Tsuru escrita por Arqueiro


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

hehe, só um tempinho sem postar. Mas está aí. Espero que gostem!



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Se arrependimento matasse, certamente estaria morta agora, pensou Hinata bufando.

Sua relutância em matar os soldados agora era sua fonte de dor de cabeça. Não que ela não fosse capaz de matar os subordinados de Danzou, ela era capaz sim, afinal passara por altos e baixos – estava mais para só baixos – por causa deles que não havia sentindo em ter misericórdia. Contudo, ela sabia que se os matasse aquilo martelaria na sua cabeça e não reuniria concentração suficiente para concluir seu objetivo e, por isso, decidiu, antes de pôr o plano em prática, que não veria os rostos dos soldados para que caso precisasse matá-los não sentiria tanto remorso.

Mas, ali, em queda livre, se não estivesse tão ocupada tentando não quebrar todos os ossos do seu corpo ao aterrissar, ela mataria o loiro facilmente. Puxou sua perna bruscamente tentando livrar-se do aperto no seu tornozelo, todavia o mesmo era muito persistente. Soltou um gritinho do tipo me solta, droga!

Entre o primeiro passo do seu plano - conseguir o dispositivo que permitiria seu acesso as partes mais internas da vila – e o segundo – encontrar sua família – ela tinha que se manter viva de algum modo. Havia estudado a disposição das sentinelas que vigiavam as extremidades da vila. Como todos pensavam que o campo era impenetrável, a proteção colocada para detectar algum ataque vindo através dele era baixíssima. Mas era melhor prevenir do que remediar. A capa que vestia era sua carta na manga.

O material era o mesmo utilizado por shinobis quando utilizavam o ambiente para se disfarçar. Por exemplo: a cor bege-acinzentanda de não sou lavada a muito tempo do muro, era mito parecida com a da sua capa. Ela não via outra escolha a não ser proteger ambos das sentinelas, e quando chegasse ao chão finalizá-lo rapidamente antes que pusesse pedir reforços.

Se contorceu segurando, com a mão esquerda, o loiro pelo colete diminuindo o espaço entre eles. Com a direita puxou a ponta da capa envolvendo os dois. Naruto se oporia de imediato se algo não o tivesse detido. Um pensamento tão absurdo que sequer acreditava que havia o cogitado.

Havia algo de muito errado em tudo aquilo.

Começou a enumerar todos os fatos estranhos que aconteceram até agora.

Fato estranho número um: Se ela realmente fosse uma soldado subordinada de Danzou, por que ela não usou nenhuma máscara contra a própria armadilha de fumaça? É certo que não custaria nada para Konoha, além do mais se ela tivesse usado muito provavelmente teria tido fôlego suficiente para escapar.

Fato estranho número dois: Por que ao invés de ter passado pela entrada principal – a mais lógica – onde conseguiria apoio armado, ela optou por atravessar o campo?

Fato estranho número três: Como diabos ela sabia sobre aquela entrada?

Se fosse algo noticiado abertamente em Konoha, a inteligência da resistência teria conseguido essa informação. Mesmo se fosse reservada somente para os membros de alta patente eles teriam essa informação, afinal, Sai não havia se infiltrado no território inimigo à toa.

Sai, o espião que a resistência havia enviado, se submetera as mais apavorantes provações. Desde agressões – diziam que era um método de avaliação da lealdade do soldado – até ter sua língua selada para que não vazasse nenhuma informação, algo aparentemente normal entre os membros.

Humph, pessoal doido.

Quando ficou sabendo disso, Naruto explodiu em ódio. Danzou havia vencido mais uma vez, assim como havia vencido ao tomar a vila. Do que valia um espião se ele não fosse apto para transmitir as informações? Porém, ninguém contava com a sagacidade de Sai. Em vez de usar a voz para se comunicar, ele usava desenhos.

Naruto viu uma mensagem do moreno poucas vezes. Mas era impressionante ao ponto de conseguir narrar o que acontecia com facilidade, e era o seguinte: Normalmente um rato alcançava a base de operações e dirigia-se para a sala do conselho, tudo previamente esperado para evitar que destruíssem a informação. Ao reconhecer o chakra de Tsunade, o rato se desintegrava escorrendo tinta dele para o chão, formando a mensagem. Uma das vezes que o loiro vira isso acontecer, estava relacionado com os horários que os guardas os quais ele havia roubado o dispositivo passariam com os prisioneiros. Nada sobre o campo.

As roupas que ela vestia não eram o uniforme utilizado pelos guardas. Talvez ela estivesse à paisana ou talvez, permitiu-se cogitar, ela não trabalhasse para Danzou.

