Acordei sentindo um peso enorme em todo o meu corpo. Parecia que alguém tinha colocado uma coroa de espinhos em minha cabeça e cada vez apertasse mais.

- Bella? – ouvi a voz que eu esperava. – Está tudo bem, linda – Edward me confortava.

Fiz força e abri os olhos, mesmo com toda a claridade me incomodando. Avistei primeiro Edward e logo depois Alice, que parecia totalmente aflita. Seus olhos estavam inchados e vermelhos.

- Eu to bem, Allie. Só um pouco fraca – falei pela primeira vez, sentindo minha garganta arranhar e a minha voz sair rouca.

Ela me abraçou e começou a chorar.

- Você tem que parar de fazer isso sua desgraçada – disse com a voz embargada.

- Desculpa – falei sorrindo.

Depois que eu acordei, Allie e Rose me ajudaram com o banho, e me contaram que passei somente parte da tarde dormindo.

Bem, ao menos dessa vez eu não perdi algus dias – o que seria revoltante levando em conta que nossas férias estavam chegando ao fim.

Mesmo com toda a preocupação que rondava a todos sobre os próximos acontecimentos, muitas coisas além disso ocupavam minha mente. Como vai ser namorar a distância? Será que tudo iria dar certo?

Eu poderia tentar uma transferência, mas não tenho coragem de deixar Charlie sozinho naquela cidadezinha. Em contra partida, minha mãe seria a pessoa mais feliz do mundo por ter suas duas filhas em sua casa.

Eram nove horas quando terminamos o jantar e todos se reuniram em meu quarto. Estavamos meio apreensivos até as três luzes coloridas aparecerem no centro do cômodo.

- Você está bem, Bella? – Dorothy demonstrou preocupação.

- Sim, só um pouco cansada, mas nada que vá me deixar pra baixo – falei sorrindo.

- Fico feliz – respondeu também sorrindo. – Bem, vagando por aí, acabamos por descobrir o dia exato em que o portal estará com seu poder mais forte – prendi o ar na hora. – Será na madrugada de sexta para sábado.

- E o que nós temos que fazer? – Rosalie perguntou num rompante.
Alma tomou a frente da história e se aproximou mais de nós.

- Vamos ter que descer até a parte antiga – disse.

- Mas lá não é tipo um lugar super proibido? – Emmett perguntou.

- Sim, é um lugar bem perigoso quando entramos de maneira displicente e na hora errada – Belatrix disse em tom de sensura. – Nós vamos ter que nos dividir em grupos e fazer rondas pelo castelo pra evitar qual quer tipo de confusão que esses fantasmas possam vir a arrumar.

- Na sexta-feira nós vamos esperar o momento exato pra entrar nas masmorras e impedir que eles libertem mais gente morta, e torne esse castelo ainda mais assombrado do que é – Alma completou.

Masmorras, gente morta e assombrado, não são palavras que eu gostaria de ouvir na mesma frase, ainda mais quando a gente tem que entrar no meio disso tudo. Por que não me mandam logo pro Iraque e me fazem virar uma mulher bomba? Seria mais rápido e sem dor alguma.

- Bem, o principal que vocês tem, e que não podem esquecer no meio da batalha, é que a junção de todos os seus poderes formam um ainda maior – Johannes disse. – Vocês três lembram o que os fantasmas fizeram do lado de fora, certo?

E se eu lembrava. O desgraçado do gordinho ficou jogando bolas luminosas pra cima da minha barreira, e no final quando eles fizeram uma corrente enorme, a intensidade do seu poder aumentou.

Ah! Agora tudo estava explicado! O meu poder tinha ficado mais forte porque eu tinha Edward ao meu lado.

- Ah, então é só nós darmos as mãos, entrarmos nas masmorras e acabarmos com a raça daqueles desgraçados? – perguntei mais animada.

- Infelizmente, não – Dorothy respondeu. – Se eles não tivessem o Dr. John Sharp ao lado deles, até poderia ser.

