The Powerful escrita por rafa_s


Capítulo 30
Capítulo 28: A história de Belatrix Dorothy




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Quando cheguei até a sala de jantar, todos já tomavam café. Edward me lançou um sorriso sincero e animado. Aquilo fez meu estômago revirar.


Fiquei quieta durante toda a refeição. Só dava sorrisos desanimados pros meus amigos e tentava não ignorar meu namorado. Por mais que eu achasse que toda a história fosse inventada, uma parte de mim não conseguia agir normalmente.


Devido a minha “gripe” Esme liberou Edward e eu das atividades de hoje. Enquanto os outros iam assistir a algum filme, nós dois fomos pro meu quarto.


- O que aconteceu, gostosa? – perguntou assim que entramos.


Respirei fundo e cruzei os braços.


- Eu quero saber tudo o que aconteceu durante o tempo em que estive dormindo – tentei não ser grossa.


Ele franziu o cenho, e já ia abrir a boca pra falar alguma coisa, quando algo pareceu atingir sua mente.


- O que ela te disse, Bella? – se levantou e veio pra perto de mim. – Eu não queria fazer nada daquilo… Mas quando eu vi…


- Nada daquilo o que, Edward? – perguntei sentindo o sangue ferver. – Então você beijou mesmo a biscate?


Cruzei os braços e o encarei, lançando O olhar.


- Beijei, mas eu achei que fosse você – falou na maior cara de pau.


Bufei e estreitei os olhos.


- EU?! Eu estava desacordada Edward! – joguei os braços pro alto. – Você não leu a mente dela? Como você pode fazer isso comigo? Depois que eu aguentei a sua ex perambulando por aí com você, me encarando quando ninguém via e me interrogando, agora descubro que você estava por aí beijando Victória? – respirei diante do turbilhão de palavras que joguei pra ele. – Tem mais alguma coisa que eu não saiba?


- Bella, calma. Não é bem assim – disse me segurando pelos ombros. – Eu estava dormindo e você estava lá comigo. Eu não a beijei por aí, ela me beijou enquanto eu dormia ao seu lado – se perdeu no raciocínio. – Eu nunca te trairia, eu juro.


Analisei sua expressão. Meu coração apertou ao ver seus olhos molhados. Eu não queria vê-lo assim. E pensando bem, se ele quisesse alguma coisa com a tribufu já teria tido antes de mim. O abracei, e ele pareceu mais calmo diante disso.


- E antes que elas venham te falar – me larguei dele e o fitei, - no dia do festival, a Jessica meio que… - parecia não querer falar.


- O que ela fez, Edward Cullen? – perguntei engrossando a voz novamente.


- Digamos que ela tentou ultrapassar limites nas regiões mais baixas – falou de uma vez.


- Como é que é? Me conte exatamente o que aconteceu – o empurrei pra minha cama. – Ela o que? Te estuprou?


O desgraçado começou a rir, me fazendo ficar ainda mais nervosa. Eu sentia a raiva tomando cada canto do meu corpo. Me assustei ao ver Edward batendo na cabeceira da cama com um baque abafado.


- Ai – passou a mão na cabeça. – Isso dói.


Ainda espantada, subi na cama e fui engatinhando desesperadamente até ele. Pelo barulho o impacto foi grande, e eu não queria machucá-lo. Cheguei perto, e ele tentou segurar meu rosto. Dei um tapa em sua mão e fui pra trás dele – levantando sua camisa. Suas costas não pareciam machucadas – pro meu alívio.


- Desculpa, Ed – olhei pra baixo. – Eu só fiquei meio nervosa – admiti.


Ele sorriu e se aproximou de mim – dessa vez eu deixei. Me deu um beijo rápido e me encarou.


- Você é uma fofo com ciúmes – disse, pra minha ira. – Mas eu nunca te trocaria, Bella. Você deveria saber disso.


Eu ia abrir a boca pra protestar, mas suas próximas palavras tiraram o meu argumento.


- É mais forte que a gente, meu amor – sorriu torto. – Você sempre será minha, assim como eu sempre serei seu – surpreendendo ele levou a minha mão direita até seu cordão.


Era um dia ensolarado e eu podia ver Roisia e Alma na beira da água da praia, segurando a barra de seus vestidos e molhando até as canelas. As duas riam e se divertiam. Everard e Johannes estavam dentro da água rindo delas.


- Ei vocês dois – Roisia olhou pra um ponto da areia.


