Fight For This Love escrita por Succubus


Capítulo 3
Capítulo 2 - Você dorme nua?


Notas iniciais do capítulo

Hello! Aqui vai mais um capítulo pra vocês. Desculpem a demora, tentaremos ser mais rápidas no próximo. ♥

Trilha sonora:
Parte I: https://www.youtube.com/watch?v=hL4Zs3zHDlc
Parte II: https://www.youtube.com/watch?v=vNoKguSdy4Y
Parte III: https://www.youtube.com/watch?v=KuofE13pFCM

Succubus



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Parte I:

Tentei frustradamente prestar a atenção em algo que não fosse aquele garoto no fundo da sala atrás de mim, mas ele parecia atrair minha atenção para ele como um imã, o que particularmente era bem estranho, afinal nunca fui de me interessar por alguém tão facilmente. Procurei alguma coisa na qual pudesse me distrair desses pensamentos confusos, tentei resolver os exercícios que a srta. Masterson havia passado na louça, que para a minha surpresa não estava nem um pouco a fim de fazer, e para mim é uma grande novidade pois quase sempre sou considerada uma nerd.

O que está acontecendo comigo? Não paro de encarar um garoto novo na sala como se fosse uma psicopata, e o pior e mais confuso, é que parte de mim estava adorando isso, uma parte que eu ainda não conhecia.

— Então pessoal, outra surpresa das minhas aulas neste ano é a formação das duplas.. — começou a srta Masterson enquanto eu estava perdida em meus pensamentos. Mesmo assim, eu agradeci mentalmente por isso.

— O QUÊ? Como assim? — perguntou a voz de uma garota vinda do fundo da sala.

— Simples, — começou a srta Masterson — eu irei escolher quais serão as novas duplas para minhas aulas, afinal, vocês estão com as mesmas duplas desde o ano passado, e isso não está colaborando muito com as minhas aulas, e nem com o rendimento de vocês. — concluiu ela cruzando os braços e encarando-nos.

De repente, começou-se uma baderna na sala, muitas pessoas falavam ao mesmo tempo, todas reclamando sobre a nova organização das aulas, não ser justo mudarem suas duplas, entre outras coisas.

— Você ouviu isso, Ash? — perguntou Renata se inclinando para o lado e me olhando com a expressão melancólica. — Vão separar a gente! Só pode ser brincadeira.

— É, parece que esse é o seu dia de sorte, Ash! — brincou Jasy, virando-se para trás com aquele sorriso encantador, dessa vez, ainda maior.

— Vá se ferrar! — Renata bufou, enquanto o fuzilava com um olhar assassino.

— Vou ter que concordar com você Jasy, já não aguentava mais fazer todos os trabalhos sozinha. Srta Masterson, você é um anjo. — brinquei. Não pude deixar de sorrir enquanto olhava para Renata piscando o olho.

— Vão para o inferno vocês dois! — rebateu ela não contendo o riso. Ela empurrou levemente meu ombro enquanto ria.

A confusão ficava cada vez mais barulhenta na sala, muitos falavam, gritavam, berravam, não consegui mais distinguir as palavras. Srta Masterson tentava acalmar a turma fazendo um gesto com as mãos para que fizessem silêncio. E então, quando a turma finalmente acalmou-se e a sala voltou ao silêncio, Srta. Masterson voltou a falar:

— Como já disse, irei reorganizar as duplas, não adianta pessoal, quanto mais vocês protestam ou reclamam, pior vai ficando a situação, porque eu estou tentando fazer tudo amigavelmente, mas vocês estão começando a complicar as coisas e, confiem em mim, vocês não vão querer me ver irritada. — Concluiu ela examinando seriamente cada um de nós como se nos desafiasse a dizer mais alguma coisa. Ninguém o fez. — Pois bem, — continuou — eu vou escolher as duplas aleatoriamente, um garoto e uma garota, assim serão as novas duplas deste ano. — Ela dirigiu-se á sua mesa e começou a revisar as pastas.

Renata aproximou-se mais de mim, chegando ao meu ouvido enquanto observava atentamente a Srta. Masterson revisar suas pastas.

— Êi Ash, um garoto e uma garota, imagina se eu tenho a sorte de ficar com o novato? — Sussurrou ela sorrindo, empolgada. — Você reparou o quanto ele é gato? Meu Deus, e eu que pensei que nunca ia ter outro garoto tão lindo assim, além do Dudu, nesse colégio! — continuou ela, inclinando-se para trás e direcionando o olhar na direção do novato com um sorriso malicioso.

— Parece que o seu pedido é uma ordem, srta Renata. — sorri pois já sabia das intenções dela, porém, estremeci e senti algo que não havia sentido antes, quando percebi que ela estava bastante interessada nele. Um sentimento novo, do qual nunca experimentará, e não sabia decifrá-lo, isso seria... Ciúmes? Não, não poderia ser.

— É, talvez. — respondeu ela voltando a olhar para mim. Ela ergueu uma sobrancelha e deu de ombros. — Mas nem tanto, se fosse, o Jason não estaria mais respirando. — disse ela desviando o olhar cuidadosamente para o Jasy, que já estava voltado para a Agatha e o Dudu novamente, ele nem pareceu escutar, ou ignorou, acho mais provável a segunda opção, como de costume.

Soltei uma risada nervosa, quando notei que aquele sentimento começou a desaparecer, fiquei grata pela mudança de assunto, me recusava a acreditar que havia sentido ciúmes de um cara que eu vi á cinco minutos.

