Come An' Get It escrita por Heike J Wade


Capítulo 10
Memories - Achando Poesia no Meio do Lixo


Notas iniciais do capítulo

DEEEEEEEEEEEEEECIMO CAPÍTULO DE COME AND GETCHAAAAAAAAAAA!!!!
~fogos~ ~fogos~ ~fogos~
escrevi esse trem ontem, mas a internet deu pau e não consegui postar :( hauehaue

hoje nós saberemos um pouco do passado do nosso casal preferido hihihi daqui pra frente, uma nova fase vai se iniciar na fanfic! uhul!

e pra quem não viu, comecei a postar outra história por aqui, "Out of Friendzone" ... hehehe



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- Abarai-kun... você viu aquilo...?
    Renji não conseguia emitir uma só palavra. Estava petrificado perto da porta da sala da casa de Inoue, que não estava em situação diferente. O que era aquilo tão de repente? Rukia esteve até pensando em desistir de ir e ficar em Karakura para não encontrá-lo, e.. do nada estavam se pegando loucamente na sala da casa dos outros!
    - Parece que os velhos tempos voltaram, Inoue...
    - É verdade..

    7 anos atrás, cidade de Karakura

    Era um encontro de carros antigos. O avô de Rukia, Kuchiki Sojun, era dono de uma concessionária e com a empresa sempre promovia um grande festival, com clássicos automobilísticos, bandas de música, barraquinhas de comidas e bebidas... era uma grande festa em Karakura.
    A pequena - que na época era ainda menor - tinha apenas dezesseis anos e estava na companhia de alguns amigos da escola desfrutando da festa. Mais próxima dela, estava Inoue Orihime, que já era sua melhor amiga desde o início do colegial - e estavam no segundo ano - comentou algo sobre uma figura que chegava em meio do público que surgia.
    - Kuchiki-san, olhe, ele parece muito o Shiba-kun!
    - Aonde? - Inoue apontou levemente para o local que um ruivo chegava acompanhado de um homem bem mais velho, de cabelos pretos bem cortados que se vestia de forma social. - Ah sim.. parece um pouco mesmo.
    - Do que vocês estão falando? - Abarai Renji, que estudava no mesmo ano porém em sala diferente das duas garotas, chegava se intrometendo na conversa.
    - Aquele garoto parece muito o Shiba-kun, não é, Abarai-kun?! - Inoue dizia sorridente. - A Kuchiki-san poderia ir lá conhecê-lo.
    - Ainda com essa história de Kaien, Rukia? - Abarai parecia impaciente.
    - Não tem história nenhuma! Nunca teve, gente...
    Como se escutasse o que Inoue dizia, o garoto ruivo deixou o homem mais velho e veio à turma que conversava em bolinhos perguntar sobre os shows. Descobriu-se que ele se chamava Kurosaki Ichigo e vinha de Edogawa com o pai que era vendedor de carros e estava na cidade à trabalho, pelo festival. Kurosaki logo se afeiçoou com Renji, e passaram o resto daquele fim de semana conversando.
    Num primeiro contato, Ichigo e Rukia mal se olharam, apenas trocaram um aceno por educação, já que estavam se conhecendo. A baixinha achou estranho o amigo se aproximar tão rapidamente do ruivo que parecia Shiba Kaien. Se entristeceu um pouco, já que lembrou-se que o velho amigo e vizinho, que sempre a auxiliava em deveres na escola  e brincava com ela quando mais nova, estava no hospital devido a um acidente automobilístico. A semelhança de perto era bem sutil, já que os olhos e a cor dos cabelos mudava drasticamente - além do jeito sério do ruivo que contrapunha o totalmente retardado de Kaien - então ela logo decidiu por não ficar pensando naquilo. Shiba iria querer que ela aproveitasse.
    Os olhares entristecidos dirigidos a si não passaram em branco por Ichigo. O que será que aquela baixinha tinha pra ficar tão deprimida daquele jeito? Soube que todo aquele festival era da família dela. Talvez estivesse se sentindo só pelos parentes estarem engajados no trabalho.
    Em um momento, Inoue saiu para comprar coisas nas barraquinhas que ainda se instalavam no segundo dia de festival com sua outra amiga, Arisawa Tatsuki, que era companheira de dojo de Rukia, essa que não gostava nem um pouco de ficar comprando muita coisa. Renji havia saído de perto do pequeno grupo um pouco antes de Inoue para conversar com um garoto de sua sala e Ichigo e Rukia se viram sozinhos. Era a hora de perguntar.
    - É, garota.. - ele não sabia de jeito nenhum como começariam aquilo.
    - Rukia.
    - Certo, Rukia... porque essa cara tão triste, hein? - ela abriu os olhos em espanto. Ele havia percebido?
    - Tenho um vizinho... um amigo. Ele se parece um pouco com você.
    - E isso é tão triste assim?
    - Não, idiota! Ele está no hospital, quase morrendo.
    - Sei. - ele disse um pouco baixo, sem saber o que responder para a garota. - bem, talvez ele consiga sair dessa, não é? - ele deu um fraco sorriso, tentando encorajá-la. A pequena garota, ao contrário do que Ichigo previa, apenas começou a chorar. O morango teve o impulso de abraçá-la, e assim o fez.
    Rukia, por outro lado, se sentia tão triste... e ao mesmo tempo, feliz. Estar nos braços de Kurosaki naquele momento ainda fazia lembrar de Kaien, mas era diferente. Ela não era apaixonada pelo seu vizinho como seus amigos sempre sugeriam.. era apenas o seu herói. Alguém mais velho que ela tomou por irmão. Mas aquele garoto que a abraçava meio sem jeito, olhando para os lados tentando não ser descoberto pelo próprio pai era totalmente diferente de Kaien. Apenas trocaram algumas palavras e já estava ali, aos prantos, abraçada com ele no meio de tanta gente... nenhum dos dois queria sair dali.

