POV León

Passei reto por aquela cena, aquele cretino me enojava, traindo a Vilu para quem quisesse ver. Resolvi o que tinha que resolver e fui até a casa da Vilu, bati na porta. Quando ela abriu tentei não olhar para o rosto dela, sabia que se fitasse aquela face doce não conseguiria contar.

– Vilu, o Diego... - meus olhos me traíram e encararam aqueles lindos olhos - O-o D-di-diego... é... hmm - não consigo, não adianta, não conseguiria vê-la sofrer, não conseguiria ver tristeza naquele rostinho. Só de imaginar lágrimas em seus olhos, meu coração apertava. Era impossível, sei que aquele cretino merecia que eu contasse tudo, mas não merecia as lágrimas de Vilu, nenhuma. Eu não ia contar a ela, se ela descobrisse, descobriria sozinha.

– O Diego o que? - ela perguntou com olhar confuso.

– Ele é um cretino. - dei uma pitadinha da verdade.

– O que? Você se deu o trabalho de vir até aqui só pra xingar o meu namorado? - “meu namorado”, senti uma pontada no peito quando ela disse aquilo - Por que não gosta dele? - Porque ele é seu namorado, porque ele é um cretino, era isso que eu queria responder.

– Só não gosto dele! Ele ainda vai te fazer sofrer. Por que não larga logo aquele idiota?

– Você tem ciúme dele? - aquela pergunta me pegou de surpresa, óbvio que tinha ciúme, muito ciúme, mas não podia deixá-la saber sobre meus sentimentos, ainda não tenho certeza se sou retribuído.

– É claro que não. Nunca sentiria ciúme de você. - ao ouvir aquilo ela abaixou a cabeça com um olhar triste. Acho que peguei pesado. Fui até ela e levantei seu queixo para que ela me encarasse, seu olhar ainda era triste.

– Desculpa, não era isso que eu queria dizer, e-eu.. - suspirei e ela deu um sorriso fraco. Sorri torto pra ela. - Vamos, você consegue fazer melhor que isso! - ela olhou fundo nos meus olhos e deu um sorriso lindo e aberto. Chegou mais perto e me abraçou forte. Meu coração bateu enlouquecido, borboletas voaram no meu estômago, ela me afetava tanto. Apertei sua cintura, seu abraço era quente e macio. Tudo que eu queria nesse momento era que o tempo parasse.

POV Vilu

Aquelas palavras realmente me machucaram, porém seu pedido de desculpas e seu sorriso torto me tocaram mais fundo, tocaram meu coração. Não aguentei e o abracei. Foi um abraço forte e intenso. Puxei sua nuca o trazendo para mais perto de mim, ele apertou minha cintura de um jeito doce e terno. Deitei minha cabeça no seu ombro e o apertei mais contra mim, se é que isso era possível. Sentia seu corpo no meu, o calor que emanava dele. Aquele abraço estava tão gostoso, que ficamos um bom tempo nele. Subi minha mão e acarinhei seus cachos, eram tão macios. Senti que sua mão subia e descia nas minhas costas, fazendo movimentos repetitivos.

Levantei meu rosto para o olhar e me assustei quando vi a proximidade dos nossos rostos, seus lábios estavam a centímetros dos meus. Fitei seus olhos me perdendo naquele mar negro. Comecei a me aproximar devagar, estava sentindo o calor dos seus lábios, quando alguém abre a porta, fazendo com que eu me afastasse dele num salto.

– Atrapalhei alguma coisa? - perguntou Fran sorrindo maliciosa.

– Não! - León respondeu e me olhou, percebi que ele estava corado, senti que meu rosto também queimava - Tenho que ir Vilu! Tchau meninas! - e saiu.

– É impressão minha ou rolou alguma coisa aqui? - Fran ainda estava com o sorriso malicioso nos lábios.

Contei tudo a Fran que ficou saltitante. Ela estava feliz e com sorriso que não deixava seus lábios.

– Fran, agora me conta você o que aconteceu.

– Ah! Beijei o Marco! - ela largou tudo de uma vez. Sorri, sabia que ela estava gostando dele.

– Detalhes por favor!

– Tá! Chegamos aqui no prédio e subimos até o nosso andar. Daí quando estávamos na minha porta eu disse "Seu sorriso é o mais lindo do mundo sabia?! e ele disse “Não é não. Sabe por que? Porque o seu é o mais lindo”, eu lhe dei um sorriso e ele disse "Acho que estou apaixonado por você” e eu respondi “Você acha? Eu tenho certeza.” E nos beijamos.

– E aí foi bom? - lhe lancei um olhar malicioso.

– Bom? Foi perfeito! Foi o melhor beijo da minha vida!

– Nossa! Amiga sinto dizer, mas você esta com sintomas de amor. - ri e ela riu também.

– Ah Vilu! Os meninos queriam fazer tipo uma festinha do pijama hoje.

