Clarity - Primeira Temporada escrita por Petrova


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

oi anjos, comentem! Esse capitulo é um pouco sentimental, mas não percam o próximo, algo horrivel está prestes a acontecer.



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Nas duas noites seguintes a noticia, meus pesadelos retornaram. Não era como se eu tivesse caindo em um buraco sem fim ou determinada que meu maior medo era os olhos brilhantes. Este foi o mais diferente de todos. Eu não estava sozinha, na verdade, eu estava diferente de sozinha, eu estava duplicada. Eu me via andando por um caminho estreito de Sponvilly ao lado de Suzanna enquanto como uma sombra, eu observava todos os caminhos perseguidos pelo meu outro eu.

A noite estava fria e parecia que eu podia sentir isso com muita intensidade, carros passavam ligeiros pela rua, pessoas que não me lembravam a nada se misturavam nas calçadas e parecia mais um dia normal que um pesadelo, até que o carro de Andrew, o preto brilhante de vidros tão escuros quanto qualquer noite tenebrosa, passou tão rápido quanto a sensação de achar vê-lo. O apartamento de Suzanna já estava ali e nos despedimos. Nos despedimos para que eu pudesse seguir Andrew, tão magicamente rápido quanto encontrar meu neon livre, estacionado na rua.

O caminho se tornava mais sombrio no decorrer que meu carro acelerava, compreendendo mais a um pesadelo. A iluminação diminuía, não havia ninguém além de mim, nem mesmo a figura doc arro de Andrew para que eu pudesse ter certeza de estar seguindo o caminho certo, até que um cervo ultrapassou o encostamento e invadiu o meu lado, assustando-me tão verdadeiramente real, que era como se eu pudesse sentir o medo percorrendo meu corpo até quando lembro do pesadelo.

Desviei do animal o mais rápido que pude, meu carro girou duas vezes até parar na outra mão, no meio de uma noite escura, sem movimentação, uma noite fria. Com a respiração fraca, tentei procurar vestígios do animal pela estrada, mas na ultima onde de luz que os faróis do meu carro alcançava, eu vi um sombra se formando aos poucos até se transformar num visão nitida de Andrew, um segundo mais tarde surgir, atrás dele, os olhos brilhantes do assassino, com Amber em seus braços.

Despertei.

A aula de história tinha acabado a alguns minutos, metade da minha sala já estava vazia, enquanto a outra se esforçava para sair.

Suzanna balança os dedos finos e grandes dela na minha frente a uns vinte segundos, sentada na parte de cima da minha mesa, balançando os pés ao mesmo tempo que discava mensagens pelo celular.

– Nós temos que ir, Nina. – ela disse, pela segunda vez. – Nina?

Pisquei três vezes, agora acordei.

Tudo tinha sido apenas uma lembrança do meu pesadelo, desde a noticia do desaparecimento de Amber, não se fala em outra coisa nos canais da TVs locais ou mesmo na cidade. Todos estavam comentando, até os professores, recebemos uma chamada imprevista do diretor, algumas palavras para se pensar para no fim dizer que as aulas ocorreriam normalmente, mesmo tendo uma aluna desaparecida a mais de dois dias.

– Onde está Lauren? – perguntei, erguendo a alça da minha bolsa e me juntando, ao lado de Suzanna, com o restante da turma que ainda saia da sala.

– Billy ligou e ele está monitorando todos os passos de Lauren. – Suzanna me respondeu, mastigando chiclete e empurrando um garoto meio baixo para o lado, que impedia de passar.

– Nem me toquei.

– Você está trava na cadeira, olhando para a janela a uns vinte minutos, você nem percebeu que Lauren deu no pé ou que Katness rasgou a calça justa dela ao tentar alcançar uma caneta no chão propositalmente para que o Victor olhasse para ela.

Eu dei de ombros para essa ultima parte.

– De qualquer forma, Billy disse que já estava na porta da escola, então ela não poderia demorar nem mais que um minuto. – Suzanna completou, quando paramos perto dos nossos armários para pegarmos nossos ultimos pertences.

Eu olho para os lados e vejo dezenas de pessoas caminhando e cochichando, a maioria para em frente ao mural de avisos e dá um rápida olha para o papel amarelado:

Desaparecida.

Amber Easton, de dezoito anos, branca, cabelos escuros e de um metro e sessenta, aluna da West Middle, se você viu essa garota, informar para o numero abaixo.

