Stay With Me Saukerl. escrita por Vick Pimentel


Capítulo 1
Capítulo 1- O bombardeio.


Notas iniciais do capítulo

Então pequenos grãos de purpurina a minha fic continua sendo narrada pela morte, porém é o final que eu imaginei, e resolvi compartilhar com vocês. Um final onde Rudy continuasse continuasse vivo. Não vou falar mais porque eu sou lesada e vou acabar contando tudo até o epilogo (sim terá um epilogo, porque eu sempre quis um epilogo) Então leiam 'garela'.



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Na casa dos Steiner, deslizei os dedos pelo cabelo encantadoramente penteado de Barbara, tirei o ar de seriedade do sério rosto adormecido de Kurt e, uma a uma, dei um beijo de boa-noite nas menorezinhas.

Bettina estava deitada na cama onde era para estar com Rudy. Mas ele não estava lá. Não havia Rudy para mim naquela noite.

O garoto com cabelo de vela havia passado boa parte da noite revirando na cama. Tentando dormir. Sem sucesso. Ao auge de seus quinze anos perguntava-se porque Liesel havia falado dele para Max. Não que fosse grande coisa, claro. Mas se Liesel havia falado, com sorte poderia nutrir por ele o mesmo sentimento que sentira por ela durante tantos anos.

Enquanto Liesel escrevia em seu porão. Rudy se perguntava que gosto teriam seus lábios.

O que quer que fosse, coincidência ou destino, não queria que eu levasse Rudy Steiner naquela noite. Ele passou por mim quando eu chegava a rua Himmel, poucos minutos antes dos bombardeios.

O menino do avião, pensei. O menino do ursinho de pelúcia.

Era a segunda vez que eu me encontrava com Rudy Steiner. Seria um grande roubo levar sua alma naquela noite. Mas ela não estava destinada a mim ainda. De certa forma me era um alivio. Não sou má assim como pensam, e ele mexe comigo, esse garoto. Sempre. É sua única desvantagem. Ele pisoteia meu coração. Ele me faz chorar

Vencido por sua duvida, mesmo não sabendo exatamente o que faria o menino se aproximou da casa dos Hubermann. Sabia que Liesel ia para o porão na maioria das noites, mas como chegaria lá? Não tendo muita escolha andou até a janela de vidro emoldurada em madeira velha do quarto da roubadora de livros.

Esses dois. Rudy e Liesel. Já estavam destinados. Destinados a fugir de mim. Destinados a ficarem juntos. Rudy sempre esteve destinado a ser o melhor amigo de Liesel. Uma bolada de neve na cara foi, com certeza, o começo perfeito.

Porque outro motivo a menina sentiria frio e iria até o quarto a busca de um casaco no exato momento em que uma pedra se chocava contra a janela?

Liesel sobressaltou-se com o susto. E hesitante, se aproximou da janela. Foram os cabelos da cor dos limões que viu primeiro.

–O que faz aqui a essa hora, Saukerl?- perguntou incrédula enquanto escancarava a janela.

–Precisava falar com você horas! Porque outro motivo eu viria aqui?

Liesel não respondeu. Aquele Saukerl idiota era maluco ou o que? Estava tremendamente frio lá fora, e já era muito tarde para ele estar vagando pela rua Himmel. Mas esse pensamento lhe trouxe uma estranha onda de felicidade, afinal ele estava ali, aquela hora, por ela, para falar com ela.

Ajudou-o a pular a janela e a fechou rapidamente tentando evitar que o frio entrasse.

–Porque não esperou amanhecer seu Saukerl idiota?- sussurrou.- Isso são horas, Steiner?

–Liesel eu...

–Shiiii!- A menina o interrompeu.- venha.

Rudy não se opôs. Não adiantaria. Sabia. Ela o mandaria calar a boca. E ele gostava disso. Desse jeito dela.

Arrastaram os pés silenciosamente pelo piso gélido da casa dos Hubermann até o porão.

Liesel se sentou numa lata de tinta e se envolveu com o cobertor que havia levado antes, quando fora ao porão mais cedo, mas ele não havia sido de muita utilidade levando em consideração o frio, por isso fora buscar o casaco. Rudy ainda em pé, andava de um lado para o outro, como se estudando o que falaria.

–E então?- Perguntou a roubadora de livros, impaciente. - Você já esta me deixando tonta Saukerl.

Rudy parou abruptamente, e mirou a Saumensch. A verdade é que Rudy Steiner tinha medo de falar o que queria falar, e tinha medo da reação da menina. Como tivera medo do beijo dela, aquele dia no Amper.

E você pode gostar mais dele por isso. Pode achar mais fofo. Até eu achei.

–Liesel, tem um tempo que... Na verdade desde sempre. Desde a bolada de neve que dei na sua cara. O que na verdade foi um grande marco.

Liesel revirou os olhos diante do tão conhecido falatório do menino dos cabelos da cor dos limões. Estava nervosa, não sabia o que Rudy diria, mas algo em seu peito se agitava e pulsava fortemente esperando que ele prosseguisse.

–Vamos direto ao ponto Saukerl.

