Bill's POV

    Luzes coloridas movimentavam-se freneticamente, iluminando a escuridão do pequeno cômodo.Garotos e garotas dançavam, sincronizando o ritmo de seus corpos ao som da batida alucinante de uma música eletrônica. Ao fundo desse cenário, estava eu apenas observando tudo. Hayley estava certa, aquele não era o ambiente adequado para mim.
   Ainda que me sentisse desconfortável em meio a tanta loucura, insisti em permanecer ali por ela.Hayley estava distante, como se apenas seu corpo estivesse ali. Um corpo vazio, sem alma.

- E aí, Hay? – Eu disse, entregando-lhe um copo de ponche e sentando-me ao seu lado. – Que tal animar um pouco?

    Mostrou-me um sorriso apático e virou o copo, bebendo todo o líquido de uma só vez.

- Não estou muito acostumada com esse tipo de festas, Bill. – Disse, depositando o copo sobre a mesa de canto ao seu lado.

- Nem eu. – Olhei em seus olhos, tentando resgatar um pouco da Hayley feliz e animada que se escondia dentro dela. O brilho profundo de suas íris verdes me transmitia segurança. Resolvi agir. – Vem cá.

   Levantei da cadeira a puxando para que se levantasse também. De imediato, uma garota loira e seu par, um rapaz alto e de cabelos castanhos, sentaram-se ali. Não me importei, pois eu não pretendia passar a noite sentado com Hayley. Segurando sua mão, puxei-a em direção à pista de dança improvisada. Ela me olhava, confusa. Imaginei que ela estivesse pensando na melhor maneira de recusar minha convocação. Embora estivesse olhando para frente, acabei esbarrando em algumas pessoas durante meu percurso e por vezes derramei um pouco de bebida no chão. Deixei o copo em cima de uma mesa qualquer e continuei caminhando, ainda segurando firme a mão dela. De repente, parou, impulsionando-me de leve para trás. Virei de frente para Hayley, que retorcia seu rosto em uma careta de desaprovação.

- O que você está fazendo, garoto? – Perguntou, com aquele tom autoritário que me deixava irritado. Eu detestava quando ela usava aquele tom de voz, ela ficava parecida com a minha mãe e essa atitude simplesmente não combinava com seu jeito meigo. Ela agora arqueava uma sobrancelha, formando uma expressão de dúvida.

- Confie em mim. – Esbocei um sorriso presunçoso. Estendi meu braço, oferecendo minha mão novamente. Ela a olhou, e em seguida olhou em meus olhos. Soltou um suspiro pesado e tornou a olhar minha mão outra vez, que aguardava pacientemente o toque macio e tênue da sua. Elevou o braço lentamente, aproximando-nos mais do meu objetivo. Beleza,ela vai aceitar. Sua mão pousou levemente sobre a minha. Fechei meus dedos,encarcerando-a ali, comigo. Sorri internamente. Dessa vez ela não me escapa.
 
    A trilha sonora era uma música muito sensual, perfeita para a ocasião. Não posso perder essa oportunidade. Envolvi meu braço direito em sua cintura. Sabia que estava sendo ousado, mas eu precisava arriscar. Ela não me repeliu, o que era um bom sinal, então resolvi prosseguir. Nunca fui um bom dançarino, entretanto o momento era único, não convinha recear. Comecei vagaroso, movendo minha cintura junto à dela, enquanto minhas mãos aventuravam-se por suas curvas. Seus cabelos coloridos em tons de vermelho e amarelo dançavam em um ritmo excepcional, tingindo minha visão com suas cores, um borrão alaranjado brincando defronte à mim. Por um momento, esqueci-me de dançar e observei aquela cena fabulosa. Hayley era tão divertida e isso me fazia sorrir. Aproximei-me dela mais uma vez, porém nesse instante, uma voz desconhecida falou atrás de mim.

- Estão se divertindo? – Sua voz era rouca e pouco gentil. Girei nos calcanhares e bati os olhos em Josh Farro. Ele olhava para mim com uma mescla de curiosidade e desagrado.

- Sim, nós estamos Farro. – Disse Hayley, passando à minha frente e me surpreendendo enquanto eu permanecia atônito, ainda encarando o cara. – E agradecemos a sua preocupação.

- Williams? O que está fazendo aqui? – Ele agora olhava para Hayley, parecendo surpreso.

- Pensei que você tinha convidado todos do 2º ano, e pelo que eu sei, eu sou da sua turma. – Hayley deu um sorriso artificial e irônico.

- Não esperava que você viesse. – Ele continuava sério, apenas encarando-a. – E quem é esse seu amiguinho espantalho? Encontrou-o no cemitério ou em uma liquidação de halloween?

- Não é da sua conta. – Ela respondeu, a raiva evidente em sua voz.

- Por que tanto interesse, Farro? Você quer comprar um igual, ou você quer beijá-lo? – A figura de Tom destacou-se dentre a aglomeração que estava formada à volta de Hayley, Josh e eu.

- Kaulitz? Agora a festa está ficando animada. – Josh soltou uma gargalhada debochada. – Que foi? Veio defender seu bichinho de estimação?

- Não fale assim do meu irmão! – Vociferou Tom, tentando aproximar-se de Josh para agredi-lo, no entanto foi impedido por alguns rapazes do time de futebol.

- Ah, é seu irmão? Por isso que é um bundão!

- Ele não é bun...

- JÁ CHEGA! – Em um sobressalto, manifestei-me. Meu corpo tremia por completo, devido ao ódio que fervilhava em minhas veias. – Tom, eu não preciso que me defenda! Sei me cuidar.

- Ouviram o garoto? Ele não é mais um bebê chorão! – Josh aplaudiu, e todos começaram a rir. – Sabe, eu ainda não havia percebido, pois parece que você precisa de babás, não é mesmo?

- Eu não preciso de babás, mas acho que você precisa para trocar suas fraldas, não é mesmo Farro? – Respondi, em tom de desdém. – Só porque você é popular pensa que pode pisar nos outros, mas comigo é diferente, “meu irmão”, eu não sou igual aos outros. Comigo as coisas são mais complicadas.

- Nossa, isso me pareceu amedrontador. – Mais uma vez, Josh foi irônico. Isso já estava me irritando. – Escuta aqui, manequim de cemitério, essa casa é minha e ninguém me ameaça aqui dentro, está entendendo?

- Não, eu não falo idiotês. – Todos riram agora. Eu estava começando a ganhar prestígio.

- Eu e você, lá fora A-GO-RA!

- Mas já? Mal nos conhecemos, e você nem me pagou um drinque.

- Quer um drinque? Então eu te desafio.

- Me desafia? Pois bem, então diga...