Vi que Belatrix e Edward estavam sentados em baixo de uma árvore – ambos com sorrisos no rosto.


- Se desgrudem um segundo e venham se divertir – disse jogando os braços pro alto e deixando a barra seu lindo vestido azul molhar.


O casal riu, se levantou e correram de mãos dadas até a água, molhando as outras duas.


- Eu não posso me desgrudar dela, Rosi – ele levantou Bela. – Eu amo essa mulher demais pra deixá-la solta por aí.


O casal sorriu e se beijou. Bela pulou de seu colo e correu até a areia. Agachou e começou a escrever. No fim se levantou, sorriu e foi correndo de volta pros braços de seu amado.


“B & E para toda eternidade” era o que estava escrito.


Meus olhos entraram em foco, e Edward sorria pra mim. Essa história de ver o passado ainda era estranha demais pra mim.


- É só fazer isso? – segurei seu cordão com a minha mão direita e nada aconteceu. – Como você descobriu que a gente pode vê-los?


Ele abriu um sorriso ainda mais largo e seus olhos brilhavam.


- Não, só saber o momento certo – disse misterioso. – E eu descobri quando você estava desacordada. Eu me preocupei muito com a senhorita.


Minha mão ainda segurava o seu cordão.


- E o que você viu? – perguntei animada.


Ele mordeu o lábio inferior, fechou os olhos e me beijou ternamente.


O estábulo estava escuro, e tudo o que eu ouvia eram risadinhas.


- Edward, você tem mesmo que ir nessa missão?


Andando mais pra dentro do local, pude ver o já conhecido casal deitado em meio a cobertas e lençóis na palha.


- Tenho, Bella – ele suspirou. – São ordens do seu pai e eu não posso desobedecer.


A mulher ficou por cima dele e o encarou nos olhos.


- Você disse que nunca me deixaria – sua voz era carregada, parecia prestes a chorar.


- Não fique assim – ele deitou a cabeça de Bela em seu peito. – Eu volto por você.


Ela levantou a cabeça sorrindo e o beijou. Bem, o beijo ficou mais empolgado e eu tampei os olhos com as mãos. Não ia ficar vendo a intimidade alheia desse jeito – mesmo sendo uma espécie passada do gostosão e de mim.


- Isso é fantástico, Ed – sorri assim que o vi novamente.


- Fantástico pra gente, meu amor – seu sorriso era meio triste. – Tanto eu quanto você sabemos que essa história não tem um final feliz.


Me joguei de costas na cama soltando o cordão. O tal pai da Dorothy era um desgraçado. Como ele pode fazer isso? E o que raios ela estava fazendo no topo de um torre, sozinha? Óbvio que isso não daria certo.


- Bella, olha isso – Edward apontava pro meu armário.


Olhei pra ele e novamente vi o brilho rosa saindo lá de dentro. Levantei correndo – quase caí. Fui até a porta antiga e a abri.


- Vamos, Ed – segurei sua mão e arrastei escada abaixo.


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Já lá em baixo, eu comecei a achar tudo aquilo muito estranho. Primeiro; a luz estava mais forte do que quando encontrei o anel. Segundo; ali estava frio pra cacete. E terceiro; a porta estava abrindo sozinha.


Edward me puxou pra trás dele. Quando a porta se abriu por completo eu achei que ia ter um derrame ali mesmo. Pisquei várias vezes pra ter certeza de que eu não estava sonhando.


Belatrix estava parada e sorridente fitando nós dois lá de dentro.


- Vo… Você… - balbuciei as palavras.


Ela sorriu.


- Entrem e parem de bobeira – foi até os fundos da sala e ficou parada nos esperando.


Minhas pernas não tinham força. Uma coisa era eu vê-la em sonho, outra bem diferente era ela aparecer pra mim numa manhã de quinta feira. Senti Edward se mexer. Ainda agarrada nas costas dele o segui pra dentro.


- Vejo que já estão fortes o bastante pra me ver – disse simpática. Me encarou e sua feição era confusa. – Não é de mim que você tem que ter medo, Bella. Pode se desgrudar dele que eu não vou te fazer mal.


Minha mão suava frio e parecia grudada à cintura de Edward. Uns segundos depois ele se virou pra mim e sorriu.


- Ela diz a verdade, gostosa – afagou meu rosto. – Pode soltar – e assim o fiz.


Dorothy olhava tenramente pra nós dois com um sorriso tímido dançando em sua boca. Fechou os olhos por uns instantes e depois abriu, junto com um sorriso.


