Doce Coração escrita por Bia13
SORAIA POV's
Estou no quarto de hotel a ligar para casa dos avós,mas não há resposta.Tento pensar em explicações razoáveis para o avô não atender o telefone,mas não me ocorre nenhuma.Começo a entrar em pânico.
Penso em ligar para os pais,mas lembro-me que estão a disfrutar a lua-de-mel por isso desisto da ideia.Remexo os bolsos das calças e encontro um papel de embrulho amachucado,onde estão rabiscados seis dígitos e a palavra "Liga-me",pego no telemóvel e marco o número,o Castiel atende ao terceiro toque.
–Estou com problemas_disparo.-Ajudas-me? Estou no hotel e o avô não atende e eu estou...
–Acalma-te_ele interrompe-me.-Estou a ouvir-te.
–Castiel,passa-se algo de errado.Sei que sim,os avós não atendem o telefone.Podes passar por lá e ver se está tudo bem,por favor?_respiro fundo tentando manter-me calma.
–Não te preocupes_diz ele.-Provavelmente o telemóvel está avariado! Eu passo pela casa deles e dou-lhes um recado,queres?
–Fazes isso? Diz-lhes só que estou com a tia,os pais estão na lua-de-mel e está tudo bem.Pede-lhes para me ligarem.
–Eu digo-lhes tudo isso_promete o Castiel.-Deixa comigo.
–Obrigada Castiel.
As horas passam e continua a não haver resposta dos avós nem notícias do Castiel.Decido ligar para ele novamente,desta vez atende uma criança pequena.
–Olá,o Castiel está?_pergunto.
–Estivemos em casa da tia Helena.
–Isso é bom.Posso falar com um adulto por favor?
Faz-se um silêncio.
–Eu não devo atender o telemóvel_diz a criança e a linha emudece.
Fantástico.Não admira que o Castiel tenha um parafuso a menos,é claramente um traço de família.
De repente batem à porta do quarto,a tia vai atender.São os meus pais.
–Olá! Vocês não vinham só amanhã à noite?_pergunta ela.
–Houve um imprevisto mana_diz a minha mãe,e vira-se para mim.-Soraia vai buscar as tuas malas,vamos embora.
–Porquê? O que aconteceu?_pergunto preocupada.
Ela respira fundo e passa a mão pelo cabelo castanho-claro.
–Foi a tua avó_diz ela calmamente.-Está no hospital,teve um AVC.
***
O pai guia pela noite fora,até ao hospital.
–É muito grave?_pergunta a tia,desesperada.
–É grave_diz o pai.O José (meu avô) está lá com a Mila, (minha avó) não a quer sozinha.
–Afinal como é que souberam?_pergunto eu.
–É ao garoto dos patins que deves agradecer_responde a mãe.
Acontece que depois do telefonema,o Castiel saiu de patins e foi até à casa dos avós.Soube por uma vizinha do AVC e da ambulância.
–O miúdo patinou diretamente até ao hospital e descobriu em que ala estava a Mila_conta o pai.-O teu amigo Soraia,deu o recado ao avô,ligou para nós e explicou-nos tudo.
Penso num rapaz.Um garoto musculado,de cabelo ruivo,a patinar pelas ruas quando deveria estar em casa da tia Helena.Penso nele a carregar os patins pelos concorridos corredores do hospital.
Chegámos ao enorme edifício branco e descobrimos o quarto da avó.Um sentimento de tristeza invade-me quando a vejo na maca,a dormir.Abraço o avô com lágrimas a escorrer pela face.
Mais tarde quando voltamos,uma enfermeira veio ter connosco com um ar abatido.
–Lamento_diz ela.-A Sra Oliveira faleceu.Teve outro AVC,muito violento.
Sinto-me como se o mundo tivesse perdido todas as cores.Começo a chorar e os meus pais abraçam-me.
–O Sr Oliveira estava com ela no fim.Ela não estava sozinha_completou a enfermeira.
Mas agora nós estamos,sem ela.
CONTINUA...
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