Pirateship escrita por The Writer


Capítulo 4
Cap 3 - Better to ask the way than go astray.


Notas iniciais do capítulo

Então... é. Sempre demoro com isso mesmo, não é para ninguém estar surpreso. É longo, e bastante importante.



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A pressão em meu pescoço ficou maior e eu podia sentir que um filete de sangue estava escorrendo, o pânico me dominava quando ouvi um tiro; a pistola de alguém havia sido disparada. Fechei os olhos esperando a dor chegar e a falta de sentidos me atingir, mas o que senti foi uma espada caindo em meu colo e ouvi um baque surdo, como se alguém tivesse caído a meu lado. Apressadamente girei o pescoço para o lado contrário para ver Kaine, seu rosto com uma expressão dura - ele olhava para além de mim. Uma pistola na mão direita, apontada para alguns centímetros à minha esquerda, uma fumaça saía por onde a bala havia sido atirada. Senti meus olhos lacrimejarem, mas me forcei a manter o queixo erguido, mesmo com o soluço que balançou meus ombros. Não sei quando aconteceu, mas sei que, em dado momento Kaine ajoelhou-se a meu lado e, sem saber bem o que fazer com as mãos, deu algumas batidinhas tímidas nas minhas costas. As próximas horas se passaram em um borrão - em resumo, me puseram sentada na cama que outrora fora de Francis, retiraram os dois corpos mortos e fizeram sabe-se lá o que com eles, limparam o sangue e organizaram tudo, enquanto eu olhava sem realmente ver, em estado de choque, em cima daquela cama. Quando aquilo tudo acabou, os garotos saíram do quarto - James e Kaine -, não sem antes trocarem algum tipo de saudação, daquelas que todo menino parece nascer sabendo fazer. Por um momento acreditei que teria que passar a noite sozinha imersa em pensamentos, pois certamente não conseguiria dormir (principalmente na cama de alguém que eu havia matado), mas Kaine entrou com muitas garrafas de bebida e, depois de trancar a porta, se sentou do meu lado.
Sem vida, estiquei o braço e catei uma garrafa de rum, o líquido descia queimando minha garganta e duas garrafas e meia depois estava murmurando palavras sem significado, apoiada contra Kaine que tinha ficado calado o tempo todo e não havia acabado nem a primeira garrafa. Não muito tempo depois, enquanto balançava a garrafa e minha mente estava vazia, decidi falar tudo.
– Eu não queria ter matado ele... Não queria que ninguém morresse. Não devia ter acontecido.
Infelizmente pela minha bebedeira as palavras sairam embaralhadas e longas, mas o garoto me conhecia bem o suficiente para entender aquilo tudo.
– Nem eu, Annabele... Nem eu.
– Você não entende, Kaine. Não, não, não...
E eu repetia aquilo enquanto minha voz esmoecia, sem bem entender o propósito de afirmar aquilo repetidamente, enquanto sentia o moreno remexer-se sob mim desconfortavelmente, e eu escorreguei para a cama. Ele me cobriu e, segunndos antes de eu dormir - guiada pela bebida, claro - disse, com uma raiva contida “Não esqueça que eu também matei alguém hoje, e foi única e exclusivamente por você”. Um calafrio percorreu minha espinha, e involuntariamente dormi enquanto ele saia do cômodo.

Sentei-me enjoada do balanço do mar e com uma dor de cabeça dos infernos, olhei para os lados um pouco confusa, sem ter certeza de onde estava. E aí os acontecimentos da noite passada me atingiram, na mesa vi a adaga que havia usado no capitão (um dos meninos devia ter limpado e posto ela alí) perto de mapas e levantei-me para investigá-los. Algumas rotas estavam marcadas, uma bússola estava desmontada ao lado de um oitante, uma ampulheta e um diário de bordo. Quando estiquei a mão hesitante para abrí-lo, bateram na porta e, meio segundo depois, a abriram. Pelo menos era um rosto familiar.
– Boa tarde, capitã. Acho que temos uma... situação aqui, e é melhor você resolver.