— ...Então, mais uma dupla... — Não havia reparado, mas a Srta. Masterson estava anunciando as duplas este tempo todo. — Agatha Kamelot e Dudu Banick. — concluiu ela correndo os olhos pela sala procurando as pessoas. Pousou o olhar em Agatha e Dudu que estavam a nossa frente, ela os encarou com a expressão fechada por um momento, mas não disse nada, voltando a olhar para sua lista de chamada.

Fiquei feliz pela Agatha e pelo Dudu aposto que eles estavam torcendo para que ficassem juntos, principalmente porque depois de ouvirem o comunicado da Srta. Masterson eles abriram sorrisos tão contagiantes que acabei sorrindo junto. Eles realmente tiveram sorte.

— Outra dupla: Renata Clarkson... — começou novamente a Srta. Masterson examinando sua lista de chamada atentamente.

— Torça por mim! — sussurrou Renata cruzando os dedos, sorrindo nervosamente enquanto me observava. Eu apenas sorri e tentei parecer normal. Ai meu Deus, lá vem aquele sentimento filho da puta de novo e acompanhado de um nervosismo que estava me deixando ainda mais irritada. Passei a odiar estes sentimentos mais que tudo.

— ...E Jason Brown... — concluiu por fim a Srta Masterson levantando o olhar para encarar Jason e Renata. Ela esperou alguns segundos e em seguida fez sinal para que eles sentassem juntos.

— O QUÊ? — gritaram os dois ao mesmo tempo, pondo-se de pé diante de suas classes com uma expressão furiosa.

Os dois lançaram-se olhares assassinos. Se olhares matassem, com certeza os dois estariam mortos nesse instante.

— Andem, não fiquem aí parados! Terão muito tempo para se admirar daqui por diante, vão para seus novos lugares. — resmungou a Srta. Masterson com a expressão carrancuda, pelo que percebi, ela já ficava impaciente.

Em um certo momento, senti-me triste por Renata, pelo jeito como ela começou a jogar as coisas com raiva em sua mochila, pela expressão irritada e pelas faíscas que pairavam das íris de seus olhos. Mas por outro lado, senti-me feliz... aliviada. Por saber que não existia mais a possibilidade de ela sentar com o novato. O que estava completamente errado, fiquei pensando em tudo o que senti nesses poucos minutos desde a chegada do garoto novo quando ouvi a Srta. Masterson chamar meu nome.

— Ashley Claflin... — dizia ela observando a folha em suas mãos com uma expressão impaciente. Voltei minha atenção a ela pois tudo o que mais desejava, era livrar-me daqueles pensamentos perturbantes. — Bem... Pelo visto sobrou apenas o Sr. Strike como sua dupla. — disse ela com um sorriso aliviado, como se estivesse cansada de fazer a mesma coisa por tanto tempo.

Demorei um pouco para perceber quem era a minha nova dupla e foi quando minha ficha caiu: iria sentar o resto do ano com o cara que me causara tantas emoções e pensamentos em apenas minutos após sua chegada. Fiquei sem chão de repente, não sabia o que pensar ou como deveria agir. Então me vi atordoada só de pensar em como seria sentar o resto do ano com aquele garoto, se em alguns minutos após sua chegada ele já provocara tantos pensamentos em minha cabeça.

Parte II:

Nem tive tempo para pensar melhor sobre como seria a hipótese de conviver com ele ao meu lado por um longo tempo, quando percebi, o novato já estava soltando a mochila sobre a carteira ao meu lado e jogando-se na cadeira igualmente tinha feito minutos atrás quando chegou. Mas agora, ele estava ali, ao meu lado. Eu não disse sequer uma palavra. Fiquei olhando para a frente procurando algum ponto fixo e evitando cuidadosamente olhar para o lado. Por que sua presença me incomodava tanto? E se era tão incomodativo assim, então porque uma parte de mim, a qual eu queria negar desesperadamente, gostava disso?

Não sei se era paranoia minha, mas poderia jurar que ele me encarava neste exato momento como se me analisasse, o que me fez sentir uma pontada no estômago e começar a suar frio. Resolvi então não prestar mais a atenção nele e me concentrar em qualquer merda que estivesse alcance de meu ponto visual.

— Então, agora que as duplas estão todas prontas, eu gostaria que vocês fizessem anotações sobre seu novo parceiro de aula. É bom que vocês se conheçam melhor, agora que ninguém mais está com a sua dupla de costume, e é sempre importante conhecer o seu parceiro. — começou a Srta. Masterson observando cada uma das novas duplas sorrindo com um ar de contentamento. — E já vou logo advertindo que se alguém inventar as respostas que não são autênticas, podem ter certeza de que eu irei saber e irei punir a todos que utilizarem deste método! — afirmou ela tomando a precaução de encarar com a expressão intimidadora cada um de nós.

Que beleza, pensei. Estava tentando evitar o máximo possível de sequer olhar para ele, e agora além disso, vou ter que perguntar coisas sobre sua vida só porque a Srta. "Calças Masculinas" acha que isso será tremendamente interessante para uma aula de biologia. Incomodada com este pensamento, arranquei uma folha bruscamente de meu caderno, peguei uma caneta e olhei de relance para o garoto ao meu lado.

— Qual é o seu nome? — perguntei observando-o esperando sua resposta. Tentei parecer o mais educada possível. Dando um sorriso gentil.

