Fight For This Love escrita por Succubus


Capítulo 5
Capítulo 4 - Foi pra isso que você veio aqui.


Notas iniciais do capítulo

Olá, aqui vai mais um capítulo prontinho pra vocês, e dos grandes. Vários diálogos, assim que é bom, boa leitura. ♥

Trilha Sonora:
Parte I: https://www.youtube.com/watch?v=SoYLSOcgTeg
Parte II: https://www.youtube.com/watch?v=lZw2CB_Ir_w

Succubus



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Parte I:

Apressei o passo cada vez mais, na tentativa de cansar o recepcionista enquanto continuava a procurar Patch pela multidão no momento em que fui passando entre as fileiras da arquibancada. Foi quando de repente algo na pista me chamou a atenção, inclinei a cabeça para o lado e observei a pista, então, vislumbrei uma apresentação de um motoqueiro realizando manobras e enfrentando obstáculos perigosos.

Olhando-o atentamente me parecia muito familiar. Não consegui explicar o porquê, afinal, com certeza todos quem eu conheço ou tenho algum contanto, nunca viriam a um lugar como este, muito menos participariam de uma competição como esta, e em hipótese alguma, saberiam realizar aquelas manobras, se conhecessem este lugar por nome, realmente já seria uma grande coisa. Eu mesmo, nunca em minha vida imaginei por os pés em um lugar como este, não podia imaginar nenhuma das pessoas que conheço fazendo a mesma coisa, muito menos por uma droga de trabalho de biologia. E neste momento, eu percebia o quanto estavam certos e o quanto eu me arrependia por não ter preferido ficar sem nota em biologia mas no colégio, em minha cama, segura e confortável, conversando com as garotas, lendo um livro, mexendo no notebook ou até mesmo já estaria dormindo, mas com certeza, não estaria sendo perseguida por um bilheteiro metaleiro que apesar de seu peso, conseguia correr tanto quanto ou mais que eu.

Afastei meus pensamentos e quando voltei a olhar para a pista a apresentação parecia já ter acabado. Continuei a observar atentamente o competidor ainda curiosa sobre porque não me parecia estranho, ele estava de costas para mim, no meio da pista e se vangloriava pela apresentação em direção ao público de todas as arquibancadas. Usava um equipamento praticamente todo preto, apenas com alguns detalhes em branco, exibia um corpo que, apesar dos trajes, parecia ser bem definido, com ombros largos com braços fortes e com certeza, muitos músculos. Também percebi que já havia retirado o capacete e o segurava com a mão direita embaixo do braço. Seu cabelo era um loiro liso e brilhoso, que continuava a me parecer conhecido, eu já o havia visto em algum lugar com toda a certeza. Mas quem seria ele?

Foi então que finalmente o motoqueiro voltou-se na minha direção e foi neste instante que meu queixo caiu, fiquei surpresa ao perceber de quem se tratava. Patch Strike, meu mais novo colega de biologia e araqui-inimigo. Fitei-o surpresa, não imaginava vê-lo apresentando-se naquela pista, isso era loucura! Aquilo era o caminho para uma morte certa e dolorosa, será que ele não percebia isso?! Se bem que, vindo dele, eu não deveria me surpreender. Ele era mesmo louco, só em pensar que essa era a ideia de competição dele, já dava para notar que ele era realmente doido, o que era uma ideia de morte para as pessoas normais, para ele era uma ideia de diversão? Eu estava certa: deveria ter ficado no colégio. Fiz uma anotação mental no mesmo instante, nunca mais iria escutar Agatha e Renata em minha vida.

Percebi tarde demais que havia parado de correr e ficado paralisada observando Patch exibir sua vitória na pista e esquecido-me do recepcionista metaleiro que estava me perseguindo. Antes que eu pudesse perceber, o grandalhão estava atrás de mim segurando meu braço esquerdo e tentando puxar-me em direção a entrada da A.M.A com brutalidade e com uma expressão raivosa pairando em seu rosto. Estremeci. Fiquei tão assustada e atônita que não conseguia raciocinar para descobrir o que poderia fazer, tentava apenas livrar meu braço e impedi-lo de tirar-me dali. Esta era a minha única chance, se ele me levasse, eu não teria mais escolhas e eu já havia passado por muitas coisas para desistir logo agora. Eu não faria isso!

E assim, ocorreu-me um pensamento que nos primeiros instantes, eu odiei e tentei repugná-lo imediatamente, negando-me a sequer cogitar a hipótese de aquela ser a minha única opção, mas conclui depressa que não havia outras opções agora e que não tinha tempo para pensar em outra solução. Por mais que odiasse a ideia, obriguei-me a engolir meu orgulho em seco e fazer o que era necessário.

Inclinei o corpo na direção da pista e respirei fundo rapidamente enquanto enchi os pulmões de ar e gritei o mais alto que pude:

— PATCH!

Torci para que de alguma maneira, ele pudesse escutar e vir até mim, mas sabia que aquela era uma chance praticamente impossível, as probabilidades de ele me ouvir em meio a uma multidão inteira enlouquecida gritando seu nome e reverenciando-o pela sua vitória, ele com certeza não poderia me ouvir, eu certamente estava perdida.

— PATCH! — chamei novamente com todas as forças que tinha. Berrei, enquanto sentia meu desespero aumentar cada vez mais.