Com uma garrafa na mão - não estou virando uma alcoólatra, tente lidar com o sangue de duas pessoas em suas mãos e uma tripulação de homens com o dobro da sua idade - segui o moreno porta à fora. Momentâneamente cegada pela luz do dia, não havia visto todos (sim, todos) os marujos no deque, e quando finalmente meus olhos se acostuaram eu me assustei. Na verdade nem sabia que tínhamos uma tripulação tão grande, identifiquei Hank entre eles, eram ao todo uns quarenta homens, todos carrancudos e reunidos alí. Alguns murmúrios desdenhosos se faziam ouvir entre eles, e por fim um se aproximou. Mantive a postura, esperando que fizesse com que me levassem mais a sério, mas para o meu desespero o que saiu da boca do mestre foi tudo que eu menos queria ouvir - tudo que provava que Francis estava certo.
– Garota, até agora não fizeste nada de bom por esse navio, você pode estar achando que isso aqui é uma piada, que não é sério, pois essa seria a única explicação. Não acho que alguém seja burro o suficiente para verdadeiramente crer que, depois que matasse o capitão, fôssemos seguí-la. Talvez ao primeiro imediato dele, mas definitivamente não à uma clandestina que, acima de tudo, é uma mulher. Você pode não saber, mas somos bem democráticos aqui, entende? Qual a experência que você tem, hein? Que benefício nos ofereceria sendo capitã? Esse posto não é para qualquer um. Duvido que saiba, mas neste navio nós seguimos a um código, não iremos desonrar nosso capitão nem após morto. Assim que pudermos, vamos atracar em alguma ilha ou em um porto e deixá-la alí para que se vire, você e seus amiguinhos, mas alguns de nós a jogaríam amarrada do navio para a morte certa. Até lá, sinta-se grata, e saiba que jamais seguiremos uma única ordem sua.
Ai, caramba. Engoli em seco, desejando que pelo menos alguma coisa tivesse dado certo. Não tive nada a fazer a não ser dar alguns passos para trás, e, enquanto os homens se dispersavam, entrar na cabine do capitão. Vi meu reflexo rapidamente num espelho e eu parecia horrível - o cabelo bagunçado e ressecado pela água do mar, olheiras devido a noites mal dormidas e queimaduras do sol -, mas não que fizesse alguma diferença para mim. Ocupei-me em manter uma expressão neutra e me preparar para mais tarde, e assim entrei na cabine.
Vasculhei tudo procurando algo que talvez me ajudasse no futuro, e agora estava me ocupando com roupas - as minhas estavam gastas demais e quem sabe alguma por alí coubesse em mim - e até agora as camisas haviam ficado bastante frouxas, porém usáveis, e as calças não caberiam de maneira alguma. De repente percebi o que estava fazendo; vasculhando as roupas de um morto, de uma pessoa que matei, para encontrar algo que servisse a meus propósitos. Isso era horrível, eu na verdade nem o conhecia direito, o que me fez pensar que tinha o direito de, além de matá-lo, roubar seus pertences? Era certo que não havia feito nada de bom por mim mas não me parecia motivo o suficiente. Soltando as roupas e me sentando na cama, enjoada não sei se pelo balanço do mar ou se pelo tormento de minha consciência, mas tudo se dissipou quando bati os olhos no diário de bordo - talvez descobrisse algo de útil alí, e de certa forma não estaria roubando nada.
Com um pouco de dificuldade para ler - no orfanato ensinavam o básico da leitura às crianças mais velhas na esperança de que isso as tornasse mais atraentes -, descobri que Francis era, na verdade, empregado pela marinha portuguesa, originalmente designado com o propósito de investigar a pirataria e erradicar alguns navios que haviam pilhado portos importantes de seus empregadores, e após tomar um interesse indevido nos fora-da-lei que perseguia, enganou, expulsou e matou tripulação original para depois contratar alguns piratas. Também estava registrado que uma vez havia sido traído pelo seu primeiro imediato e o fez de exemplo para que ninguém mais o traísse, deixou-o três dias e três noites sem comer e sem beber, apenas para depois jogá-lo amarrado no mar - ao ler isso, tive calafrios -, também estava escrito que não se arrependeu nem por um segundo. Pulando algumas páginas, descubro que ele havia se apaixonado por uma mulher em um bar na Ilha de San Clemente alguns anos atrás, e mais algumas páginas a frente, descubro que ela estava carregando um filho dele, e a anotação que se segue parece ser dedicada ao seu primogênito, onde ele descreve a vida pirata e como comandar um navio, muita informação útil que não pude ler porque de supetão a porta foi aberta. Assustada, fechei o livro e levantei o olhar, focando em Kaine. Depois ao ver o céu já colorindo-se de laranja, me dei conta que havia passado muito mais tempo do que cinco minutos lendo
– O que você está fazendo? - Ele perguntou depois de alguns momentos, franzindo as sobrancelhas e se aproximando.