Ele não respondeu, apenas me observou com um sorriso cafajeste. Em seguida, arrancou uma folha de seu caderno, pegou sua caneta, apoiou-se sobre a mesa e começou a rabiscar a folha. Observei confusa e irritadamente, tentando descobrir o que ele estava escrevendo tão depressa. Como ele podia ser tão grosso? Eu estava detestando a situação tanto quanto ele, mas pelo menos fui educada e até sorri, quem ele pensa que é para além de tudo, sorrir debochando de mim? Agora eu estava certa de que definitivamente, não gostava desse garoto.

— O que está escrevendo? — não consegui evitar de perguntar sem conter a raiva que sentia. O que ele poderia saber sobre mim para escrever tantas coisas tão depressa naquela folha? Ele nem me conhecia, não podia saber nada sobre minha vida.

E ele não me respondeu outra vez, continuou rabiscando as palavras naquela folha que já começava a se formar um texto. Tentei me aproximar um pouco, inclinei a cabeça para os lados, procurando algum meio de enxergar alguma coisa. Não tive sucesso. Frustada por novamente não ter recebido uma resposta, soltei a caneta, cruzei os braços e os apoiei na mesa, encarando-o, perguntei novamente:

— O que você está escrevendo? — o olhava com o olhar mais duro e sincero que já fiz na minha vida, eu estava realmente com muita raiva.

Foi então que ele dobrou a folha ao meio e a guardou, sem que eu pudesse ler o que estava escrito nela. Jogou-se novamente na cadeira, e me encarou com um sorriso sombrio. Soltei um suspiro irritada e peguei novamente a caneta, endireitei a postura e o encarei com firmeza.

— Qual é o seu nome? Será que você tem um nome? — o desafiei, auto-confiante. Foi quando fui pega de surpresa, ele esticou seu braço e puxou minha folha para si, a amassou e a arremessou na lata de lixo que ficava ao canto da porta. A bola caiu dentro, um tiro certeiro.

Observei por alguns minutos a lata de lixo, esse garoto estava me tirando do sério. Então abri meu caderno e o grudei na classe, segurei a caneta com mais força e o perguntei novamente.

— Você fala? Se sim, poderia me dizer seu nome? — sorri um tanto irônica, olhando dentro de seus olhos azuis que não me transmitiam nenhuma expressão. Ele ergueu os cantos da boca, e lá estava um belo sorriso canalha, que se eu não estivesse bastante irritada, o beijaria agora mesmo, e finalmente respondeu:

— O que eu vou ganhar em troca? — respondeu ele ainda sorridente. Me observou por mais alguns instantes em silêncio, e por fim concluiu. — Me chame de Patch. É sério, me chame.

Patch? Que tipo de pessoa se chama Patch? Pensei nisso por alguns segundos, mas depois voltei a atenção para folha, a qual escrevi seu nome. Voltei meu olhar para ele e perguntei.

— Certo, e o que você faz nas horas livres, Patch?

— Eu não tenho tempo livre. — disse ele, cruzando os braços.

— Isso vale nota, então você pode fazer o favor?

— Que tipo de favor? — perguntou ele, dando de ombros. O fitei por alguns instantes, sabia que era uma indireta, e então repetiu: — Tempo livre.. — pensou um pouco, e logo retornou sua atenção para mim. — Tiro fotos. — disse por fim.

Retornei para a folha e escrevi Fotografia nela.

— Você dorme nua? — perguntou ele, como se fosse a coisa mais normal do mundo, a qual não se tem problema perguntar a uma garota que você sequer sabe o nome. Virei o rosto rapidamente para olha-lo, meu queixo ameaçou a cair, mas eu o segurei no lugar.

— Você esta longe de ser a pessoa a quem eu contaria isso.

— Você já foi a um psiquiatra?

— Não. — menti, porque na verdade tinha consultas duas vezes por semana, com o Sr. Harris. Não que gostasse, achava um porre, mas após a morte de minha mãe, meu pai achou melhor eu vir tendo consultas psiquiátricas.

— Fez algo ilegal?

— Não. Porque você não me faz perguntas normais, como.. Que tipo de música eu gosto?

— Por que eu perguntaria coisas tão óbvias?

— Você não sabe que tipo de música é minha favorita.

— Rock. O máximo que você se permite extravasar, é em escutar letras de músicas pesadas, porque você é viciada em ordem e controle.

— Errado. — outra mentira, e dessa vez, me fez suar frio.

— O que é isso? — cutucou a cicatriz em meu pulso com a ponta de sua caneta, e instintivamente eu recuei. Ele não poderia saber sobre o transtorno de auto-mutilação, que desenvolvi após o acidente de minha mãe.

— As pessoas se machucam, é normal. — eu nunca havia mentido tanto em minha vida. Estava ficando difícil manter a postura controlada diante de tantas falsas afirmações.

— Parece que temos uma garota suicida por aqui? Achei que fosse perfeita Ashley Claflin, por que pratica auto-mutilação? — Ele me encarou seriamente, como se soubesse a resposta e me desafiasse a mentir novamente. Mas não poderia ser, afinal, nos conhecemos a poucos minutos, ele não poderia saber sobre isso. Eu nunca contei a ninguém, nem mesmo ao meu pai.

Percebi que minha expressão estava realmente incriminadora. Estava imóvel, boquiaberta. Quando finalmente consegui me preparar para responder e desviar o assunto, Patch soltou uma risada, como se minha hesitação o divertisse.

— Certo, seus pais são casados ou separados? — perguntou ele desviando do assunto anterior, como se aquilo não passasse de uma piada, na qual eu tinha caído direitinho. Mesmo assim, agradeci mentalmente por isso.

— Moro com meu pai.

— E onde está sua mãe?

— Ela morreu.

— Como aconteceu?

