Fundação Kloon escrita por Brukis Calarezo


Capítulo 4
Capítulo 3: Desconfiada


Notas iniciais do capítulo

Oiee, me desculpem por ter demorado tanto para postar (semana corrida), mas ai vai mais um capítulo. Espero que gostem...



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Não conseguia dormir. Andava de um lado pro outro do quarto enquanto observava a chave que pendia em meu pescoço, balançar. Isso não pode estar acontecendo. Como esse colar veio para aqui? Não me lembro dele, aliás não me lembro de nada. Comecei a pensar na vida que tinha na fundação. Não era algo legal e emocionante, mas a questão não era essa. A questão é como eu vim parar aqui? Só existem clones e funcionários que nasceram e cresceram aqui, todos parentes dos donos. Mas, onde eu entrava nisso? Não sou como os outros, não sei quem são meus pais. Na verdade não sei nem se tenho pais!

Precisava relaxar, por isso entrei no banho. Estava tentando pensar em outra coisa quando ouvi uma leve conversa vinda do quarto. Abri a porta do boxe para poder ouvir melhor:

- Não sei, ela passou a noite inteira sem dormir. – pude reconhecer a voz de Lise.

- Você acha que ela pode...

- Não, acho que ela já teria falado.

- Ontem, vi-a na mesa com Ju e Ana.

 - Bom, é melhor ficarmos atentos.

A porta se fechou quando a pessoa que falava com Lise saiu. Era só o que me faltava! A Lise tendo segredinhos sobre mim com uma pessoa misteriosa. Para mim chega, hoje mesmo irei investigar sobre isso.

Enquanto arrumava as camas pela manhã, bolava um plano para o almoço. Assim que o sinal bateu indicando 12h, não fui para o refeitório. Bem discretamente caminhei até a sala dos registros que ficava ao lado da sala do Sr. Edgar. Esperei escondida atrás de uma parede até que ele saísse e caminhei até a porta. Tomei cuidado para não ser filmada pelas câmeras, ficando todo o tempo de costas para elas. Se olhassem os filmes, poderiam pensar que foi algum funcionário da limpeza, qualquer um. Cheguei à porta, e quando ia abri-la... Droga! A porta tem senha. Pensei com todas as minhas forças em um número, e por alguma razão, apertei os números 0-6-3-2-3-4. A porta se abriu. Não parei para pensar como eu tinha feito isso de primeira, pois não tinha tempo, depois eu continuava com as minhas reflexões.

Entrei na sala e acendi a luz. Revelaram-se prateleiras e mais prateleiras de arquivos. Por onde começar a procurar? Olhei para direita havia uma placa indicando clones, olhei para a esquerda havia a placa de funcionários. Comecei a procurar a letra B na esquerda, imaginando que eles organizariam por inicial do nome. Procurei, procurei e nada. Como não pode ter registro meu? Desesperada, sentei no chão com as costas apoiadas na prateleira. Respirei fundo e olhei para a prateleira à minha frente. Lá estava a letra B, dois arquivos apenas. Dois? Só conhecia um clone que tinha o nome com B:

- Não, não pode ser... – pensei alto.

- Na verdade, pode sim.

Virei rapida e bruscamente a cabeça para o lado. Avistei Dawid me olhando com uma expressão indecifrável.

- O que esta fazendo aqui? – que ótima pergunta Bia.

- Eu que lhe pergunto, sabe não é todo dia que encontramos essa porta aberta. – ironizou Dawid.

- Por favor Vi, você não pode contar pra ninguém. – Vi? Mais da onde eu tirei esse apelido. Observei os olhos de Dawid brilharem, ele parecia esperançoso.

- Bia, você se lembra meu amor? – Dawid perguntou quase entre lágrimas.

- Do que? Aliás, se você sabe de algo acho melhor ir me contando imediatamente. – vi toda aquela esperança nos olhos de Dawid ser arrancada dele, sua expressão se tornou vazia novamente.

- Nada. – ele apenas se virou e saiu.

Levantei na velocidade da luz, fechei a porta e sai correndo para alcançar Dawid. Era tarde demais, eu o havia perdido na multidão. 

O sinal tocou e eu tinha que voltar ao trabalho. O dia demorou a passar, e eu não via a hora de poder conversar com o Dawid. O que ele quis dizer com “você se lembra meu amor?”, aliás, da onde ele tirou esse “meu amor”! Desde quando é tão carinhoso comigo? Perguntas e mais perguntas. Era tudo o que eu tinha e nenhuma delas continha resposta.

Terminei meu trabalho às 6h. Gostaria de ir direto para o quarto de Dawid, mas fui interrompida por Lise no caminho.

- Oi, tudo bem? – Hã? Divide o quarto comigo a não sei quanto tempo e só vai me dar “oi” agora?

- T-Tudo. O que você quer?

- Nada não, só acho que começamos com o “pé errado” se é que me entende. Haha. – sério? Deu para piadista sem graça agora?

- Aham. – respondi somente.

- Gostaria que fôssemos mais amigas, afinal dormimos no mesmo quarto e não sei quase nada sobre você. – e só agora que você foi perceber isso?

- Tudo bem, pode ser. – estava ansiosa para terminar logo essa conversa! Afinal, ainda preciso falar com o Dawid.

- Ai que bom! Pensei que guardasse rancor de mim. – ah, eu achei que a conversa tinha acabado!

- Relaxa, não sou dessas pessoas. – agora me deixa ir embora antes que eu comece a guardar rancor de você!

- Ainda bem. Você vai pro quarto ou tem alguma coisa para fazer antes?

- Acho que vou tomar um ar antes de ir para o quarto.

- Tudo bem, te espero lá então. - nem acredito que essa conversa acabou! Já estava começando a odiá-la.

Virei à direita nos quartos dos clones e procurei pelo quarto 213. Bati na porta loucamente até que ela se abriu:

- Calma! Esta acontecendo um apocalipse zumbi para você estar desesperada desse jeito? – Dawid vestia uma camisa azul marinho com gola em V e uma calça jeans preta. Perai, desde quando eu reparo na roupa dele?

- Precisamos conversar. – disse.

- Não tenho nada para conversar com você.

- Como não? E o que aconteceu hoje...

- Não se preocupe seu segredo esta seguro comigo.

- Não estou falando disso, sei que nunca contaria a ninguém. A questão é por que você disse aquilo. – Dawid me olhava com uma expressão séria.

- Aquilo o que? – ele se fez de desentendido.

- Aquilo sobre eu ter lembrado algo...

- Eu não disse nada disso.

- Claro que disse! Eu sei muito bem o que ouvi Dawid! – já estava começando a ficar irritada.

- Bi, acho melhor ir dormir. Amanhã se tiver tanta certeza dessa alguma coisa que eu não disse, nós conversaremos. – ele deu um sorriso torto e fechou a porta.

Ótimo, ninguém me conta nada nesta porcaria de lugar! Acho que terei de descobrir tudo sozinha.

Fui para o quarto e encontrei Lise dormindo. Fui até o espelho e fitei a figura de olhos azuis que me fitava de volta. Um lindo colar de chave pendia em seu pescoço. Agora, aquele objeto não me era mais estranho, talvez representasse uma lembrança, uma que estava coberta por um véu, só esperando para ser revelado.


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Notas finais do capítulo

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