Elementos Opostos escrita por Adrenaline Sunshine


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

N/A: Olááá. Só lembrando aqui que terão várias passagens que eu não vou explicar o que aconteceu com as personagens do time Avatar, ok? Estou supondo que tds tenham uma noção do que aconteceu, talvez por isso algumas partes podem parecer que faltam complemento ou algo do tipo, mas é por isso, beleza?!
Boa leitura! =D



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- Deixa mais perto. – Finn pediu.

- O risco de nos molharmos será muito maior. – eu avisei.

- Eu confio em você. Deixa mais perto. – ele repetiu.

Eu, Finn e Ian estávamos deitados no telhado do nosso apartamento, observando a chuva. Finn e Ian estavam um de cada lado meu. Eu dobrava a água como havia feito há pouco com Lee, só que dessa vez tinha que controlar a água que escorria pelo telhado também.

Eu estava com as mãos de cada lado do meu rosto para conseguir deixar a chuva o mais perto possível, como Finn pedira.

- Desculpa ter sido grosso com Lee. – Finn pediu.

- Não se preocupe, eu já conversei com ele e... – Finn nem me deixou terminar a frase e já começou a falar.

- É que é estranho. Nós nunca tivemos alguém a mais, nem com os Lutadores da Liberdade, nem aqui.

- Eu sei, eu entendo.

- Eu não estou acostumado a te dividir com ninguém. – ele confessou e eu senti uma emoção surgir dentro de mim.

- Nenhum de nós está. – Ian completou. Eu o olhei e ele encarava atentamente a chuva. - Mas eu não vou deixar de ficar com vocês.

- Mas não será em período integral. O pouco tempo que você tem livre você vai ficar com o Lee que eu sei. – Finn disse.

- Deixe-a, Finn. – Ian disse. – Ela tem todo direito. Um de nós está tendo a oportunidade de viver de verdade, então a deixe viver. – ele fechou os olhos. – Eu imagino como deve ser isso: viver de verdade.

- Deve ser a melhor coisa do mundo. – Finn comentou.

- Com esse pouco que eu estou experimentando eu já posso afirmar que é a melhor coisa do mundo. – eu comentei lembrando-me dos meus momentos com Lee.

- Mas o que há com o Lee? Ele está muito diferente. – Finn reparou.

- Diferente como? – Ian perguntou. Ele não conheceu Lee antes da mudança.

- Ele está... Agradável. – Finn respondeu. – Ele era tão rabugento quando a gente o conheceu, não é, Kiara?

- É verdade. O tio dele disse que ele passou por uma transformação. Mas não sei o que isso quer dizer.

Finn soltou uma exclamação e se sentou. Logo se deitou novamente, molhado e passando as mãos no rosto tentando em vão secar a água do rosto. A chuva tinha diminuído, mas ainda assim era suficiente para molhar consideravelmente. Eu e Ian rimos.

- Ele só pode ser um alienígena!

Eu virei meu rosto para Finn e o encarei sem achar graça.

- Alienígena? É o melhor que você conseguiu?

- Ué, provavelmente um alienígena possuiu o corpo do Lee de verdade e...

- Nossa, fica quieto. – Ian o interrompeu. – Quanta bobagem.

- Bobagem nada! Alienígenas existem!

- Você ouve o que diz?

- Claro e faz muito sentido.

- Pois para mim só sai “blá, blá, blá”.

- Gente! – eu interrompi a discussão. – Vamos voltar para a Terra? – Finn e Ian resmungaram, mas não falaram mais nada. – Mushi me disse que ele ia decidir se começava uma nova vida aqui ou se continuaria preso ao passado.

- E esse passado seria...? – Finn perguntou.

- Problemas familiares.

- Parece então que ele decidiu ficar por aqui. – Ian observou.

- O que me deixou extremamente feliz. – eu admiti sorrindo.

Finn virou o rosto. Eu virei o meu para ele. Como a chuva estava quase parando, eu coloquei meus braços – que já estavam doendo – ao lado do meu corpo e peguei na mão de Finn e Ian. Ian parecia mais conformado com a situação, mas Finn ainda estava com dificuldades de aceitar.

- Eu não vou abandonar vocês. – eu disse. – Muito menos você, Finn. – eu dei ênfase a ele. Olhei para Ian e este entendeu, afirmando com a cabeça. Virei-me para Finn novamente.

Demorou um tempinho até que Finn olhasse para mim. Ele sorriu.

- Confio em você. – ele disse.

Eu sorri de volta e dei-lhe um beijo na bochecha. Eu coloquei meus braços em volta do pescoço de Finn e Ian e os puxei para perto.

- Meus irmãozinhos ciumentos. – eu disse com carinho.

Finn e Ian riram.

Era isso mesmo que eles eram para mim: irmãos. Ian, o mais velho, mais responsável e o homem da casa. E Finn era o caçula, impulsivo, fazia pose de durão, mas dependente dos irmãos mais velhos.

E Finn, é claro, sabia bem como acabar com qualquer clima.

- Mas eu não quero que o Lee venha mais aqui.

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- Kiara! Que bom que você veio hoje! – Lee exclamou assim que entrei na casa de chá. – Tenho novidades.