Quando perdi as esperanças e preparei-me para voltar minha atenção ao metaleiro grandalhão novamente e tentar arranjar um outro meio de livrar-me dele e sair com vida, notei que Patch voltou aqueles brilhantes e vivos olhos azuis em minha direção e fitou-me parecendo que havia me percebido ali, chamando por ele. Então ele veio depressa pela pista ao meu encontro. Na mesma hora o recepcionista, parecendo já ter perdido a paciência, apertou meu braço com ainda mais força e começou a arrastar-me grosseiramente de volta para a entrada.

— Ai! — reclamei fazendo uma careta enquanto tentava desvencilhar-me do brutamontes. — Me solta! — ordenei lutando para escapar dele.

— Cala essa boca garota, você já me deixou bastante irritado, é melhor pra você ficar quietinha! — retrucou ele entredentes e continuou a levar-me.

De repente, ele parou e virou-se para trás. Virei-me junto com ele e me deparei com Patch parado em nossa frente encarando-me com aquele sorriso sarcástico que já estava começando a me irritar, mas não conseguia evitar de me sentir atraída por ele. Baixei o olhar fechando a cara, mas percebi seu sorriso aumentar. Aquele sorriso de cafajeste outra vez, que ótimo!

— Sem problemas Gus, ela está comigo! — disse Patch voltando sua atenção para o recepcionista.

O grandalhão hesitou um momento, mas finalmente aquilo pareceu lhe ser o suficiente. Ele soltou meu braço e senti um enorme alívio no mesmo instante, esfreguei o braço com a mão direita tentando afastar um pouco a dor. Aquele filho da mãe havia apertando tanto meu braço que o deixou roxo. Que beleza, como eu iria explicar isso no colégio agora?

Fiz uma careta e fiquei olhando para Gus enquanto ele se distanciava. Finalmente escutei Patch soltar uma risada enquanto me fitava.

— Você é, com certeza, a última pessoa que eu esperava encontrar por aqui. — desdenhou ele ainda com aquele sorriso.

— Não estou aqui a passeio Patch, e sim por que o meu colega de biologia é um babaca. — retruquei esfregando meu braço e lançando um olhar furioso sobre Patch.

Patch começou a soltar uma risada sem humor enquanto começava a andar ao redor de mim lentamente observando-me e por fim parando atrás de meu ombro esquerdo e aproximou o rosto de meu ouvido.

— Um babaca que acaba de salvar sua vida, mas eu penso em como você pode me recompensar depois. — sussurrou ele, pude sentir que ele sorria daquele jeito cafajeste que só ele conseguia fazer.

Senti seu hálito quente em minha orelha, o cheiro de hortelã vinha direto ao meu nariz, fazendo-me fechar os olhos e respirá-lo propositalmente. Em um impulso, acabei mordendo o canto do lábio inferior não intencionalmente, e me arrepiei ao sentir novamente seu hálito percorrer da minha orelha até meu pescoço. O quê?, pensei, voltando a mim. Como eu ousei ter essas sensações? E como eu pude desejar provar daquele hálito de hortelã? Como atrevi-me a esquecer quem ele realmente é: um babaca? Sinceramente, deveria punir-me por isso, mas agora, tinha assuntos mais importantes a tratar.

— Isso tudo é culpa sua! — afirmei afastando-me depressa. Cruzei os braços e virei-me para ele adotando a expressão mais séria que consegui fazer para encará-lo.

Presenciei mais uma vez seu sorriso vadio aumentar.

— Minha? Que honra, então foi por minha causa que você fugiu do colégio no meio da noite? — disse ele sentindo-se vitorioso. — Não era pra você estar lá agora?! — continuou enquanto erguia o braço direito, remangando a blusa preta de corrida e observando um relógio preto em seu pulso.

O quê? Quem ele pensava que era pra falar assim comigo? Como se ele fosse melhor do que eu de alguma maneira, o que não era. E nós dois sabíamos que eu não estava ali por causa dele. E não eu não estava. Mas o que percebi também, foi que, pelo visto ele sabia que era proibido sair do colégio em dias letivos e provavelmente, devia saber também que se o diretor descobrisse onde eu estava agora, eu estaria em apuros. O que me levou a pensar no por quê ele também não estava lá agora, mas agia como se essa regra não se aplicasse a ele. Seria isto? Ele teria apresentado algum bom motivo ao diretor para que ele o dispensasse do internato? Ou ele apenas fazia o que parecia ser de costume para ele: ignorar e quebrar as regras? Eu não sabia, mas iria descobrir e seria hoje. Aliás, essa era uma boa oportunidade para tirar o foco da conversa de mim e passar para ele, afinal, foi por isso que eu fiz tanta merda hoje não foi?

— E não era pra você estar lá também, Patch? — rebati com um sorriso sarcástico.

— Diga meu nome de novo, sua boca fica provocante quando você diz ele. — rebateu ele com um sorriso malicioso.

Involuntariamente corei e desejei me matar. Como ele conseguia fazer isso? Me fazer sentir e fazer coisas contra a minha vontade e claro, mudar o foco da conversa deixando-a conveniente para ele sempre que desejava. Também não pude deixar de sentir uma enorme vontade de sorrir, mas controlei-me para manter a expressão firme.

— Será que podemos fazer essa porra de trabalho agora?! — perguntei sacudindo a cabeça para afastar aqueles pensamentos.

— Claro. Afinal foi pra isso que você veio aqui, né? — essa última frase soou como um deboche, mas preferi ignorar por enquanto, antes que eu acabasse ficando como um tomate sem querer, novamente.