Todos estão comentando, era impossível não perceber isso ou não parar pensar no que deve ter acontecido com aquela garota, é como se a sensação fosse comum para todos ali presente, nas conversas paralelas, nos olhares tristes ou confusos, não importava para quem você olhasse, para que turma se encaixasse ou para que lugar você se escondesse, todos estavam falando sobre Amber, não apenas pela notícia que ela ainda está desaparecida, mas pelo fato que as unicas pessoas que a viram pela festa, constataram que Amber não se encontrava sozinha. Quem era o homem misterioso ao lado dela?

– Isso é assustador. – Suzanna diz de repente, quando fecho a porta do meu armário e sou pega de surpresa.

Esqueci completamente que ela estava ali.

– Não me diga... – nos começamos a caminhar para a saída. – Eu sinto como se fosse explodir por dentro.

– Não viamos uma coisa dessa desde o ataque das gangues.

“As gangues”, qual caso Adam resolveu.

– Sabe o que é terrível? – eu me viro para ela. – É termos estado lá e eu não ter visto Amber em lugar algum, como se ela nunca tivesse estado ali.

Suzanna caminha lentamente, olhando para baixo.

– Eu nem sei como Lauren deve estar se sentindo, ela foi a única de nós três que viu Amber. Ela deve estar se esforçando para lembrar de algum detalhe ao mesmo tempo que prefere não saber de nada, porque ninguém sabe que estávamos ali.

– Exceto o Andrew. – eu digo de repente, sentindo minha pele esfriar só de lembrar do pesadelo e dele ao mesmo tempo.

Suzanna e eu trocamos olhares confusos.

Mesmo que tudo parecesse um ninho profundo de falta de pistas, sem nenhuma brecha, eu sinto que preciso saber o que aconteceu com Amber, principalmente depois de ter visto o assassino nos corredores escuros segurando uma garota insconciente nos braços. Eu tento forçar minhas lembranças, eu quero saber se Amber e aquela garota são as mesmas pessoas, mas isso me frusta, é como se eu não conseguisse ultrapassar essa barreira, de evitar qualquer lembrança do assassino, para o meu próprio bem. Além do fato daquela noite ter cido repleta de perguntas sem respostas, ainda tem Andrew.

Mesmo não fazendo sentido, as palavras que Andrew usou aquela noite combinam com o que aconteceu com Amber: Tudo que aconteceu ali e que acontecia antes eu nunca tive envolvimento, meu nome era apenas uma tática de jogo. Mas, que jogo?

Eu precisava dessas respostas ao mesmo tempo que eu sentia que precisava correr da verdade, que era uma porta que eu não deveria abrir, para o meu proprio bem, além do fato de que coisas estranhas acontecem quando me envolvo com Andrew, eu não posso lembrar do fato que ninguém parece saber que eu estive, ao lado de Lauren e Suzanna, naquela festa. É melhor assim. Mas, cada vez que eu lembrava disso, aquela sensação de alguma está errada, aquele frio passando pela minha clavicula, retornava, eu odiava ela, mas não podia negar que ela sempre aparecia quando alguma coisa de ruim estava chegando. Por que isso acontece apenas comigo? Eu não quero sentir isso a todo o momento, como um presságio, não quero ter a certeza que algum de ruim está prestes acontecer e não saber como reagir, sentindo-me culpada por não fazer nada, mesmo não sabendo como fazer. De qualquer forma, eu odiava essa sensação.

Suzanna estava sem o carro de Grace hoje, o que queria dizer que desta vez eu iria deixá-la em seu apartamento. Eu não passo por lá desde aquela noite, a mesma em que Andrew fez questão de levar as garotas para a casa. São lembranças, mas parecem uma parte de mim muito intensa.

Eu teria ficado com Suzanna se Isobel não tivesse lotado minha caixa de mensagens e minhas ligações atendidas e perdidas. Alguma coisa estava por vir, certamente. Hoje amanhaceu dublado, como se o céu pressentisse o mau presságio do que estava para acontecer na cidade, e eu não gostava disso, Desde que deixei Suzanna em casa, começou a chuviscar, isso queria dizer que até o entardecer, tudo isso se tornaria ou numa tempestade ou numa nevada. E eu não gostava de nenhuma delas. Isobel e Rick estavam sentados à mesa quando cheguei, Megan tinha acabado de colocar o prato na pia e me dado um abraço bem forte, sua fisionomia confusa, antes de correr para o andar de cima.