- O que é? – eu perguntei curiosa. Lee parecia muito animado.

- Eu e meu tio fomos convidados a servir chá ao rei da Terra.

- Uau! Vocês estão famosos, heim?

Lee riu e eu o abracei.

- Fico feliz por vocês. Quando vocês vão?

- Daqui a pouco. – Lee respondeu olhando para trás, em direção ao tio que fez um gesto para ele se apressar. – Na verdade, eu vou fechar já. Temos que nos preparar.

- Ah, nem deu tempo de a gente conversar. – eu comentei triste.

- Quando eu voltar eu passo no seu apartamento, pode ser?

- Claro. Boa visita ao rei. – eu desejei e abracei Lee. Logo depois saí da casa de chá.

Parei no meio da rua pensando no que faria nesta tarde. Não estava a fim de treinar, então não voltaria ao Anel Inferior, Finn me forçaria a fazer qualquer coisa menos nada. Foi aí que me lembrei de Katara. Ela estava na cidade e eu disse a ele que a visitaria novamente. E foi para sua casa que eu fui.

Cheguei lá e bati na porta. Enquanto esperava, olhei meu reflexo em uma poça de água próximo à escada de entrada. Minhas maria-chiquinhas estavam frouxas e com vários fios de cabelo saltando em todas as direções. Ainda não estava acostumada a me arrumar direitinho antes de sair de casa. Normalmente, eu prendia o cabelo e nem ligava se estava bonito ou não, mas desde que conheci Lee queria parecer bonita para ele. No entanto, eu me esquecia de ajeitar de vez em quando.

Passei as mãos pelas maria-chiquinhas tentando arrumar. Não sei ao certo quanto tempo fiquei tentando ajeitar, mas reparei que ninguém veio atender à porta. Voltei e bati novamente.

Nada.

Katara provavelmente tinha saído para resolver algum problema no palácio ou para comprar alguma coisa ou para dar uma volta. Decidi que iria passear pelo Anel Superior, tomando o devido cuidado para não me perder.

Comecei a passar pelas casas da Rua de Katara. Eram casas maravilhosas, grandes, com fachadas bonitas e entradas atraentes. A cada uma que eu passava, eu parava e olhava por um minuto ou dois, imaginando se um dia eu moraria em uma casa assim. Lee e Mushi conseguiram rapidamente mudar para o Anel Superior graças ao dom de fazer de chás de Mushi. Será que Ian com seu dom em desenvolvimento de consertar coisas nos traria um dia para cá? Teria de esperar para descobrir, mas eu esperava que sim.

Andei mais um pouco e cheguei à parte mais rica da cidade. As casas eram muito maiores que as anteriores com enormes quintais de entrada. Prestei atenção para não babar enquanto admirava.

O Anel Superior era cheio de áreas verdes, lagos e pontes graciosas. Nunca havia visto algo do tipo no Anel Inferior, só terra e coisas cincas e sem vida. Que inveja que eu estava sentindo de Katara e Sokka por morarem em um lugar tão agradável.

Nessas áreas verdes, pessoas passeavam tranquilamente: mães com seus filhos, casais de namorados, amigos conversando. Havia alguns grupos fazendo piquenique. Era tão calmo. Só de estar ali eu me sentia feliz e desejava ficar ali para sempre.

Sentei-me em um morrinho, perto de uma árvore. Fechei os olhos e aproveitei a brisa. Deitei na grama e deixei me perder naquele momento, sem pensar ou refletir em nada, só olhado para o céu e fechando os olhos esporadicamente.

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Abri os olhos de repente e me sentei. Há quanto tempo eu ficara ali? Não senti que tinha dormido, mas o céu estava mudado. O Sol tinha mudado de posição e em algumas horas anoiteceria.

Olhei para os lados e vários grupos de pessoas que antes estavam ali perto já tinham ido embora.

Levantei-me, tirei as gramas que estavam presas à minha roupa, arrumei meu cabelo – mais ou menos - e parti para a casa de Katara.

Felizmente me lembrei do caminho e cheguei sem muita dificuldade. Bati na porta mais uma vez, esperei, mas ninguém atendeu. Estava ficando ansiosa. Onde ela tinha ido? Já se passara um bom tempo desde que eu vim aqui.

Sentei na escada de entrada e fiquei esperando. Não queria voltar para casa ainda, queria ver Katara, conversar mais com ela. Da primeira vez não tivemos muito tempo para isso.

Não fiquei muito tempo ali e um bisão voador pousou na rua e Sokka, Aang e uma garota que eu não conhecia desceram do bisão. Me levantei ao vê-los.

- Tem alguém aqui! – a menina que eu não conhecia exclamou, pisou forte com o pé direito no chão e me prendeu com dobra de terra.

- Ai! – eu exclamei. – Que tipo de receptividade é essa?

- Toph! Solte-a! – Sokka mandou. – Ela é amiga.

A menina, Toph, bateu novamente o pé no chão e as paredes de pedra em volta de mim desceram e eu me libertei.

- Desculpa, eu não sabia. – Toph se desculpou. – Quem é ela afinal?