— Acidente de carro. — tentei ser o mais dura possível. — Isso é um assunto particular, se não se importa. — Ótimo, ponto para ele. Havia conseguido tocar em meu ponto fraco, eu nunca consegui me manter controlada quando o assunto era o acidente em que minha mãe morreu.

Por um momento, fez-se o silêncio. A postura de Patch pareceu ceder um pouco e ele adotou uma expressão suave.

— Isso deve ser horrível. — disse ele suavemente, estava parecendo ser realmente sincero.

Neste exato momento o sinal tocou. No instante seguinte, Patch já estava em pé dirigindo-se para a porta da sala de aula.

— Espera! — eu chamei, ele não se virou. — Patch! — ele já tinha passado pela porta. — Ei, eu não peguei nada sobre você. — então resolvi tomar uma atitude, me pus de pé e fui indo em seu alcance. — Você poderia esperar um momento? — o chamei pela ultima vez, foi quando ele virou-se para mim, pegou meu pulso e rabiscou alguma coisa na palma de minha mão, antes mesmo de eu conseguir puxá-la.

Baixei o olhar para minha mão, e me deparei com sete números escritos com tinta vermelha. Olhei-o novamente, o que ele acha? Que ligarei para ele? Não há chances de isso acontecer. Não vou ligar para ele, mesmo que isso me custe uma nota em biologia, eu não irei ligar. Nunca.

— Não vou ligar pra você. — disse encarando-o, séria.

— Tudo bem, vou estar ocupado hoje mesmo. Boa sorte com a Srta. Masterson amanhã. — respondeu ele sorrindo. Em seguida, virou-se e saiu.

Fiquei tão impressionada com a cara-de-pau com que ele disse isso, que não consegui me mexer, apenas me mantive em pé, parada ali, tentando compreender como ele pode dizer aquilo, era sua culpa se eu não tinha nada para entregar a Srta. Masterson amanhã.

— Não vou ligar! — gritei o mais alto que pude para que ele entendesse que estava falando sério. — Nunca! — dei ênfase a frase mostrando a minha real irritação.

— Êi Ash, vai rolar uma festa na casa do Dudu, esse final de semana, vamos? — era Renata. Ela e Agatha haviam aparecido do nada, ao meu lado.

— Esse garoto, me tira do sério. Agora por culpa dele não terei nota em biologia. Vocês acreditam que eu só consegui fazer duas perguntas para ele? — continuei olhando na direção por onde ele havia cruzado com seu andar autoconfiante, mais uma das coisas nele que me tirava do sério.

— Tá, mas e a festa? Rola? — Agatha parecia estar pouco se importando para o que acabei de dizer. O que não era novidade alguma, pois sempre me ignorava quando eu vinha a comentar sobre um garoto.

— O que? Você escutou o que acabei de dizer? Vou ficar sem nota em biologia, acha mesmo que estou preocupada com festas?! — respondi, voltando minha atenção á ela e fuzilando-a com um olhar furioso.

— Ah, sim, sua vadia sortuda! — exclamou Renata enquanto cutucava minha barriga rindo, ela parecia divertir-se com meu martírio. — Sua dupla é o novato gostosão! — finalizou ela.

— Sortuda? — disse mostrando um sorriso sarcástico e arqueando a sobrancelha. — Ainda não vi nenhum ponto que prove isso. Teria sido melhor se você fosse a dupla dele, não eu!

Após dizer isso, me arrependi, pois no fundo, sei que não teria gostado se isso viesse a acontecer. O que só me fazia ficar ainda mais irritada comigo mesma, por quê eu não queria ter sentimentos desta natureza por um garoto que me irrita tanto.

— Já eu adorei, porque eu e o Dudu sentamos justamente atrás desses dois. — disse Agatha com um sorriso, gesticulando para Renata. — Vou presenciar barracos todos os dias, ai como eu amo isso! — concluiu batendo palminhas e com um sorriso ainda maior. Não pude evitar de rir também, havia esquecido de dizer que Agatha adora um barraco, o que a torna ainda mais divertida.

— Nem me lembrem, por favor! — bufou Renata revirando os olhos com a expressão entediada. — Vocês acreditam que ele escreveu que eu sou "fácil" e que já namorei com toda a escola? — disse ela apontando para si com a expressão incrédula, sentindo-se ultrajada.

— Então ele te conhece! — afirmou Agatha, desta vez não conseguindo mais controlar uma risada, bastante espalhafatosa.

De repente, me peguei rindo incontrolavelmente, tentei cobrir a boca com a mão, mas não consegui conter, nem esconder o riso. Agatha realmente sabia como animar uma pessoa, mesmo sem a intenção de fazê-lo. Eu a agradeci em pensamentos por ter me distraído daqueles péssimos recentes acontecimentos.

— O quê? — gritou Renata espantada pelo comentário da amiga. — Eu nunca fui fácil, tá legal? Sabem por que ele está assim, ele ficou magoadinho porque eu não quis ele! — concluiu cruzando os braços com um sorriso vitorioso, arqueando uma sobrancelha.

— Não seria ao contrário? Você sempre quis ele, até descobrir que ele não te queria. — a corrigi, lembrando do momento em que ela nos contou que adoraria dar uns belos amassos nele, ano passado, mas infelizmente, fizemos a descoberta de que ele namorava com a atual, arque inimiga da Renata: Melissa White. Sorri com a lembrança.

