disse antes meu nome é Charlotte.

Escuto ele rolando, digo, caminhando até longe do meu quarto, coloco aurla seringa no meu criado mudo e vou para a sala de jantar. Na mesa estavam meu pai, Britney e Bryce. Uma familia perfeita, só que não.

Me sento na mesa e no mesmo minuto começa uma conversa bem chata.

- Filha, eu soube de sua "amiga" Victoria, sinto muito. Eu sempre disse para não andar com essas pessoas.

- Querido isso foi bom, a morte dessa garota fez nossa amada Char perceber como vai ser o futuro dela se continuar assim.- Disse minha madrasta "querida".

- Tem razão Britney, eu amo quando você se preocupa com Charlotte.- Disse meu pai e eles dão um beijo.

- Eu realmente não sei qual de vocês é o pior, um pai que não está nem ai para mim, nunca foi presente na minha vida e praticamente fez com que eu fosse criada por empregadas diferentes ou uma madrastra que só se casou com meu pai por dinheiro, é falsa, não cuida do filho e ainda acha que pode falar alguma coisa a meu respeito. Vocês realmente se merecem.- Digo com raiva e levanto-me da mesa. Vou até a porta e quando saio de casa a fecho com toda força possivel.

- Charlotte, que bom te encontrar. Compramos drogas novas, mais forte, para homenagear Victoria. Quer participar?- Me pergunta um garoto negro, alto, magro, com olhos pretos como a noite. Paul. Ele era um dos meus "amigos".

- Se é por uma boa causa, eu aceito.- Ele dá um pequeno sorriso, entramos no seu carro e vamos em direção a uma praça. Ficamos naquela praça por horas e mais horas que se passaram como segundos. 

Eu, Paul e todos os outros já não estavamos mais raciocinando direito, tudo a minha volta parecia estar girando. Eu tinha uma vontade incontrolavel de chorar, rir e ao mesmo tempo não tinha vontade de nada.

- Paul, eu tenho que ir embora já esta tarde.- Falei cutucando o garoto que estava sorrindo como um idiotamolhando as estrelas do céu.

- Não, ainda está cedo.

- Paul, eu estou falando sério. Vamos.- Digo mais uma vez. Ele olha para mim por um tempo e logo depois se levanta com uma certa dificuldade. Me levanto também meio cabanleante e vamos em direção ao carro dele.

Estávamos ao caminho de minha casa e tudo ia ficar bem, era o que eu pensava. Mas cada vez que andavamos um centimetro com o carro, Paul aumentava a velocidade. Eu estava sentindo uma coisa diferente dentro de mim, uma coisa ruim.

- Paul, está indo muito rápido.- Aviso, ele se vira para mim ainda com o sorriso e tira as duas mãos do volante. Eu tenho certeza que se eu não tivesse usado drogas minha mente não teria ficado tão lerda. E eu com certeza iria gritar com ele por ter tirado as mãos do volante de um carro que estava a mais de 180 km por hora as duas da manhã. Infelizmente eu tinha me drogado e o máximo que meu cérebro fez foi me ajudar a dar um sorriso.

A próxima coisa que aconteceu não foi tão divertida, uma luz forte e branca veio em nossa direção com muita velocidade. Eu ainda tinha o sorriso estampado em meu rosto, e ele continuou lá quando o outro carro bateu no que eu estava, ele continuou quando uma dor enorme atingiu minha cabeça e minha barriga, e ele continuou quando eu vi uma escuridão invadir tudo ao meu redor.