    ~x~x~x~x~x

    Tudo não havia passado de um abraço. Assim que Renji voltara, ambos se tratavam com um pouco mais de simpatia, mas não fizeram nada. Kuchiki contou para Inoue logo depois, e de como se sentia; a amiga deu todo o apoio que pôde, mas sabia que talvez eles não se encontrariam mais.
    Duas semanas após o festival, a notícia que caiu como uma bigorna para Rukia era que Shiba havia falecido. Não teve coragem sequer de comparecer à cerimônia de despedida, já que seria doloroso demais. Estava sentada num banco da praia de Karakura quando alguém sentou-se ao seu lado. Ficou ainda um tempo fitando as ondas que iam e vinham calmamente, como se não houvesse dor ou tristeza; olhou para o seu lado: era ele. Kurosaki Ichigo estava novamente em Karakura. Fazendo o que, ela não queria nem saber; mas ao vê-lo, parecia que seus sentimentos eram expostos de forma exponencial. Se jogou nos braços do ruivo, totalmente assustado, e pôs-se a chorar de novo.
    - Rukia, se você for ficar chorando toda vez que nos encontrarmos, sinceramente... não vou me encontrar com você. Ai! Caralho....
    Ele olhou para baixo e pôde apenas contemplar a raíz dos cabelos escuros - na época, até os ombros - mas sabia que ela estava melhor. Quem não estaria, também? Acabara de dar um soco no estômago do jovem... ela o olhou, finalmente. Pôde olhar de perto os olhos cor de mel, e ele olhar os olhos cor de... algo que ele não sabia, mas era muito belo, muito mesmo.
    - Só vi você chorar até agora, mas.. você deve ter um sorriso bonito. Não faça essa cara.
    Ichigo não perguntou o que a fazia chorar. Viera a descobrir quando Hisana desmaiara ao ver o garoto parecido com o Kaien entrando em sua casa. Ele e sua família estavam de mudança para Karakura, e ele estava conhecendo mais um pouco do local. Quando a mãe de Rukia acordou, pôde conhecê-la também; e, claro, o poderoso militar Kuchiki Byakuya. Ele dava muito medo, mas o ruivo se viu disposto a correr o risco.

