Fundação Kloon escrita por Brukis Calarezo


Capítulo 11
Capítulo 10: Unidas pelo acaso, amigas pelo destino...


Notas iniciais do capítulo

Oie!!!
Estou de volta! Eu sei que não é começo do mês, mas agora que eu entrei em férias vou tentar escrever uns dois ou três capítulos esse mês só para compensar. Eu gostei do capítulo, e têm uma surpresa para algumas leitoras nele. Resolvi fazer uma homenagem as minhas leitoras que sempre comentam e me ajudam a melhorar a fic. Claro que também guardo muito carinho por aqueles que acompanham a história, eu não seria nada sem vocês!!!

Bom, vamos parar de enrolação e boa leitura!!



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Acordei ao som de The Pretty Reckless, até que Bia tinha um bom gosto musical. Dei uma espiada no despertador por entre as cobertas, eram 6h. Ninguém merece! Bati a mão no relógio desligando a música. Sentei na cama e dei uma boa olhada ao meu redor, eu poderia me acostumar com essa vida.

Após repetir meu ritual de toda manhã, desci as escadas para tomar café com papai. Decidi não usar o colar de chave até ter certeza sobre sua ligação com o colar de mamãe, não quero estragar os planos de Bia, meus planos. Para minha surpresa, papai não estava lá, e sim mamãe.

– Bom dia flor do dia! Preparei algumas torradas com queijo quente para nós, você prefere café com leite ou achocolatado? – ela estava estranhamente feliz esta manhã, espero que seja um bom sinal.

– Achocolatado.

Sentei-me à mesa e comecei a comer as torradas que ela preparara para mim. Tentava agir o mais normal possível, mas era impossível não pensar no que ocorrera ontem. “Unidas pelo acaso, amiga pelo destino” foi o que aquela suave voz me disse. Seria mesmo a voz de mamãe? Qual seria o real significado da frase? Teria eu inventado tudo isso, ou são resquícios de minha memória? Tantas perguntas sem resposta, parece que vai ser sempre assim comigo, até que eu consiga ter minhas memórias de volta.

– Onde está papai? – quebrei o silêncio constrangedor daquele momento.

– Ele precisou sair mais cedo hoje. Parece que marcaram uma reunião de última hora. – ela deu de ombros, mas percebi certa desconfiança em sua voz.

Não conversamos muito mais no carro, ambas estavam muito pensativas. Cheguei na escola as gêmeas já estavam a minha espera.

– O que foi aquela discussão entre você e Dawid ontem? – uma delas me perguntou, a curiosidade estampada em seus olhos azuis.

– Não foi nada. – dei de ombros.

– Como assim nada? Você parecia bem irritada.

– Não quero falar sobre isso, ok? – me desvencilhei delas e fui em direção a Alice que estava comprando um café na cantina. Ela me viu chegando:

– Bom dia Bia! Já cansou delas? – havia um tom de deboche em sua voz.

– Há muito tempo. Posso ficar com você?

– Claro! você sabe que adoro sua companhia. Mas e ai? O que me conta de novo? – pensei se deveria contar sobre o colar de mamãe. Achei melhor não.

– Não muito. Dawid resolveu mudar seus métodos de recuperação de memórias, você falou com ele?

– Hã, talvez sim, talvez não. Quem sabe? – nós rimos e cada uma foi para sua sala ao toque do sinal.

POV outra Bia

– Bom dia Srta. Nervosinha! O que me traz de novo? – já era um hábito de Dawid me provocar.

– Bom dia banco de órgãos ambulante! Até agora temos Giuly e Dani coordenando as ações na Unidade Um. Hatten e Ryan tiveram alguns problemas na Unidade Três, mas tudo sobre controle. Portanto nosso maior problema agora é o diretor. Alguma notícia dele?

– Nenhuma, felizmente faz um tempo que ele não me chama na sua sala. Qualquer novidade me avise, Aron vai continuar a nos ajudar a passar e receber informações das demais unidades, por enquanto o esquema de mandar bilhetes nas bulas de remédios está funcionando, mas receio que teremos de mudar de estratégia, parece que eles começaram a verificar as encomendas.

– Droga. Está bem, qualquer coisa eu te aviso, tome cuidado. – ele deu um meio sorriso.

