Clarity - Primeira Temporada escrita por Petrova


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

desculpem a demora, eu estava com problemas de criatividade, quase não consegui escrever :((



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Faz alguns minutos que Andrew estacionou seu Hamann em frente ao apartamento escuro de Suzanna. Além do silêncio que parece crescer como abismo entre eu e ele, as ruas estão silenciosas, frias, sombrias, eu estou aqui e parece que ele não está. Essa sensação intensa de que estamos seguindo caminhos diferentes, é como se eu visse Andrew ao meu lado, mas não acreditasse que fosse ele, realmente. No que ele está pensando?

Essa noite foi completamente confusa, uma hora eu estava na livraria, em outra estávamos arquitetando um plano de invasão no clube, para depois eu me ver de cara com o meu perseguidor, quem eu tinha visto matando uma pessoa (que certamente poderia ter tido uma segunda vítima, aquela garota em seu colo). Agora, eu estava ao lado de Andrew, depois dele ter me beijado e dado a entender que gostava de mim mais do que as palavras possam expressar. Mas desde que saímos da porta do seu apartamento, depois do encontro com Lewis, Andrew mudou completamente, o que há de errado nisso tudo que eu não observei?

– Andrew. – eu o chamo.

Ele pisca três vezes e olha para mim, como se não lembrasse que eu estava ali o tempo todo.

– Preciso ir embora, já está tarde.

Ele não diz nada ou não sabe o que dizer. Bem, o que eu podia esperar? Andrew não é ninguém que eu já tenha visto ou conhecido, quanto mais sei sobre ele, menos o conheço. Ponho-me de lado, segurando a trava da porta, mas me viro alguns segundo antes.

– Obrigada... Por hoje, sabe. Obrigada. – eu digo, finalmente para partir.

– Sinto muito. – ele diz de repente.

Eu me viro para ele.

– O quê?

– Por hoje, eu não queria que nada aquilo tivesse acontecido, eu realmente sinto muito, posso imaginar seus pensamentos sobre mim, neste momento.

Engulo secamente e tento aprender com essa dor. Você está ouvindo isso, Nina? Ele está pedindo desculpa por ter lhe beijado e dito coisas que certamente não deveriam ter sido ditas, nunca, foi apenas um momento. Isso, um momento, momentos somem depois de um tempo.

– Eu devia me acostumar com isso. – Andrew diz, de repente, baixinho. Ele coloca as mãos para trás da cabeça e se encosta no banco. – Alguns fins são mais curtos que os outros.

Eu não consigo compreendê-lo.

– Eu não tenho medo do Lewis, caso você tenha pensado alguma vez nessa possibilidade. – diz, mas não me olha. – Algumas verdades poucas pessoas merecem, Nathalie. É a melhor explicação que eu posso lhe dar.

Eu suspiro, sem entender.

– Você sabe que não consigo entender absolutamente nada, não sabe? – digo baixinho.

Ele sorri, ri um pouco até mexer os ombros.

– Ainda bem. – seus olhos pretos se viram para mim. – Eu não quero que você vá agora.

Isso atinge meu coração tão rápido que reage tão lento. Eu estou parando.

– Você pode ficar mais? – ele pede.

Eu quero dizer sim, mas eu não posso.

– Está tarde, Andrew. – eu digo, remoendo-me por dentro. Ele então não está arrempedido? Então pelo o quê ele estava se desculpando?

– É sempre tarde, eu sei, – ele dá de ombros. – se você soubesse o quanto essa resposta cai muito bem nessa situação.

– Você pode me dizer, então.

– Não posso. – seu sorriso some.

O meu também.

– Não fique assim, eu já esperava essa resposta. – eu dou de ombros, procurando a tranca da porta.

– Mas você já vai? – ele pergunta de repente, agitado.

– Era essa a ideia, não era?

Seus olhos pretos estão brilhando, mas não há luz alguma aqui.

– Na verdade, não. – ele sorri. – A ideia era poder dividir mais um segundo com você, mas este passa tão rápido que...

– Não faça isso. – imploro.

Ele fica surpreso.

– Eu disse algo errado?

Fecho os olhos e tanto segurar minhas emoções novamente, para depois encará-lo.

– Não fique dizendo essas coisas para mim, eu vou acreditar e isso não será bom para nenhum de nós.

– Por quê? É a verdade.

– Eu não sei o porque. – confesso, timidamente mirando os meus dedos. – Mas existe uma grande possibilidade de isso, nós dois, não dar certo.

Ele se silencia por alguns segundos, pensativo.

– É verdade. – confirma, tristimente.

