No capítulo anterior...

Escuridão. Isso resume em que eu estaria imersa logo depois de perder todos os meus sentidos, mas algo me manteve acordada...ou quase...

A voz dele sumia de tempos em tempos e a cada intervalo eu via alguma coisa diferente...

Estou em frente à árvore onde o InuYasha foi preso por Kikyou...aliás...por que ela teria feito isso? O que aconteceu a ela depois? Por que minha mãe tem a Shikon no Tama?

Essas e mais perguntas me atordoavam...

– Kikyou...não há um dia se quer que eu não pense em você... – Aquilo me doeu, e muito, a cena que vi no outro dia...InuYasha praticamente se declarando para Kikyou...se repetiu a minha frente, novamente eu estava presa aquela maldita árvore que me fez ficar invisível.

– “InuYasha...você não pode me ver não é mesmo?! Por mais que eu esteja sempre perto, você...está sempre pensando nela...e eu sempre fui invisível...só uma ferramenta para o retorno dela...nada a mais...a solidão...dói mais do que eu imaginava...” – Penso vendo os dois juntos a minha frente, quase pude sentir meu coração se quebrar em mil pedaços.

....................................

– InuYasha-san?! – Por sorte ela ainda estava ali, junto dela estavam o irmão e o pai da Yume.

– O que aconteceu? – O pai dela veio que nem um desesperado e a pegou do meu colo.

– Eu não sei. Ela estava comigo e mais umas garotas e do nada ela desmaiou. – Tento explicar.

– A cabeça dela está sangrando. – A mãe aparece com uma caixa branca e um monte de remédios em mão. – Leve ela pro quarto! – Ordena.

– InuYasha-san...poderíamos conversar em particular? – A mulher apareceu com uma expressão preocupada, aquilo não poderia ser um bom sinal.

Ela me levou para fora da casa, lá ficamos sentados ao redor de uma pequena fogueira que eles mantinham lá.

– Primeiro, eu gostaria de pedir desculpas pelo ocorrido. Minha filha na verdade está desmaiada, ela não tropeçou. – Isso me chama a atenção.

– Como não?! – Pergunto. – Eu mesmo vi ela tropeçar.

– Tem uma coisa que eu tenho que te contar...e que já devia ter contado a ela faz muitos anos. – O olhar da mãe da Yume parecia perdido, ela olhava para o fogo enquanto me contou uma história.

Uma vez há muito tempo, outra humana possuía a Shikon no Tama, ela não sabia dos poderes contidos naquela joia e quando um dia estava com o colar e caiu no Huekui no Ido e acabou indo parar na sua era, vários anos antes de você nascer. Ela encontrou uma vila, onde vivia um hanyou que não era nada simpático, ele quase matou a garota, mas foi impedido por uma senhora de 40 anos que acabou por cuidar da garota.

Kaede-sama, ajudou a menina a se curar e retornar para casa, porém o hanyou a seguiu e...bem...conforme o tempo foi passando o ódio que um tinha pelo outro foi se transformando em outros sentimentos, primeiro amizade e por seguinte o amor...

Ele a pediu em casamento e ela ficou com medo de aceitar, por isso contou a ele que havia feito isso para que ele se esquecesse dela e para que ela pudesse seguir com sua vida nessa Era. Então ele deu uma bela bronca na garota e disse que viveria com ela em qualquer lugar porque...só se importava de estar com ela não em onde nem como estaria.

Os dois resolveram então viver na era da garota, lá eles se casaram e tiveram uma filha, alguns anos depois de nascer, eles perceberam que a filha era diferente, então pediram a ajuda da Kaede-sama para que descobrissem o que havia de errado na garota. A resposta foi que, por ela ser filha de um hanyou parte de seu sangue é de uma youkai, apesar de ser pouco ainda sim ela tinha chances de se transformar, porém isso oferecia riscos a sua vida.

...O pai da garota foi assaltado e quando tentou reagir levou um tiro no peito que o matou pouco depois de dar alguns passos dentro de casa.

...A mãe descobriu que estava grávida novamente, nesses meses a espera de seu segundo filho ela encontrou alguém que lhe dera conforto quando mais precisava. Com a filha fugindo de casa a todo instante e a preocupação nas alturas, ela sabia que não poderia ter uma gravidez tranquila. A mulher decidira se casar antes que a barriga começasse a aparecer, sem a opinião da filha que não parava em casa.

A filha no começo não aceitara o novo pai, porém...houve um dia em que ela resolveu lhe dar uma folga. Foi no dia em que seu irmão nasceu, estando com o pequeno em seus braços ela recomeçou a chorar, uma cena que a mãe não via desde que o pai se fora. Hoje, a mulher que tem dois filhos de pai morto e um novo marido tenta confiar na filha toda vez que a lhe vê saindo de casa para se encontrar com Kaede-sama, um Hanyou e outros amigos...pedindo de todo o coração que a filha não sofra da mesma maneira.

– Essa é a minha história. – A mãe da Yume ficou com uma cara depressiva, mas manteve um sorriso no rosto, voltou a olhar para mim, deitou a cabeça um pouco para o lado e quase fechou os olhos ao sorrir um pouco mais.

