No capítulo anterior...

– Ora seu... – Quase congelei ao ouvir aquilo, mas minha raiva era maior que o medo.

– C-C-C-Calma ai! – Ele balança as mãos freneticamente.

– Pode devolver meu livro? – Pergunto gentilmente sorrindo pra ele.

– T-Tá...você não ficou com raiva. – Ele me olha espantado.

– Mas é claro que fiquei...OSUWARI!!! – Gritei fazendo ele parar no porão da casa, não tirei aquele sorriso da minha cara um instante enquanto ele estava ali.

– AH! O que aconteceu aqui? – Meu padrasto apareceu correndo.

– Acho que vamos ter que concertar isso. – Minha okaa parecia uma bobinha, toda vez que o InuYasha aparecia por aqui ela ficava assim.

– InuYasha-nii-san? Você ta vivo? – Meu irmão vai até o buraco formado e eu saio direto pro meu quarto furiosa com aquele baka...

– Yume! – Kaede-sama me chamou, já fazia mais de 6 meses que eu estava fazendo um treinamento de miko, mas alguma coisa me impedia de fazer o meu poder de purificação aumentar.

– O que foi? – Perguntei me sentando a frente da fogueira no chão da sala onde sempre comíamos.

– Acho que você está trancando os seus poderes. – Ela diz diretamente.

– Eh? – Não entendi a frase dela.

– Talvez, você mesma esteja trancando os seus poderes para impedir que algo lhe aconteça...o que você sente quando usa uma flecha de purificação? – Ela pergunta séria enquanto olha pra mim.

– Bem... – Começo a falar me lembrando. – Todas as vezes que eu tentei usar uma flecha de purificação eu me senti fraca e quase desmaiei, é mesmo...toda vez que eu tento treinar com a purificação mais forte em mim alguma coisa me faz sentir fraca e indisposta. Dá última vez eu fiquei com febre e de cama por dois dias. – Falei enquanto me lembrava das várias vezes que Kaede-sama me ajudou quando eu passei mal.

– Isso pode ser um problema... – Ela abaixa a cabeça e toma um gole de chá.

– Como assim? – Comecei a ficar preocupada.

– Uma miko que não consegue fazer uma purificação completa não serve para ser miko. – Ela toma outro gole de chá.

– Então...o que eu faço? – Minha cabeça me dizia pra concordar com ela, mas a minha vontade era de ser pelo menos um pouco do que foi a miko Kikyou-sama.

– Por enquanto só use a purificação quando for lutar com um Bakemono ou Youkai muito forte, qualquer coisa use apenas o selamento. – Ela demonstrava preocupação também. Fiquei o dia todo com isso na cabeça.

– EI! YUME! – E só pra ajudar...

– O que você quer? – Pergunto cruzando os braços e olho para InuYasha com o olhar mais frio possível.

– Já deu uma olhada naquele seu livro? – Eu não entendi nada do que ele disse.

– Nani? Do que você ta falando? – Comecei a pensar e uma coisa me veio a mente. – AH! Voc:ê andou mexendo nas minhas coisas de novo! – Grito, por um instante me senti como se estive maior que ele.

– Isso não tem nada a ver! – Ele grita, na mesma hora tenho a confirmação do que eu acabei de falar.

– InuYasha! Não devia ficar fazendo isso! – Kaede-sama estava do meu lado, essa batalha já estava ganha.

– Eu não fiz nada! – Ele reclama abaixando a cabeça.

– De qualquer modo acho que você devia dar uma olhada... – Kaede-sama fica pensativa.

– Mas afinal de que livro a gente ta falando? – Perguntei, estava totalmente perdida na conversa.

– Daquele seu livro idiota das lendas, eu vi algo estranho nele. – InuYasha pela primeira vez na vida fica sério.

– Como assim? – Perguntei.

– Acho melhor você mesma ver. – Ele entrega o livro na minha mão, eu achei que estivesse na minha mala.

– Então você andou mesmo mexendo nas minhas coisas! – Falo em tom de vitoriosa sarcástica.

– I-Isso não vem ao caso! – Ele diz gritando como sempre. – Lê logo isso! – Ele grita se sentando com os braços e pernas cruzados como de costume.

– Vejamos...I...I...InuYasha...Achei! – Ao olhar o fim da lenda tive uma surpresa...as últimas frases eram...

“InuYasha teve o fim mais trágico possível, foi aprisionado em um sono interminável por sua amada em uma árvore...ninguém além de quem o aprisionou poderia retirá-lo da árvore, porém sua amada morreu logo depois de aprisioná-lo levando consigo o motivo de terminarem de tal forma.”