Hinata pegou uma Kunai preparada com um fio metálico preso ao aro. Lançou-a contra o muro, fincando-a. Ao perceber que o loiro estava distraído por alguma coisa, a morena empurrou em direção ao chão, que não estava muitos metros abaixo, e pousou graciosamente com o auxílio do fio. O choque contra o chão veio forte expulsando todo o ar de seus pulmões, um lembrete ao loiro de que sua situação ainda era tensa. Ele se perguntava por que, se nenhum dos dois era uma arma de Danzou, eles estavam lutando.

Ainda bem que o colete diminuiu um pouco o impacto com o chão, pensou se levantando, o colete! Com um estalo percebeu que ela achava que ele era um dos guardas porque estava com o uniforme. É só pode ser isso.

– Ei... – Tentou gritar, mas ainda estava recuperando o fôlego. O resultado fora inaudível. - Eu não sou um... – Foi interrompido por uma Kunai que passou zunindo do lado de sua cabeça. Se ele não tivesse desviado a tempo, agora estaria morto.

Hinata não daria oportunidade para ele recuperar o fôlego, pois se ele o fizesse com toda certeza conseguiria chamar reforços para detê-la. Correu na direção dele com as veias em seu rosto saltadas. Tinha que acabar com aquilo rapidamente.

Naruto se pôs de pé bem a tempo de se proteger do primeiro ataque. A mão aberta da loira tocou seu antebraço, produzindo uma dor desproporcional, mas até certo ponto suportável. Ele estranhou o fato de ter doído tanto já que aparentemente fora um ataque bem leve, praticamente só o tocara. Foi então que pôde ver o rosto dela pela primeira vez.

Cabelos lisos e amarelos que caíam até um pouco mais da metade das costas, e uma franja que ia até as sobrancelhas, os olhos na cor verde-escuros, nariz fino e pequeno e os lábios bem desenhados e rosados. As olheiras contrastavam com a pele branca. Mas algo que alertou sua mente foram as veias salientes.

Esquivou dos três ataques seguintes por pouco. Naruto realmente queria fazê-la ouvir o que ele tinha a dizer e torná-la uma aliada, mas uma lembrança vívida o acertou - talvez por estar dentro de Konoha. A garganta aberta de Iruka e a poça de sangue que se formara. Um arrepio subiu por sua coluna, a garganta se fechando por um sentimento que ele não sabia definir e, por isso, o considerava ódio.

Ele tinha consciência de que sozinho não seria capaz de matar Danzou, afinal o Hokage dispunha de uma massa de escravos bem grande. Mas, se ao menos os rebeldes da resistência conseguissem ultrapassar a barreira, então ele poderia começar a olhar o rumo da batalha de outro ângulo, numa perspectiva de que talvez o seu lado saísse vencedor.

É claro que não vai ser tão fácil assim. Mas é um começo.

Avançou o punho cerrado em direção da loira que esquivou. Concentrou o chakra na palma da mão.

Talvez eu esteja me precipitando, pensou Naruto, mas se eu conseguir acertá-la, isso vai terminar agora e eu vou poder levá-la para a base. Hinata observava curiosa a esfera azul formar-se na palma da mão do seu adversário. Nunca havia visto nada como aquilo, tinha certeza que não era algo comumente ensinado entre os soldados. A curiosidade começou a transformar-se em medo assim que percebeu a quantidade de chakra concentrada. Estava denso demais para o seu gosto.

Olhou o ambiente que a cercava com a visão de 360 graus. Haviam aterrissado na periferia de Konoha. As casas em sua maioria feitas de madeira velha, não muito grandes, amontoados uma ao lado da outra, separadas por algumas vielas. Hinata mordeu a parte interna da bochecha.

Se eu batalhar com ele é provável que eu não consiga vencê-lo, não com seja lá o que ele está fazendo. E então, adeus família e a minha vida. Hinata nunca fora o tipo de pessoa que confiava plenamente em suas habilidades e com a criação que teve quando menor e os últimos anos, o problema agravou-se mais. Mas, se eu conseguir despistá-lo, principalmente aqui, eu ainda teria uma chance.

Quando sentiu o sabor férreo de sangue já havia tomado sua decisão. Empunhou uma kunai. O rasengan totalmente completo na mão de Naruto, brilhava. Ambos correram um na direção do outro. A mão do loiro preparada para atingir o abdômen dela.

Estavam a menos de um metro um do outro, o rasengan pairando a centímetros de Hinata. Com um movimento repentino para a direita, Hinata desviou parcialmente do ataque. Parte dele havia resvalado em seu corpo, mas foi o suficiente para sentir algo quebrando em seu interior e uma dor excruciante invadir todo o seu corpo.

Pelo menos duas costelas quebradas, ela pensou. A dor era tão grande que fez seus olhos começarem a encher de lágrimas, cada batida de seu coração era como uma onda agonizante espalhada por todo o corpo. Argh.