— É, isso aí. Agora vamos logo, porque eu não aguento mais este lugar!

Patch então olhou para a esquerda e depois voltou a olhar para mim novamente.

— Vem comigo. — disse ele oferecendo sua mão esquerda para mim gentilmente.

Surpreendi-me com seu gesto. Patch e gentileza não poderiam estar juntos na mesma frase. O que ele estava pensando? Que só porque ele estava sendo gentil comigo pela primeira vez em sua vida eu iria esquecer todas as suas arrogâncias e sarcasmos e segurar sua mão? Pois se era isso, ele estava muito enganado.

Fitei sua mão seriamente por um tempo, depois direcionei meu olhar para seu lindo rosto e encararei seus lindos olhos azuis como um mar, que eu novamente, estava com uma vontade de me afogar neles. Então, depois de encará-lo por alguns instantes eu ergui uma sobrancelha e mostrei um sorriso sarcástico, em seguida, caminhei em frente ignorando-o e passando por ele tomando o cuidado de olhar apenas para a frente.

Passei por Patch caminhando normalmente e após tomar um pouco de distância dele, eu parei de braços cruzados e virei para encara-lo.

— Você vem ou não?

Patch estava com um de seus sorrisos vadios estampado em seu rosto enquanto olhava para frente. Então, observou-me de cima a baixo e ergueu uma sobrancelha.

— E eu perderia o prazer de sua companhia? — ironizou ele passando por mim fitando-me.

Ele passou em minha frente e continuou andando pelo meio da multidão. Fiz uma careta, engoli o orgulho mas quase engasguei para fazê-lo, então segui Patch pela arquibancada.

Após caminharmos por um certo tempo, que eu considerei longo já que a gritaria da multidão já começava a me dar dor de cabeça, a voz brutal de um cara no microfone também já estava me tirando do sério, o barulho constante de pneus derrapando na pista e de motor também não era nada agradável e principalmente, Patch parando a cada cinco segundos para cumprimentar pessoas na arquibancada. Enfim, chegamos em frente a uma porta que deveria ser de madeira branca mas agora, era toda suja, para não dizer podre, de graxa e com vários arranhões e também estava descascando. Patch a abriu e adentramos em um local diferente, era um lugar fechado, com uma pista de onde haviam várias pessoas dançando e praticamente se esbarrando o tempo todo no que parecia ser uma roda punk, muitas caixas de som espalhadas para todos os lados, ao lado da pista de dança havia uma escada preta em espiral que levava á uma cabine de DJ, á esquerda de onde estávamos, havia um bar com barmans fazendo acrobacias com garrafas de vidro com bebidas exóticas.

Caminhamos para o bar e Patch então, pediu Red Hot, um energético com certeza bem forte, ao barman que parou para nos atender.

— E ela vai querer uma Diet Coke. — disse ele, debruçando-se no balcão.

— Acho que posso pedir o que eu mesma vou tomar, não é? — retruquei olhando-o fixamente.

Como ele poderia saber que minha bebida preferida é Diet Coke? Eu nunca contei isso a ele, assim como não contei sobre o meu estilo musical preferido. Como ele poderia saber tanto sobre mim? Ele realmente estava começando a me assustar.

— Por que se eu posso fazer isso por você? Qual é o problema, Ashley? Enjoou de Diet Coke? — perguntou ele inclinando-se em minha direção e observando-me, ainda apoiado no balcão.

— Porque eu não pedi pra você fazer isso.

— Assim como não pediu permissão ao diretor pra fugir do colégio e se encontrar com o babaca do seu colega de biologia? — rebateu ele abrindo um sorriso largo.

— Vai pro inferno! — disparei perdendo o pouco de paciência que ainda me restava.

— Tá aqui! — de repente o barman apareceu com as bebidas em cima do balcão. Seus olhos desviavam entre mim e Patch.

Patch virou-se para ele, pegou as bebidas e soltou o dinheiro sobre o balcão. Então dirigiu-se para uma outra parte um pouco mais isolada do bar. O que parecia ser uma sala de jogos. Haviam mesas de sinuca, de poker, máquinas de jogos, entre outras coisas.

Ele escolheu uma mesa de sinuca que ficava mais distante das outras, soltou seu energético e minha Diet Coke em cima do corrimão da mesa de sinuca, então se distanciou um pouco dela. Aproximei-me da mesa, encostei-me nela, peguei meu refrigerante e comecei a beber virando-me e passando os olhos pelo local.

— Podemos começar com as perguntas? Gostaria de concluir isso logo.

— E eu posso negar alguma coisa á você? Ainda mais depois de ter feito tantas coisas fora dos seus padrões só pra encontrar comigo. — provocou ele com um sorriso canalha nos lábios e um brilho devorador no olhar. Então levou as mãos ao traje de corrida e começou a abrir o zíper, baixando o olhar para o mesmo.

Parte II:

Eu iria responder alguma coisa, quando de repente a parte racional do meu cérebro apagou-se e apenas sucumbi a vontade de observar cada detalhe de seus movimentos, e eu não sei se ele estava fazendo de propósito, mas estavam me tirando do sério. Me peguei imaginando-o sem uniforme, sem roupa, absolutamente sem nada. Imaginei se esse seria um dos milhares pensamentos pervertidos que Patch tinha. Eu estava realmente sendo influenciada por ele? E era isso que ele queria? Se sim, estava dando certo.

