Inexplicável escrita por Pear Phone


Capítulo 22
Penúltimo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Bom, pois é, eu resolvi que esse é o penúltimo. Eu não sei se vou dividir o fim em duas partes ou não, mas está próximo :'(

Sei que me atrasei duas semanas, gostaria de explicar dizendo que os textos em itálico entre aspas do fim do capítulo, são todos os que já foram citados nos capítulos anteriores. Juntando-os, podemos ver que cada um se relaciona ao outro. Essa é a intenção, hehe.

Espero que gostem, agradeço aos leitores e comentários.



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[...]

O último contemplar da madrugada escura e sombria, misturando-se com a melancolia das pobres almas que a viviam, alcançava a visão dos mais distantes olhares e trazia-lhes a angústia dos mais incertos desejos.

Carly deitava-se ao lado de seu cúmplice, examinando os fios de seu cabelo negro. O silêncio entre ambos tornara-se até mesmo constrangedor por certo tempo.

— E então, Joe... Quando pretende finalizar tudo isso?

— O que quer dizer?

— Nosso plano de separar Sam e Freddie.

— Estamos indo no caminho certo, meu bem, atravessamos a maior parte do progresso.

— Eu já fiz tudo que podia para isso acontecer, eu revelei a verdade. Como ele pôde esconder a morte dela por tanto tempo?

— Ele foi um belo mentiroso... E era a maior carta que tínhamos na manga.

— Mas e agora? Não consigo entender o quão longe deseja chegar.

— Apenas marque um encontro com o Benson e o convença a aceitá-lo.

— Por quê?

— Porque eu estou mandando! – exclamou ríspido, declarando o fim do breve diálogo.

O silêncio soou como a resposta mental da morena, que não poderia recusar-lhe o feito. Ela sabia que não tinha sequer valor naquele lugar, a intenção de Joe era usá-la, de fato.

Mas será que algo não o esperaria, no futuro? Será mesmo que uma "viúva indefesa" não lhe vingaria os atos do passado?

E enquanto planejava uma vingança, era ele mesmo que estava sendo vingado.

A jovem levantou-se da cama que com ele dividia, pegou suas vestes e após trajá-las, despediu-se do homem com as mais retóricas palavras. Passos à frente, abriu a porta e a fechou em seguida, sorrindo de maneira singela e descontraída. O som de seus saltos ecoava serenamente e o som de seu choro pouco era notado ao entrar no elevador, admirando seu reflexo nas espelhadas paredes. As madeixas lisas e escurecidas caíam soltas de encontro com seus ombros. Quem a visse em tal situação jamais imaginaria o motivo da solidão e culpa que nutria em seu interior.

Tal sentimento que pouco expressava-se sobre seu indecifrável olhar.

[...]

A manhã chegara na velocidade de um repentino relâmpago. Poucos foram aqueles que a viram expandir-se sobre a imensidão que o céu revestia.

— Onde ela está? — o moreno perguntava pela loira, que havia desaparecido mais uma vez.

— Disse-me que iria prepará-lo algo na cozinha. Quer que eu vá chamá-la?

— Não, pode ficar o resto da manhã de folga. Eu mesmo vou até lá.

Seguiu a descer as escadas apressado e indo de encontro com o convidativo aroma que penetrava em suas narinas, logo concentrando suas atenções na cena que viera-lhe em seguida. Ela estava de costas manuseando um objeto qualquer, parecia ser algo natural, até decidir aproximar-se e perceber que a mesma estava perto de deslizar uma faca sobre o pulso.

— Sam?

Samantha reprimiu a ação assim que notou olhares por trás de si, largando a faca sobre o chão.

— Por que está aqui? — ela indagou no soar de sua voz baixa e apavorada.

— Com certeza, não esperava ver o que vejo.

— E-eu posso explicar — tentava amenizar a situação.

— Estava mesmo pensando em fazer algo como isso?

— Se eu devo morrer, que seja rápido, e não aos poucos.

Sem pensar duas vezes, abriu seus braços para concedê-la um abraço. Ela tentava conter sua fragilidade mas não podia recusar-se a abraçá-lo em tal momento.

— Eu sinto a mesma dor que você, fazendo isso só vai se torturar ainda mais.

— Não tenho mais onde descontar o que eu sinto, Freddie.

— Pode descontar em mim.

— Não posso fazer isso.

— Quando você se machuca, eu me machuco também.

— Eu não consigo viver assim — ela o dizia enquanto lágrimas deslizavam de seus olhos vagarosamente.

— Eu estou aqui. E mesmo que nada mais faça sentido, eu ainda estarei aqui por você e para você.

Subitamente, ela desfez o abraço e se pôs a pensar na última afirmação do moreno. Aquelas palavras despertavam-lhes pensamentos antigos.

"E eu não sabia de onde ele havia raciocinado isso, mas eu nunca o traí. Eu não conseguia admitir que ele me tratasse dessa forma apenas por uma ambição. Não podia aguentar um mísero segundo a mais naquela casa, e na madrugada seguinte eu deixei aquele lugar. Doía muito deixá-lo depois de tanto tempo, mas ele viveria bem sem uma mulher como eu, que segundo ele mesmo, não era digna de viver ao seu lado. A única coisa que ainda me afligia era a nostalgia dos tempos em que podia chamá-lo de amor."

"Eu não tinha medo de fazer aquela pergunta, e nunca esperaria aquela resposta. Na verdade, tudo girava como nunca girou em minha mente, e solucionar toda essa colisão seria mais difícil do que o aparente."

"Parecia estar tudo bem, mas não estava. Parecia ser tudo como antes, mas não era. E se fosse, talvez nada se resumiria no que se resumiu. Nós éramos tanto no passado, e agora somos como nunca imaginávamos. Algo simplesmente nos venceu."

"Carly estava certa, mas também estava errada."

"Se o ouvisse por ao menos mais um segundo, agiria de maneira insana. Agora eu percebia, ele era o único que havia contribuído para que tudo isso acontecesse."

"Eu nunca pensei que deixaria de amá-la, e isso não mudou. As peças não se encaixavam como antes, mas ainda tendiam a formar um quebra-cabeça."

"Só podemos resolver algo quando acabamos com o que nos faz mal. Não havia quem orientar-me, então eu mesmo resolvi seguir minha consciência, mais uma vez."

"Ele me entregou os exames, e daquilo não entendia nem a metade, claramente, compreendia ainda menos. Não podia controlar meu nervosismo diante de tais informações."

"Eu pensava que já havia a perdido, mas agora iria lhe perder para sempre. E nunca mais a traria de volta outra vez. Eu desperdicei todas as minhas chances."

"Queria lhe fazer feliz até o último momento de sua vida."

"Já fazia alguns dias que eu e ela não nos falávamos como antes, mas hoje havia lhe preparado uma surpresa incrível."

"Aquela havia sido a primeira noite de amor que passavam depois da internação de Carly, naquela praia e naquele lugar."

"Era errado pensar que estava fazendo tudo aquilo por ciúme. Haviam outros motivos. Essa ligação apenas recuperou a minha memória."

"E se sua própria mente poderia o enganar, por que alguém não poderia?"

— Eu preciso de um tempo — disseram em uníssono.

Afastaram-se seguindo direções contrárias.


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Notas finais do capítulo

E é isso.

R e v i e w s ?