- E o que esse aí tem, que os outros não tem? – Emmett perguntou.

- Ele é mais velho, mais inteligênte e mais poderoso do que os três patetas juntos – Dorothy disse.

Emmett estava com a expressão pensativa e parecia bem compenetrado. Todos olhamos pra ele a espera de alguma coisa.

- Sabe, - ele finalmente saiu do transe. – eu acho que consigo acabar com os três patetas sozinho! O único que pode me dar mais problemas é o Moe – disse como se estivesse se confessando.

Alma estava com o cenho franzido e olhava pra ele com uma expressão engraçada.

- Quem é Moe? – perguntou curiosa.

- Um dos três patetas, oras. Irmão do Larry e do Curley – respondeu como se estivesse falando com algum lerdo.

Rosalie deu um tapa na cabeça do namorado e fez uma cara de dar medo.

- Por favor, Emmett, tente não abrir essa boca enquanto eles estão falando coisas importantes – pediu séria.

Ele colocou as mãos pro alto, depois fez sinal com a mão como se estivesse fechando a boca com um ziper. O grande mistério seria, quanto tempo ele conseguiria ficar só ouvindo e de boca fechada – que era o mais importante.

- O que vocês sabem sobre as masmorras? – Edward perguntou.

- Nós já fomos lá, obviamente – Johannes disse pensativo. – O lugar é escuro e bem macabro. O portal ficava centralizado, e não era dentro de nenhuma cela. – ele fez uma pausa e olhou pra todos nós. – Hoje está cheio de ossadas. Imagino que depois que houve a queda do absolutismo e das guerras por aqui, o lugar tenha servido mais de cemitério do que pra manter prisioneiros.

Que saco! Quando eu acho que não tem como ficar pior, recebo uma notícia dessas.

Alguém bateu na porta fazendo com que eu olhasse imediatamente pra Rose.

- O que essas vadias estão fazendo aqui? – se levantou e foi até a porta.

Fitei Edward esperando uma resposta.

- Victória, Jessica e Lauren – deu de ombros.

- Isabella está? – ouvi a voz da mocréia ruiva vindo da porta.

- Deixe elas entrarem – Alma pediu.

Todos olhamos pra ela sem entender nada, inclusive Rosalie.

- Se alguma nos ver, vamos saber se estão do lado do mal ou não – falou sorrindo diabólicamente.

- Quem está aí, Rose? Mande entrar – gritei tentando ser convincente.

Rosalie abriu a passagem e as três passaram pela porta, pousando os olhos em mim e no Edward, que estava grudado comigo. Mesmo com elas não aprontando nenhuma pra cima da gente, eu sabia que o meu namoro as incomodava profundamente. Ainda via os olhares hostis e as expressões de raiva, pelos corredores.

- A que devo a honra? – falei sarcártica, vendo que nenhuma delas via Alma bailando de um lado pro outro, igual uma idiota.

Edward deu uma risadinha ao meu lado, creio que ouvindo o que eu pensava.

- Esme pediu pra que eu perguntasse se você queria nos ajudar com a arrumação pro baile – Victória disse de má vontade.

Eu ia dizer um não daqueles, mas fui impedida por Belatrix.

- Vá ajudar e leve Alice e Rosalie com você – disse rápido. Fiz esforço pra não olhar pra ela. – Precisamos ficar de olho no castelo, e creio que lá seria um bom ponto pra eles. Com Rosalie você vai saber se algum fantasma estiver por perto, e com Alice não será pega de surpresa.

- Se eu puder levar as meninas, eu vou – respondi antes que as três achassem que eu estava louca.

“Você tem certeza de que vai estar bem?” Edward perguntou por pensamento.

“Fica tranquilo, Ed. Não vou estar sozinha” respondi ainda esperando a resposta das três.

- Tudo bem, vamos logo que nós temos trabalho pela frente. Estaremos no salão principal – Victória falou e foi andando em direção à porta.