Eu até estive animada com a ideia de almoçarmos juntos, mas parecia que algo estava me esperando.

Coloquei minha bolsa no braço do sofá e dei um beijo no topo da cabeça de Isobel, logo depois de bangunçar o cabelo dourado de Rick. Puxo uma cadeira ao lado vazio de Megan, olhando de Rick, na ponta da mesa, para Isobel, ao seu lado.

– Você viu as minhas ligações? – ela pergunta, observando-me colocar meu prato.

– Yeah. – eu digo balançando a cabeça. – Eu teria retornado, mas Suzanna estava sem carona hoje e eu tive que levá-la para casa.

Derramei a calda do peixe no meu prato enquanto Isobel me ouvia atentamente e concordava. Rick permaneceu em silencio. Essa tensão estava començando a me preocupar.

– Então, como ficou o trabalho? – Isobel perguntou de repente, mexendo o garfo em volta do prato.

Meu olhar é confuso.

– Trabalho?

– Sim, o de física. – ela arqueia a sobrancelha. – Não foi por isso que você dormiu na casa de Suzanna?

Quase me engasgo com o pedaço do peixei, se eu não conseguisse desfarçar bem, Isobel teria percebido.

– Ah, yah, o trabalho de física, bem, nós conseguimos, foi um longo questionário, sabe, perguntas cansativas de física, mas deu tudo certo. – eu disse, torcendo para que a minha mentira funcionasse tão bem quanto pelo celular.

Para o meu alívio, Isobel conssente.

– Que bom. – ela disse, desistindo de voltar a comer. – Mas voltando as ligações, você não me disse que a garota que tinha desaparecido era da sua turma.

Eu olhei para ela, com o coração disparado. Por que ela queria falar desse assunto agora?

– O quê?

– Billy visitou o hospital hoje, eu o ajudei com alguns papeis e ele acabou me contando sobre a garota, a Amber. – Isobel não parece nervosa, mas apenas preocupada.

– Bem, me desculpe. – eu digo, falando mais baixo. – Na verdade, eu ainda não tive aulas com Amber e primeiramente achei que se tratava de algum boato, não achei que ela tivesse realmente desaparecido, até agora.

– Bem, de qualquer forma, não é. – ela diz diretamente. – Billy perguntou se alguma garota de dezessete anos, cabelo médio preto e de pele branca havia dado entrada no hospital durante esses dias. – ela deu um longo gole no refrigerante.

A descrição dela me gelou o corpo, me fez enfrentar as lembranças dos meus ultimos pesadelos.

– Essa não é a única parte. – Isobel continua, sem espear que eu reaja. – A garota foi vista pela ultima vez numa festa, a que aconteceu na sexta-feira passada. – ela me olhou sorrateiramente, sem se importar com pausas. – No mesmo dia que você ficou de fazer o trabalho com Suzanna e Lauren.

Minha pulsaçao acelerou.

– Pegue leve, Isobel. – Rick finalmente diz.

– E eu estou. – ela dá de ombros. – Você não esteve naquela festa, não é Nina? Você não está mentindo para mim, não é?

Eu sinto que vou explodir ou que vou contar tudo, sinto que eu estou fazendo alguma coisa errada, é como se eu fosse a culpada por tudo de ruim que está acontecendo nessas ultimas semanas. Eu quero sair daqui, eu quero me esconder, mas não posso.

– Não. – eu disse, segurando as lágrimas fortemente.

– Viu? – Rick se vira para Isobel. – Eu disse que Nina não estava naquela festa.

Meu coração se aperta dentro do peito, eu tento esquecer essa sensação.

– Tudo bem, tudo bem. – Isobel olha de Rick para mim.

Nada dentro de mim volta ao normal, parece que estou entre duas batalhas que acontecem inteiramente dentro de mim, é uma guerra entre a verdade e a mentira, as duas me puxam por todos os lados, mas eu não sei quem é que devo escolher, agora.

– E mesmo que eu tivesse ido, certamente não poderia dizer nada sobre ela, nós nunca nos falamos. – completei, quase falhando na voz.

Isobel levantou os olhos para mim, apenas bebericando o refrigerante.

– Nós compreendemos. – Rick falou por ela, dessa vez, dando-me uma olhada encorajadora.