Neste momento, Patch abriu completamente o zíper de seu colete e o tirou, deixando-o sobre o canto do corrimão da mesa, em seguida, tirou a blusa e a deixou sobre o colete, revelando uma outra blusa preta simples de mangas curtas. Não resisti ao impulso de morder o canto do lado inferior e soltar, não intencionalmente, um sorriso malicioso. Não intencionalmente, mais uma vez, comecei a me imaginar com as mãos segurando sua blusa e levantando-a lentamente enquanto olhava em seus olhos profundamente, passando as palmas de minhas mãos em seu peito definido e sua pele lisa e quente enquanto termino de tirar sua blusa. Depois, começo a examinar cada detalhe de seu peito e em seguida, deslizo as mãos por ele apertando-o devagar indo descansa-las nas presilhas de sua calça jeans. O puxo para mais perto, e mostro um sorriso malicioso enquanto mordo o canto de meu lábio inferior, Patch abre um de seus sorrisos deliciosamente cafajeste e um olhar em chamas. Então, começo a beijar seu pescoço devagar respirando seu cheiro delicioso de terra molhada e hortelã enquanto pressiono meus lábios por cada centímetro de seu pescoço. Em seguida, deslizo meus lábios pela sua clavícula descendo-os até seu peito, então, começo a beijar cada detalhe de seu peito desejando senti-lo contra o meu. Levo minhas mãos ao botão de seu jeans e o abro, deslizo meus dedos para o zíper e começo a abri-lo, pressionando com mais vontade meus lábios contra seu peito morrendo de desejo.

Fui tirada de meus pensamentos de repente, quando escutei Patch dizer-me algo.

— Hm? — perguntei meio tonta. Sacudi a cabeça para livrar-me de vez de qualquer pensamento daquela natureza novamente.

— Você não queria acabar logo com isso? Faça as perguntas. — disse ele observando-me com um sorriso sarcástico enquanto segurava o taco.

Precisei tomar um gole de minha Diet Coke, minha garganta estava completamente seca. Eu havia mesmo me imaginado tirando a roupa de Patch? Pior: havia me imaginado tirando a roupa, beijando seu peito e desejando-o sem nada. Eu estava completamente fora de mim, sinceramente, eu com certeza não estava bem. Como pude pensar em mim e Patch... Não. Eu decididamente não estava bem. Essa não sou eu, não sou assim. Patch é quem é desse jeito, e só agora pude perceber o quanto ele tinha influência sobre mim e o quanto eu ficava completamente fora de mim quando estava com ele. Eu precisava me afastar dele, precisava fazer isso logo. Tinha que fazer de uma vez aquelas malditas perguntas e dar o fora daqui, precisava ficar o mais longe de Patch possível. E rápido.

Estava me sentindo tão quente, tão confusa, tão apavorada, tão... Excitada? Não! Isso não poderia ser verdade. Não havia possibilidades de isto ser verdade, mas por incrível que pareça, sim, isto era verdade. Eu nunca havia me sentido assim, e não desta maneira tão intensa e isso era tão bom. Eu não queria admitir, mas queria mais.

Lembrei-me de que ainda estava ali, com Patch, que agora, já havia começado um jogo na mesa de sinuca e posicionava-se para, provavelmente, mais uma tacada. Soltei a Diet Coke sobre o corrimão da mesa de sinuca, retirei a folha e a caneta do bolso do meu jeans e sentei-me sobre a mesa, cruzando as pernas e apoiando a folha sobre minha coxa e já fui logo preparando a caneta para começar.

— Qual é o seu maior sonho? Morrer? — ironizei, sentindo-me tão vitoriosa quanto cada vez em que ele havia se sentido por me deixar sem respostas.

Ele parou seu jogo examinando-me sentar sobre a mesa e provavelmente, acabar com seu jogo, o que me fazia sentir ainda mais orgulhosa de mim mesma. Ele encostou o taco na mesa, deixando-o de lado e caminhou com seu estilo auto-confiante até mim, parando em minha frente, então, apoiou as mãos sobre o corrimão da mesa em torno de mim e me observou, olhando fixamente em meus olhos.

— Beijar você.

Senti uma pontada em minha espinha quando ele veio em minha direção e essa mesma pontada se ampliou quando ele chegou perto de mim, fazendo-me sentir ainda mais quente. Senti um frio na barriga e uma vontade enorme de realizar seu sonho. Mas precisava me controlar e manter-me firme diante de Patch. Eu não iria fraquejar.

— Isso não é engraçado! — afirmei rezando mentalmente para falar firmemente e não transparecer nenhum sentimento.

— Talvez, mas confesse que cogitou a hipótese. — rebateu ele afastando-se de mim e voltando a atenção para o taco e o jogo de sinuca novamente. — Além disso, você ficou vermelha. — concluiu segurando o taco novamente e apoiando-se nele.

— Vá sonhando! — sorri, irônica, enquanto agradeci mentalmente por aquela distância que se formou entre nós dois. — Do que você trabalha? Se é que trabalha... — disparei desviando o olhar com uma expressão duvidosa.

— O lance do beijo te magoou mesmo, hein. — disparou com um sorriso largo nos lábios. — Eu sirvo mesas no Borderline, o melhor restaurante mexicano da cidade.

— Se você trabalha nele com certeza não pode ser o melhor restaurante da cidade. — afirmei com o sangue fervendo de raiva. Anotei na folha o que havia dito, e voltei minha atenção a ele.