Não se permitiu chorar, ao invés disso concentrou o pouco autocontrole que ainda possuía e enterrou com toda força que tinha a kunai no antebraço do Uzumaki - passando o protetor de braço. Pego de surpresa, Naruto se desequilibrou pelo ataque e mergulhou no chão de terra batida. O rasengan abriu uma cratera assim que encostou na terra, o barulho veio alto e impossível de ser perdido. Ela sabia que tinha que sair dali o mais rápido possível, pois mais soldados apareceriam para ver o que estava acontecendo. E aproveitando a nuvem de poeira que se levantou, ela correu o mais rápido que suas costelas quebradas e seu pulmão irritado permitiam em direção as vielas da favela.

Naruto bufou. Naquele pequeno espaço de tempo já era a segunda vez que ela fugia dele. Ele agora jurava que não seria por muito tempo. Subiu na maior das casas de madeira que conseguiu ver, não se importando se alguém achasse aquilo suspeito. Ficou lá até reconhecer a cabeleira loira da mulher bem a tempo antes dela tornar a vestir o capuz. Pulou de casa em casa, se equilibrando nos telhados mal estruturados, até alcançar a mesma rua que ela.

Não vou deixar você fugir. Ah, mas eu não vou mesmo!

Com um puxão, retirou a lâmina de seu antebraço (deu um gritinho quando tirou a Kunai) e jogou em qualquer lugar. Apertou o passo aproximando-se dessa vez com mais facilidade do que antes. Com o byakugan ativado, Hinata sacou duas shurikens e arremessou-as para frente. Naruto a observava intrigado, até quando de uma hora para outra as shurikens mudaram sua trajetória voando para trás, sua exata direção.

Droga! Desviou por um triz das shurikens. Parece que essa psicopata tem olhos atrás da cabeça.

Hinata estava bastante apreensível. Sentia-se encurralada, cada vez mais sem opções. Parecia que suas costelas tinham se soltado do lugar e agora rasgavam seus os órgãos internos. Ela queria gritar de dor, estava desorientada pela intensidade. Os passos vacilante tentavam levá-la para longe do maluco que a perseguia, mas sem muito sucesso. Seus olhos grudados nele, não o perdendo de visto por um segundo sequer. Fez uma curva fechada para a direita, apostando que por aquele caminho iria despistá-lo. Mas não podia estar mais enganada, havia perdido. Completamente.

A sua frente três casas empilhavam precariamente uma em cima da outra. Um amontoado de degraus espalhados por todos os lados pareciam que levariam até as casas mais acima, contudo ela certamente não conseguiria. Se já estava em desvantagem em correr num terreno plano, não se permitiria imaginar correr enquanto subia as escadas. Fitou a porta a sua frente se aproximando, seu semblante obstinado. Sua mão envolveu o metal frio, girando-o. Como sabia que provavelmente encontraria a porta trancada, jogou seu ombro com toda a força que tinha contra a porta, batendo também com a lateral da cabeça.

Ai, droga!

Não foi o impacto bruto da porta no seu corpo ou a dor lancinante que sentia ou o medo que a preenchia pela possibilidade de perder sua família para sempre que a fizera perder todo o ar dos pulmões e tudo girar ao seu redor. A visão de três crianças encolhidas no canto do cômodo, fora a razão.

Os seres tremendo e claramente mal alimentados, amontoados, provavelmente com medo do barulho que a esfera azulada fez ao atingir o chão. Com medo de que algum soldado invadisse a casa e os exterminasse. Ela se viu neles. Todos os anos depois da sua fuga, o jeito que quase morreu de fome, e de como por várias vezes ficou na posição em que eles estavam agora e... Suas pernas fraquejaram e todo seu corpo desabou no chão, a borda de sua visão escureciam. Girou a cabeça em resposta a dor esquisita que começou a sentir na nuca e viu um ser alto com uma aureola loira com o rosto de raposa.

Que engraçado! Essa é a raposa mais alta que eu já vi. E ela é loira e ainda vestida. Queria rir, mas estava fraca demais até para isso.

As bordas negras cresceram mais ainda restando um pequeno espaço de visão. Mais uma vez, girou a cabeça e viu três vultos negros encolhidos.

Por fim, a escuridão devorou sua visão.

***


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Notas finais do capítulo

E aí pessoal, gostaram? Foi mal demorar tanto para postar o capítulo, mas para mim é mais fácil ler do que escrever. Mas os próximos não vão demorar tanto assim, espero. bom, qualquer crítica, opinião, sugestões, reclamar da minha demora, qualquer coisa mandem um Review ;) ok??
Até a próxima!!



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