- Kiara. – eu respondi. – Sou da Tribo da Água do Sul como Sokka e Katara. E você é Toph imagino.

- Sim, sou eu. – ela afirmou sem olhar diretamente para mim. Que falta de educação, eu pensei.

- O que você faz aqui, Kiara? – Sokka me perguntou feliz.

- Eu vim aqui mais cedo bater um papo com a Katara, mas ela não estava. Fui dar uma volta e voltei agora para ver se ela tinha chegado, mas não há ninguém.

- Eu sabia! – Aang disse – Aconteceu alguma coisa com a Katara. – e entrou correndo dentro da casa.

Eu, Sokka e Toph o seguimos. Momo veio voando até o ombro de Aang.

- Não há ninguém aqui além de nós. – Toph disse. Perguntei-me como ela tinha certeza disso.

- Nós temos que procura-la. – Aang disse convicto.

- Calma, Aang. Às vezes ela saiu para fazer compras ou sei lá. – Sokka sugeriu.

- Então ela resolveu fazer as compras do ano, porque já faz um tempão que eu vim aqui e não tinha ninguém. – eu informei.

- Espera. Tem alguém na porta. – Toph disse e apontou para a porta atrás de mim, sem virar o rosto. Em seguida, ouvimos batidas na porta. Como ela sabia? – Na verdade, eu sei quem é. – ela continuou e foi até a porta abrir. – É um velho amigo meu. - Do outro lado, estava a pessoa que eu menos esperava encontrar: Mushi.

A reação de Sokka e Aang foi menos esperada ainda. Os dois estavam em choque. Toph parecia feliz em encontrar Mushi.

- Preciso de ajuda. – Mushi disse e parecia preocupado.

- Vocês se conhecem? – Aang perguntou incrédulo para Toph e Mushi.

- Nos esbarramos uma vez no bosque. Ele me deu chá e um conselho muito bom. – Toph respondeu, olhando para dentro da casa sem foco algum. O que tinha de errado com ela? Eu a encarei um pouco e foi aí que eu percebi: ela era cega. Como eu sou tonta. E ainda achei que era falta de educação ela não olhar para mim ao falar. Que vergonha, ainda bem que eu não abri a minha boca.

- Posso entrar? – Mushi pediu e Toph assentiu.

Mushi entrou e arregalou os olhos ao me ver.

- Kiara?! O que faz aqui?

- Eu vim visitar a minha amiga Katara. E você, o que faz aqui?

- Espera. Vocês também se conhecem? – Sokka perguntou incrédulo como Aang.

- Sim. – eu respondi sem entender o espanto. – O sobrinho dele é meu namorado.

Soka, Aang e Toph ficaram boquiabertos. Procurei o olhar de Mushi em busca de socorro, mas ele me olhava com ar de culpa. Alguma coisa não estava certa ali. O que é que eu não sabia?

- Você está namorando o Zuko?! – Sokka gritou praticamente me acusando. – Que nojo! Como assim?!

- Por que você namoraria o Zuko?! – Aang perguntou.

- Sua traidora! – Sokka me acusou, enfiando dedo no meu rosto. Traidora? Por quê? O que raios estava acontecendo?

- De quem vocês estão falando? – eu perguntei. O ponto de interrogação em cima de minha cabeça era visível.

- Calma aí. – Sokka disse e virou-se para Mushi. – Ela não sabe?

- Não. – Mushi respondeu e olhou para baixo.

- Não sei de que? – eu perguntei querendo saber a resposta e ao mesmo tempo com medo dela.

- Queridinha, o seu namorado é o príncipe da Nação do Fogo. – Toph respondeu de um jeito pouco agradável.

Príncipe da Nação do Fogo? O Lee? Ou era Zuko? O que estava acontecendo?

- Eu não estou entendendo um ‘ai’ do que vocês estão falando.

- Eu vou explicar. – Mushi começou. – Acho que é meu dever te contar já que você passou tanto tempo conosco nessas últimas semanas.

Eu afirmei com a cabeça. Minha expressão agora suplicava por uma explicação para aquela loucura.

- Eu não me chamo Mushi. Esse é um nome ridículo que o meu sobrinho me deu. Meu nome é Iroh. E Lee na verdade se chama Zuko. Está me acompanhando?

- Sim... – eu respondi temerosa pelo que estava por vir.

- Eu sou irmão do Senhor do Fogo, Ozai, e Zuko é o filho dele, o Príncipe da Nação do Fogo.

- Ok, e como você quer que eu acredite nesse absurdo? – eu perguntei descrente com a explicação.

Mushi, ou melhor, Iroh fez um movimento com a mão direita e uma chama brotou da palma de sua mão, iluminando o ambiente. Eu arregalei os olhos, movimento meus braços tentando me segurar em alguma coisa.

Mushi/Iroh era um dobrador de fogo? Fechei meus olhos e minhas mãos com força, sentindo as unhas machucarem as palmas, para tentar controlar a súbita raiva que eu senti surgir dentro de mim. Todo aquele ódio que eu tinha da Nação do Fogo, e que eu achei que tinha sumido, voltou com força.