– O que você está fazendo? - Devolvo meio debochando, meio evitando responder.
Ele revira os olhos.
– Vim avisar, já que alguém parece tão ocupada, que em breve eles irão aportar, e seremos jogados lá.
– Onde irão parar?
– Uma ilha. Isso importa?
– Importa sim.
– Isla de Hispaniola. - Ele disse com um sotaque diferente. Era bonito.
Fiz um som com a garganta e em algum momento ele saiu. Depois de colocar a calça que era do capitão, abri uma gaveta não sabendo bem o por quê, mas me surpreendi com seu conteúdo; várias moedas de ouro. Enfiei metade delas em meu bolso junto com o oitante, e sabia que precisaria do maldito diário de bordo, então peguei-o e depois colocar o mapa dobrado entre uma das páginas, enfiei o livro por debaixo da camisa, prendendo na barra da calça folgada. Saí da cabine para gastar meus últimos momentos naquele navio observando o pôr-do-sol. Sentada num barril com os pés balançando, incapazes de encostar na madeira, observei o céu laranja ser tingido de vermelho e dourado, enquanto o Sol se punha no horizonte. Me atingiu de repente a resposta do porquê estava roubando coisas do capitão - a mesma razão pela qual ele teve de fazer o pobre bastardo de exemplo, instinto de sobrevivência. Sem ele, não estaria aqui hoje - ou ontem, melhor dizendo.
Ao tempo em que o Sol se pôs e deu seu lugar à Lua, o navio havia chegado a seu destino. Saltei do barril e desci a escada, onde alguns marujos faziam uma fila, e de queixo erguido os enfrentei. Vi Kaine de soslaio, me seguindo, e ainda uma cabeça loura mais atrás - James, certamente. Descemos a escada e entramos num bote com o mesmo mestre que havia falado comigo mais cedo. Ele nos levou até o porto e observei-o voltar para o navio, sendo engolido pelas trevas na metade do caminho.
– E agora? - Kaine perguntou um pouco hesitante.
– Agora, comemoramos. - Respondo distraída. Quando olho para ele, está me encarando de volta.
Levanto as sobrancelhas, em interrogação.
– Suas calças, elas parecem... folgadas ?
– Isso foi uma pergunta? O quê você está pensando, afinal?
– Eu, hã... - Ele gesticula um pouco enquanto abre a boca e fecha, sem conseguir formular palavras.
Eu solto o ar pela boca enquanto olho as pessoas ao nosso redor. James não pode ser encontrado em lugar algum e os quase inexistentes transuentes não prestam atenção em nós. Abro um dos bolsos da calça, revelando à Kaine algumas dezenas de moedas brilhantes e douradas e observo a expressão incrédula dele enquanto abro um sorriso tão branco quanto a lua minguante acima de nós.

Entramos numa taberna mal iluminada, cheia de caras grandes e mal-encarados enchendo a cara enquanto mulheres sendo espremidas por espartilhos serviam mais bebida e faziam gracinhas em troca de dinheiro extra. Tirei o livro da calça - o que a fez ficar ainda mais folgada - e o segurei debaixo do braço, cuidadosamente rumando para uma mesa pequena e discreta perto do final do estabelecimento, com Kaine nos meus calcanhares, e enqanto abria o diário de bordo do capitão ele deu um jeito de pedir a uma garçonete duas canecas de bebida. Eu lia com uma certa dificuldade - a grafia de Francis não era das melhores, e eu não fora assim tão bem alfabetizada quanto digo ter sido - mas estava tão compenetrada nas páginas repletas de informações que o moreno teve que chamar minha atenção passando a mão a centímetros da minha cara.