Mas eu sabia que isso não ficaria assim.

– Sim, entendemos, mas de qualquer forma, você evitará qualquer lugar como aquele clube, Billy comentou que as pessoas que a viram pela ultima vez, afirmaram que ela estava companhada de um rapaz, não faço ideia de quem seja e não sei se Billy tem a resposta, mas evite contato. – ela não pediu, ordenou, algo no olhar dela dizia isso.

Engoli secamente.

– O que quer dizer com evitar? – perguntei cuidadosamente.

– Digo que evite aqueles rapaizinhos.

Eu olhei furtivamente para Rick, esperando encontrar na expressão dele algum tipo de ajuda, mas ele também estava concordando, o que toda essa reunião queria dizer?

– Rapaizinhos? – eu perguntei, dando uma risadinha sem humor no final.

Isobel fica desconfortável de repente.

– Qual o nome deles? – ela se virou para Rick. – O filho de Caroline Jones?

Rick parece um pouco desconfortável com esse assunto, mas logo responde:

– Lewis Jones.

– Este mesmo, infelizmente não podemos qualificar o rapaz com as mesmas qualidades de seus pais, isso é uma pena, então, não confiamos nele e você também confiará, Nina. – ela olhou na minha direção.

Concordo, me sentindo desconfortável por lembrar do Lewis.

– Tudo bem. – falo baixinho, tendo esperanças que a conversa termine aqui. – De qualquer forma, Lewis faz faculdade, existe uma pequena probabilidade de nos encontrarmos Ele também faz faculdade, não é muito fácil esbarrar com ele.

– Certo, nós sabemos disso. – Isobel retrucou. – Mas não quer dizer que isso não possa acontecer, mas de qualquer forma, evite-o. – ela apontou na minha direção. – E evite aquele rapaz, o Andrew McDowell também.

Meu coração acelerou.

– O quê?

– Não me olhe desse jeito. – ela disse. – Eu sei que aquela festança toda tem o dedo do Andrew nisso, da mesma forma que não podemos comparar os pais maravilhosos do Lewis, não podemos julgar este rapaz com o seu excelente irmão, Adam, que deve estar sofrendo pressão dos pais da garota, afinal, é o irmão dele envolvido.

Eu a olho incrédu-la, eu não sei como dizer isso, mas é como se fosse um pedido impossível. Eu sei que não vejo Andrew a dois dias e é normal que fiquemos sem nos ver, nossos mundos não se cruzam, mesmo morando na mesma cidade, mas ser obrigada a evitá-lo é ir contra a uma parte confusa dentro de mim. Eu não que sei o que isso quer dizer, mas eu não quero evitar o Andrew, mesmo de todas essas confusões.

– Ele parecia realmente alguém respeitável, mas depois do que aconteceu, não confio nele, e nem você irá, Nina.

– Mas ele é. – eu digo, na defensiva.

– Você o conhece para saber? – Isobel pergunta, séria.

Minha pulsação entra em descompasso. Mais uma mentira.

– Não. Mas eu sei sobre o que falam dele. – eu digo, sentindo minha boca seca.- Lewis é o principal organizador do clube, Andrew é como se fosse um sócio distante, ele não está envolvido com qualquer suspeita. Tome como exemplo seu irmão.

– Claro que não! – Isobel retruca. – Nós não confiamos nele e pronto, Nathalie.

Eu fico furiosa.

– Rick, você o conhece, diga alguma coisa! – eu peço, quase implorando.

Ele parece perdido, meio retraido.

– Ela está certa, Isobel. – ele diz, calmamente. – Maison é como padrinho do Andrew, não há perigo.

Isobel não o escuta.

– É esta a ordem, não adianta vocês arranjarem motivos para o que está acontecendo aqui, temos uma garota desaparecida.

– Isobel...

– Nada além disso, Nina. – ela me interrompe.

Eu fico furiosa, não há motivos ainda, mas eu fico com raiva pelo Andrew. Ele estava certo sobre pensar que ele teria algum envolvimento no que acontece naquele clube, como se ele precentisse que algo de ruim estivesse prestes a acontecer, como se ele pudesse, pela primeira vez, ser como eu. Alguém que precentisse.