Claro que eu achei que tinha sumido. Eu estava feliz pela primeira vez em muito tempo e por causa de Lee. Senti outra pontada de raiva. Lee, que na verdade era Zuko, também era dobrador de fogo, com certeza.

Percebi que meu corpo ia começar a tremer quando senti uma mão em meu ombro. Abri os olhos e Sokka estava ao meu lado com olhar de preocupação e medo.

- Kiara? Acalme-se.

E abri mais os meus olhos e rangi os dentes.

- Sokka, seu imbecil, você só piorou a situação! – Toph disse e veio em nossa direção.

- Foi você que disse que eu deveria vir falar com ela antes que ela pulasse em cima de Iroh! – Sokka se defendeu. Ela disse isso? Eu nem ouvi.

- Mas era para você falar algo que melhorasse e não piorasse. – Toph explicou. – Você conhece ela há mais tempo, achei que saberia o que falar. – essa discussãozinha estava me deixando ainda mais irritada.

- Então fala você com ela!

– Parem! – eu gritei.

Sokka saiu rapidinho de perto de mim, mas Toph ficou parada. Eu olhei para Mushi, que estava distante de mim.

- Quer dizer então que você e o seu sobrinho mentiram. – foi uma afirmação.

- Mentira é uma palavra muito forte... – começou Iroh, mas eu interrompi.

- Foi mentira e ponto.

- Posso pelo menos terminar de explicar? – ele pediu.

Eu o encarei, pensando. Eu não sabia se queria ouvir a explicação agora. Eles eram dobradores de fogo que mentiram para mim e, pior, um deles se envolveu demais comigo. Agora, ao mesmo tempo em que eu queria pular no pescoço dos dois, literalmente, eu queria uma explicação que fizesse minha raiva sumir. Por mais que eu estivesse revoltada eu ainda gostava muito de Lee/Zuko, o que me deixava ainda mais irritada.

- Kiara, deixe-o explicar. – Toph pediu sutilmente.

Eu respirei fundo e assenti. Minha mão ainda estavam fechadas fortemente.

Iroh sorriu de leve e começou:

- Zuko foi expulso por Ozai há três anos e desde então viaja comigo em busca do Avatar. Se ele o levar para o pai, vai restaurar a honra dele e poder voltar para casa.

Eu esperei um pouco. A explicação foi muito vaga, não estava nem de longe satisfeito.

- É tudo o que você tem a dizer?

Vi pelo canto dos olhos Sokka e Aang se entreolharem. Iroh se apressou em responder.

- Não, claro que não! Ainda vou entrar nos detalhes. Mas antes eu preciso dizer uma coisa: o Zuko gosta de você, disso que tenho certeza. – eu fiz uma careta ao ouvir, pois eu mesma estava a anos luz de ter certeza.

- Não me venha com esse papo pra cima de mim. Eu sei que as pessoas da Nação do Fogo são todas do mal e não gostam de ninguém além de si mesmos. Vocês devem ter começado a fazer chá e se comunicarem comigo para se camuflarem aqui em Ba Sing Se. – eu disse isso e me arrependi em seguida. Eu esperava, do fundo de minha alma, que não fosse verdade.

– Eu juro por todos os espíritos que existem que não foi isso. – Iroh disse com convicção. - Zuko nunca faz nada que eu sugiro e não era porque eu sugeri que ele deveria sair com você, por qualquer motivo que fosse, que ele sairia. E desde que ele foi ao Lago Laogai e soltou o Bisão do Avatar...

- Então foi ele que libertou o Appa?! – Aang interrompeu.

- Foi...

- Por quê? – Aang interrompeu novamente.

- O Zuko não é uma pessoa ruim! – Iroh exclamou. – Ele tentou te caçar esse tempo todo por causa do que aconteceu com ele e o pai dele.

- E o que aconteceu, afinal? – eu perguntei impaciente. – Agora dá pra contar a verdade? – eu cutuquei um pouco mais.

- Claro que sim. – Iroh respondeu.

Então Iroh me contou tudo sobre Zuko: o sumiço da mãe dele; seus problemas com a irmã, Azula; a origem de sua cicatriz do olho esquerdo – feita pelo próprio pai quando tentou defender novos recrutas que seriam sacrificados indo para a guerra durante uma reunião do conselho de guerra – e em seguida sua expulsão da Nação do Fogo; e a missão impossível de encontrar o Avatar, desaparecido por cem anos, para poder voltar para casa.

Conforme Iroh contava a história, minha expressão e postura ia relaxando.

- Depois de soltar o Appa, ele mudou. Ele estava tão acostumado a fazer coisas ruins, a ser influenciado por Ozai e a irmã louca dele que ele não agia por si mesmo.

Eu não sei ao certo o porquê, mas não foi difícil acreditar nessa história. Não sei se era o meu desespero clamando por Zuko ser do bem ou se a história fazia sentido que eu aceitei facilmente.

E pior: meu sentimento imediato ao aceitar a explicação foi correr para Zuko, abraça-lo e não soltar mais. Nunca mais mesmo.

Mas não podia desfazer minha postura de durona agora, então estufei o peito e comecei a falar:

- Eu não sei...

- Ela já aceitou. – Toph disse e eu relaxei os ombros olhando-a incrédula.