– Pode deixar, digo o mesmo. – ele começou a se afastar, mas virou-se novamente antes de desaparecer - A propósito, gostei do cabelo.

Olhei meu reflexo no vidro da janela, meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo com alguns fios soltos. Obrigada Dawid.

POV Bia

Finalmente, após uma manhã incrivelmente entediante, a aula finalmente chegou ao fim. Estava morta de fome, não via a hora de almoçar. Pensava nisso quando me deparei com uma Alice esperneando ao telefone e um Dawid tentando fazê-la se acalmar. Imediatamente mandei uma mensagem para mamãe dizendo que ia almoçar fora. Aproximei-me dos dois e perguntei a Dawid:

– O que esta acontecendo?

– Alice esta tendo um pequeno desentendimento com os pais. – ele respondeu com um tom irônico na voz.

– Eu não quero mais saber! Ninguém merece conviver com vocês! Eu não desejo isso nem aos meus piores inimigos... – Alice cuspia as palavras no telefone. Eu e Dawid nos olhamos com uma expressão de “meu deus o que está acontecendo?”. Pude ver em seu rosto que estava segurando o riso, sua expressão se tornou tão engraçada que não consegui segurar o meu. Resultado: os dois caíram na gargalhada.

– Por que raios vocês estão rindo?! A situação aqui é trágica! – Alice acabara de desligar o telefone e estava com uma expressão de reprovação para nós.

– Desculpa, não é de você... – Dawid começou a se explicar e logo conseguimos parar de rir.

– Já acabaram? – Alice estava impaciente.

– Sim, desculpa. – respondi.

– Ótimo! Podemos comer agora? Estou faminta. – no mesmo instante que ela falou isso minha barriga roncou.

– Parece que não é só você. – Dawid zombou de mim.

Estávamos sentados na mesa devorando nossos pratos quando Alice começou:

– Acho que minha mãe está traindo meu pai. – eu e Dawid levantamos o olhar e esperamos que ela continuasse.

– Não sei com quem ainda, ma ela está chegando muito tarde em casa e saindo muito cedo. Têm dias que ela não dorme em casa. Papai está arrasado, mas ele é muito mole, acredita em todas as mentiras que ela conta, mesmo assim eu sei que ele também suspeita. Estou investigando a situação, se descobrir mais alguma coisa informo vocês.

– Como você está? – Dawid perguntou.

– Estressada. – não era exatamente a resposta que se espera, mas resolvemos encerrar o assunto por ai.

Voltei para casa, não tinha ninguém. Subi imediatamente para o meu quarto e peguei o diário. Folhei as páginas procurando algo que possa explicar o assunto que vem assombrando minha cabeça desde ontem.

“(...)

Hoje eu e mamãe fomos fazer compras juntas, eu estou adorando passar mais tempo com ela. Nunca imaginei que fosse gostar tanto dela assim, às vezes sinto como se ela realmente fosse minha mãe, tão doce e carinhosa... Muito diferente de papai. Já faz um tempo que estou aqui e quase nunca o vejo, parece que ele não gostou muito de mim...”

No mesmo dia que escrevi isso havia uma pequena folha de papel Post it rosa colada no fim da página. Era uma anotação, para mim:

Ps. Bia, acredito que já tenha conhecido papai quando ler isso. Eu sei que a princípio ele parece inocente, mas é muito importante que você NUNCA confie nele. Papai é mais perigoso do que parece, tome cuidado, ou todo nosso plano dará errado.

Papai perigoso? Isso é algo que eu realmente nunca pensaria. Obrigada Bia. Continuei folheando o diário em busca do que queria, até que encontrei.

“Querido diário,

Já lhe disse o que sinto por mamãe antes, devido a esses sentimentos me sinto na obrigação de ajudá-la. Ligarei para todos os seus contatos do passado, não irei descansar até achá-lo. Ela pode não conseguir consertar as coisas, mas não saber o que aconteceu é pior. Afinal, ela já perdeu uma filha.”

Como da outra vez, nesse dia Bia também adicionou uma nota:

Ps. Bia, nesse dia não tive tempo de contar tudo em detalhes, mas irei lhe contar agora.

