— Agora que se revelou, Terry, como pretende enganá-la? Imbecil!

— Acalmem-se. Ela vai entrar na nossa facilmente depois de tudo que vou lhe dizer, vou manipular todos os seus sentidos mentais. Aquela viúva de vinte e seis anos continua sendo como uma menina de dezoito. Podemos usá-la por quanto tempo quisermos. — Ele ria.

A morena continuava assustada em plena situação. Ele havia acabado de lhe agredir, e ela sentia que precisava desafiá-lo de alguma forma. Queria saber o que aquele sequestro significava e conseguiria tal informação em exato momento. Pensava que seria um tormento, mas quando descobriu de quem se tratava, tinha tudo sob controle. E o nervosismo da viúva interrompeu-se de imediato, mas não por completo.

A questão principal era que ela o conhecia o bastante para ter a certeza de que ele não seria capaz de assassiná-la ou de fazer-lhe mal. Havia algum motivo para tudo aquilo.

Logo, a mulher de cabelos negros indagou, chamando-lhes atenção:

— Ei, senhor Terry! Você pode até mesmo mandar aqui, mas não é homem de verdade. Analise os fatos. Me sequestrou, feriu meu amigo e agora bate em uma viúva indefesa. E isso tudo por qual motivo? Ainda não diz. Tem medo da minha reação, não é verdade? Acha-se másculo e viril mas ainda teme o passado. Confesse.

— Shay, eu... eu vou me controlar. Eu não quero danificar o que chama de rosto perfeito.

— Ainda teme o passado, porque nele eu venci e o "senhor" perdeu. Diga, pode dizer. — Joe fez menção de agredi-la, mas ela segurou seu braço fortemente e o deteu. Tudo parecia súbito, mas era real.

— Quem pensa que é? Uma viúva revoltada?

— Se me agredir novamente, acerto as contas com a polícia quando eu dar um jeito de sair daqui. Todos acreditam em mim, meu caro.

— Não pode contar nada à polícia, ou...

— Eu tenho muitas provas, meu querido. Se fugir daqui consigo em um instante lhe colocar na cadeia. Temos um pacto antigo e estamos tentando cumpri-lo, não é mesmo? — Carly sentiu que o tinha em suas mãos.

— Isso mesmo, um pacto. Mas eu ainda posso matar você, e meus amigos me ajudam a usá-la.

— Diga-me logo o que quer. Não vou ficar amarrada por tanto tempo, ou vou?

— Carly, Carly, ainda me paga... Tudo bem, vamos logo com isso. Veremos o que fará se não quiser perder a vida. Agora terá a nossa versão da história, e não pode recusá-la.

— Versão, história... Do que está falando, Joe?

— Seus coleguinhas de Web Show. Sabe, madame, ficou por muito tempo fora e perdeu muito. Falando a verdade, você perdeu tudo.

— E-eu perdi? Não mexa com eles, senhor Terry — o disse, a voz relutante.

— Fredward Karl Benson: o inteligente empresário, rico, cobiçado, o melhor da faculdade, revistas, jornais, compromissos, e o mais importante: muitas economias, muitos bens materiais. Você já o conheceu. Vocês dois já trabalharam juntos. Vocês já foram amigos. Vocês já foram melhores amigos. Ele já foi apaixonado por você. Você nunca foi apaixonada por ele. Ele odiava sua melhor amiga.

— E daí?

— Samantha Joy Puckett: a inteligente e sexy empresária, rica, todos os homens desejam ela, todos os homens temem ela. Ex apresentadora de Web Show, conhecida até hoje como Sam. Foi a terceira melhor da faculdade, famosa pela profissão. Odeia listras, tem um temperamento temível, já foi presa muitas vezes na adolescência. É uma mulher de origens perigosas, mortes em sua família até hoje são um mistério indecifrável. Vocês já trabalharam juntas. Vocês já se conheceram. Vocês já foram amigas. Vocês já foram melhores amigas. Vocês eram as mais populares. Você fazia tudo por ela. Ela odiava seu melhor amigo.

— Como sabe de tudo isso?

— Sem perguntas, Shay.

— Prossiga.

— E se esses dois, rivais, inimigos, odiando-se mais do que podem odiar qualquer coisa, se entendessem? Se eles se juntasse? Se eles, completamente diferentes um do outo, pudessem ter a incrível ideia de desenvolver um sentimento chamado amor? E se eles se casassem? E se a melhor amiga deles não existisse mais para Seattle e resolvesse se casar com um esfomeado qualquer que encontrasse no exterior e tivesse filhos com esse homem? Quais os motivos que os atrapalhariam?