Eu não consigo olhá-la agora, se Isobel soubesse das vezes que Andrew se colocou em perigo para me salvar, ela teria outra opinião sobre ele, mas era um assunto que não podia se mencionado porque a minha vida se resume a mentiras, se eu contar uma, as outras me atropelam como uma avalanche. É por isso que odeio as mentiras, elas nunca param, crescem constantemente e uma hora é inevitável escondê-las. Como eu não podia dizer nada sobre os ultimos acontecimento, e sabia que Isobel não iria me ouvir agora, eu fiz a única coisa prudente neste momento, que era me silenciar, da mesma forma como Rick se silenciou.

Eu fico pensando se Isobel também teve essa conversa com Megan ou ela a ideia dela terminar seu almoço mais cedo era uma tática para ela comentar esse assunto apenas comigo, a maior envolvida da história. Eu não queria que Megan enfretasse isso, não o fato de ser imposto regras a mim, mas o fato da pressão e a tensão de alguém que normalmente frequenta os meus lugares que uma pessoa dada como desaparecida.

Eu não desejo isso a ninguém.

– Como estamos entendidos nessa parte, tem mais umas coisas para falar. – Isobel enche seu copo vazio com refrigerante. – Eu estive conversando com Grace, depois que meu horario no hospital terminou, e decidimos que o único contato que você e Suzanna terão, será apenas quando você for visitá-la em casa, Rick te levará para os lugares que você quiser ir, de agora em diante.

– Como? – eu olho de um para o outro, esperando que tudo que eu tenha ouvido tenha sido um equivoco. Mas não é. – Vocês estão restringindo meus passos, como se eu tivesse presa. - Isso se chama precaução Nathalie, você vai ter que aceitar de qualquer forma. Isso irá durar até que Billy traga boas noticias, até que eu tenha certeza que esta cidade estará segura novamente.

Eu rio para mim mesma, se ela soubesse que isso nunca vai acontecer...

– Não sabemos com o que estamos lidando, se você não sabe, alguns meses atrás, nós lidamos com gangues, então melhor do que coisas terríveis acontecerem, é evitá-las. – Isobel é autoritária.

– Vocês não podem fazer isso, me deixar trancada aqui. – protestei alto o suficiente para os vizinhos escutarem.

– Muito pelo contrário Nathalie, nós estamos responsáveis por você agora, sua segurança é nosso maior objetivo, você não entende? Não é como se tivéssimos te trancando, estamos preocupados com a sua situação. Tornar oito horas o horário limite para estar em casa, não é te prender, é prevenir.

– O que? Oito horas? E a livraria? – estou quase gritando, estou quase me enlouquecendo.

– Você ainda continuará na livraria, mas com tudo que tem acontecido, a livraria fechará mais cedo agora, conversei com Grace, Suzanna agora te fará companhia toda as tardes, é muito melhor que vocês estejam juntas.

– Vocês não podem! – eu grito.

– Claro que podemos.

Eu fico olhando para Rick e para Isobel, é como se eu fosse um animal recebendo ordens. Eu me recuso ficar mais um segundo aqui e acabar brigando com Isobel, tornando essa situação pior do que já está.

– Para onde você vai? – Isobel se levanta, seguindo-me atá a ponta da mesa.

– Para o quarto, ou será que para isso vou ter que pedir permissão também?

– Não vai comer? – ela me ignorou.

– Perdi a fome.

Dei as costas e corri para o meu quarto. Eu não devia sair daqui, ficar um tempo com Maison, até que tudo isso passasse, minha convivência com Isobel só pioraria se essa loucura fosse realmente seguida. Eu não posso acreditar, eu vim para cá para poder me libertar de tudo, estar mais perto da memória do meu pai, mas parece que estou me afundando numa confusão.

Abro a porta do meu quarto e a fecho com tanta raiva, que suponho que até os vizinhos tenham ouvido. Enterro-me na minha cama, sentindo raiva.

Como se eu tivesse caindo, na verdade, como nos meus pesadelos, sinto que perco o chão, que estou caindo, um burcado que não parece ter fim. Isobel não pode tirar minha liberdade, se eu não estou envolvida com Amber ou qualquer coisa que esteja relacionado a ela.