— Detalhes! — disse ela levantando um pouco o tom de voz. — Não se apeguem aos detalhes do passado garotas, isso foi quando a Melissa ainda era alguma coisa na escola. — continuou, pelo visto, também recordando do episódio. — Hoje, nem se ouve mais falar dela! — afirmou com uma risadinha maliciosa, o fato parecia agradá-la.

Depois de mais algum tempo de conversa, dirigi-me a escada que divide os corredores masculino e feminino dos dormitórios do colégio. Subi as escadas para o lado vermelho que leva ao corredor com piso de mosaico e as paredes brancas, com uma pintura impecável, tinha placas com nomes das alunas que dormiam em cada dormitório penduras nelas. Fui até meu quarto, número 203, entrei e encostei a porta. O quarto era bastante espaçoso, com teto amplo em forma reta, o piso também é de mosaico, paredes bem pintadas igualmente brancas, que tinham várias prateleiras e quadros com fotos minhas ao meu lado e as de Renata e Agatha ao canto do quarto pertencente a cada uma. Sentei-me em minha escrivaninha branca, que possui duas gavetas em cada lado, meu notebook descansava sobre ela junto com livros alinhados ao canto da escrivaninha, meus CD's pousados em seus lugares, e por fim, meus cadernos na outra extremidade.

Peguei meus cadernos e revisei-os fazendo os exercícios da aula de hoje pendentes. Quando acabei, reparei em meu caderno de biologia chamando minha atenção acima dos outros cadernos e livros didáticos. Pensei em ignorá-lo, mas sabia que não iria conseguir ficar em paz antes de resolver o problema com os dados sobre meu parceiro que deveriam ser entregues amanhã a Srta. Masterson. Finalmente, peguei o caderno e o deixei aberto em minha frente e pensei em inventar algumas informações sobre Patch. Mas neste momento, lembrei-me do que a Srta. Masterson havia dito sobre a falsificações das informações. "... Vou logo advertindo que se alguém inventar as respostas que não são autênticas, podem ter certeza de que eu irei saber e irei punir a todos que utilizarem deste método!" — havia advertido ela a classe.

Frustrada com a recente conclusão percebi que não havia mais como evitar... Minha única solução era ligar para Patch. Olhei para meu celular descansando sobre a escrivaninha ao lado de meu caderno, pensando no quanto eu não queria fazer isto, mas sabia que era preciso, afinal, não poderia ficar sem nota por meu parceiro de biologia ser um babaca.

Finalmente, respirei fundo e peguei meu celular com hesitação. Ergui a mão e observei os números, agora, quase totalmente apagados de minhas palmas. Rezei mentalmente para que os números enfim estivessem corretos e então, disquei os números em meu celular e levei o aparelho ao ouvido. Não demorou muito para que eu escutasse uma voz do outro lado da linha.

— E aí? — disse ele aumentando o tom de voz. Pude escutar muitos sons diversificados: vozes de pessoas de ambos os sexos, falando, gritando, berrando, mas não consegui entender nada do que diziam, escutei também ranger de metais se chocando, e uma música muito alta.

— Oi, sou eu, Ashley. Eu liguei para saber se podemos fazer aquele trabalho de biologia agora.. Lembro de você ter comentado sobre estar ocupado hoje, mas...

— Ashley? — interrompeu-me ele, dizendo meu nome, soando como o final de uma piada. — Pensei que você não iria ligar. "Nunca" —ele repetiu minhas palavras em um tom sarcástico, pude sentir que ele sorria. Imaginei seu sorriso cafajeste no mesmo instante.

Eu odiava o fato de ter que engolir minhas próprias palavras. Odiava a vadia da Srta. Masterson por ter dado uma tarefa tão fodida para se fazer, mas principalmente: odiava Patch acima de tudo.

— Podemos nos encontrar ou você vai continuar com suas gracinhas?! — cuspi as palavras tentando reprimir minha raiva, mas percebi o quanto a transmiti em meu tom de voz.

— O problema é que agora não vai dar. Como disse mais cedo, estou ocupado.

— A questão não é se você está ocupado ou não. A questão é que nós temos que fazer essa droga de trabalho! Ou você ainda não entendeu isso?! — rebati fazendo uma careta e não contendo transmitir a raiva em um tom de voz áspero.

— "Nós"? — repetiu ele com um tom de deboche. Percebi outro sorriso vadio. — Eu já tenho minhas anotações, meu trabalho está feito. — concluiu com um tom auto-confiante e vitorioso.

Porra! apertei o celular com tanta força como se no lugar do aparelho estivesse o rosto daquele idiota metido e irritante. Respirei fundo e tentei me acalmar para não mandá-lo logo tomar no cu. Depois segurei um grito de raiva e tentei me recompôr e manter-me calma.

— Seria muito pedir para você colaborar? Eu realmente gostaria de receber uma nota também. — comecei falando devagar tentando transparecer uma calma que não havia. — Você pode fazer isso, Patch? — soltei a última palavra com uma ponta de raiva e prazer. Embora eu não soubesse o porquê deste último.

— Olha, eu estou no meio de um campeonato muito importante no momento. — senti um sorriso condescendente em sua voz ao ouvir essa palavra.

— E onde fica essa merda? —perguntei com um suspiro cansado. Tentei imaginar que tipo de campeonato seria esse do qual ele falava, mas decidi que sinceramente, preferia não saber.

— Sudbury Cross, não é o lugar para uma... — começou ele com um certo sarcasmo — ... garota como você. — concluiu por fim.

Uma garota como eu? Esse cara acha que me conhece para deduzir como eu sou ou não?! Ele decididamente não pode me dizer que tipo de lugares eu posso ou não frequentar. Cerrei o punho e apertei as unhas contra minha palma para tentar conter a raiva. Respirei fundo mais uma vez. Eu tinha que terminar com a conversa, antes que finalmente explodisse.