- Você está do lado de quem?! – eu perguntei.

- Você já acreditou, já acabou a discussão, não precisa se fazer de durona.

Que ódio dessa menina! Estragou toda a minha pose.

- Sério que você acreditou?! – Iroh exclamou. Discretamente eu fiz que “sim” com a cabeça. – Que bom! – ele veio rápido em minha direção e me abraçou.

Eu afastei os braços, sem retribuir, achando que era muito contato no momento. Mas de repente eu não o vi mais como Iroh, o irmão do Senhor do Fogo; eu o vi como Mushi, o simpático especialista em chás e cupido nas horas vagas.

Lembrei quando ele abraçou a mim e a Lee quando descobriu que estávamos namorando. Aquele ato espontâneo não podia ser fingido, podia? Eu sorri e o abracei de volta.

Quando nos afastamos, os olhos de Iroh estavam marejados de lágrimas. Eu sorri tristemente. Se nem esse momento e essas revelações me fizeram chorar, eu não sei o que mais poderia.

- Eu não imaginava que era essa a história do Zuko. – Aang comentou, mirando o chão pensativo.

- Ninguém imagina. – Iroh disse. – Você está bem, Kiara?

- Sim. E cadê o Zuko afinal? – era estranho chamá-lo de Zuko.

Iroh inspirou fundo.

- É sobre isso que eu vim aqui. – e se virou para Sokka e Aang. – A princesa Azula está em Ba Sing Se e capturou o meu sobrinho.

- Ela deve ter capturado a Katara também! – exclamou Aang. – Então vamos trabalhar juntos para enfrentar a Azula e salvar a Katara e o Zuko.

- Espera aí! Eu não tenho certeza se quero salvar o Zuko. – Sokka reclamou emburrado.

- Acredite em mim, o Zuko é bom. – Iroh pediu. - Eu já contei toda a história dele, não está satisfeito?

- Sokka, Ba Sing Se inteira está com problemas. E temos que trabalhar juntos para salvar a Katara. – Aang disse.

Sokka suspirou e aceitou.

- Eu trouxe alguém que pode nos ajudar. – Mushi disse e se encaminhou para a porta.

Lá fora, estava um dos agentes Dai Li sentado no chão com os braços e pés amarrados e com uma mordaça na boca. Toph dobrou a terra e fez com que o homem ficasse em pé. Iroh foi até ele tirou a mordaça e o homem logo começou a falar.

- Azula e Long Feng estão planejando um golpe, eles vão derrubar o Rei da Terra. – o agente suava em bicas.

- Para onde eles levaram a minha irmã? – Sokka perguntou, apontando seu boomerang para o homem.

- Para as catacumbas de cristal de Ba Sing Se velha, bem fundo debaixo do palácio.

Ao ouvir isso, ninguém precisou dizer nada, todos fomos correndo até o Palácio de Ba Sing Se. Subimos todos no Appa e voamos até lá. Achei incrível a sensação de voar, tão libertador. E ainda estava voando no bisão do Avatar. Finn enlouqueceria quando soubesse.

Pousamos na entrada do palácio. As casas do Anel Superior eram lindas, mas o palácio era coisa de outro mundo. Tinha um grande espaço aberto na frente, havia uma enorme escadaria para a entrada e o corredor adiante era ladeado por dezenas te pilares. Mas não tinha tempo de ficar admirando.

Assim que descemos do Appa, Toph agachou-se e colocou a mão no chão.

- Quem diria. Há uma cidade antiga lá embaixo, mas bem fundo. – dizendo isso, dobrou a terra formando um buraco enorme no chão.

- E o que faremos agora? – eu perguntei na maior inocência.

- Acho melhor nos dividirmos. – Sokka começou a falar. – Aang você vai com Iroh procurar a Katara e o idiota zangado. Sem ofensas. – esse última parte ele se virou para Iroh.

- Sem problemas. – Iroh respondeu.

- E eu, Toph e Kiara vamos avisar o Rei da Terra sobre o golpe da Azula.

Fiquei triste. Queria salvar o Zuko também, mas achei melhor não discutir.

Aang começou a dobrar a terra, formando um túnel a fim de chegar às catacumbas de cristal. Ele e Iroh sumiram por baixo da terra rapidamente. Eu, Sokka e Toph subimos a escadaria do palácio em direção à entrada.

- Olha o general How. – Sokka informou ao chegarmos ao último degrau. Em seguida, me puxou pela roupa e eu puxei Toph para trás de um dos pilares. Momo nos seguiu voando. Eu e Sokka observamos por de trás dos pilares.

O general deu mais alguns passos e dois agentes Dai Li surgiram de não sei onde e o prenderam com uma coisa parecida com correntes. Um terceiro agente caiu de cima e encarou o general.

- O que está acontecendo aqui? – o general exigiu saber.

- Está em prisão domiciliar.

- O golpe está acontecendo agora. Temos que avisar ao rei da Terra. – Sokka disse e corremos para entrar no palácio por outro caminho.

Não demoramos a chegar à sala do trono. Sokka e Toph já sabiam onde era e encontrar um caminho alternativo não foi difícil.