    ~x~x~x~x
    Um mês após a morte de Kaien, Rukia e Ichigo se viam quase diariamente. Ele havia ficado numa escola que era mais perto de sua nova casa, então não estudava junto com a morena - apesar de serem da mesma idade - mas eles já se gostavam; só não queriam admitir.
    - Ai, que gracinhas!!    
    - Rukia, pelo amor de deus, vamos embora! - o garoto, impaciente, olhava para amiga que estava agachada olhando coelhinhos numa grande gaiola.
    - Ah, Ichigo!!! Eles são tão bonitos...
    - Leve um, horas!
    - Como se meu pai fosse deixar!
    - Aposto que deixa. Eu converso com ele quando chegarmos na sua casa, mas nós precisamos chegar lá antes!
    - Você é um idiota, mas.. faria isso por mim?
    - Sim. Se for pra você andar logo, eu compro um milhão de coelhos pra você. Mas.. vamos. Embora. Já. - ela por fim, levantou-se e colocou-se a andar com o ruivo ao seu lado.
    - Ichigo..     
    - O que foi?
    - Nada. Vai ser o nome do meu coelho! Quando eu chegar em casa, vou desenhar uma casinha pra ele!
    - Melhor não, Rukia... melhor não... - Ichigo sabia bem dos "dons artísticos" da morena. Apenas levou uma cutuvelada nas costelas e saiu andando cheio de dor, até chegarem na casa dos Kuchiki.
    Naquele mês, o coelho Ichigo chegou na casa dos Kuchiki; era presente do "Ichigo-pai". O ruivo achava impossível uma garota que era tão forte e determinada para algumas coisas poderia ser tão infantil àquele ponto. Mas ele nunca mais a veria chorar. Rukia, ao ver o coelho nas mão de Ichigo que ainda trazia uma sacola com potinhos de comida entre outras coisas e uma enorme gaiola, ficou tão feliz que chegou a petrificar. Ao colocarem o viveiro do animal no seu local e arrumarem tudo, ela apenas virou-se e deu um selinho no ruivo, e quem virou pedra foi ele. A menor, percebendo o que havia feito, iria dar um soco no amigo "por ter permitido aquilo", mas ele pegou sua mão e a beijou novamente, com mais fervor. Assim, começaram a namorar logo.
    No terceiro ano, Ichigo conheceu o álcool. Em uma viagem de família que ele não pôde comparecer e por isso ficou sozinho em casa, Rukia foi fazer companhia. Já faziam seis meses de namoro e não havia nada perigoso na relação deles, mas... Rukia resolveu beber também, e acabou ganhando uma bela de uma ressaca e perdendo... a inocência. Depois do "incidente", sempre bebiam juntos e sempre davam ouvidos aos seus hormônios adolescentes à flor da pele.
    A relação de ambos era totalmente peculiar e saudável; discutiam o tempo todo, não falavam coisas profundas ou muito bonitas e sempre terminavam vomitando juntos após uma bebedeira ou na cama. Quando havia festa na casa de algum amigo, ou até mesmo um encontro entre jovens, começavam a se agarrar ferozmente no meio de todos, sem se importar com as outras pessoas.
    Assim viviam, até que Rukia conheceu uma garota que estudava na sala de Ichigo: Dokugamine Riruka. Ichigo havia comentado que não gostava muito dela, mas ela sempre deixava explícito que eram amigos. A morena achava estranho, mas relevava. Devia ser só mais uma maluca.

Cinco anos atrás, cidade de Karakura
    O baile de formatura se aproximava e Kuchiki Byakuya havia descoberto sobre a inocência de sua querida filha. Confiava bastante no garoto, não imaginava que fosse fazer aquilo com sua preciosa jóia. Mas devia admitir que apesar do grande mal feito, o jovem ruivo era respeitoso em sua casa - apesar de lhe chamar pelo primeiro nome, o que era realmente irritante - e sempre protegia e cuidava de Rukia. Apenas conversou com sua filha sobre os ~perigos~ do sexo, mas o ruivo não sabia da conversa. Estava totalmente apreensivo, já que iria buscá-la em casa para o tal baile e sabia como era Kuchiki Byakuya. Seria chutado da casa dele - na melhor das hipóteses. Tinha tomado um banho rápido, estava sozinho em casa de novo. Viu a porta entreaberta; "devo ter esquecido de trancar", ele pensou. O copo que havia separado para beber uma boa dose de whiskey do seu pai estava sobre a bancada da cozinha, aguardando seu grande momento. O ruivo, ainda de toalha, mandou uma mensagem no celular de Rukia. "Estou saindo do banho e já vou". Bebeu tudo o que havia colocado no copo, e sentiu-se mal. Não viu a hora que desfalecia na sala de casa e uma figura entrava pela porta, totalmente contente com a conquista.
    - Hoje você é meu, Ichigo-kunn....