— Não me subestime, Patch! — exclamei transmitindo uma voz auto-confiante. — Então, vamos fazer essa entrevista pelo celular. Eu já fiz uma lista de perguntas e...

Então, ele desligou antes que eu pudesse concluir a frase.

Parte III:

Desliguei o celular e fitei-o incrédula. Ele havia mesmo desligado na minha cara. Pressionei a mão contra o celular com força e então soltei-o de forma brusca sobre a escrivaninha. Pousei os cotovelos na mesma e apoiei a cabeça nas mãos respirando fundo, tentando ficar calma. Patch... Eu realmente o odiava! Ele era o maior babaca que eu já havia conhecido.

Finalmente compreendi tudo. Ele havia planejado tudo isso desde o começo, ele ficou me fazendo todas aquelas perguntas durante a aula para que o sinal tocasse e eu não houvesse descoberto nada sobre ele. Ele fez aquilo para me ferrar. Depois me passou seu número porque sabia que eu não iria aceitar ficar sem nota e que eu me obrigaria a ligar para ele. Aposto que era por isso que havia aquele tom vitorioso em sua voz, havia conseguido o que queria e agora eu estava fodida, com o sangue fervendo nas veias e prestes a explodir de tanto ódio.

Então, olhei para meu caderno e decidi descontar um pouco da raiva. Abri-o estupidamente, arranquei uma folha com um puxão e a apoiei sobre o caderno. Peguei minha caneta e rabisquei na primeira linha cafajeste, depois passei para a linha seguinte, nesta escrevi vai em competições, deve ser o maior perdedor, enfim, deslizei a caneta para a terceira linha, nela rabisquei rapidamente: muito gostoso. Dei uma examinada na folha e risquei depressa essa última observação até que ficasse ilegível.

De repente, Agatha e Renata adentraram no quarto. Agatha dirigiu-se até sua cama e jogo-se nela, debruçando o cotovelo na cama e apoiando a cabeça sobre a mão, encarando-me.

— E ai, Ash, o que está fazendo? — perguntou ela com a voz sonolenta enquanto bocejava.

Ela geralmente ficava assim á uma certa hora do dia, quando o time de futebol do colégio teria um jogo próximo e o time ficava no ginásio até tarde para um treino extra a noite, e sendo o capitão do time, Dudu ficava ainda mais tempo que todos os outros. Mas se o time estava no ginásio, que horas seriam? Com esse pensamento, peguei novamente o celular, e observei a hora. Caramba, já era tarde.

— Tentando resolver meu trabalho de biologia, mas agora percebi que é tarde demais. — falei meio chorosa, devido ao rumo que as coisas tinham chegado.

— Isso significa que você estava conversando com aquele novato gostoso? Hm, e onde ele está? Não o vi depois das aulas. — perguntou Agatha, agora um pouco mais animada, com um sorriso malicioso.
— Esse é o problema, ele não está no colégio.

Foi quando parei para pensar, ele estudava em um colégio interno, cujo só é permitido sair os finais de semana, mas por algum motivo que desconheço, estava quebrando uma regra bastante rígida. E pelo visto, ele era o único a quem essa regra não se aplicava, um tanto estranho.

— E agora, o que você vai fazer para terminar esse trabalho? — perguntou Renata, jogando-se sobre minha cama de bruços, apoiando a cabeça nas mãos e observando-me.

—O único modo de resolver seria ir ao seu encontro, o que está totalmente fora de cogitação. — olhei para meu caderno, onde estava escrito o endereço, que ele havia me dito.

— Calma, você sabe onde ele está? — Agatha perguntou curiosa, com uma expressão condescendente e arqueando uma sobrancelha.

— Sim, ele me disse. Grande coisa, como se eu fosse ir mesmo. — disse com a cara emburrada, como se dissesse: Sem chance.

— Ué, e porque não? — Renata se ajeitou na cama, sentando-se e olhando para mim com um sorriso malicioso.

— Como assim Renata? Não podemos sair do colégio, lembra? Vai me dizer agora, que você quer que eu saía escondida? Ou melhor, fuja? — perguntei incrédula, mas no fundo já sabia a resposta.

— Não, o que diz é que não podemos ser pegas saindo do colégio. E não, que não podemos fugir.

— Ah certo, e mesmo se eu topasse essa ideia maluca, não teria como ir, então assunto resolvido, vou ficar sem nota em biologia. — conclui, mas na verdade queria dizer: Nem fodendo que vou atrás daquele idiota babaca, seja lá aonde ele esteja! Porque já basta ele tirar minha nota, não iria me tirar do colégio também.

— Teria sim, — disse Agatha, com um olhar perverso. — eu conseguirei um modo de você ir até ele, quanto á isso, não se preocupe. — finalizou, já levantando da cama e se direcionando para a porta.

A fitei por um momento sem reação provavelmente boquiaberta, ela estava mesmo dizendo o que eu acho que ela quis dizer? Não. Decididamente não pode ser. Primeiro porque não seria certo fugir do colégio, é contra as normas, e eu nunca fiz e nem pretendo fazer isso. E segundo porque eu já havia afirmado aquele babaca que nunca ligaria para ele, e tive de engolir minhas palavras quando o fiz, ou melhor, fui obrigada a fazer, e não iria ter de engolir meu orgulho novamente perante a ele. Não pela segunda vez.

— O que você acha que vai fazer?! — perguntei encarando-a com o tom mais seco que pude produzir.