Sentei em meu lugar e Edward no dele. Eu estava hipnotizada. A pele dela era muito branca, não era sólida mas também não tinha nada de transparente – como nos filmes. Parecia uma ilusão.


- Você flutua? – as palavras saltaram da minha boca, e eu imediatamente a tampei.


Ok, me internem! O que estava acontecendo comigo? Em um minuto estou paralisada diante da presença dela e agora soltava esse tipo de pergunta.


Pra minha surpresa ela riu.


- Sou um fantasma, Bella. Não um balão – seu sorriso era mais lindo ainda pessoalmente.


Edward gargalhou ao meu lado enquanto eu ruborizava fervorosamente. Dei um chute nele por baixo da mesa.


- Ei – reclamou alisando a canela. – Não sou fã de masoquismo.


- Então pára – cruzei os braços.


Fomos tirados da nossa discusão infatil com a fantasma gargalhando. Olhamos pra ela na mesma hora, e a própria se esforçou pra parar, ao ver nossa cara.


- Sabe, vocês não são tão parecidos com nós, afinal de contas – disse com a voz tilintante.


Não sei porque, mas aquilo me deu um alívio imenso.


- E os outros? – Edward perguntou apontando pras cadeiras vazias.


- Eu não vim falar com os outros – ela deu de ombros. – Acho que é melhor vocês saberem por mim tudo o que aconteceu no passado.


Ela juntou as mãos entrelaçando seus dedos. Senti meu corpo leve e um frio subiu minha espinha. A mão de Edward agarrou meu braço e um solavanco fez eu me assustar. Fechei os olhos bem fortes e só abri quando eu não sentia mais nada estranho.


- Onde nós estamos? – perguntei olhando novamente o fundo branco, e respirei aliviada ao ver que Edward ainda estava ao meu lado, tão confuso quanto eu.


- Vocês estão “dormindo”, e isso aqui é uma espécie de sonho – sorriu Dorothy.


Ela levantou os braços, com a palma da mão virada pra cima, e então um misto de cores começou a se formar, como um roda moínho. Em questão de segundos estavamos parados em frente ao castelo e era noite.


- Olhem ali – apontou pro portão.


Ouvimos risadas e então alguns vultos passaram pelo portão.


- Bela, seu pai vai matar a gente – reconheci como a voz firme de Roisia, mas sorridente.


- Quero ver ele me matar – a princesa apontou pro peito. – Alma, aonde eles vão estar?


O vulto menor abaixou a cabeça.


- No vilarejo, na casa do Sr. Thomas – sua empolgação era a mesma da minha irmã.


- Então vamos!


Quando voltaram a andar, um grito ecoou pelo local. Pelo tom pude logo perceber que se tratava de um homem.


- Aonde as senhoritas pensam que vão? – um homem rechonchudo disse saindo pelo portão batendo os pés forte no chão.


- Papai, nós vamos colher dama-da-noite – Belatrix disse com a voz firme. – Meu quarto precisa ser perfumado, e o senhor sabe que essa flor é noturna – sua voz agora era manhosa.


O rei cruzou os braços e encarou as três moças.


- E vocês acham que é certo três damas andarem sozinhas por aí essa hora? – sua voz era firme. – E se por acaso os escoceses aparecessem por aqui? Vocês seriam presa fácil! – esbravejou.


- Senhor – outra pessoa surgia em frente ao castelo. Era Everard fazendo a reverência. – Desculpe a intromissão, mas se for de vossa vontade posso acompanhar as damas até o campo.


Alma coçava a cabeça e o rei olhava o grande homem que estava curvado em uma reverência de cabeça baixa.


- Ótimo, Everard – disse por fim. – Fique de olho aberto – instruiu. – E Belatrix – se virou pra filha. – Na próxima vez que quiser uma flor, basta pedir aos criados.


Derrepente a cena se desfez, dando lugar a outra. Era um casebre apertado e nele estavam o Sr. Glow, Johannes e Edward. Alguém bateu na porta e por ela passaram Everard e as meninas. Belatrix correu imediatamente para os braços de Edward – que a recebeu com um sorriso. Alma olhava intensamente para o homem loiro de postura impecável – que retribuiu o olhar.


- Meu pai quase pegou a gente – disse animada. – Mas o grande cavalheiro nos salvou – sorriu pro soldado.


Ele gargalhou, e aquilo me fez lembrar imediatamente do bombado. Como era possível ser tão parecido?


- Muito obrigado pelo elogio milady – fez uma referência.