— Religião?

Patch soltou uma risada sem humor, pelo menos até a minha última pergunta. Então ele pareceu ficar um pouco mais distante, pensativo, mas não pareceu que a pergunta o surpreendeu de qualquer jeito. Mesmo assim, me senti vitoriosa, pela primeira vez, me senti no controle da situação.

— Achei que você quisesse ir embora logo, você já fez três perguntas, não é o suficiente?!

— Religião?! — perguntei mais uma vez.

Patch suspirou e então desviou o olhar pela sala pensativo. Minutos depois, voltou a atenção á mesa e respondeu observando-a.

— É mais como um culto...

— Um culto? Você faz parte de um culto? — perguntei incrédula.

— Acontece que eu estou precisando de um sacrifício feminino saudável. Eu planejava seduzi-la para que confiasse em mim primeiro, mas se você está pronta agora...

— Você não esta me impressionando ou assustando, se é esse seu objetivo. — tentei me manter na mesma postura firme, mas realmente não tinha certeza do que estava dizendo.

— Ainda nem comecei a tentar, mas se você quiser pular as preliminares... — e o seu famoso sorriso cafageste ataca novamente.

E foi então que eu tive a certeza de que essa era a hora de mudar de assunto. Rápido. Não estava com vontade de ouvir Patch mexer comigo pelo o resto do ano, muito menos se eu fraquejasse agora, e eu não iria permitir isso, não com ele.

— Você já reprovou algum ano? — perguntei com a expressão séria, eu já sabia a resposta...

— Na verdade, não. — ou não... — O que te faz pensar isso? — indagou com um sorriso divertido no rosto e uma expressão irônica.

— Você está adiantado? Pulou algum ano? — refiz a pergunta.

— Tudo bem, deixa eu explicar Sherlock Holmes... — ele caminhou até mim segurando o taco com a mão esquerda e apoiando-se na mesa de sinuca com a direita. Então aproximou-se um pouco de mim. — Sabe guardar segredos? Eu nunca fui á escola. — sussurrou ele.

— Isso não é verdade. — rebati. Não poderia ser, afinal todos da nossa idade deveriam ir a escola, existia leis perante a isso.

— Não esperava que você acreditasse, você só acredita nas suas leis. Outro segredo? Não acredito nelas. — ele deu de ombros, como se aquela fosse uma coisa normal de se dizer.

— Tudo bem, digamos que isso realmente seja verdade, o que te fez decidir ir para a escola?

Ele estava mentindo. É claro que estava mentindo. E eu não cairia em uma de suas mentiras, não me deixaria cometer esse erro. Nunca.

— Você.

— Essa com certeza não é uma resposta verdadeira.

Tentei não sucumbir ao medo neste momento. Não iria admitir, mas isso foi realmente assustador, eu não demonstraria, não deixaria ele pensar que pode me intimidar, não transpareceria ser tão medrosa, ele não me veria assim. Mantive uma postura firme e rígida.

— Seus olhos Ashley. Esses olhos azuis são tão vivos e ao mesmo tempo tão frios, surpreendentemente irresistíveis. — ele aproximou-se um pouco mais de mim e curvou a cabeça para o lado, como se para me estudar de um novo ângulo. — E essa boca carnuda, de matar. Principalmente, quando você morde o lábio daquele jeito sexy que você sabe, me deixa louco.

Assustada não tanto pelo comentário dele, mas pela parte de mim que correspondeu positivamente a ele. Eu recuei. O quanto essa parte vinha ganhando força e o quanto Patch vinha alimentando ela? Eu não sabia e sinceramente, estava com medo de descobrir.

— Já chega, vou cair fora dessa joça! — afirmei saltando da mesa e me distanciando um pouco mais dele, mas na verdade, tinha quase certeza de que nem o muro de Berlim estando entre nós, conseguiria me fazer sentir segura o bastante em relação a Patch.

Talvez eu estivesse com mais medo de mim do que de Patch, dos sentimentos que ele estava provocando em mim, das coisas que ele me fazia sentir e pensar. Mas de uma coisa eu tinha certeza: eu não queria ir embora. Havia sim, uma parte de mim, que ansiava desesperadamente por estar em uma distância segura dele, mas também havia uma outra parte, uma que vinha aumentando a cada segundo com ele, que me fazia querer estar cada vez mais perto de Patch.

— Você está me provocando de propósito não está?! Gosta disso, né? Me ver ficar sem resposta ou sem ação! — disparei encarando-o com uma expressão furiosa.

— Gosto mais ainda quando você faz isso. Já disse o quanto você fica sexy quando está irritada?

Ele queria me tirar do sério? Pois bem, agora havia conseguido. Sem conter meu impulso de raiva, segurei o taco em sua mão e o empurrei contra seu peito, aproximando-me dele um pouco mais, ergui a cabeça e lancei um olhar assassino enquanto o encarava. Olho no olho.

— Terminamos aqui, pode continuar seu jogo de sinuca, porque eu não vou cair nesse seu joguinho de provocações! — afirmei, soltando o taco e virei para sair, mas parei.

— Não gosto de ser sua parceira naquele caralho de aula! — conclui virando-me para ele mais uma vez. — Não gosto desse seu sorriso de cafajeste! — minha voz quase vacilou, como se me obrigasse a admitir que essa era uma mentira.