Eu queria que houvesse um destino diferente para nós dois, mas somos tão diferentes, eu não posso deixar meus sentimentos em alguém que me enche de duvidas logo depois de me encher de declarações. Não vai ser saudável para nenhum de nós, é um caminho que possivelmente não haverá volta. Infelizmente. Isso parte meu coração.

– É definitivo, preciso ir. – digo.

Ele assente, antes de me empedir novamente, seus dedos alcancam meu braço livre e sou puxamente rapidamente para trás, com cuidado.

– Todos os minutos que passamos em silêncio nesse carro desde que chegamos aqui era uma tentativa de prolongar tudo isso, eu sei sobre as nossas probabilidades e o quanto elas são baixas, quase nulas, mas eu não posso fechar os olhos. Desculpe por tudo isso, mas não esqueça do que eu disse, mesmo alguns fins sendo mais curtos que outros.

Aquele dia tinha sido a primeira noite que não tive pesadelo algum, nem mesmo um sonho, eu não estava caindo ou sendo perseguida. Quando acordei, o céu estava aberto e desde que cheguei era o primeiro dia que não estava chovendo ou dublado. O que isso queria dizer? Talvez as coisas tenham voltado ao normal, talvez eu precisasse me livrar de toda essa tensão, desde que pisei os pés em Sponvilly eu venho tomando posições diferentes, não sou eu, é outra pessoa, alguém magoada, triste, com o coração partido. Mas quando você se da por conta que precisa dizer adeus, parece que sua mente vai se abrindo aos poucos, seus sorrisos não vão ser tão verdadeiros como antes, mas não será um traição se caso você os der. O sofrimento não será mais uma obrigação, uma forma de se esconder do mundo, é apenas uma escolha e quando você tem pessoas que realmente se preocupam com você e estarão ao seu lado, sofrer não é mais uma decisão firme. Você poderá escolher outros caminhos agora.

Depois da festa de Andrew, no dia seguinte, Lauren e Suzanna não comentaram muita coisa porque as duas estavam sofrendo de dores de cabeça depois que tentaram beber alguma coisa na festa quando não consiguiram achar Isaac. E além disso, eu ainda tive que arrumar minhas coisa as pressas para voltar para a mansão, ainda era final de semana e Maison não queria ficar sozinho. Foi então que tive a ideia de levar Lauren e Suzanna, ele não se aborreceria com três garotas, não é mesmo?

– Eu juro que tinha sido ele! – Lauren está gritando do banco de trás, deixando de lado seu celular para brigar com Suzanna.

Desde que entramos no Neon e manobrei o carro para a estrada, Suzanna e Lauren não fizeram outra coisa além de brigar.

– Ah, por favor, se fosse ele teriamos encontrado, Lauren. O negócio é que além de termos perdido Isaac, perdemos Nina de vista também.

– É verdade. – eu confesso, baixinho. – Eu fiquei louca atrás de vocês.

Lauren empurrou o corpo para frente e enfiou o rosto entre Suzanna e eu.

– Sinto muito por essa parte, principalmente pela reação alérgica de verbena. – ela diz, ressentida.

Eu olho para ela através do espelho, seus olhos redondos e castanhos.

– Tudo bem. – eu digo para ela, com um sorriso grande nos lábios.

– Eu teria fingindo uma reação alérgica se soubesse que Andrew iria me salvar, por que você é tão sortuda, Nina?

Eu me viro para Suzanna, sentindo minha pele esquentar.

– O-o quê?

– Você está vermelha. – Lauren aponta o dedo para mim.

Eu não movo minhas mãos do volante, mas estive a um segundo de estapear seu dedo.

– Eu não estou vermelha.

– O que houve entre vocês dois? Ele te levou ao apartamento? Ah, Nina, você podia contar, não é? – Lauren faz beiçinho como cachorro que caiu da mudança.

– Desde quando o assunto Isaac virou Nathalie? – pergunto, nervosa.

Desde aquela noite, não tive noticia alguma de Andrew, a não ser o mísero detalhe que ele está fora da cidade. Eu sei sobre o que falamos naquele carro, não há caminho sem buracos para nós dois, mas existe um coisinha dentro de mim que não consegue entender isso, essa coisinha me faz frequentimente pensar nele e sentir muita dor quando eu não posso vê-lo. Como agora.

– Bem... – delibero, sentindo meu corpo todo queimar pelos olhares.

– Isso não foi uma resposta, Nina. – Lauren resmunga para mim de como quem está me repreendendo.

– Eu sei. – no fundo eu realmente sei. – Não fui para o seu apartamento, não aquela noite.

– Ele te convidou, pelo menos?