— Nenhum motivo. Eles se amam. O meu marido não é esfomeado nenhum.

— Mas está morto.

— E-eu não tenho nada a ver com tudo que diz.

— Errado! Você é a chave de tudo. Enquanto você estava em Seattle, eles se odiavam. Viviam brigando, como até hoje, mas já chegaram a se separar inúmeras vezes por sua causa. A loirinha tinha medo que o senhor Benson ainda estivesse apaixonado por você, o amor deles é fraco. Você foi quem os uniu e será quem irá separá-los para sempre.

— Mas por que quer separá-los, Joe? Por que não os deixa viverem em paz?

— Porque não. Ninguém apoia o amor deles, todos querem ver o fim desse relacionamento. Além do abalo emocional de ambos, podem chegar a largar a empresa por problemas de separação, e alguém ficará no comando de tudo. Além disso, ele me paga por ter me demitido e tirado meu emprego, tudo tem volta.

— Todos querem vê-los juntos, isso é uma mentira!

— Não, ninguém quer. Todos permanecem calados, apenas aguentando tudo isso. A mãe do Benson, Marissa, sempre odiou a mulher por quem o filho era supostamente apaixonado. Ela não entendia como alguém da classe dele poderia amar alguém como ela, que tem um jeito tão distinto ao seus costumes familiares. Mas ela sempre achou melhor que você se casasse com ele.

— Eu? A senhora Benson queria ser a única mulher na vida do Freddie. Ela tinha medo de perdê-lo para outra, era uma relação muito estranha para mim, Joe. Ainda não entendi o porquê de vir a falar sobre ela, aquele ser é anormal.

— Que seja. Mas e a senhora Puckett?

— Pamella? Ela era outra esquisita demais para o meu gosto. Não aceitava nada, ou pouco se importava com as escolhas da filha. E as escolhas dela não faziam diferença para Sam, nunca irão fazer.

— Pois é, mas tanto ela quanto a outra aceitariam facilmente um plano contra esse casamento. Para finalizar o que já está quase finalizado, enfim, porque esse casamento está por um fio.

— Não, não pode transformar a vida deles em um inferno absoluto! Tire essas ideias da cabeça... Não vou ajudá-lo nisso.

— Sabe, eu não vou pedir ajuda de ambas. Mas você vai me ajudar, ou pode dar adeus à sua filha, não a verá novamente.

— O que vai fazer com a Rachel?

— Nada, por enquanto, nada. Mas tem que unir-se a nós se não quer que façamos algo.

— Você é sujo. Só pelo motivo de estarmos longe, já se aproveita do meu sentimento de mãe.

— Vai unir-se a nós ou irá ignorar a possibilidade de perder sua filha para sempre?

— O que pretende, Joe?

— Ainda não entende, mocinha? Que viúva inexperiente eu arranjei.

— Não sei do que está falando.

— Você vai seduzi-lo!

— Eu, seduzir quem?

— O Benson.

— Eu prometi a mim mesma que não tentaria nada com ele, nunca. Seria traição, eu não quero trair ninguém.

— Mas você vai.

— Não vou.

— Tudo bem... Então vou ter um trabalho maior. Tragam os vídeos, rapazes. Vamos mostrá-la que estamos fazendo bem a seus ex colegas de Web Show.

Agora ela entendia tudo. Os problemas no casamento de sua ex melhor amiga; todos eles vinham das pessoas que tanto queriam o fim dessa união. Visavam dinheiro, separação, melhorias, menos confusões, mídia, fama, um posto melhor, renda melhor, tudo para eles seria melhor. Queriam sorrir com a desgraça alheia; vê-los sofrer seria a melhor forma de conseguir tudo o que esperavam. Os amigos de Freddie, que nem sequer importavam-se com ele, viam apenas a possibilidade de enganá-lo ou de apoiá-lo à deixá-la sem mais nem menos para levarem vantagem sobre a fortuna do moreno. Queriam que seu abalo emocional os deixasse livres para que se apossassem do domínio de toda a empresa, dos bens materiais, das incontáveis economias. E tudo daria certo.

Mas o que ela não fizera mínima ideia era que um simples segredo poderia colocar em risco todo o amor que seus ex melhores amigos sentiam um pelo outro. Um segredo que faria todos se perguntarem pelo motivo de Sam e Freddie ainda estarem juntos. Terry estava disposto a lhe contar, porque sabia que dessa forma Carly não pensaria só em si mesma, mas nos amigos, que ainda significavam o mesmo para ela.