- Deixa de ser estúpido, Everard – deu um tapinha delicado em seu braço musculoso.


Meu Edward prendeu a risada ao meu lado. Revirei os olhos. Acho que ele sempre iria rir dessa palavra. Levei um susto com um barulho alto. Me voltei pra cena, e pela porta entraram dois guardas, seguidos do rei e logo depois mais guardas. Prendi a respiração.


- Do que se trata, a reunião? – perguntou cínico.


Ninguém falou nada. Todos tinham os olhos arregalados e os rostos sem cor.


- Eu fiz uma pergunta! – gritou o homem gordinho. – Belatrix!


A mulher respirou e deu um passo a frente.


- Eu vim ver meus amigos, que o senhor – apontou pra ele – afastou de mim.


Raiva trasbordava pelos olhos do rei. Ele olhou pra cada rosto dentro daquela sala.


- Isso que você chama de amizades? – gritou ainda mais alto. – Por Deus, você é uma princesa!


As mãos da mulher estavam em punhos e ela tinha uma expressão de amedrontar qualquer um. Lentamente andou até o pai e o encarou de perto.


- Pois saiba que eu preferia ser uma mendiga a ter essa vida – disse baixo com a voz cheia de amargura.


Todos arregalaram ainda mais os olhos – inclusive o rei. Ela caminhou até a porta, com Alma e Roisia atrás.


- Ah – disse parando antes da porta, - e saiba que se a mamãe tivesse viva, nunca permitiria que o senhor me afastasse dessas pessoas, que diferente de você, se importam realmente comigo. É melhor o senhor não tentar fazer isso – avisou. – Eu posso ir pro fundo do poço, mas tenha certeza de que vossa magestade irá comigo.


Saiu do aposento do mesmo modo que o pai havia entrado. Cheia de fúria.


Novamente a imagem se dissolveu.


Eu estava boba. A força de vontade que a princesa tinha era ímpar. Ela conseguia transparecer tudo isso com facilidade, pra quem estivesse ali ver.


Encarei boba a fantasma atrás de mim. Ela sorria lindamente.


- Eu era forte às vezes – olhou pra baixo. – Vamos continuar, já está quase acabando – inspirou fundo e fechou os olhos.


Como está quase acabando? Ela não esperou ele por sete anos, e etc.?


Estávamos na sala do trono. O rei estava em seu lugar, com o rosto apoiado em seu cotovelo direito, que por sua vez estava no braço do acento. No meio do chão da sala Dorothy chorava com as duas mãos tampando o rosto, enquanto Roisia e Alma amparavam-na.


Everard e Johannes estavam logo atrás com olhares de ira. A cena era chocante, e ver a indiferença do rei era algo surreal. Sua própria filha aos prantos em sua frente, e ele nada fazia, a não ser ficar com cara de tédio.


As pessoas em volta estavam chocadas. Várias mulheres com cara de choro, olhando a tristeza da pobre princesa. Ninguém merecia aquilo, nem mesmo Victória e Jessica.


- Qua- quanto tem- po ele vai ficar fo- fora? – disse revelando sua cara inchada, devido ao choro.


- O tempo que eu precisar dele lá – o rei revirou os olhos. – Não sei pra que tanto drama. Ah, e mais uma coisa – sua postura ficou ereta, lá vinha bomba. – Não quero saber de cartinhas entre vocês, Edward tem que estar concentrado em sua missão. Ouviu bem?


A mulher se levantou e pude ver a primeira fileira de pessoas que estavam assistindo cair pra trás. Estranhei que os outros quatro tivessem ficado de pé. Era evidente a repugnância no olhar que Belatrix lançava ao pai.


- Tudo bem – fez uma referência, com a saia. – Pois saiba que a minha promessa continua de pé, papai.


Novamente eu via essa mesma pessoa saindo de cena com esse semblante. Minhas lembranças me levaram até a cara de felicidade que ela havia feito na visão da praia. Meu coração apertou, e nele eu senti uma dor terrível. Agonizante.


- Desculpem-me pelo show – disse delicada e sem graça. – Ele não deixou que nós nos despedíssemos.


- Eu sinto tanto – as palavras saíram de minha boca em um sussurro.


Ela me olhou cheia de ternura e abriu um sorriso ao se virar pra Edward. Segui seu olhar e ele me encarava intensamente e sério. Meu coração acelerou e me virei pra Dorothy.


- Edward? – Ela chamou.


Pude ver que ele foi virando lentamente pra ela, mas com os olhos presos em mim, depois a encarou.