    ~x~x~x~x~x
    Já passava da hora combinada por Ichigo e a morena estava impaciente. Ele não havia dado nenhuma notícia... até que seu celular apitou. Uma série de fotos da tal Dokugamine Riruka com SEU Ichigo na cama, em posições... íntimas. As fotos pareciam ter sido tiradas sorrateiramente - tudo, claro, parte do plano da garota de cabelos róseos - e Rukia se sentiu furiosa. Não disse nada aos seus pais, apenas que Ichigo havia passado mal. Não o respondeu, nem mesmo ligações, mensagens, ou a porta de sua casa. Ichigo, totalmente arrasado, resolveu acompanhar a família para uma viagem à Inglaterra, onde seu pai tinha uma proposta de emprego segura e generosa. Rukia apenas tentou enterrar o assunto nas profundezas de sua alma, tentando não deixar-se acreditar nas histórias que Inoue, Renji e os e-mails e mensagens de Ichigo contavam.
    Era doloroso pensar que ele poderia ter dormido com outra mulher. Ela havia sido a primeira assim como ele foi o primeiro para ela; não era justo consigo. Sentiu-se feia, prepotente, arrasada... sentiu-se tão mal que cortou seus cabelos para tentar esquecer tudo o que cheirava a Ichigo. Nunca mais comeu morango; torta de morango; sorvete, suco, biscoito de morango... evitava-o ao máximo.
    Mas de tanto evitá-lo, mal percebia ela que isso a fazia pensar o dia todo nele.
    Ela só sabia que ele havia saído do Japão, mas não teve mais notícias do mesmo. Apenas aguentava sozinha. Não namorou com ninguém, tinha medo; não ficou por muito tempo, pois procurava - sem saber, claro - o nome esquisito e os cabelos laranjas. Procurou tanto...

    Na Inglaterra, Ichigo teve milhares de namoradas. Estava tudo tão claro para ele... apenas queria esquecer tudo aquilo, mas sentia um gosto ruim na boca toda vez que se lembrava que não pôde nem se explicar. Pôde, já que importunou Rukia de todas as formas que podia, mas.. ela com certeza teria jogado fora todas as mensagens, e-mails.. até uma carta. Ichigo, que era alguém que não se importava tanto com aquilo, escrevia de uma forma totalmente sentimental, beirando ao exagero pessimista dos românticos autores de séculos passados. Não conseguia ter uma relação tão natural quanto a que se lembrava ter com a japonesa; mesmo sendo de uma cultura que não era tão pessoal, se sentia em meio a maior frieza quando tinha algo com as inglesas ou estrangeiras intercambistas. Ingressou na faculdade de medicina - já que tomava tempo o suficiente para não se lembrar dela - e finalmente se formou. Seu pai, no dia de sua formatura, viu o brilho voltar aos olhos cor-de-mel, quando disse que voltariam para o Japão nos próximos meses, mas que Ichigo poderia até ir antes.
    Ele queria vê-la novamente. Não admitiria tão fácil, mas sabia que queria. Precisava ao menos ver que ela tinha dado a volta por cima e estava com uma vida bem melhor que a dele.


    Dias atuais, cidade de Karakura

    Enquanto se beijavam sem escrúpulos na sala da casa de Inoue, todas as lembranças contidas em lágrimas que não foram derramadas por orgulho voltavam sem qualquer controle. Eles necessitavam tanto que aquilo acontecesse... sem que houvesse a intimidade mecânica eu-tiro-isso-você-tira-aquilo, sem que houvesse tudo o que encontraram por todos os cinco anos - e algum tempinho - enquanto tentavam achar um ao outro.
    Achavam amor em todo o desejo sujo; achavam o companheirismo em meio à falta de pudor. Achavam um companheiro por trás de uma garrafa de bebida.
    Era como achar poesia no meio do lixo.


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Notas finais do capítulo

estava tão sentimental ontem :( hUAHUH