Assim que elas bateram a porta, nos viramos pros três fantasmas.

- John, vai com elas e nós vamos fazer a ronda com os garotos – Dorothy disse.

Dei um beijo em Edward que me olhava preocupado.

- Você vai estar com a Alma, se qual quer coisa for acontecer, vocês irão saber antes – o confortei e dei um beijo em seus lábios.

- Eu tenho uma pergunta – Emmett disse ficando de pé. Lá vinha merda! – Como a pessoa do lado deles, vai conseguir ver vocês se ela não tem um anel?

Todos estavam bobos. Eu nem tinha parado pra pensar nisso, e pra surpresa geral da nação, Emm fez uma pergunta normal. Normal não, excelente.

- Lembra da luva preta que nós falamos? – Johannes disse e todos gesticularam um sim. – Não sabemos ao certo o que ela tem, mas faz com que a pessoa nos veja. Nós que eu digo, os fantasmas em geral, igual vocês.

- Pode ser que eles também tenham uma pedra – Emmett falou pensativo, fazendo com que todos ficassem de cara, novamente. – Temos que tomar cuidado. Agora vão meninas, e não se machuquem e nem façam barraco, por favor.

Eu não tive reação. Onde estava o nosso Emm, e o que fizeram com ele?

O que nós íamos falar? Saímos dali embasbacadas e fomos vagarozamente para o salão principal. Com Johannes atrás, é claro.

- Hey meninas – Angie veio toda animada assim que entramos no lugar. – Que bom que vieram! Já está chegando o final das férias e nós passamos um tempo sem nossas conversas. Vem – e puxou meu braço.

O fantasma pareceu meio receoso quanto a isso, mas ao ver que Rose e Allie nos acompanhavam sem o menor problema, deu uma relaxada.

- Olha Leah, elas vieram – Ângela falou animada, assim que chegamos perto de uma escada, onde Leah estava prendendo efeites perto do teto.

- Oi meninas, que bom que apareceram – disse simpática como sempre. – Nós precisamos de ajuda para arrumar as mesas. Vocês se encarregariam disso?

Até que enfim um trabalho leve! Se eu pudesse escolher entre isso e controlar fantasmas, eu com certeza passaria o resto da vida forrando mesas, cadeiras e qual quer mobília que me pedissem.

- Claro que sim – Alice respondeu super animada. – Se precisarem de mais alguma coisa, só nós avisem – e saiu puxando eu e Rose pelas mãos.

Passamos o resto da noite, e parte da madrugada ajudando as garotas. Paramos uma e meia, quando Esme entrou no salão e mandou todo mundo ir pra cama.

- Nossa, que coisa chata – Johannes reclamou. – Se eu soubesse que vocês iam ficar prendendo panos em mesas e cadeiras, eu teria ido atrás da Alma.

Alice bufou.

- Pelo menos o Jasper não fica aí reclamando pelos cantos – tenho que dizer que o trabalho cansou minha irmã levando junto com sua disposição, o bom humor.

- Alice, o Edward está aonde? – perguntei meio receosa. Vai que eu levo um coice.

- No quarto dele te esperando – respondeu na mesma hora. – O Emmett está jogando video-game – disse olhando pra Rose que estava com a boca abeta, pronta pra fazer a pergunta.

No corredor dos meninos, nos despedimos e demos um até amanhã. Combinamos com Johannes que ele e as outras duas iríam ficar por aí de noite, e que pra qual quer coisa, nos acordassem.

- Até que enfim – mal entrei e senti os braços fortes me abraçando. – É agonizante não saber onde você estava. Da próxima vez eu vou com você, nem que eu tenha que botar uma saia e imitar a cinderela!

Eu ri da cara que ele fazia.

- Cinderela, Edward? – levantei uma sobrancelha. – Não conhecia esse seu lado princesa.

Ele ruborizou na hora – o que eu achei muito fofo.