A sala do trono tinha um grande espaço aberto e um caminho em verde no meio da sala da porta até o trono. O trono ficava em um patamar mais alto com uma escada bem a frente, onde terminava o caminho verde, e mais duas escadas menores de cada lado. Atrás do trono ficava uma escultura bem trabalhada.

Lá estavam o Rei da Terra e um urso – que eu achei estranho – e duas garotas da minha idade com uma roupa verde de guerreira e os rostos pintados de branco, sombra vermelha e batom escuro.

- Chegamos a tempo! – Sokka avisou e paramos de correr.

- A tempo de quê? – perguntou o Rei da Terra. Eu nunca o tinha visto antes. Era magro, tinha o rosto fino e cumprido e usava óculos. Pelo tom de voz, parecia ser um homem amável.

- É, a tempo de quê, – repetiu a pergunta uma das meninas de rosto branco. Ela deu um mortal e parou bem diante de Sokka. – meu lindinho?

Sokka ficou sem reação por um segundo.

- Ahn... Eu já sou comprometido com a Suki.

- Quem?

De repente, um pedaço do chão subiu e jogou a garota para o alto, que conseguiu pular em cima da escultura. – Essas não são as guerreiras Kyoshi.

Então essas garotas eram a guerreiras Kyoshi. Ou deveriam ser. Algo me dizia que esse encontro não acabaria bem.

- Ahn? – perguntou o Rei da Terra visivelmente confuso.

- Desculpa decepcionar você. – disse a outra falsa guerreira Kyoshi, que tinha cara de mal humorada. Ela jogou três facas em direção a Toph que se defendeu formando uma barreira de pedra em frente a ela. Apesar de cega, Toph era uma excelente lutadora.

Eu não hesitei em ajudar. Rapidamente peguei meu cantil de água e dobrei a água de dentro me preparando para o ataque. A garota das facas pulou e eu dobrei a água e joguei pra cima dela, que caiu no chão. Toph dobrou a terra fazendo a garota voar. Ela virou-se rápido e jogou mais três facas em nossa direção. Eu pulei para cima de Toph e a empurrei para o lado para não sermos atingidas.

- Obrigada.

- A luta acabou agora. – ouvi uma voz dizer antes de poder responder ao agradecimento de Toph.

Olhei para o trono e lá estava outra garota, vestida com o uniforme dos agentes Dai Li, com dois dedos esticados soltando um tipo de fogo azul diretamente para o Rei da Terra.

Sokka e Toph imediatamente levantaram as mãos ao alto e eu acompanhei contra gosto.

Uma das garotas veio até nós e bateu em três pontos dos nossos corpos nos deixando moles: nossos membros não tinham força alguma. Era uma sensação horrível, eu não podia me sentar, andar, nem mexer a cabeça. Nunca me senti mais inútil. Até Momo ficou inútil quando passou voando e um agente Dai Li o prendeu com dobra de terra.

- Tirem todos da minha frente. – ordenou a garota de dedos azuis e empurrou o Rei da Terra para frente. Que menina sem noção.

Os agentes Dai Li nos pregaram por nossos braços e nos arrastaram para fora da sala do Trono: eu, Sokka, Toph, Momo e o Rei da Terra. Eles não tomaram nem um pouco de cuidado conosco. Eu bati minha cabeça em várias pedrinhas do chão e minhas pernas sempre se arrastavam pelas quinas das paredes nas curvas. Sem hospitalidade alguma esse povo da terra.

Chegamos a uma área diferente, onde o chão e as paredes eram de metal. Obviamente para incapacitar qualquer dobrador de terra de escapar.

Os agentes Dai Li nos jogaram de qualquer jeito em uma cela e saíram.

- O que nós faremos agora? – eu perguntei, esparramada no chão do jeito que fui largada.

- Primeiro temos de esperar passar esse efeito infeliz. – Toph disse. – Depois eu dou um jeito de sair daqui.

- Eu não acredito que isso está acontecendo. – o Rei da Terra disse de algum canto da cela que não podia ver. – Bem debaixo do meu nariz e eu não percebi.

- Eles armaram tudo muito bem. – Sokka disse. – E a coisa piorou quando Azula chegou. O senhor nunca saberia que elas não eram as guerreiras Kyoshi de verdade.

- Eu sei. O que me corrói por dentro são os Dai Li. Eu nunca imaginaria uma trama dessas vinda deles.

- E quem imaginaria? Eles supostamente estavam do nosso lado. – Toph disse.

- No fim eles não estão do lado de ninguém. – Sokka completou.

O Rei da Terra não falou mais nada durante nossa estadia na prisão. Eu, Sokka e Toph conversávamos sobre outros assuntos para tentar relaxar enquanto estávamos incapacitados de fazer qualquer coisa.

Não sei quanto tempo levou, mas quando nossos corpos voltaram a se mover, eu senti cãibra em várias partes do corpo: panturrilha, coxas, dedos dos pés, braços. Levou mais um tempo até que tudo finalmente passasse.

Sokka foi até a porta e olhou para o corredor por entre as grades de metal.

- Está vendo algum agente Dai Li por perto? – Toph perguntou.