Há muito tempo, quando mamãe tinha seus 15 anos, ela ficou grávida e não quis abortar o filho. Porém, como não tinha condições de criá-lo, foi obrigada a dá-lo para a adoção. Fiquei muito sensibilizada com a história e resolvi ajudá-la a descobrir o que aconteceu com ele. Pronto, agora acho que você já tem informações suficientes para ler o próximo dia.

Sem perder tempo viro a página do diário e... Ela não está lá. Como assim? Ela devia estar aqui! A parte da folha que ficava colada ao diário ainda está lá, parece que alguém arrancou a página. Mas como? Quem poderia ter feito isso? Será que alguém achou o diário antes de mim? Esse último pensamento me fez parar de respirar por um momento. Se alguém fora dos meus planos achou esse diário, então tudo vai estar perdido.

Em um ato de desespero vasculho todo o quarto, reviro-o de ponta cabeça. Essa folha tem que estar em algum lugar. Pense Bia! Quem mais tem acesso ao quarto de Bia? Certamente não foi nenhuma de suas amigas, elas nunca prestariam atenção nessa porta. Então quem mais? Dawid também não teria motivos para fazer isso. Só me resta duas opções: ou foram meus pais, ou alguém que não conheço. Não sei qual delas é a pior! Na primeira opção pode ter sido papai, o que é péssimo, pois, segundo eu mesma, papai é perigoso, ainda não sei o que ele seria capaz de fazer com uma informação dessas. A segunda opção pode se tornar ainda pior, pois significa que não posso confiar em ninguém que já entrou nessa casa. Só há uma maneira de descobrir.

Abro a porta do quarto e chamo por alguém. Ninguém responde, a casa ainda está vazia. Meus dentes batem, porém não sei se é de frio ou medo. Tento não fazer barulho enquanto atravesso o corredor. Quando chego ao quarto de meus pais empurro a porta bem devagar, esperando ver alguém lá dentro. Não há ninguém, o quarto está vazio. Olho para trás e para os lados, só para verificar que ninguém está me observando. Então, como se alguém tivesse me empurrado, entro no quarto, rápida e sorrateiramente.

Procuro com as mãos o interruptor da luz para poder enxergar melhor o quarto. Quando finalmente o encontro, revela-se um quarto muito bem arrumado em minha frente. Decorado em tons claros com uma grande cama de casal no centro, enfeitada com várias almofadas de tons mais escuros. Há um criado mudo de cada lado da cama e um grande armário com espelho em frente a ela. Tento parar de pensar nos detalhes do quarto e começar a procurar pela folha. Onde eu esconderia uma coisa como essa?

Resolvo começar a procurar nos criados mudos, abro todas as suas gavetas, mas não consigo achar nada. Parto então para o grande guarda roupa. Começo pelas gavetas. Acho meias, camisetas, shorts, calças, roupas intimas, nenhum papel. Percebo que o armário é dividido entre mamãe, que ocupa a parte mais perto da porta, e papai. Concluo que é melhor começar a procurar pela parte de papai, pois ele representa maior perigo. Não acho nada, procuro então na parte do armário de mamãe. Nada de novo.

Não sei se devo ficar aliviada, ou preocupada com isso. Dou mais uma revirada no quarto, procurando não bagunçar nada, mas meus esforços para achar o papel são em vão.

Volto para meu quarto decepcionada, preocupada, aliviada, com medo tudo ao mesmo tempo. Pego meu celular que está em cima da cômoda e resolvo ligar para Dawid. Não queria preocupá-lo, mas isso não é mais uma opção, preciso de ajuda, se não tudo o que eu fiz irá por água abaixo.

– Bia. – Dawid atende ao telefone.

– Você está ocupado?

– Não. O que aconteceu?

– Temos um problema, um grande problema. Onde você está?

– Em casa.

– Você pode passar aqui?

– Claro, te vejo em três minutos. – ele desligou.

Troco a minha blusa branca da escola por uma verde regata de renda, coloco meu casaco preto e meu tênis all star. Desço as escadas e abro a porta no momento em que Dawid toca a campainha.

Caminhamos até o mesmo banco embaixo da árvore que conversamos ontem e só então começo a falar.

– Acho que posso ter me lembrado de algo.

– Sério? Isso é ótimo! O que foi? – Dawid pergunta entusiasmado.