— Não gosto dessa sua postura auto-confiante, não gosto de como você está sempre tentando me provocar, não gosto de como você diz essas coisas que vem a sua cabeça. E definitivamente, não gosto de você! — disse tentando ser convincente o suficiente, pelo menos para que ele acreditasse nisso, porque começava a duvidar de que eu mesma não acreditava mais.

Nem dei tempo para que ele desse uma resposta. Virei novamente e continuei caminhando para a saída tentando controlar a raiva que sentia.

— Está fazendo isso por que sabe que eu não resisto quando você está irritada assim, ou por que está tentando convencer a si mesma de que não se sente atraída por mim? — rebateu ele com a maior cara de pau.

Ao escutar aquilo, parei de repente e toda a educação, decência, compostura ou princípios morais se esvaíram de meu corpo. Sorri sarcasticamente, pensando que minha real intenção era socar a cara daquele imbecil, mas me contive. Contentei-me apenas com um movimento. Levantei a mão direita e mostrei o dedo do meio para ele sem virar-me em sua direção. Em seguida, continuei andando. Cheguei a porta horrorosa, abri com um puxão e saí depressa, fazendo o ar agitar-se, fechei a porta com um movimento brusco atrás de mim.

Passei pelas arquibancadas como um furacão e nesta hora, coitado do que se metesse em meu caminho, nem eu mesma, sabia o que seria capaz de fazer. Após passar por aquilo que parecia mais um zoológico, passei pela entrada sem nem olhar para o tal Gus, o recepcionista metaleiro e cara de rabo e muito menos para todas as pessoas que estivessem lá fora.

Fui depressa em direção ao lugar onde havia deixado o carro do Dudu para dar de uma vez o fora daquele lugar. Porém, quando cheguei ao portão de entrada, tive uma grande e infeliz surpresa. Haviam algumas viaturas policiais e um guincho estacionados ao redor e a frente de onde deveria estar o carro do Dudu. Dirigi-me rapidamente para trás do muro e espiei cuidadosamente para não ser vista o que estava acontecendo, então percebi que, o guincho estava rebocando o Fiat de Dudu e as viaturas policiais, provavelmente, deveriam ser daquela barreira policial a qual eu ultrapassei vindo para essa merda. Eles deviam ter anotado a placa e procurado o carro e, para o meu azar, conseguiram encontrar. Puta que pariu. Eu estava muito ferrada.

Eu poderia aparecer lá e explicar aos policiais que tudo tinha sido um mal entendido. Eu não estava infligindo as leis do trânsito porquê sou algum tipo de adolescente rebelde ou uma infratora, só queria salvar meu trabalho de biologia, era errado querer ter nota? Poderia explicar a eles o quanto eu havia me arrependido também por ter feito tudo o que fiz, afinal, vir aqui foi a pior decisão que já tomei e poderia dizer que o carro nem era meu, era de um amigo e ele iria ter problemas por minha causa, mas mesmo que dissesse tudo isso, eles não iriam mudar de ideia sobre o reboque agora. Então ir lá, só pioraria as coisas.

E pensar que tudo isso era culpa de Patch, era o que me deixava com ainda mais raiva. Eu o odiava, queria que ele nunca tivesse aparecido em minha sala, queria que a srta. Masterson nunca tivesse nos colocado como parceiros, queria que ele nunca tivesse aparecido em minha vida, queria nunca ter feito nada do que fiz pra chegar aqui, queria que Patch tivesse caído daquela droga de moto no meio de uma manobra muito perigosa e sofresse um belo acidente e tivesse de ficar no hospital por pelo menos, até o fim do ano, mas principalmente, queria que Patch não existisse.

Quando vi as viaturas e o guincho já se afastarem, desencostei-me do muro e passei pelo portão um tanto rápido e observei minha condução, meu dinheiro para um táxi e minha bolsa me abandonarem de repente. Neste momento, pensei em quanto aquele dia havia sido horrível. Abaixei-me na calçada, ficando acocada, apoiei os cotovelos nos joelhos e a cabeça nas mãos. Pensei em quantas coisas horríveis eu havia feito naquele dia, e no fim, não teriam valido a pena, pois eu não poderia ir para o colégio e não entregaria o trabalho para a srta. Masterson de qualquer jeito, pensei no quanto eu me arrependia por não ter ficado no colégio esta noite, pensei em como eu estava azarada. Como eu poderia ter tanto azar em um só dia? E mais ainda, pensei em como faria para voltar para o colégio, se eu não tinha nem meu celular para ligar para alguém. Eu me via sem opções, estava perdida, estava ferrada.

— Belo carro aquele que foi guinchado, você não acha?

Aquela voz... Ah não, por favor. E quando eu pensei que tudo de ruim que poderia acontecer comigo esta noite já havia acontecido, eu ergo a cabeça e a inclino para o lado e me deparo com Patch encostado no muro com os braços cruzados observando por onde haviam passado o guincho e as viaturas.

— Senhor, o que eu fiz pra merecer isso?! Não aguento mais, me perdoe. — implorei, erguendo a cabeça para o céu. Em seguida, apoiei o rosto nas mãos.

Escutei Patch abafar uma risada, ele parecia divertir-se com a situação, que novidade.

— Parece que alguém está com problemas. Deixa eu adivinhar... Sua bolsa estava naquele carro, não estava?

— Nossa que espertinho, descobriu isso sozinho? — ironizei tirando as mãos do rosto e pondo-me de pé.