– Terra para Annabele! O que foi isso?
– Ah, eu, ahm, estava lendo.
– Percebi. Que livro é esse, afinal?
– O diário de bordo do capitão. - Disse de uma vez, um pouco nervosa.
– O diá... De onde você tirou isso? - Ele bufava no meio da frase. - Dios mios, Annabela. - Kaine disse baixinho. Era algo que sempre dizia quando estava preocupado comigo, mas nunca tinha despertado meu interesse até agora.
– O que?
– O quê “o que” ?
Soltei o ar pela boca.
– Você sabe. Isso que falou.
– De onde você tirou isso?
– Não, a outra coisa!
Nessa hora chegaram nossas bebidas, e a primeira coisa que fiz foi dar uma golada no líquido. Esperei a ardência característica do rum, mas essa era bastante diferente - desceu queimando, doce demais, quente demais para ser rum. Gostoso demais. Deixei-me envolver pelo suave aroma da baunilha misturada com o forte chocolate, a canela coroava tudo perfeitamente. Abri um sorriso de satisfação, e notei Kaine me olhando feliz.
– O quê?
– Você consegue parecer tão feliz por estar tomando isso, mesmo estando presa numa ilha em que não conhecemos nada nem ninguém.
– Quem disse que estou, ou melhor, estamos presos?
– Ah, não estamos? E quem vai nos tirar daqui, então?
Nesse instante vi pelo canto do olho alguém puxando o livro do meu lado, e com um giro rápido levantei-me e tentei segurar sua mão. Mas claro, aquele homem era muito mais forte, e me dispensou como se não fosse nada. Ele era alto, com cicatrizes e tatuagens, e observei enquanto ele levantava o livro acima de mim - o que me fez perceber que o homem não tinha o dedo anelar. Pulei inutilmente tentando pegar o maldito diário de bordo, mas o homem só ria, e senti mais do que vi Kaine atrás de mim, pronto para dar qualquer reforço.
– O que temos aqui, hein, ratinha?
– Quem você está chamando de ratinha?
Ele riu mais ainda, o que só me fez ficar mais e mais indignada.
– Devolve isso!
– Me faça devolver. Você não respondeu minha pergunta, o que é isso afinal?
Fiquei calada olhando feio, e ele prosseguiu.
– O di-a... dia...
Uma faísca brilhou em meus olhos.
– O que foi, não sabe ler?
Naquele momento clientes com cara de marujos já estavam olhando em nossa direção, prevendo alguma briga - que eu esperava que não acontecesse, porque sendo bem sincera eu não tinha a menor chance contra esse grandalhão.
– Ora, sua...
Sua mão esava fechada em punho e eu tinha certeza que um xingamento bem pesado sairia de sua boca, mas alguém o interrompeu.
– Deixa a garota em paz, Larry.
Larry bufou, mas não devolveu o livro. O homem - ou melhor, o menino - que tinha dito isso, levantou-se e veio em nossa direção. Ele apenas estendeu a mão, e Larry entregou o diário e foi se sentar em outra mesa enquanto via ele me entregar o livro.
– Oi, é, desculpa por isso. As vezes os marujos ficam um tanto quanto... Insuportáveis. Sabe, um mês no mar longe de bares os deixa loucos para brigar ou irritar alguém. A propósito, meu nome é Alma.
– Annabele.
– Então, Annabele, o que acha de se sentar conosco pelo resto da noite? Bebidas por minha conta.
Ergui as sobrancelhas - já mencionei o quanto queria conseguir levantar apenas uma? - desconfiada, depois olhei para Kaine que parecia estar ouvindo a conversa, e só fez um gesto com a cabeça, como que me dispensasse.
– Seu namoradinho?
– O quê? Claro que não. É o meu amigo.
Ok, pega de surpresa por essa. Alma só deu um risinho.
– Tanto faz. Você vem?