- Eu não quero mais isso – disse com a voz grossa. – É torturante, e eu nunca vou fazer isso com ela – abaixou o rosto e segurou a minha mão que estava apoiada ao lado do meu corpo.


Ela sorriu.


- Eu sei que o sentimento não é bom, mas vocês têm que saber.


Novamente o cenário estava saindo do branco e ficando colorido. Era um quarto, e pela estrutura eu pude ver que era o mesmo que eu estava instalada.


Belatrix estava sentada em sua cama de cabeça baixa. Alguém bateu na porta e, mesmo sem resposta, entrou. Era Alma com o vestido rosa na mão.


- Seu pai mandou fazer – vi que seu rosto não era tão novo e que tinha uma ruga de preocupação em sua testa.


- Eu não quero nada daquele monstro – falou triste. – Sete anos, Alma. Sete! Você conseguiria fica longe do John esse tempo todo?


A pequena balançou a cabeça – triste. Colocou o tecido na cama e se sentou ao lado de Belatrix.


- Se acalme, Bela. Você sabe que nenhum desses rumores é verdade – abraçou a amiga.


- É eu sei. Mas cadê ele? Eu já falei pra fugirmos – disse chorosa. – Nós quase morremos por todos nesse castelo, e olha o que eu recebo em troca! Não sei se valeu a pena gastar tanta energia pra sete anos depois estar mais cansada do que quando o desgraçado do Dr. John tentou chutar meu traseiro.


Alma deu uma risadinha contida, pareceu se lembrar de algo. Belatrix deu um pequeno sorriso pra ela.


- É impossível fugirem no momento, querida. Vocês poderiam nunca se encontrar – acariciou os longos cabelos castanhos. – Agora vista o vestido e vamos até a sala do trono.


A imagem ficou embaçada, mas logo eu podia ver a princesa ao pé da escada com o seu, habitual – pra mim, é claro, - vestido rosa. Ela estava linda e seu rosto indiferente. Era como uma máscara na mulher que eu havia acabado de ver.


- Bom dia minha querida, vejo que o vestido lhe caiu perfeitamente bem – a voz do rei era mais fraca do que antes. Ele parecia mais velho e cansado. Seus olhos tinham rugas do lado, e ele já não olhava mais pra filha como havia feito antes.


Ela fez uma reverência e ficou de pé novamente indiferente.


- Tenho notícias pra você.


Isso fez Belatrix levantar os olhos, e mesmo com a cara dura eu podia enxergar uma pequena faísca de esperança ali.


- A minha tropa já está voltando do continente – disse com ânimo na voz.


A princesa tinha desconfiança em seu olhar.


- Isso é sério ou é algum tipo de brincadeira? – perguntou séria.


- É verdade, Bela – cruzou os dedos em cima do colo.


E então, como num passe de mágica, toda aquela carranca havia desaparecido. Se virou pra Alma e a abraçou com vigor. Seus olhos tinham um brilho diferente e suas bochechas ficaram rosadas.


A imagem ficou embaçada, e novamente estávamos no quarto dela. Ainda vestia o traje rosa.


- Meninas, vou lá em cima – ela não parecia tão feliz.


- Novamente, Bella? – Roisia perguntou preocupada.


- Sim. Já passaram oito dias, já era pra terem chegado – abaixou a cabeça e saiu do quarto.


Dessa vez “fomos” com ela. Seus passos eram lentos e sua cabeça ainda baixa. Pude ver uma lágrima batendo no chão. Ela suspirou e subiu as escadas da torre que eu já conhecia como sendo a da lenda. Prendi a respiração.


Vai ser agora.


No topo da torre o vento forte batia em seus cabelos. Era noite. Derrepente eu vi uma luz branca surgir da escada. Belatrix não viu pois estava de costas, apoiada no parapeito.


Seus soluços eram bem audíveis, apesar da distância. Até que a vi tirando o anel e o jogando no chão. Tudo a partir dai foi muito rápido. Uma risada alta, um clarão e então Belatrix voando em direção ao penhasco. O que mais me impressionou foi que instantes depois Edward aparecia correndo no local, com a cara branca e lágrimas nos olhos.


Ele tinha “escutado” tudo.


O fantasma evaporou, ou eu simplesmente prestei atenção de menos nele. O soldado foi até o parapeito e olhou pra baixo. Viu o anel no chão e o beijou, indo em direção à escada logo em seguida. Não hesitou e nem olhou pra trás, só seguiu em frente.


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