- Não. – Sokka respondeu. – Tudo limpo.

Toph estralou os dedos e foi até a porta. Encostou as palmas das mãos na porta e ela amassou toda. Toph a jogou para o corredor e saiu correndo.

Sokka a seguiu puxando o Rei da Terra comigo logo atrás.

- Eu não vou embora sem o Bosco. – avisou o Rei da Terra.

Quem era Bosco? O urso será? Não importava no momento.

- Temos que ir a sala do trono! Bosco ficou lá. – o rei falava.

- Está bem, nós vamos para lá. Temos que dar um jeito naquelas duas sem noção também. – concordou Sokka.

Corremos por mais uns minutos até chegarmos novamente à sala do trono. Lá a garota mal humorada estava sentada em uma das escadas enquanto a outra andava sobre as mãos com se fosse a coisa mais fácil do mundo.

Eu estava meio inútil no momento, pois não tinha água – minha bolsa fora confiscada - ou arco e flecha para usar. Mas ainda tinha minhas habilidades de luta corpo-a-corpo que teriam de servir.

Toph prendeu as mãos da garota exibida e depois seus pés com dobra de terra. Bosco bateu palmas para isso.

- É um belo truque. – Toph disse à garota. Sokka pegou seu boomerang pronto para agir. Toph dobrou a terra novamente, indo em direção à garota mal humorada. Esta nos olhou com tédio e disse:

- Pega o urso.

O Rei da Terra foi correndo até o urso e o abraçou fortemente. Ele realmente era amável.

Toph usou a dobra de terra para prender a garota mau humorada na escada.

- Ok, tudo certo, partiu catacumbas. – eu disse e já saí correndo porta a fora.

Desde que Sokka nos separou em dois grupos, eu só pensava em acabar de fazer isso logo para ir às catacumbas salvar Zuko. É claro, Katara também, mas infelizmente, por mais culpa que eu pudesse sentir, minha preocupação maior era com Zuko. E eu o queria de volta logo.

Saímos do palácio. Antes de corrermos até Appa, Toph se agachou para sentir as vibrações da Terra.

- Tem muita agitação em um ponto perto daqui. Acho mais viável abrir outro caminho ao invés de voltar até o buraco em que Aang e Iroh entraram. – Toph informou.

- Beleza, você consegue abrir outro buraco por aqui? – eu perguntei, ansiosa.

- Lindinha, eu sou a mestra de dobra da terra do Avatar. Consigo fazer qualquer coisa. – nem um pouco de modéstia, eu pensei. Ela então andou até certo ponto à direita de onde estávamos, bateu o pé no chão e abriu os braços. Outro enorme buraco se formou no chão.

Eu andei até ele e olhei para dentro. Havia uma cachoeira próxima, vinda não sei de onde. Não importava. Eu fiquei feliz. Água era minha especialidade.

- Estou descendo. – eu avisei e comecei a dobrar a água para ajudar na minha descida.

- Espera! – Sokka pediu. – Acho melhor você ficar aqui com o Rei da Terra enquanto eu e Toph descemos.

Eu encarei Sokka com a maior carranca que eu já havia feito.

- Eu vou descer e você não vai me impedir. Eu sou a única que pode descer com segurança por causa da água. Se quiser vir, me siga. – eu dobrei a água e pulei para dentro do buraco.

- Kiara! – Sokka gritou.

- Se a coisa estiver muito feia, eu mando um jato de água avisando para vocês descerem. – eu disse descendo pela cachoeira como em um escorregador.

Quando percebi que estava chegando ao fim da cachoeira, dobrei a água para frente e caí de pé no chão.

Olhei em volta horrorizada. Uma guerra estava acontecendo ali. Diversos agentes Dai Li estavam espalhados pela caverna. Vi Katara lutando sozinha contra alguns deles. A garota de dedos azuis estava lá também, jogando fogo azul para todos os lados. Eu nunca tinha visto fogo azul antes do daquele dia.

Parece que ninguém havia notado a minha presença. Olhei para os lados procurando por Zuko até que o encontrei. Abri um sorriso ao vê-lo e meu impulso foi de ir até ele, mas parei quando uma luz forte surgiu de certo ponto ao meu lado direito e eu parei para observar, assim como todos na caverna.

Aang surgiu do chão e fez o mesmo caminho da luz. O que estava acontecendo com ele?

De repente, um raio atingiu Aang. A luz se apagou e ele começou a cair direto para o chão. Eu olhei em volta e vi a garota de dedos azuis em pose de ataque, apontando aqueles dois dedos do mal para Aang. Foi ela quem o atacou.

Eu coloquei as mãos na boca em choque.

De canto de olho, eu vi Katara formar uma grande onda com a água e eu a acompanhei. Eu me uni a ela que me olhou chorando.

Chegamos até Aang a tempo de pegá-lo antes de atingir o chão. A onda diminuiu e Katara estava com ele nos braços, desacordado. Eu o olhei de perto, preocupada, mas não sabia o que fazer.

Katara olhou para frente e eu virei meu rosto. Zuko e a garota de dedos azuis estavam vindo em nossa direção. Eu sorri ao ver Zuko e ele parou de andar e me olhou chocado.