– Ontem vi minha mãe usando um colar que parecia fazer par com este. – levantei o pingente de chave que estava pendurado em meu pescoço. – Eu não estava com ele na hora, então quando fui até meu quarto e o segurei em minha mão, foi como se uma voz, a voz de minha mãe sussurrasse em meu ouvido.

– O que ela disse?

– Unidas pelo acaso, amigas pelo destino... Tem alguma ideia do que signifique?

– Não, sei que vocês eram muito próximas, mas você nunca falou muito de sua mãe para mim.

– Entendo. – olhei ao redor, uma menina loira brincava com sua boneca do outro lado da rua.

– Era só isso? – a voz de Dawid me trouxe de volta a realidade.

– Não. Quando eu fui tentar achar no diário que Bia, ou melhor, eu deixei para mim alguma coisa sobre minha mãe, descobri que alguém arrancou uma página do diário.

– O que? Você tem certeza disso Bia? – Dawid perguntou quase tão assustado como eu havia ficado quando descobri.

– Tenho. Dava para ver que tinha uma página ali, e agora, não tem mais.

– Você procurou? Pode estar em outro lugar, você mesma pode ter arrancado por alguma razão.

– É claro que eu procurei! Revirei o meu quarto e o dos meus pais, mas não achei nada. – o desespero voltou a tomar conta de mim.

– Calma. Pode estar em outro lugar da casa. Você quer que eu te ajude a procurar?

– Hoje não, mamãe logo vai chegar, não seria nada bom se ela nos encontrasse revirando a casa.

– Você tem razão. A gente procura amanhã talvez? – ele levantou e estendeu a mão para me ajudar a levantar.

– Pode ser, a casa vai estar vazia depois do almoço, mas não teremos muito tempo. – levantei e começamos a caminhar de volta para minha casa.

– Tudo bem.

Permanecemos quietos até o fim do caminho, quando percebi que ainda estávamos de mãos dadas. Virei para me despedir de Dawid, foi quando ele me puxou em um forte e aconchegante abraço.

– Qualquer coisa me liga, qualquer coisa mesmo está bem? – ele disse com um tom de preocupação e doçura na voz.

– Está bem, obrigada.

– Disponha. – ele fez uma reverencia, deu um leve sorriso e foi embora.

Estava lendo Reiniciados quando mamãe chegou. Desci as escadas e encontrei-a na cozinha com uma caixa azul cobalto na mão. Observei-a guardá-la na gaveta mais alta do armário de madeira e ó então, entrei no cômodo.

– Oi.

– Olá minha filha, como foi seu dia? – ela tentou forçar um sorriso mas ficou aparente que ela não estava bem.

– Bom. E o seu?

– Também. – você definitivamente não sabe mentir mãe. – Só estou cansada, vou subir se você precisar de algo é só gritar, ok?

– Ok.

Esperei ela subir as escadas para poder matar minha curiosidade. Com a ajuda de um banco, abr o armário de madeira e peguei a caixa azul que ela havia guardado lá. Tentei abri-la, mas estava trancada. Droga! Olhei em volta a procura de algo que me ajudasse a abrir a caixa, foi quando lembrei que ainda estava com meu colar de chave. Por sorte ele estava por baixo de minha blusa, então mamãe não o viu.

Tirei o colar e enfiei o pingente no buraco de chave da caixa, girei-o e para minha surpresa, ela se abriu. Dentro dela havia uma folha dobrada, Desdobrei-a e reconheci minha letra. Era a folha do diário. Finalmente eu a achei! Mas havia outra folha lá, menor do que a folha do diário e certamente não era minha letra. Li o que estava escrito:

“Querida Bia,

Se você está lendo isso, significa que seu plano deu certo. Estou muito feliz por ter voltado para casa. Saiba que você sempre foi como uma filha para mim, e eu sempre estarei disposta a te ajudar. Pode confiar em mim. Nessa folha está um pedaço de nossa história, espero que te ajude a lembrar.

Com amor,

Mamãe.”

Eu não acredito, ela sabe! Eu nunca poderia imaginar...

– Bia, o que você está fazendo? – uma voz grossa e grave falou acima de mim. Era a voz de papai.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?????
Comentem please!!!

Bjinhos com torradas de queijo derretido,
Brukis



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