Esse era o final da história que eu conhecia...mas não estava mais assim...havia alguma coisa errada com a lenda, ela estava se modificando...Depois desse trecho havia mais um parágrafo.

“50 anos depois, InuYasha foi libertado da árvore pela reencarnação de sua amada, acreditasse que a Shikon no Tama retornou junto da moça, mas ninguém sabe o que aconteceu com InuYasha depois de ser libertado.”

– Está errado... – Falei baixo.

– Eu disse! Dá primeira vez que li, essa última parte estava diferente. – InuYasha continua sentado da mesma forma.

– Diferente como? – Perguntei.

– Hum...Acho que estava escrito que “De alguma forma ele conseguiu escapar do selo, mas não se sabe como”...Ou coisa parecida. – Ele diz olhando para o chão.

– Então desde antes já tinha mudado... – Falo olhando para o livro.

– Quer dizer que o livro está mudando...de acordo com o que acontece aqui? – Pela primeira vez vi Kaede-sama confusa com algo.

– É o que parece... – Digo espantada com o que tinha acabado de ler.

– Mas como? – Kaede-sama olhava constantemente para o livro.

– Se eu soubesse já tinha contado pra vocês...mas parece que tudo o que se acontece aqui vai ser registrado de alguma forma. – InuYasha estava começando a me dar medo, ele estava pensando mais do que o normal.

– Você ta estranho! – Falo em tom baixo.

– Nani? – Acho que ele não escutou.

– N-Nada não! – Eu balanço as mãos tentando disfarçar, um estrondo enorme veio do lado de fora do templo.

– O que foi isso? – Digo indo até a porta, na mesma hora InuYasha se levanta e Kaede-sama pega dois arcos e várias flechas.

– Yume-chan! Venha rápido! – Ela diz me chamando enquanto eu coloco a bolsa com as flechas nas costas.

– Já vou! – Gritei e saí correndo, quando descemos todos os degraus da escadaria do tempo encontramos algo inusitado.

– Cuidado! – Ouvi um rapaz gritar, olhei para trás e vi um youkai vir na minha direção, era uma mulher com orelhas e rabo de gato.

– Por acaso é sua parente? – Perguntei ao InuYasha?

– Mais é claro que não! – Ele respondeu nervosinho como sempre.

– Ei! Você tá lento de mais sabia! – A youkai, que tinha cabelo, orelhas, rabo e roupas brancas, sobe em uma árvore e começa a rir, acabei desviando meu olhar para InuYasha naquela hora, percebi que ele tinha o olhar perdido quando viu aquela cena, acho que talvez o tenha feito se lembrar de Kikyou-sama.

– Tsume! Desce logo daí! Você não merece continuar viva! – A voz masculina que tinha me alertado antes era de um Youkai Taiji, não era comum ver um por aqui pelo que Kaede-sama me contou.

– Kaede-sama! Alguém chamou ele aqui? – Perguntei em tom baixo.

– Não! Acho que ele veio seguindo essa youkai. – Ela diz olhando fixamente para a garota na árvore. O Youkai Taiji segura uma corrente com um osso pontudo na ponta, a gira no ar e a lança até a árvore fazendo o galho em que a tal Tsume estava se quebrar e cair em cima dele. Ambos desmaiam e uma enorme poeira fica no local, quando a poeira começa a abaixar percebo que a garota tinha mudado, as orelhas e o rabo tinham desaparecido

– Ei! Kotaro! Aguente firme! Kotaro! – Ela gritava.

– Mas é...uma garota normal... – Digo espantada.

– Onegai! Ajudem o Kotaro! – Ela olhou direto para mim e para Kaede-sama, nos entreolhamos e eu percebo que a garota tinha um tom triste ou até mesmo de desespero na voz e estava chorando.

– Calma! Nós vamos ajudá-lo. – Eu disse ajudando ela a se levantar, eu levei ela para o templo e ao contrario do que deveria acontecer ela não se sentiu mal nem pesada por estar lá, isso é o que aconteceria geralmente com um youkai. Um pouco depois ela dormiu carregada de soluços.

– Ei InuYasha! Será que ela é um Hanyou? – Digo olhando para ele que estava sentando na porta do templo como de costume.

– Sei lá! Ela também pode ser uma kitsune disfarçada. – Ele diz ainda com o mesmo olhar que vi mais cedo.

– Hum... – Agora só nos restava esperar ela acordar para descobrir se ela era mesmo hanyou ou youkai, eu permaneci observando ela a noite toda para garantir que fosse mesmo passar a noite bem...