–Claro. Claro. Eu vou Saumensch. Tenha calma, sim?- O garoto respirou fundo, queria simplesmente perguntar se ela lhe daria um beijo, como fizera tantas outras vezes. Seria mais fácil. Mas sabia que precisava de algo mais complexo que isso. Talvez lhe pedisse um beijo mais tarde. Não agora. Decididamente não.- Liesel desde que você chegou aqui, e eu me tornei seu amigo eu... Sabe eu nunca me senti assim em relação a nenhuma outra garota. Não perguntei a nenhuma outra garota “que tal seria um beijo”. Nenhuma outra garota cheira a roubo como você. Para mim não existe nenhuma outra Saumensch.

A roubadora de livros sabia que aquele era o jeito Rudy Steiner de se declarar. E nada poderia ser melhor do que aquilo. Nada significaria mais para ela do que aquilo. Não sabia o que ou como responder ao Saukerl. E como naquele dia a sombra do arvoredo, desejou que o menino a puxasse para si e a beijasse.

Beije-o Liesel. Beije-o.

A menina sentenciou que se podia roubar, que se tinha coragem para isso, poderia sim beijar Rudy Steiner, teria sim coragem para isso. Afinal, ele nem estava assim tão sujo. Mas permaneceu estática, totalmente imóvel, talvez fosse a súbita onda de amor que sentiu por ele. A súbita onda de amor que, mesmo não sabendo, sempre sentira.

Rudy também permaneceu imóvel, tinha o rosto vazio a espera de um beijo, em qualquer que fosse o lugar, assim como Liesel estivera daquela vez na penumbra da coleção de ternos da alfaiataria dos Steiner.

Mas eu tinha muito trabalho naquela noite. Antes que qualquer um dos dois pudesse dizer ou fazer algo as bombas foram lançadas. O bombardeio da rua Himmel começara. A rua chamada céu, agora virara um verdadeiro inferno.

Os dois se assustaram e a primeira reação de Liesel foi correr para a saída do porão. Queria saber o que estava acontecendo. Tinha um palpite, um palpite certeiro. Mas não queria acreditar nele. Não podia acreditar, porque seus pais estavam lá em cima. Dormindo.

–Oh, meu Deus! Papai!

Meu coração já estava na mão quando a menina chegou à porta. Os olhos marejados, e o desespero tomando conta de si.

O Steiner foi mais rápido e segurou o braço da menina antes que ela alcançasse a saída. Segurou-a delicadamente, mas ainda assim forte, para que ela não se desvencilhasse de seu aperto.

–Me solte Saukerl!- Bradou Liesel, não contendo mais suas lagrimas.- Meus pais, estão lá em cima!

–Minha mãe e meus irmãos também! Mas se sairmos morreremos antes mesmo de alças lança-los!

–Morreremos de qualquer jeito! O porão não tem profundidade suficiente!- Gritou.- Rudy, eu... Meus pais...- Balbuciou. Não poderia falar. Não conseguia. Liesel sustentou o olhar do amigo, percebendo as lagrimas que ele continha. Pensou em Hans e Rosa Hubermann, em Barbara e os ouros Steiners. Desejou que eles tivessem escutado as sirenes. Todos eles.

O rosto de Liesel estava imerso em lagrimas quando Rudy puxou-a para si e a abraçou. Caíram de joelhos e choraram juntos. A poeira e os pedaços de pedra que caiam do telhado só pioravam as coisas, só as tornava ainda mais horríveis.

A menina que roubava livros puxou o garoto para de baixo da escada, onde a cama de Max ainda permanecia. Se deitaram ali e Rudy a abraçou protetoramente. Tentando passar para ela a segurança que nem ele mesmo sentia naquele momento. E durante todo aquele horror, todo o tempo que lhes pareceu uma eternidade, permaneceram abraçados um ao outro. Como um só. Como se fossem a ultima coisa que tinham e tivessem medo de que lhe fosse tirada. Não houveram pedidos de beijo, nem maldade ali. Só dois adolescentes, uma ladra de livros e um doador de pão, que se amavam de um modo tão assustadoramente surreal para mim.

Mais uma coisa que me assusta nos seres humanos; a capacidade e a intensidade que alguns deles podem amar um ao outro, ao passo que alguns outros podem tirar a vida dos que mais se importam com eles.

O menino do cabelo da cor dos limões acariciava os cabelos da menina, tendo as mãos tremulas. Ela podia sentir. Mas sentia também sua respiração, o peito de Rudy subir e descer, mostrando a ela que o garoto ainda estava vivo. Ainda estava com ela. E a hipótese de que ele pudesse vir a deixa-la fez seu corpo ser invadido por um temor tão velho quanto a própria vida.

–Fique comigo Saukerl.- Liesel disse em meio a um soluço.

–Sempre.

"Uma definiçaõ não encontrada no dicionário:

Não ir embora: Ato de confiança e amor."


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Notas finais do capítulo

Hey Pessoinhas o que acharam?? Deixem seus Reviews por favor, se gostaram ou odiaram. Tank You. Até o próximo capítulo.