— Não é óbvio? — respondeu-me ela, parando em frente a porta já com a mão na maçaneta. Ela virou-se para mim arqueando uma sobrancelha. — Eu irei arranjar um meio de você ir até lá! — concluiu observando-me com a maior cara-de-pau.

Ela estava brincando... não estava? Conhecendo-a como conheço, eu sabia a resposta sem nenhum esforço. Ela queria mesmo que eu fosse até ele e ainda iria contribuir com isso. Ela estava incentivando-me a fugir do colégio no meio da noite, arriscando-me a ganhar uma suspensão ou até mesmo a ser expulsa. E nós duas sabíamos que não era pelo trabalho de biologia e sim porque mais uma vez, minhas amigas tentam me arranjar um namorado. Será que é tão difícil para elas entender que eu não quero e não preciso de um namorado? De repente, percebi que ao pensar em Patch e em namorado como um só, senti-me excitada e realmente cogitei aquela hipótese.

Instantaneamente xinguei a mim mesma por esses pensamentos. Eu não me sentiria atraída por Patch, nem teria esses tipos de pensamentos ou sensações sobre ele. Nunca. Rapidamente balancei a cabeça na tentativa de afastar esses pensamentos e as sensações que eles provocavam.

— E que meio seria esse, Agatha? Você só irá perder seu tempo, porque eu não irei sair do colégio! — resmunguei com a expressão fechada com o tom mais frio que pude usar.

— Ai meu saco, eu não tenho vocação pra assistir discussões quietinha, meninas, alô?! — pronunciou-se Renata.

Ela levantou-se da cama, desfilou até a porta e parou ao lado de Agatha, abrindo mais um botão da blusa do uniforme deixando um decote um tanto largo e afrouxando a gravata, ela observava-me com uma expressão travessa.

— Nem vem, Ash. Chega de perder tempo com você e suas frescuras! Nós temos um bad-boy para encontrar! — anunciou ela piscando o olho com um sorriso malicioso.

— Minhas frescuras?! Não tem nada a ver com frescuras, e sim de bom senso, você sabe o que é isso? Acho que não. — disse saltando da cadeira, ficando muito irritada.

— Argh! Que garota irritante, deixa de ser assim. — resmungou Agatha, erguendo os braços e revirando os olhos.

— Ash, quanto mais tempo nós perdermos com isso, pior será pra você quando tiver de voltar! — exclamou Renata. Ela parecia tentar me convencer o mais depressa possível. Elas realmente acreditavam que eu iria?

Fiquei sem reação por um momento. Não pude evitar de cogitar as hipóteses, afinal, minha nota em biologia estava em jogo. Ou pelo menos eu queria acreditar que esse era o único motivo pelo qual eu estava começando a cogitar a ideia de ir até a Sudbury, em um lugar chamado A.M.A hoje á noite, fugindo do colégio e quebrando uma das principais regras, como eu nunca havia feito e nem imaginara fazer um dia.

Percebi que havia me perdido em pensamentos enquanto deixava as garotas falando sozinhas e que estava com uma cara de idiota.

— Olha só, eu e a Renata vamos sair agora para resolver isso, nesse tempo você trata de se arrumar, e quando voltarmos é bom que já esteja pronta, porque se não estiver, vai de uniforme sendo arrastada pelos cabelos. Entendeu? — informou-me Agatha, apontando o dedo indicador na minha direção freneticamente enquanto falava entredentes.

Nem tive tempo para protestar quando ela e Renata deixaram o quarto depressa, deixando-me apenas observando o bater da porta. Fiquei perplexa com a cena.

Pensei em ir até a porta e gritar para elas que eu não iria até o A.M.A nesta noite, que elas só estavam perdendo tempo por uma coisa que não aconteceria, que em seus lugares, eu nem sairia do quarto. Mas foi então que eu reparei tarde demais, o quanto uma parte de mim, que ansiava pelo próximo encontro com Patch, era forte. Muito forte.

Neste momento, convenci a mim mesma de que não adiantaria negar-me a ir ao A.M.A e terminar de uma vez com todas com esse maldito trabalho, pois eu não descansaria enquanto não conseguisse esta nota. Eu sabia que era errado sair escondido do colégio no meio da noite, sabia que isso era completamente proibido e que á algumas horas atrás, eu jamais pensaria em fazer algo assim um dia, mas eu não iria perder uma nota apenas por causa de meu orgulho. E também, o que têm de mal? Eu nunca havia quebrado uma regra antes, seria uma primeira vez e todo mundo já fez algo assim um dia, afinal, o que têm de tão mal de quebrar uma regra tão idiota de vez em quando? Ou pelo menos, isso foi em que eu preferi acreditar.

Após cogitar todos os pós e os contras, sem analisar os contras tão bem quanto devia. Dirigi-me ao meu guarda-roupa e segurei os pegas mãos. Hesitei durante alguns instantes, mas por fim, abri as portas em um movimento rápido e observei as peças cuidadosamente. Finalmente escolhi uma roupa e uns all stars branco e troquei-me rapidamente, escolhendo atentamente alguns acessórios e a maquiagem.

Em seguida que terminei a produção, Renata e Agatha apareceram na porta com olhos brilhantes e sorrisos largos no rosto. Observei-as com o olhar assassino e de braços cruzados com uma expressão que dizia "eu odeio vocês".

— Olha, mas pra quem não queria ir cê tá a maior gata, garota! Dá uma voltinha ai pra eu ver! — elogiou-me Renata adentrando no quarto olhando-me de cima abaixo ainda sorrindo. — Uau! Se eu fosse um garoto, teria uma ereção agora! — brincou ela andando ao redor de mim enquanto observava-me com entusiasmo.