Eu choro de raiva, mas o meu celular toca, avisando que chegou uma mensagem

Você está aí? Eu preciso conversar, queria poder gritar ou socar algumas paredes, mas Grace está aqui. Quero dizer, está aqui do tipo que vai morar aqui, ela acabou de pegar suas malas, eu estaria gritando de alegria se ela tivesse brigado com o idiota do Ben, mas é muito pior que isso. Ela simplesmente achou que como responsável por mim, devesse estar do meu lado por causa do sumiço de Amber. Grace descobriu coisas bizarras daquela noite, por causa do bar e dos homens que vão lá e comentam, pior do que garotas juntas. Sério.

Suzanna.

Enxugo as lágrimas de raiva, a mensagem de Suzanna tinha vido na hora certa, a curiosidade bateu na minha cabeça, é como se eu devesse saber sobre o que Grace descobriu, mesmo que eu e Amber nunca tenhamos conversado.

Eu estou aqui e não muito melhor que você. Isobel e Rick tiveram uma conversinha comigo, pior almoço da minha vida. Tenho limites agora, não posso passar das oito horas fora de casa, isso é ótimo quando eu tenho muita coisa para fazer em casa. Mas enfim, o que Grace descobriu? Conte-me.

Nina.

Não demorou muito que Suzanna me respondesse.

Oito horas? Isso é a terceira guerra mundial, minha querida! Mas de qualquer forma, como estamos juntas nessa e Lauren obviamente vai receber uma dessas broncas também, muito mais rígidas do general, quer dizer, do pai dela, vamos ter sempre horas livres para nos juntar na livraria, pelo menos isso sua tia liberou. Grace me contou sobre a conversa que tiveram. Enfim, prefiro nos encontrarmos na livraria, é muito para se falar por mensagens.

Suzanna.

Eu ri por alguns segundos, apenas Suzanna poderia me fazer rir neste momento, ao mesmo tempo que escuto passos vindo do corredor.

Tudo bem, duas horas estou na livraria, esteja também. Ligue para Lauren, avise para nos encontrarmos lá, não vou poder fazer isso primeiro porque agora vou enfrentar a general Isobel, acho que estou ouvindo o salto baixo dela tinindo no piso de madeira, até mais.

Nina.

Minha pele esquenta de raiva e como eu tinha previsto, assim que enviei a mensagem, houve duas batidas na porta, o que certamente queria dizer que Isobel tinha vindo me visitar, será que vou ter que levar a louça como castigo?

Levanto-me preguiçosamente da casa, torcendo que não seja mais nenhuma restrição, que todas tenham terminado com o limite de horário. Quando destranco a porta, eu retorno para a minha cama, observando Isobem se mover lentamente para dentro, de como quem está querendo dizer que veio em paz.

Eu espero que seja isso, realmente. Quando ela finalmente entra, ela para no meio do quarto, timidamente.

– Desculpe-me. – Isobel sussurra e vejo que eu nunca poderia estar furiosa com ela, eu nunca poderia sentir nenhum sentimento ruim em relação a ela.

– Está tudo bem tia. – eu digo, levantando-me e me sentando na beirada da cama.

– Está tudo bem.

Isobel assente, observando-me.

– Eu sei que exagarei no que eu disse lá em baixo.

Até alguns minutos atrás, eu tinha certeza que não diria isso, mas pensando bem, essa era a verdade a ser dita.

– A senhora tem toda razão em estar preocupada comigo ou com a minha segurança, eu tenho que entender que ter alguém desaparecido na cidade, além do fato dessa pessoar fazer parte do meu cotidiano, não deve ser fácil para você.

Isobel respira, tremendo os ombros. Ela não pode chorar, porque se ela o fizer, eu também vou.

– Eu sei, eu sei. – ela dá um sorriso pequeno, mas é espontaneo. – Mas eu quero dizer, eu preciso te dizer. – ela ergue o olhar para mim. – Não é que eu desconfie de você ou que eu ache que você não merece confiança, muito pelo contrário. – ele segura minhas mãos e as leva para seu colo. – É porque eu preciso disso, preciso sentir essa proteção, não por minha parte, mas pela sua, preciso sentir que você está segura, mesmo que não corra perigo e na maioria das sensações eu sei que não. Eu apenas preciso disso, porque... – ela inspira fortemente antes de me olhar nos olhos. – Porque você me lembra muito o meu irmão, o seu pai

Eu não consigo segurar minhas emoções, eu não consigo evitar não chorar.

– Os olhos, o cabelo e o temperamento. – ela dá um riso breve como o meu. – Tudo em você me faz lembrar dele, então de alguma forma eu tenho essa obrigação, em fazer que você se sinta bem, está me compreendendo?

