A floresta acabava logo à frente e Lorenna não demonstarava melhorar. Eu quase perdi a esperança quando o solo rochoso tomou conta do chão, substituindo a terra molhada da floresta, o solo não parecia ser formado por simples rochas... Eram rochas vulcânicas. Eu não sabia ao certo como reconhecer esse tipo de rocha, mas o enorme vulcão que se formava mais à frente deu essa dica. Lorenna gemia de dor às vezes e sua pele estava muito quente.

–Vamos, Lorenna! -Suor caia de minha testa. Ela não podia morrer. -Aguenta, estamos chegando!

O cheiro de enxofre cobria o ambiente e o fato deixou claro que o vulcão ao fundo estava ativo. Digamos que você irá para um lugar... Quente, havia dito a rainha, antes de entrarmos na floresta. Eu acho que ela não ficaria gargalhando se soubesse do basilisco.

Uma trilha de rochas escuras se estendia até os limites do vulcão. Algo me dizia que era aquele caminho que eu precisava seguir mesmo com Lorenna aos meus braços. O ambiente estava quente e Lorenna parecia piorar a cada passo que eu dava em direção ao vulcão.

Cavalos eram ouvidos às minhas costas em direção à floresta. Virei e achei ter visto Lorenna abrir os olhos desesperadamente. Quatro cavaleiros surgiram de longe da floresta montados em grandes cavalos de pêlos castanhos. Dois dos cavaleiros carregavam estandartes em cor verde e nome Moonye costurado em ambos. Todos usavam um tipo de capacete redondo deixando ainda mais claro a origem dos cavaleiros, mostrando que eram do continente da Lua, o continente de Moonye.

–Ajuda! -Gritei. -Lorenna foi envenenada!

Um dos cavaleiros desceu do cavalo e tirou o capacete. O homem tinha cabelos castanhos e olhos verdes, o rosto estava sujo de lama e marcas de gotas próximas aos olhos eram vistas, ele parecia com pressa. Não se sabia ao certo se eram marcas de lágrimas ou suor, mas se os cavaleiros passaram pelo corpo do basilico e os corpos de Thales e Yuri não seria anormal lágrimas caírem dos olhos do homem.

–Antídoto! Aqui, rápido! -Gritou o homem para os cavaleiros atrás dele.

Em menos de um minuto um dos cavaleiros surgiu com um pequeno frasco com um líquido transparente e derramou nos lábios de Lorenna. Ela tossiu por alguns segundos, mas continuou inconsciente. O homem sem capacete colocou as mãos sobre a testa dela e pegou-a de meus braços. Devo admitir que não gostei da ideia.

–Vamos levá-la de volta para Moonye. -Gritou o homem. -Rodrick Melghart, está sozinho, garoto.

–Não pode me deixar sozinho do lado de um vulcão ativo! -Gritei. -E onde você arranjou esse vidro?!

–Que Vulcano tenha piedade de você, Melghartiano. -Disse o homem. -A majestade nos mandou aqui para retirar a princesa do campo de batalha quando soube do basilisco.

–Mas o basilisco está morto, não é mais necessário! -Eu disse, quase implorando por ajuda.

Ele ignorou o que eu tinha dito e levantou Lorenna em seus braços e levou para o cavaleiros, que se posicionaram em direção à floresta. Pensei em ir com eles, fugir, mas eu tinha uma missão a cumprir, eu precisava achar o Livro. Virei-me com determinação para a trilha de rochas e avancei em direção às extremidades do grande vulcão ao longe.

…

O vulcão se tornava cada vez mais obscuro a cada passo que eu dava. As rochas no chão pareciam cobrir meus pés na escuridão e a grande montanha de fogo começou à minha frente. Um tipo de escada era formada pelas rochas escuras contornando o vulcão.

Névoa surgia do topo, mas não parecia ser um aviso de erupção. O ar ficou cada vez mais seco e o vulcão tremia aos meus pés, virei-me para correr e fui surpreendido por algo pior do que lava.

A armadura do guerreiro era feita de rocha vulcânica e lava escorria em sua pele. Uma lâmina de dois metros estava presa em suas costas e seus olhos eram cobertos por fogo. Uma aura se formava na minha frente e tudo o que eu sentia era medo e desespero. Quando os lábios do guerreiro se moveram, eu tinha certeza que seria morto.

–O sangue de Melghart. -Seus dentes pareciam ser feitos de carvão.

Os músculos do guerreiro pareciam prestes a explodir quando ele sacou a grande lâmina para terminar com a minha missão.

–Quem é você? -Perguntei.

–O que importa saber meu nome nos últimos segundos de vida? -Sua voz parecia surgir de uma caverna.

Dei passos para trás e apoiei a minha mão em minha espada. O guerreiro de fogo pareceu reconhecer o movimento e avançou com a lâmina.

–Rick Melghart! -Ele gritou.

As lâminas se uniram no ar e fogo surgiu à minha volta. O guerreiro avançava com raiva e minha espada se desfazia na aura de lava que emanava da enorme lâmina de fogo. As sobrancelhas do homem eram rudes com seus olhos, a raiva parecia dominar o guerreiro.

Ele avançou com a lâmina cortando de cima para baixo. Apoiei minha lâmina para impedir o golpe, mas não fui rápido o suficiente para impedir o grande impacto. Minha espada evaporou em minha frente e o guerreiro me atingiu com o ombro fazendo-me cair sobre os pés dele.

–Eu sou Vulcano. -O guerreiro levantou a lâmina flamejante e avançou para meu peito.

Eu rolei para o lado e corri para o mais longe que consegui. Vulcano pareceu não entender o que eu tinha acabado de fazer e correu enfurecido com a aura transbordando da pele.

–Moço! Não podemos resolver isso de outra maneira?! -Gritei, correndo mais rápido.

–Você só pode trazer a desgraça! -Vulcano gritava. -O seu sangue é impuro!

Eu não sabia do que ele estava falando, antes q o cansaço tomasse conta de meu corpo, Vulcando desapareceu em uma poeira avermelhada. Caí e avaliei o local, não era possível que Vulcano havia desistido de me matar.

Eu estava certo. Aos sons dos cavalos de Moonye, Vulcano surgiu ao meu lado e a aura de fogo possuía o meu corpo antes da lâmina encostar no meu peito. Senti meu coração queimar e o mundo pareceu escurecer em meio o fogo. A última imagem que vi foi uma lâmina esverdeada batendo como aço no fogo de Vulcano, empurrando-o para trás...