Tentei pensar em alguma solução para aquele problema, devia haver algum telefone público á algumas horas daqui, deveria ter alguém que me ofereceria uma carona apenas para fazer uma boa ação, sem cobrar nada em troca, ou pelo menos, deveria ter algum táxi que aceitasse o pagamento após a corrida... Certo, a quem eu queria enganar? Nenhuma dessas possibilidades eram realmente possíveis, mas eu me recuso a acreditar, que a minha única solução, seja a pior delas. Patch.

— Não se preocupe, com essa blusa, você vai conseguir no mínimo uns cinquenta caras querendo te oferecer uma carona. Aliás, bela blusa, ela realçou o seu corpo. — disse ele. Não pude perceber se era mais uma de suas brincadeiras ou se ele estava realmente rindo da minha cara. Provavelmente, a segunda opção.

— Será que você poderia parar com as suas brincadeirinhas um minuto sequer, e servir para alguma coisa de útil? Como por exemplo, me ajudar de alguma forma. Tem dinheiro? — esbravejei, virando-me na direção dele com uma expressão furiosa.

— Tenho uma moto. — respondeu ele com um sorriso canalha.

— Dinheiro? Eu pago você amanhã! — propus tentando me acalmar. Forcei uma voz mais calma e gentil que pude, mas finalmente, conclui que não foi o suficiente.

— Têm razão, é bem mais seguro ir sozinha, uma garota bonita, num táxi, de madrugada, sem celular ou documentos e com uma blusa sexy e umas pernas que nossa... são de matar... É, boa sorte. Que cor quer que eu mande as flores para a sua coroa?

— E o que você quer que eu faça, droga?! Não tenho muitas opções, se é que você não percebeu ainda. Mas se você não quer me emprestar dinheiro, tudo bem, eu dou um jeito.

E ao dizer isso, tentei de todas as maneiras que pude, pensar em uma possibilidade de sair dessa sem precisar da ajuda de Patch e sem ser estuprada e depois morta por algum taxista psicopata. Realmente, não haviam mesmo muitas opções, na verdade, provavelmente só haveria uma: ir com Patch. Mas eu preferia morrer do que engolir meu orgulho para ele mais uma vez, não iria fazer isso de novo.

— Exatamente como eu pensei. — começou, aproximando-se de mim devagar, indo parar atrás de meu ombro esquerdo. — Está assustada, Ashley? — sussurrou em meu ouvido.

Senti novamente aquele hálito quente de hortelã passar pelo meu nariz e pescoço, fazendo-me arrepiar novamente. O que me deixou frustrada, mas não tanto quanto o comentário de Patch. O que ele estava pensando? Eu não estava com medo dele e ele não iria me intimidar e se pensava que iria, estava muito enganado. Me voltei para ele, cruzando os braços e encarando-o seriamente, com a expressão mais dura que poderia fazer.

— Eu não tenho medo de você! — afirmei sendo o mais firme possível.

Embora, não estivesse totalmente convencida de que isso fosse verdade.

— Nesse caso, não vejo problemas em te levar de volta ao colégio. — propôs ele com um sorriso sarcástico.

Então ele acha que eu vou ceder? Eu não iria fazer seu jogo, não iria perder para ele. Se era o que ele esperava, que eu arranjasse algum tipo de desculpa para não aceitar sua carona até o Elementary, ele havia se precipitado, se esta fosse uma aposta, seria uma aposta perdida para ele. Eu estava assustada, mas não o suficiente para ignorar meu orgulho mais uma vez, detestava como ele sempre conseguia me fazer ficar constrangida ou agir por impulso apenas para contrariá-lo. Mas eu ignoraria a parte racional que me dizia para nunca, jamais, ficar sozinha com Patch e iria com ele para o colégio desta vez.

— Tudo bem, então vamos. — concordei por fim, erguendo uma sobrancelha. Demonstrando estar o mais segura de mim o quanto poderia mostrar, mas na verdade, não estava tão segura assim.

Acompanhei Patch até onde ele disse que havia deixado a moto. Em fim, chegamos perto de um salgueiro á poucos metros, na calçadão, estava a bela moto de Patch. Tinha de admitir que a moto era muito linda e que tinha um certo estilo, combinava bem com o dono, mas eu esperava que fosse apenas na aparência as semelhanças. Ele subiu na moto, colocou o capacete e girou a chave, em seguida, voltou-se para mim, oferecendo-me o segundo capacete em sua mão. Hesitei alguns instantes, pensando no quanto isto poderia ser perigoso, afinal, eu não confiava em Patch e ele, com certeza, não havia me apresentado motivos para isso. Mas como já disse a mim mesma tantas vezes, não tenho opção, tenho?

Peguei o capacete de suas mãos e o coloquei em minha cabeça, prendendo-o sob meu queixo, logo, subi ma garupa de Patch. No mesmo instante, procurei um lugar na moto onde pudesse me segurar, com exceção a cintura de Patch, mas infelizmente, não encontrei, a moto não possuía, ou Patch havia retirado para obrigar as garotas que ele desse carona a se abraçarem nele durante o percurso. Não que fosse necessário, pois eu aposto que a maioria das garotas não precisavam desta desculpa para abraçarem-se nele com vontade, afinal, devia ser uma sensação bem agradável, poder andar com o vento batendo em seu rosto e com os braços em torno da cintura definida de um cara como Patch. Mas esse, não era o meu caso, eu não iria segurar sua cintura se tivesse escolha. E talvez ele soubesse disso, teria ele imaginado que eu precisaria de sua carona e retirado o único lugar, com exceção de sua cintura, onde eu poderia me segurar na moto? Não, isso era impossível, afinal, Patch não poderia saber que eu andava com o carro de Dudu, sem os documentos e que havia ultrapassado uma barreira policial. Ou poderia?