– Então...eu não sou o único... – Murmuro.

................................................................................................................

– Yume... – Uma voz...

– Yume! – Me chamava na escuridão.

– Sua baka! Acorda de uma vez! – Agora posso finalmente ver o que estava a minha frente. Eu estou caída no chão e posso sentir todo meu corpo fraquejar apenas ao tentar me mover.

– InuYasha... – Chamei em voz baixa.

– Nossa...se você não consegue nem se levantar, como é que posso continuar com você? – Ele estava parado alguns metros a minha frente com os braços cruzados e de cara emburrada.

– Por favor...InuYasha... – Ainda sentindo dor, tento me mover e alcançá-lo, mas a distancia entre nós nunca diminui, a dor começa a passar e eu consigo ficar em pé com um pouco de dificuldade.

– Quem é você afinal? – Ele me trata como uma estranha. – Eu nunca te vi antes...por que está me seguindo?

– InuYasha...! – Estico o braço para tentar novamente alcança-lo sem sucesso, mas a surpresa vem de meu próprio corpo. – O-O que é... – Começo a ver uma cor escura tomar conta de minha mão e em seguida de meu corpo. – Não... - Uma forte dor na garganta, um nó, que não quer sair, um grito que não pode sair enquanto eu estiver aqui.

Posso ver um rio se formar a minha frente, me aproximo cuidadosamente e fico paralisada com a visão que tive.

– Mas o que significa isso? – O reflexo na água...não era meu...

Era de uma mulher de cabelos brancos muito compridos, um rosto pálido usando um kimono azul marinho com uma faixa azul clara na cintura, um leque vermelho sangue aparece em minha mão e o vento ao meu redor começa a se agitar formando uma tormenta e eu bem no centro, sem saber mais o que fazer apenas tive tempo de pensar numa coisa.

– “Por que eu não consigo me controlar?”

..........

– IIIAAAAAH!!! – Um grito veio do quarto da Yume. Eu gelei só de imaginar o que possa estar acontecendo a ela nesse momento.

– Yume! – Eu pulei na janela do segundo andar que dava direto com o quarto dela, logo em seguida a mãe dela apareceu no quarto.

– Yume-chan... – Ambos ficamos chocados com a cena.

Yume está encolhida abaixo dos restos da coberta rasgada e treme muito.

– Inu...Yasha... – A voz dela, que geralmente é calma e tranquila, as vezes irritada, está completamente fria. – Posso sentir... – Ouço a respiração forçada dela. – sinto seu cheiro...você...não vai escapar dessa vez! – De repente ela pulou da cama e começou a me atacar com suas garras recém crescidas.

Não era mais a mesma pessoa de antes, o cabelo estava todo branco e mais comprido, os olhos tinham cor dourada e eram frios como o gelo, já as garras nem se fala, estão maiores que as minhas e são extremamente afiadas.

– Argh! – Agonizei ao sentir um corte no peito que já começa a sangrar. – Kissou... Yume! Acorda de uma vez! – Eu sei o que ela está passando, Kaede-baba me contou que eu tenho que abatê-la quando isso acontecer, mas...

– Urusai! Não vou obedecer a alguém como você! – O quarto está sendo destruído e no fundo posso ouvir alguns gritos, são os parentes dela.

– “Tenho que tirá-la daqui!” – Rapidamente pulo da janela e quase me esborracho no chão do quintal, pensei em usar um dos meus truques para fazer com que ela desmaie, mas isso a mataria na mesma hora. Me afasto da casa com a intenção de proteger quem está lá, mas não sei se vai funcionar.

– Você não vai fugir de mim! – Ela está atrás de mim, então quer dizer que funcionou, mas o que me incomoda ainda é ter que bater nela.

– “Ou é isso ou vou acabar morrendo aqui...” – Hesito diversas vezes, me escondo numa árvore e enquanto a vejo passar por baixo de mim quebro um galho grande que logo cai nela.

Agora desmaiada e novamente segura em sua casa, ela parece estar voltando ao normal, mas a expressão que fez enquanto dormia era de dor, talvez fosse por causa do galho...ele era bem pesado e...

– “Não... Não é só isso...” – Penso enquanto a observo dormir. – “Tem alguma coisa além dessa dor...”

.....................................................

– Ssssenhor... – Um pequeno Youkai mais parecido com um sapo se aproxima de mim sibilando. – Eu acho que encontrei ssssenhor! – Ele está animado, mas isso não me faz nenhuma diferença.

– Jaken. – O chamo da mesma maneira fria de sempre.

– H-Hai?! – Ele faz continência e então se senta do outro lado da fogueira que separa nós dois.

– InuYasha...tem de estar vivo quando eu encontra-lo. – Me levanto ouvindo o leve barulho das ferragens de minha armadura se moverem comigo.

– Ssssim ssssenhor... – Ele se curva, se levanta e sai em direção a floresta enquanto fico cercado em meus pensamentos.

– “Eu tenho que conseguir...ele...não pode vencer a mim...” – Estico o braço para uma borboleta, ela pousa no meu dedo e uma baixa luz verde irradia de minha mão enquanto a borboleta cai envenenada e, em seguida, morta...