Ele disse, já se dirigindo para sua mesa. Eu o segui e sentei ao seu lado, pegando o meio da conversa que rolava naquele momento.
– Eu posso jurar que era uma sereia!
Disse um marujo ruivo sem camisa, com queimaduras severas de sol, porém sem cicatrizes.
– E você viu o quê? Ela saindo da água e cantando para você?
Um outro rebateu, duvidoso - esse era mais negro, com o cabelo trançado caindo pelas costas.
– Bem, não... - a mesa explodiu em risadas, e o ruivo se apressou para completar - Mas, eu vi um rabo!
Riram mais ainda, e os acompanhei nessa. Ao meu lado, Alma segurava a barriga.
– Aposto cinco tostões que era uma truta!
Ele exclamou, batendo o punho na mesa. Mais risos irromperam, dessa vez até do ruivo.
– Mas, a sério, eu sim tenho certeza de que já vi o navio de Barba Negra.
Dessa vez, fez-se um silêncio sepulcral. Alma remexeu-se ao meu lado.
– Ora, pare com essas histórias, Nate. Vai assustar a garota!
Nate, que, por sinal era bastante parecido com Alma - pele morena, cabelo preto um pouco comprido, olhos escuros, no entanto parecia ser bastante mais velho - ergueu uma sobrancelha grossa.
– Eu não estou assustada!
Rebati. Eu podia até estar, mas, com certeza não ia pagar de coitadinha.
– Parece que a garota não é um ratinho assustado. Qual o teu nome, princesa?
– Annabele. E não me chame de “princesa”.
– Certo, certo. Então, Annabele, como veio parar aqui?
Nate se inclinava para trás na cadeira, e de repente todos pareciam interessados em ouvir a história. Tive um pressentimento de que não deveria falar a verdade, pelo menos não agora, então tomei uma caneca de rum enquanto inventava alguma mentira.
– Eu vim escondida de um navio cargueiro na Europa, depois de ser jogada na rua pela minha mãe, que enlouqueceu depois do meu irmão morrer em uma briga de bar. O capitão pretendia ir para o Brasil, mas quando descobriu eu e meu amigo alí fez um pequeno desvio para nos abandonar à própria sorte, e agora me encontro sem ter para onde ir, com quem ir, e como ir.
Ok, não era inteiramente uma mentira. Mas não tinha bem um quarto de verdade, e eu estava nervosa, tomando goles da caneca de Alma para disfarçar.
Felizmente, todos alí pareciam ter comprado minha lorota, e isso me deixou tranquila.
– Que covardia dele, ora, devia ser um maldito corsário certinho. São meus preferidos de matar!
Primeira coisa que aprendi nesse dia : Piratas são barulhentos. Muito. Qualquer coisa era motivo de riso, gritaria e bebedeira. Segunda : Que uma mentira bem contada te leva à vários lugares.
– Então, Annabele.
Alma parecia empolgado.
– Sim?
– Por quê você não vem conosco?
– Alma! Bem, eu... Você não tem que pedir a permissão do capitão?
– Uma ova! Eu sou o primeiro imediato. O capitão é Nate, e embora nossa relação não seja das melhores, dá para o gasto.
– Então... Sim, é óbvio! Mas e Kaine?
– Quem?
Sinalizei para onde o havia deixado, o que imagino ter sido algumas horas atrás. Alma revirou os olhos, mas concordou.
– Claro, claro.
Dei uma rápida olhada, procurando por Kaine, e o achei conversando com uma garota - não as garçonetes - e percebi que não era um momento oportuno para ir lá interromper. Quando me voltei para Alma, tive a impressão de que ele estava sorrindo, mas o que vi foi apenas uma expressão neutra. Quando estiquei meu braço para a caneca vazia, ele gritou ao meu lado.
– Mais uma rodada aqui!
E prontamente várias canecas foram depositadas na mesa. A noite pareceu passar-se em borrão, e enquanto que alguns homens foram saindo para os quartos do bordel, alguns, como Alma e aquele ruivo da sereia, não paravam nunca de beber, e ainda eu, que sem nem procurar por Kaine adormeci com a cabeça na mesa.


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