— Segure-se firme. — preveniu-me Patch. — Pode me abraçar se quiser.

E foi assim que dei-me por vencida, não havia tempo para perder com detalhes, normalmente, este detalhe seria um problema para mim, mas hoje, era apenas mais um deles e eu já havia me preocupado com muitos por um dia, estava cansada de tentar pensar em outras soluções para diversos problemas, desta vez, iria apenas esquecer por um momento o quanto estava irritada com Patch e pensar em chegar no colégio e rápido. Respirei fundo e segurei-me em sua cintura, torcendo para não agarrar muito forte para não dar motivos para mais brincadeirinhas dele depois, mas no exato momento em que o segurei, senti-me tão segura, como se todos aqueles medos, todo o terror houvesse passado, como se eu sentisse de repente de que estaria segura enquanto ele estivesse perto de mim, embora, o tempo todo, tudo o que ele fazia me indicasse o contrário, nesse momento, desejei que aquele passeio de moto fosse longo, muito longo. Longo o suficiente para que eu pudesse ficar ali, segurando-me em Patch por um bom momento, aquela era uma sensação de segurança e de prazer inimagináveis, senti-me quente novamente, como se cada vez que tocasse ou pensasse em tocar nele, aquele calor fosse me dominar.

Assim, na mesma hora em que me segurei em sua cintura, tive quase a certeza de que ele sorria, um de seus sorrisos convencidos. Por fim, Patch ligou a moto e conduziu-nos para o Elementary School.

Não demorou muito para que chegássemos lá, a moto de Patch, era igualmente veloz e eficiente quanto bonita. Patch estacionou a moto na calçada perto da janela de meu quarto e retirou seu capacete. Desci da moto depressa tentando negar a mim mesma de que havia adorado o passeio na garupa de Patch e que havia ficado um tanto decepcionada por ter acabado tão rápido, me recusava a sentir qualquer tipo de atração por ele, aquilo não era verdade, eu o detestava, essa era a realidade.

— Obrigada pela carona. — agradeci sendo o mais evasiva e distante possível, já retirando o capacete e oferecendo a ele.

— Foi um prazer, acredite. Quando decidir fugir do colégio á noite de novo, me chame — disse piscando o olho com um sorriso malicioso. — Precisa de ajuda para subir? Eu posso te dar um "pézinho".

— Boa noite, Patch! — encerrei a conversa empurrando o capacete contra o peito dele, obrigando-o a pegá-lo.

Virei-me e fui em direção a árvore que dava em minha janela imaginando e sonhando com o momento em que estaria em meu quarto, em minha cama, sem mais infrações, sem mais mentiras, sem perigos, sem policia, sem A.M.A e principalmente, sem Patch. Ao chegar na árvore e já pronta para escalá-la, tive o péssimo impulso de olhar para o lado e perceber que Patch ainda estava lá, parado sobre a moto me observando. Ah que ótimo, como se eu devesse me surpreender com isso. Nessas vinte e quatro horas que passei com Patch, pude perceber que quanto mais ele pudesse tirar proveito de situações melhor, e que ele não perderia este tipo de oportunidades por nada.

Fazei com que eu não caia dessa merda, pedi mentalmente enquanto ergui a cabeça para o céu. Então, voltei a olhar para a árvore, respirei fundo e comecei a escalar a caminho do meu quarto, da minha cama, da minha segurança e de um possível muro de Berlim que mantivesse Patch longe de mim, pelo menos até amanhã.

Agradeci e fiquei grata quando, após escalar a árvore e ter o impulso do telhado da rede elétrica, percebi que havia pulado a janela para o meu quarto em segurança. Fechei e tranquei a janela evitando cuidadosamente manter qualquer contato visual com a figura de Patch lá fora. Em seguida, suspirei aliviada por estar em meu quarto, em minha cama, tudo o que eu queria e precisava agora, era de um bom banho e uma boa noite de sono.

Após sair do banho, vesti meu pijama, escovei o cabelo e os dentes, então, corri para minha cama com um sorriso enorme e uma felicidade ainda maior. Finalmente eu poderia dormir, finalmente todo aquele pesadelo que foi o dia de hoje iria ter um fim e amanhã, quando eu acordasse, tudo teria acabado e eu voltaria a minha rotina normal, agradeci por isso também, um dia de agitações como o de hoje, já havia sido o suficiente para o ano todo em minha opinião.

Deitada em minha cama e com o tamanho do sono que sentia, não demorei a adormecer, mas para a minha surpresa, não foi tudo como eu esperava, pois nunca pensei que após um dia como este, ao dormir, minha cabeça também seria invadida por Patch e pelo devaneio que tive sobre nós dois na mesa de sinuca, em que eu tirava suas roupas e beijava seu peito desejando-o por completo. Definitivamente, até minha mente estava sendo ocupada por Patch, será que não poderia me ver livre dele nem nos meus sonhos? Ou será que eu não queria realmente me livrar dele?


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Notas finais do capítulo

Já que chegou até aqui, não esqueça do nosso comentário, é muito bom saber que tem pessoas lendo nossa fic. Críticas, conselhos, elogios são bem-vindos, não esqueçam. ♥

Succubus



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