Não pude deixar de sorrir, mas tentei continuar mantendo uma expressão áspera em seguida. Queria que elas percebessem o quanto eu estava de mau humor.

— Nossa! — exclamou Agatha, também me olhando de cima a baixo. — Desse jeito, você vai matar o nosso novato gostosinho de tesão! — disse ela rindo. — E essa blusa transparente ai ein, realmente uma sedução. — finalizou ela, chegando em minha frente, e me entregando umas chaves.

— Aqui, pega. Cuida bem, tá bom? Porque me custou bem caro, você não faz ideia do quanto. — concluiu Agatha, me dando uma piscadela com um sorriso travesso.

Dei uma olhada nas chaves e percebi que eram do carro de alguém, e eu já imaginava quem. Dudu. Após tomar as chaves da mão de Agatha em um movimento brusco, decidi que não queria saber o que ela teve que fazer para consegui-las. Eu provavelmente vomitaria se descobrisse.

Encarei as duas com um olhar penetrante e a expressão assassina.Em seguida, disse a mim mesma que isso era necessário, afinal, eu não havia perdido tempo produzindo-me e preparando-me psicologicamente para o que viria a seguir. Mas eu não iria dar para trás agora, ele havia me desafiado a fazer alguma coisa que fosse totalmente fora dos padrões para mim. Então tudo bem, Patch. Eu aceito seu desafio.

— Tudo bem, vão se ferrar! — disparei olhando para cada uma delas com um sorriso forçado e sem humor.

Em seguida, peguei a bolsa que estava em cima da escrivaninha e a pousei sobre meu ombro. Então, caminhei para a porta com um ar confiante, eu tinha que ser fria e corajosa pelo menos enquanto ainda estivesse na frente das garotas. Controlei meu medo por estar fazendo algo totalmente contra as regras e que provavelmente resultaria em expulsão se fosse descoberto, fora meus outros sentimentos assustadores, em relação a o que eu encontraria em A.M.A, ou melhor, em quem.

— Onde você pensa que vai?! — perguntou Renata, com uma mão no quadril e a expressão incrédula, como se eu estivesse fazendo algo estúpido.
— Estou indo ganhar minha nota! — respondi com uma expressão que dizia "não é óbvio?"

— Isso Ashley, foge pela porta da frente, não quer sair gritando também? "Diretor estou fugindo do colégio, seu otário!" — insinuou Agatha, imitando-me como se estivesse realmente fazendo isso em frente a porta principal do colégio. — Você é muito nerd, sério. A janela, amor, a janela! — finalizou apontando para a janela de nosso quarto.

Suspirei em tom cansado revirando os olhos. Respirei fundo, dizendo para mim mesma que não iria desistir agora, não havia chegado até aqui para amarelar agora. Não mesmo.

Senti uma ponta de raiva, mas me contia, não estava afim de uma discussão agora, queria ir e acabar logo com isso, antes que eu finalmente retomasse a consciência e desistisse dessa loucura. Enfim, cheguei na janela e dei uma olhada lá embaixo. Por sorte, nosso quarto não ficava em um dos andares mais altos, agradeci mentalmente por isso.

Tomei coragem, por fim, e subi na janela, um tanto abaixo, há um pequeno telhado, que protege o gerador de eletricidade deste lado do colégio contra chuva. Apoiei os pés no telhado e fui agarrando-me pela borda da janela até alcançar uma árvore que fica ao lado da janela do quarto. Agarrei-me a um dos galhos mais próximos e apoiei um pé de cada vez em cada galho, e assim fui escalando a árvore, até finalmente chegar ao chão. Sim, eu nunca em minha vida imaginei escalar uma árvore enorme de uma forma perigosa, para fugir do colégio no meio da noite, tudo isso, apenas para ganhar nota em biologia. Foi o que eu disse para mim mesma pelo menos, que era tudo pela nota, e nada tinha a ver com Patch.

Olhei em volta ao chegar ao chão e percebi que Dudu era meu herói esta noite. Ele já havia deixado o carro estacionado na calçada em frente a minha janela para que eu não demorasse tanto indo ao estacionamento e arriscando ser descoberta. O amei por isso naquele momento. Sorri aliviada e andei depressa, mas cuidando para não sujar meu all star branco novíssimo. Cheguei no Fiat Freemont Precision 2013 branco de Dudu, destravei o alarme enquanto me aproximava, entrei tão depressa quanto o vento, fechei a porta em um movimento delicado, pousei as mãos na direção, respirei fundo, e mais uma vez, disse a mim mesma de que era necessário e que eu não tinha outra opção.

Programei o GPS para a rua Sudbury, seguindo as coordenadas de Patch. Em seguida, coloquei o cinto e segurei a direção com firmeza novamente, girei a chave e liguei o carro. Não tinha mais volta, eu não poderia mais desistir agora, e para ser sincera comigo mesma, já que eu não o fazia a um tempo, eu não queria desistir.

Finalmente, dei partida e fui ao encontro do novato bad-boy, com carinha de anjo, que estava me fazendo pela primeira vez, quebrar as regras.


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Notas finais do capítulo

Prometemos que esse teria mais diálogos, mais Agatha e Renata agitando geral, dito e feito! Também mais sentimentos surgiram na nossa Ash, culpa do nosso Patch, e saibam que isso é só o começo. Não esqueçam de comentar, blá blá blá. haha ♥

Succubus



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