Eu me levantei e comecei a andar até ele quando uma rajada de fogo atingiu o espaço que nos separava. Olhei para o lado e Iroh estava acima das pedras da parede à direta. Ele saltou e pousou entre nós.

- Vocês têm que sair daqui. – ele disse a mim e Katara. – Eu vou segura-los o quanto puder.

Katara se levantou e apoiou Aang em seus ombros. Antes de ajuda-la, me virei para Zuko.

- Mas e o Zuko? – eu perguntei, olhando-o. Ele me olhava com as sobrancelhas caídas.

- O Zuko não vem. – Katara disse, já a alguns passos longe de mim.

Eu continuava encarando-o. Como assim o Zuko não vem? Ele não tinha se transformado e vindo para o lado do bem? Por que ele não viria conosco?

Zuko eu um passo a frente e esticou a mão direita em minha direção. Mas foi só isso.

- Não fique parado olhando, Zuko! Faça alguma coisa. – A menina de dedos azuis falou, lutando contra Iroh.

Eu sabia que tinha que sair logo dali, mas minhas pernas não queriam se mover. Eu olhei para a garota e depois para Zuko, conectando os fatos. Aquele deveria ser sua irmã maluca e ele a estava ajudando.

Eu senti algo preencher meu peito, subir pela garganta, congestionar meu nariz e vazar pelos meus olhos. Antes que eu percebesse, eu estava chorando em silêncio. Talvez Zuko tenha percebido porque deu mais um passo em minha direção com uma expressão de culpa. Eu me virei na mesma hora e corri até Katara para ajuda-la a carregar Aang, sentindo as lágrimas escorrerem. Nós dobramos a água e subimos pela mesma cachoeira em que desci.

Chegando ao topo, corremos para montar no Appa e começamos a voar.

Katara deitou Aang sobre o pelo macio do bisão voador. Tirou um colar do pescoço o qual o pingente era um frasco que eu reconheci como vindo da Tribo da Água do Norte. Katara o abriu, tirou a pouca quantidade de água de dentro e a colocou sobre o ponto em que o raio atingiu Aang nas costas. A água brilhou e Katara o abraçou chorando.

Então, Aang resmungou e abriu levemente os olhos. Todos nós sorrimos pela cura ter dado certo e Katara o abraçou forte novamente.

Depois disso, eu me encolhi distante dos outros e chorei. Chorei tudo o que esteve acumulado durante todos esses anos. Mas principalmente por Zuko. Eu acreditei que ele tinha mudado de verdade, mas por que ele voltou a ficar ao lado do mal?

E pior, Zuko traiu seu tio, que infinitas vezes mais acreditou nele do que eu. Ele finalmente tinha decidido o seu caminho, o que o levou a mudar tão rapidamente? Aquela Azula devia ter um poder de persuasão extremo.

Eu senti um movimento perto de mim e depois um abraço.

- Não fica assim. – eu ouvi a voz de Sokka. – Todos nós sabíamos que o Zuko era do mal.

- Ele não é do mal. – eu falava com a voz embargada pelo choro e abafada pelas mãos. – Eu o vi quando ele mudou. Só não entendi o que aconteceu hoje.

- Foi a Azula que o convenceu. No fundo, ele prefere ficar com a família da Nação do Fogo e restaurar a sua honra. Que trouxa. – Sokka me respondeu debochando.

- Que idiota. – eu disse, chorando ainda mais.

- Eu sei e eu sempre soube disso. – Sokka concordou. Mas não estava ajudando.

Eu tirei as mãos do rosto, olhando em volta.

- Para onde estamos indo? – eu perguntei.

- Para o mais longe possível daqui. – Sokka respondeu.

- Espera! – eu me agitei e sentei direito. – Não posso abandonar Finn e Ian! Precisamos ir até eles!

- Está doida, Kiara? É muito arriscado e perigoso para todos nós. – Sokka me repreendeu. – Não vamos parar aqui e não vou deixar você descer sozinha. – ele segurou o meu braço com força. – Temos que sair rápido daqui.

- Mas...

- Kiara, seus amigos são vividos e espertos. – Toph entrou na discussão. – Eles vão se virar.

O problema não era esse. Eu sabia muito bem que eles eram capazes de se virar.

O problema era que há alguns dias eu dissera que nunca os abandonaria. E era o que eu estava fazendo agora. Eu não poderia ter deixado isso aconteci. Me senti uma traidorea.

Mas eu sabia que não poderia colocar todos em risco, especialmente Aang, para ir até Finn e Ian, por mais que eu quisesse.

Eu relaxei os ombros, derrotada. Coloquei novamente as mãos no rosto, me encolhi e voltei a chorar.

Finn e Ian. Eu espero que eles me perdoem um dia por abandona-los.


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Notas finais do capítulo

N/A: Oii de novo!

Seguinte, o próximo capítulo vai demorar mais que os 15 dias costumeiro. Estou na pior época do ano, trabalho para entregar, provas chegando, processos seletivos de estágio... está um correria!

Mas até o final do ano, pelo menos, eu posto mais um! =D

Beeijos!

Ahh, e obrigada pelas reviews!! ^^