– Nós vamos dormir lá na casa deles?

– É!

– Tá louca Fran?! Você quer que eu fique segurando vela pra você a noite toda?

– Não né! Você pode se distrair com o León! - ela sorriu malicioso.

– Fran! - a repreendi.

– Brincadeira! O André pediu pra gente chamar a Marcela. (N/A: vocês lembram da Marcela, né?)

–A Marcela? O André tá interessado nela?

– Aham.

Ligamos pra Marcela e ela aceitou, já conhecia os meninos da escola.

Marcela foi lá pra casa primeiro. Eu, ela e Fran nos arrumamos, pegamos nossas coisa e fomos até o apartamento deles. Ainda não tinha entrado lá, estava curiosa. León atendeu a porta. Cara, como ele conseguia ficar mais lindo a cada segundo?

Entramos. O apartamento era aconchegante e espaçoso, decorado com estilo. Tinha posteres de bandas por todas as paredes, que eram azuis. Olhei para o canto oposto da sala, onde tinham uma bateria, um baixo, uma guitarra, microfone e ampliadores.

– Legal! - falei enquanto chegava perto da guitarra do León. Quando ia pegá-la ele segura minha mão.

– Sério. Nunca, NUNCA toque no meu tesouro. - ele falou com expressão séria.

– Tá bom! - sorri.

Ouvimos umas músicas deles, assistimos um filme, quer dizer, eu e León assistimos ao filme, os outros quatro só assistiram a boca um do outro.

– É, parece que ficamos de vela.

– Não precisa ser assim - falou León malicioso.

– Safado! - falei e lhe dei um sorriso. Ele riu e me jogou pipoca.

Depois do filme fizemos guerra de travesseiros, parecíamos crianças de 5 anos fazendo guerrinha. Depois todos fomos dormir.

Sonhei com León, que estávamos abraçados e a Fran não tinha atrapalhado nosso momento. Acordei sobressaltada e fui até a cozinha beber um copo de água. Quando estava voltando, vi uma porta entreaberta, cheguei mais perto e era o quarto do León.

Entrei sem fazer barulho, o quarto era grande e mais estiloso que o resto da casa. Ele dormia feito um anjo. Olhei as coisas,tinha uma caixinha de madeira sobre a mesinha, entitulada “Lembranças”, abri e começei a mexer. Tinham muitas fotos dele com André e Marco, tinha uma foto que tínhamos tirado uns dias atrás, abri um largo sorriso, que logo se desfez. Entre as fotos tinha uma que me chamou atenção, era León abraçado com uma garota, uma loira muito bonita de feições delicadas. Aquela foto me causou um aperto no coração, a peguei e olhei, atrás estava escrito “Com amor, Angie”. A guardei, e olhei o resto das coisas. Bem no fundo tinha um papel um pouco amassado, peguei-o e bem no topo estava escrito alguma coisa que depois foi apagado, mas ainda dava para ver um pouco. Vi que era uma música, começei a ler:

No soy ave para volar
Y en un cuadro no sé pintar
No soy poeta, escultor
Tan solo soy lo que soy

Las estrellas no sé leer
Y la luna no bajaré
No soy el cielo ni el sol
Tan solo soy

Pero hay cosas que si sé
Ven aqui y te mostraré

En tus ojos puedo ver

Lo puedes lograr

Puebra imaginar

Podemos pintar colores al alma
Podemos gritar... iêe
Podemos volar sin tener alas

ser la letra en mi cancion y tallarme en tu voz

Essa música me chamou a atenção, León estava apaixonado por alguém, será que era pela Angie? Bom, a letra era muito linda. Coloquei de volta na caixa e a soltei na mesinha.

Olhei para cama, ele dormia tão fofo, me aproximei e acarinhei seu rosto, me ajoelhei e passei a mão em seus cabelos. Desci o olhar e notei que ele dormia sem camisa, seu físico era perfeito, até demais, corei quando percebi que olhava demais pro corpo perfeito dele. Olhei para o seu rosto, estava tão sereno.

– V-Vilu - me assustei, olhei melhor e percebi que ele falava dormindo- V-Vilu... hmmm... e-eu - ele estava sonhando comigo. Dei um sorriso aberto. - eu... te... a-am.... a-a... hmmm... a-am... - ele se virou ficando bem de frente pra mim e se calou.

Ele o que? Droga, fiquei curiosa.

Encarei seus lábios, ali tão vulneráveis. Me aproximei, fechei meus olhos e selei nossos lábios, seus lábios eram quentes e macios. Aquele simples selinho me fez flutuar, e ele nem estava acordado, um beijo de verdade me faria desmaiar!

Estava demorando mais do que deveria, então me afastei, mas não resisti e lhe dei mais outro, outro e outro.

– Boa noite - sussurrei.

– Boa noite - arregalei os olhos, não esperava uma resposta.