- Você sabe do que eu realmente gosto, e não se faça de engraçadinha – disse sem graça.

- Sei, sei! Vamos dormir que esse trabalho acabou comigo – disse me espreguiçando. – Vou tomar uma ducha e já venho – bocejei.

Tomei um banho quente, sem lavar o cabelo mesmo, e peguei a toalha. Saí da banheiro e avistei a visão do paraíso bem onde eu ia dormir.

- Ed, você pegou algum pijama meu? – perguntei.

- Não, pode pegar uma blusa minha – ele apontou pro armário, sem tirar os olhos da TV, onde passavam notícias sobre futebol americano.

Foi até lá e peguei uma qual quer, vestindo logo em seguida. Depois fui até a cama e deitei ao seu lado. Edward me puxou pra perto, fazendo com que nossos corpos praticamente se encaixassem.

- Dorme, Bella, amanhã o dia vai ser longo – e beijou minha testa. – Te amo, linda.

Sorri e deixei meus olhos fecharem, me levando diretamente para a escuridão.

Não tive sonho mas dormi igual uma pedra.

Acordei no dia seguinte com alguém batendo freneticamente na porta do quarto. Isso já estava ficando repetitivo. Não seria bem melhor arrumar um interfone? Pensando bem, não! Imagina aquele aparelho tocando o dia inteiro.

- São Ângela e Leah – Edward disse acordando. – Parece que tem algum problema na decoração do baile.

Olhei no relógio que ficava ao lado da cama e vi que marcavam sete horas da manhã. Será que a decoração não podia esperar até às nove? Me levantei e peguei um roupão que estava em cima de uma cadeira.

- Oi meninas – falei ao abrir a porta. – Aconteceu alguma coisa? – passei as mãos no cabelo.

- Bella, está tudo arruinado! Destruiram toda a decoração do baile – Angie disse desanimada.

– Carlisle olhou a câmera de segurança, e ninguém entrou no lugar. Parece coisa de outro mundo – Leah completou.

Droga! Trabalho logo pela manhã. Aquele barrigudo me paga.

- Que horror! – tentei disfarçar. – Podem descer que eu vou me arrumar e encontro vocês lá.

Elas se despediram e sairam correndo.

- Você ouviu isso? – Perguntei indignada pro Edward. – Esses fantasmas estão parecendo um bando de criancinhas.

- Nós não vimos, desculpem – dei um grito quando os três apareceram do nada.

- Da pra vocês arrumarem uma maneira de surgir sem me dar susto? – fui até o banheiro e bati a porta.

Já não basta ser acordada, perder todo o trabalho que fizemos ontem, eu ainda tinha que ficar levando susto dos meus próprios amigos fantasmas? Não ha nervos que aguentem.

Tomei um banho quente e depois saí do banheiro. Os três fantasmas e Edward me olhavam sem falar nada.

Fui até o armário dele onde eu tinha uma roupa reserva, e a peguei. Marchei até o banheiro e novamente fechei a porta. Quando eu terminei de me arrumar, que saí do banheiro, só Edward me esperava.

(…)

- AH! Eu vou matar um hoje! – Alice disse puta da vida, porque todo o trabalho foi por nada. – Eu estraguei toda a minha unha, movendo mesas pra cá e pra lá, e agora tudo foi por água a baixo?

O salão estava todo bagunçado; Eram mesas viradas, cadeiras jogas e panos brancos e vermelhos pra todos os lados.

- Que droga! O que mais falta acontecer? – Alice gritou.

Como sempre, algo aconteceu.

As luzes se apagaram, deixando só a pouca luz que entrava pelas longas cortinas iluminando o local. No mesmo instante começou a gritaria das meninas que estavam no salão.

Só ouvíamos barulhos de coisas batendo e gente gritando.

- Acredita que não tem nem meio fantasma aqui? – Rose perguntou entediada. – Será que elas não sabem lidar com o escuro?

É, a tarde iria ser longa, se fosse metade do que a manhã tinha sido.