Concordo com a cabeça, eu sei como é sentir a presença do meu pai constantemente, eu sei o que ter as emoções na superficie o tempo todo. Nós ainda não superamos, nós ainda choramos por causa disso.

– Eu entendo, tia. – meu sussurro é tremulo, meus olhos devem marejar. – Mas não pode desconfiar das pessoas apenas porque acha que deve.

– Não vamos falar sobre Lewis ou Andrew, Nina. Você vai me entender, não é que eu tenha algo contra eles, mas eu tenho algo maior, eu tenho algo a proteger, é você. Apenas evite-os, apenas por mim, para me deixar tranquila, não infinitivamente, apenas temporariamente.

– Tudo bem, tudo bem. – não é a hora de discutir.

– Então não me leve a mal. – Isobel segura as lágrimas tanto quanto eu faço. – Não é sobre não confiar, sobre você não ser capaz de auto se defender, é apenas minha obrigação, porque eu devo sua segurança a sua mãe, eu sei o quanto ela queria estar aqui, mas não pode.

Eu me afasto de repente. Eu não quero falar de Helena, não quero lembrar das suas escolhas erradas, por ela me deixar aqui, sozinha. Eu não consigo perdoá-la por isso.

– Ela foi egoista, é diferente.

– Não fale isso, Nathalie. Sua mãe sabe que não seria fácil voltar, porque ela já havia quebrado o vinculo há muito tempo, querida. – ela tenta se aproximar, mas eu evito, não quero falar sobre Helena ou sobre seus problemas, porque me deixar foi a sua escolha, foi a forma que ela achou para proteger, não a mim, mas a si mesmo.

– Que, que vinculo? – eu perguntei, reforçando minha voz.

– Desde o momento que ela se afastou do seu pai, esse vinculo se quebrou. Exceto você, você foi a única coisa que restou, a única coisa que os mantia juntos, e ela sabe como foi dificil abadonar essa cidade, mesmo que você a amasse muito e mesmo que você amasse seu pai, foi dificil lidar com a ideia de escolher um dos dois.

– Não tem ideia de como sofri por isso.

– Helena tem, Nathalie. É por isso que você está aqui, foi a única maneira que ela encontrou em te devolver todos os anos perdidos, longe. Helena queria devolver algo que te tomou por muito tempo.

Isobel limpa lágrima por lagrima que despenca no meu rosto.

– Não é um pouco tarde?

– Antes tarde do que nunca, Nathalie. – ela sussurra. – Não esqueça de como foi dificil para ela fazer isso, sabendo que é tarde demais para receber seu perdão. Ou é tarde demais para tudo, retornar seria como se ela sentisse toda a dor novamente, de não ter feito a coisa certa. É algo que nunca iriamos compreender, porque ela não está pronta, porque ela quebrou o vinculo e você é a única que restou, ela está apenas te entregando uma chance de estarmos juntos e fazer com que ela se sinta menos culpada, então não a julgue tanto.

Deixo-me em silêncio quando eu não sei o que falar. Mas Isobel tem razão, eu nunca entederia isso.

– Pense nisso. – ela sussurra para mim, beijando o topo da caminha cabeça e se levantando. – Eu estou lá em baixo, se quiser alguma coisa.

Eu faço que sim com a cabeça, então Isobel vai embora fecha a porta.

Quando recebi a noticia de Jeffrey tinha morrido, é como se meu mundo acabasse de vez e Helena era a única pessoa que eu poderia culpar, porque eu tinha passado a vida inteira culpando-o, mas eu nunca tinha parado para pensar que mesmo que ela tenha feito a escolha de abandoná-lo, ou tanto faz, eu também fiz, eu não reivindiquei, eu não lutei para mudar, eu não fiz absolutamente nada.

Peguei meu celular do bolso, sem pensar sobre o que eu diria, começei a discar o número.

– Alô?

– Oi... Mãe.

– Nina, é você?

– Sim, sou eu. – eu digo, sussurrando. – Eu estava com saudades, mãe.

Quando as lágrimas começaram a cair novamente, percebi que eu precisava ouvir a voz da minha mãe a muito tempo, só não tinha me dado conta disso.


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Notas finais do capítulo

o que acharam? Será que Amber vai voltar com vida? Vocês tem alguma ideia do rapaz que estava com ela?



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