Eu vejo numa curva o momento certo para ficar em silêncio e pensar se devo mentir ou não. Quando ultrapasso, percebo que não há outro caminho se não contar a verdade.

– Yeah, ele me convidou.

Lauren e Suzanna ficam bobas de repente.

– Ah, céus, Nathalie, meu deus, e você disse sim não foi? – Suzanna está me cutucando com aquele dedo fino dela.

– Claro que não. – despenso olhá-las. – Não aconteceu nada demais, encorajo vocês a escolherem outro assunto porque este não tem nada para oferecer.

Suzanna jogo os braços para trás, em desaprovação.

– Nós estamos falando sobre a sua sorte de ter dividido um carro com Andrew McDowell e você está querendo nos convencer de que não há nada nesse assunto a oferecer? Por favor Nathalie, não somos engenuas.

Mordo a lingua só para não cair na sua provocação. Está tão óbvio que houve alguma coisa entre nós dois? Eu espero que não.

– Por que não mudamos de assunto? – eu as olho encorajadora.

– Que horas você chegou? – Suzanna pergunta, acabando com meu plano.

Demoro a responder. Talvez eu tivesse tempo suficiente para bolar uma mentira ou quem sabe me jogar para fora do carro, que seria muito melhor do que ficar aqui dentro presa em um interrogatório.

– Três ou quatro, bem, isso não importa.

Lauren enfia sua cabeça morena para perto do meu banco.

– O que vocês ficaram fazendo depois que ele nos deixou em casa? – seus olhos de amendoas me encararam tão intensamente que ela parecia arrancar as respostas de mim.

– O quê? Nada, absolutamente nada Lauren, por favor, podemos mudar de assunto? Vocês terminaram o exercício de inglês?

– Nos poupe da escola, Nathalie, é domingo!

Eu olho feio para Lauren pelo espelho enquanto Suzanna começa a rir sozinha e de repente.

– Conte-nos outra, Nina, se você dissesse que passaram o tempo jogando Banco Imobiliário nós poderiamos até acreditar, mas dizer “nada”, é como se auto confessar

Eu fico vermelha. Elas são terríveis.

– Mas é essa a verdade.

Lauren inclina um pouco a cabeça para o meu lado e apoia o corpo na beirada do meu banco.

– Esse “nada”, qual nota você daria?

– Só de estar no mesmo lugar com Andrew eu já daria dez, não dez, e sim mil. – Suzanna sussurra, seu rosto tomando expressões maliciosas.

– Vocês estão se ouvindo? – quase grito, minhas bochechas corando.

– Ai meu deus, você o beijou? Quero dizer, como foi? – eu vejo os olhos brilhantes de Lauren me encarando.

Eu fico calada, sinto que se não chegarmos na mansão eu irei explodir, realmente, mas elas continuam me olhando, elas sabem da verdade, só querem ouvir isso de mim.

– Claro que sim, olhe para ela. – Suzanna aponta seu dedo fino para mim.

Eu estou quase enterrando minha cara no volante. Eu olho para Suzanna e depois para Lauren, e vejo que elas parecem mais eufóricas do que eu estive naquela situação.

– Ok, vocês já sabem, o que querem mais saber? – eu digo alto, me rendendo.

Lauren se vira para mim e pergunta:

– Como é? É quente? Irresistível?

– Ou Selvagem e Louco?

Não há nada de comum nos beijos de Andrew, nos seus abraços, no jeito que ele fala, no jeito que se move, no jeito que ele pode te deixar louca e irritada tão rapidamente quanto um piscar de olhos. Não há singularidades para explicar quão maravilhoso é alguém como ele.

– Bem... – eu corei. – Todas as... Opções.

– Ai, meu deus! – Lauren grita do banco de trás.

– Oh, shh!

– Oh, céus, você é sortuda. – Suzanna empurra levemente meu ombro.

– Não comentem isso a ninguém, esse assunto morreu aqui, garotas! – eu digo, em desespero.

– A quem nós contaria? Ao Isaac? – Suzanna respondeu antes de dar uma risada longa e alta.

Vejo o primeiro andar da mansão quando dobramos a direita em um caminho de terra seca, como eu disse, fazia longos dias que não nascia um dia com céu aberto e sem muita umidade. Os portões se abrem assim que chegamos, tenho certeza que tio Maison está fora e Rose certamente já está preparando o nosso almoço quando soube que eu viria.

– Eu não entendo os motivos que seu tio teve a esconder este monumento de casa, Nathalie. – Suzanna está com a cabeça elevada observando todos os centimetros da casa logo depois depois de pegarmos nossas coisas do carro.

– Esse é um bom questionamento, Suze. – Lauren puxa a alça da sua mala rosa pink por cima do ombro e começa a caminhar.

