Pov. Ally

Saí daquele abraço acolhedor e a olhei.

– O que está fazendo aqui ? - perguntei ainda sorrindo.

– Eu vim ver como você estava. Não tive tempo antes ... Você sabe como é as coisas lá em casa,não é ? - assenti com a cabeça - Mas tenho que voltar antes do Natal,é claro.

Pisquei os olhos. Já estávamos mesmo perto do Natal ? Os últimos dias aconteceram rápido demais pra mim,que acabei perdendo totalmente a noção do tempo. Logo a escola entrará em recesso para as festas de finais de ano. Mamãe se sentou no sofá com minha tia ao lado,elas começaram a conversar animadamente,e percebi o quanto Penny estava sendo gentil com ela,o que incrivelmente parecia difícil para ela alguns meses atrás.

Tia Mary parecia simplesmente não ter notado isso e correspondia a tudo com sua maravilhosa simpatia e senso de humor. Me sentei em uma poltrona ao lado do sofá enquanto as observava conversarem. O assunto chegou a mim várias vezes,é claro. E minha mãe ficou extremamente feliz em contar sobre Austin.

Corei enquanto ela falava e tia Mary passou uma das mãos no meu rosto,para me reconfortar. Depois de alguns minutos,Jason chegou em casa e fiquei feliz por dessa vez,minha mãe fazer ele passar vergonha,e não a mim. Jullie estava ao seu lado,já que agora,eles estão namorando,o que só o fez ficar com mais vergonha. Ri da expressão em seu rosto.

– Ah,Ally,todo mundo lá de casa te mandou um beijo e disseram que estão morrendo de saudades - Minha tia disse sorrindo para mim - Realmente sentimos sua falta.

– Eu também sinto falta de lá - disse - Mas acho que estou no lugar certo agora.

Penny exibiu um lindo sorriso para mim. Acho que ela ainda pensava que eu iria querer voltar para Nova York. Mas eu realmente encontrei meu lugar aqui,e acredito que demorei um tempinho pra perceber isso,mas é como me sinto.

Pov. Austin

Deslizei o lápis na folha. Usando apenas a ponta dele,para poder contornar um traço do desenho que estava fazendo. Estava na aula de biologia,e com certeza nada que o professor falasse iria fazer algum sentindo na minha cabeça. Porque eu não estava nem um pouquinho concentrado no que ele estava falando.

Estava pensando em outras coisas,mas precisamente,na minha garota. Pensar nisso me fez sorrir.

Minha garota.

Acho que nunca tinha pensado sobre o amor antes,ou sobre o que ele significa. Mas isso é normal,certo ? Muitas pessoas tem medo dessa palavra. Algumas porque não sabem o que significam e outras porque sabem exatamente o que é,mas apenas tem medo de sentir.

E agora,no meio dessa aula totalmente chata e que já estava me dando tédio, me pergunto o que Ally pensa sobre isso. E o que ela pensa sobre nós. Talvez seja algo novo,assim como parece a mim. Ou talvez ela esteja muito mais confiante do que eu. Eu ainda não a vi hoje,cheguei atrasado na escola,e sei que não vou conseguir prestar atenção em nenhuma outra aula até vê-lá.

O professor mandou abrirmos na página 208 do livro,e depois de uns 5 minutos,um colega me cutucou e finalmente o fiz.

"A classificação científica em zoologia é o método pelo qual os zoologistas agrupam e categorizam organismos pelo seu tipo biológico, como gêneros e espécies. A classificação biológica é uma forma de taxonomia científica. As classificações biológicas modernas tem raízes no trabalho de Carolus Linnaeus, que agrupou as espécies de acordo com características físicas em comum. Esses agrupamentos tem sido revisados desde então para melhorar a consistência com os princípios de Darwin sobre descendente comum. Filogeneticistas moleculares, que usam sequência de DNA como dados, tem levado a muitas revisões recentes e provavelmente continuarão a fazê-lo. A classificação biológica pertence a ciência da sistemática zoológica."

Li aquele treco umas duas ou três vezes. Pelo o que entendi,parecia ser revisão. Engraçado como eu não me lembrava de ter visto nada que estava escrito ali. Passou mais alguns períodos infernais,quais eu também não prestei atenção.

Suspirei aliviado quando o sinal tocou indicando o intervalo. Saí da sala de aula e fui direto para o refeitório.

E lá estava ela,sentada em uma mesa com Trish. Seus olhos pararam em mim,e ela abriu um lindo sorriso,como um anjo. Fui até ela e a abracei.

– Senti sua falta - sussurrei enquanto a abraçava.

– Eu também - ela disse com a voz melodiosa ainda em meu pescoço - Tudo bem com você ?

Nos separamos do abraço.

– Claro. Só senti muito sua falta - ela sorriu.

– Tudo bem,pelo jeito,vou ficar sobrando aqui - Trish resmungou. Ally e eu rimos.

Pov. Ally

– Austin ... Seus desenhos são lindos - disse enquanto passava pelas minhas mãos cada desenho que ele já havia feito.

Estávamos sentados no chão da minha casa. Mamãe e tia Mary deveriam estar na cozinha preparando o café da tarde. Me perguntei como Austin se sentiu,conhecendo minha mãe. Mas diferente do que eu esperava,ela foi incrivelmente gentil,e não me fez passar vergonha.

– Obrigado - ele sorriu.

Austin se aproximou de mim,e gentilmente,colocou as mãos no meu rosto. Antes que eu pudesse piscar,seus lábios já estavam nos meus. Fechei os olhos por completo enquanto me perdia completamente naquele momento.

Era meio estranho pra mim chamá-lo de "namorado", mas em momento algum me questionei sobre isso. Ainda assim era bom,ótimo,na verdade. Afinal,ele era meu. Passei as mãos pelos seus cabelos bagunçados,e que pra mim,ficavam perfeitos assim,enquanto ele ainda mantinha as mãos no meu rosto.

Alguém pigarreou atrás de nós. Nos separamos rapidamente já nos colocando de pé. Mamãe estava de pé,bem a nossa frente,com os braços cruzados e um sorriso meio ... Malicioso ? Podia sentir minha pele corar violentamente enquanto ela nos observava. Olhei de canto para Austin,e ele parecia igual.

– Desculpa atrapalhar - ela disse ainda com aquele sorrisinho que parecia um tanto zombeteiro - Mas o café está pronto.

( ... )

– Não sabia que ajudava esse centro comunitário - minha tia comentou assim que Penny falava sobre as crianças que ficavam lá.

– Na verdade,nem eu sabia - disse olhando confusa para minha mãe.

– Bom,Jullie costumava a ir lá,o pai dela achava que fazia bem para ela. E um dia desses,eles me levaram lá. Acho que me esquecia de comentar com Jason e você,filha.

Ela disse enquanto tomava mais um pouco de seu café. Austin estava bem ao meu lado,e parecia completamente confortável ali.

– Acho que você gostaria de ir num lugar assim,Ally - Tia Mary disse

– Sua mãe me disse que as crianças estavam esperando por uma apresentação de Natal,e pelo que me lembro,você adora cantar. E também fiquei sabendo do seu violão ...

– É,até que é uma boa ideia não é filha ? - Penny me olhava sorrindo,esperançosa

– Não sei. Acho que não conseguiria cantar para tanta gente ...

– Não são tantos. E tenho certeza que você consegue. Nesse momento,uma ideia passou pela minha cabeça. Olhei para Austin e tive a sensação de que ele sabia exatamente o que eu ia perguntar.