– Maison gosta de silêncio e sossego. E tem tudo isso aqui.

– Mas seria bom esnobar toda essa riqueza, por exemplo, na cara de nossas inimigas da escola, eu nem acredito que estamos a poucos meses de terminar o ano.

– Mesmo assim. – Lauren contrareia. – Ainda iremos para a mesma faculdade.

– Você é uma destruidora de sonhos, Lauren, não estregue meus pensamentos positivos quando Isaac ainda não deu sinal de vida.

Reviro meus olhos e tento ignorar a parte que elas começam uma discussão sobre o relacionamento de Lauren ser particular, do quanto Suzanna é incoveniente ou como Lauren pode ser tão irritante. Não existe nenhuma folga quando se trata dessas garotas juntas. Quando chegamos no alpendre, empurro a porta e glorifico o nome do meu tio por termos aquecedores na casa e por isso fazer com que Lauren e Suzanna finalmente calassem a boca.

– Eu queria esse decoração. – Lauren diz baixinho, adimirando.

– Eu queria essa casa, na verdade. – Suzanna a completa.

Eu coloco minhas coisas na entrada da sala ao mesmo tempo que Rose aparece com seu avental amarelado e uma colher de pau nas mãos, com aquela feição de que está feliz por eu ter voltado.

– Muy bien. – Rose acena para nós, ascendendo um sorriso branco no rosto. Esqueci de ressaltar que Rose não é natural do Alasca, também não sei como nossa mexicana veio parar nos Estados Unidos, mas isso faz tanto tempo que parece uma verdadeira nativa, se não fosse o sotaque espanhol. – Faz muito tiempo que não vejo as três reunidas. Son tão lindas quanto me lembram, eram tão pequeninas.

– Gracias, Rose. – Lauren acena para ela, a única de nós três que as notas em espanhol é maior que a média.

– Acondomodem-se, estou quase terminando o almoço. – Rose balança a colher de pau para nós e aponta para o sofá, ela não precisava pedir.

Desde a festa, eu me sinto exausta e cansada a maior parte do tempo, na qual eu suspeito ter sido o efeito devastador da verbena, em contra partida, Lauren e Suzanna estão cambaleando para lá e para cá por causa das bebidas estranhas que tomaram no clube.

Nós nos jogamos no sofá.

– Eu podia passar o dia inteiro aqui.

– Ou a vida, Lauren. – Suzanna sussurra, ajeitando-se entre as almofadas e procurando o controle remoto.

– Espero que tenha servido de lição a maluquice de invadir uma festa que você não foi convidada, Lauren. – espalho-me pelo sofá e alcanço uma das almofadas, entre Lauren e Suzanna.

– Não me olhe desse jeito, eu juro que tinha visto Isaac.

– Você quer dizer que “achou” que tivesse visto o Isaac. – Suzanna resmunga enquanto passa de canal em canal.

– Eu não estou ficando louca, Suzanna. – Lauren puxa o controle da sua mão, deixando o canal livre no noticiário. – Tenho certeza que se tratava de Isaac, ele deve ter nos visto seguindo-o.

– Nunca saberemos porque pelo o que sabemos, Isaac ainda não deu sinal de vida, é o primeiro indicio de culpa.

Lauren segura uma almofada e joga para Suzanna, que acerta sua cara em cheio. Tenho certeza que isso não terminar bem. Suzanna se inclina por cima de mim e acerta outra almofada no cabelo de Lauren, que cambaleia para trás, parecendo furiosa por Suzanna ter estragado seu cabelo.

– Não acredito que vocês vão continuar com isso. – eu grito, me colocando no meio, ao mesmo tempo que o noticiário cita o nome da nossa cidade.

Nós três nos viramos para frente, paradas, como se tivéssimos pegas de surpresa.

De acordo com as autoridades locais, Amber Easton, estudante da Escola West Middle, de Sponvilly, foi vista pela ultima vez numa festa local do recente inaugurado clube da cidade, testemunhas dizem que a jovem teria se encontrado com um rapaz desconhecido pelos seus amigos antes do desaparecimento...

Lauren move o controle remoto para o lago logo após desligar a TV, enquanto eu não sei como reagir. Será ela a mesma garota que vi nos braços do assassino de olhos brilhantes? Aquela sensação de algo ruim estar acontecendo era um pressentimento, eu sabia que algo de errado estava acontecendo naquele lugar, mas eu estava tão cega pela verbena que eu não acreditei nos meus sentimentos.

– Eu conheço aquela garota. – Lauren sussurra, encontrando meus olhos. – Eu a vi na festa, Nina, eu vi ela em um segundo e depois desapareceu.


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