Nem Tudo É O Que Parece escrita por Mieko Yamada


Capítulo 9
Finalmente fechei meus olhos para a escuridão


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu não aguentei, senti uma vontade muito grande de postar esse capítulo, por isso que acabei nem esperando vocês lerem o anterior.

Eu sei que o inicio do cap tá bem chatinho e eu acho que até meio mal escrito, mas eu tava sem criatividade para começar... Ficou bom só lá pro meio, mas ainda sim... Vamos dizer que esse cap vai estar compensando os outros que eu não postei semana passada!



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Acho que estou em apuros, o pior é não saber onde estou. Não posso ver nada ao meu redor, por estou vendada. E a escuridão é tão profunda que parece prestes a engolir-me para dentro de um vazio, sem luz, sem sons, sem vida.

Para que seja possível entender o que eu estou passando, acho que devo começar pelo inicio do dia de ontem.

Ontem o dia foi um pouco estranho, Alexy acordou antes de mim e me trouxe café na cama, então fomos pra escola juntos, mas Risa me chamou para me contar que Peggy saiu espalhando pela escola que um novo aluno foi transferido para nossa classe.

Continuamos conversando sobre isso e acabamos indo para sala mais cedo.

Alexy se atrasou, e a aula acabou começando sem ele, porém quando Faraise entrou na sala, ele estava acompanhado por outra pessoa, Viktor, e o apresentou como aluno novo, o que me deixou pálida, mas não foi somente isso. Alexy entrou no exato momento, a ponto de ver Viktor ainda do lado do professor, e pelo que eu vi, ele não pareceu muito feliz.

A aula foi um saco e demorou muito pra passar, por fim quando a aula estava quase acabando, o pessoal perto da porta, foi passando um papelzinho um pro outro, até chegar em mim.

Abri e estava escrito: “Mieko, assim que terminar sua aula, se possível, poderia passar na estufa? Estou inquieto, pensando em como você está, e mal consegui me concentrar nos meus afazeres. Ass. J.”

O nome do remetente não estava escrito, somente a inicial, eu acabei ficando um pouco curiosa, e assim que o sinal bateu, eu sai correndo até a estufa.

Chegando lá, eu vi que as flores estavam um pouco secas, e sai pela escola procurando um regador. Quando finalmente achei um, voltei para cuidar das plantas. Deixei o regador, perto daquele canteiro. E quase uma hora depois, Jade chegou.

– Desculpe pelo atraso! Você já cuidou das plantas? – Disse um pouco surpreso.

– Enquanto você não chegava decidi dar ao menos água para elas.

– Muito obrigado, minha flor. Eu estava mesmo preocupado com elas. Mas... E você? Já cuidou dos seus próprios problemas? Fiquei realmente preocupado com você, não consegui tirar você da cabeça, depois que te deixei na enfermaria, fiquei pensando se você ficaria bem. – Disse ele me olhando com cautela.

–Sério Jade, muito obrigada, mas eu sou forte, acho que eu aguentaria até ter apanhado no lugar de Alexy, e não me importaria com isso. – Disse com um meio sorriso

– Então é verdade?! Os boatos de que uma aluna apanhou de um estudante transferido eram sobre você? Precisa que eu te ajude em algo? Não tenha medo de me falar. – Jade falou, se aproximando de mim e segurando meu rosto em suas mãos.

– Sim, ele é! Mas acredito que vai ficar tudo bem, da próxima vez eu vou vir preparada pra revidar! – Eu falei e nós dois rimos.

– Mas você sabe que tem que tomar cuidado não é? Esse rapaz parece perigoso. Não tente parecer forte, você assim como boa parte das mulheres é frágil e delicada assim como uma flor. Se não dermos atenção e cuidados, e só maltratarmos, você murcha. Ao menos me deixe cuidar de você, eu me sinto responsável por isso. Eu... – Jade tentou dar um passo á frente, porém tropeçou no regador que eu deixei no chão, se desequilibrando e caindo sobre mim.

Talvez muito acidentalmente, por causa do tombo, aconteceu um “beijo”, que deixou ambos de nós meio em choque.

Ele se afastou assustado de perto de mim, segundos depois da porta da estufa bater com força.

– Me desculpe, como eu sou estúpido, eu... Sério, eu realmente não fiz por mal. Isso foi totalmente acidental e... – Jade se embaraçava no emaranhado de suas palavras, tentando processar aquilo que aconteceu. Seu rosto estava completamente vermelho, e ele parecia completamente constrangido e sem graça, ao ponto de não me olhar nos olhos.

– Não, tudo bem. Você não teve culpa foi um acidente, acidentes acontecem. Eu... vou ir pra casa, está ficando tarde. – Eu falei depois daquilo.

– Não! Espera, sério, eu... Ao menos fique aqui, e me ajude a cuidar do jardim, e depois eu te levo até sua casa, está bem? Eu não me perdoaria se algo acontecesse com uma jovem tão bela, por um descuido meu. – Disse Jade, me pedindo com toda a coragem que lhe restou.

Acabei por ficar ali, até o fim da tarde, e quando o sol estava para se por, ele decidiu me acompanhar.

– Você foi ao baile da escola, Jade? – Eu disse, tentando quebrar o silencio incomodo que se formara entre nós.

– Ah, sim eu fui. Foi uma noite maravilhosa, apesar de que eu preferi ficar um pouco longe da festa. – Disse ele com um sorriso.

– Eu também! Eu acabei passando um bom tempo do lado de fora, acompanhada por alguém. Isso me lembra algo. Como você estava vestido? – Eu perguntei, como quem não quer nada, mas com uma breve desconfiança de que o tal príncipe mascarado, e Jade, por terem uma leve semelhança na maneira de falar, com certeza tinham algo em comum.

– Oh sim, eu? Bem, eu estava usando um traje bem diferente. Se não me engano eu estava usando máscara, capa, acho que um colete e... – Jade parou a frase antes de dar os detalhes.

– E? – Eu disse curiosa para ouvi-lo terminar.

– E, nós acabamos de chegar ao seu apartamento. Quem sabe outra hora eu te conte os detalhes. Por hoje, está entregue, milady. – Ele disse com um sorriso maroto nos lábios.

– Certo, certo. Até amanhã. – Falei me despedindo.

– Te vejo amanhã, e me desculpe por todos os problemas. – Foi a última coisa que ele disse antes de se virar e sair andando pela rua, na direção oposta a que viemos.

Durante boa parte do trajeto, eu senti a estranha sensação de estar sendo observada, mas ainda sim, ignorei, acreditando que era tudo paranoia.

Acordei hoje, disposta para o novo dia. Levantei, e fui para o colégio, pouco mais cedo do que o de costume.

Cheguei lá, a tempo de ver Nathaniel passar apressado pelos corredores, verificando sala por sala.

Decidi ficar no pátio ouvindo musica até o momento da aula.

Depois que bateu o sinal, fui pra sala, e novamente Alexy ainda não tinha chegado. Eu não tive a oportunidade de me despedir dele ontem, espero que ele ao se importe, pretendo contar pra ele o que aconteceu e discutir com ele se ele também acha que Jade pode ser meu príncipe mascarado.

Esperei, e assim passou a primeira aula, e nada, a segunda e a terceira sucessivamente. Alexy não veio.

Por que? Será que aconteceu alguma coisa?

Tentei perguntar para Armin, mas ele apenas deu de ombros e me disse que não tinha nada para me preocupar, então acabei desistindo.

Decidi ir caminhar pela cidade, depois que a aula acabou. Eu estava um pouco sozinha, o que era estranho, afinal até pouco tempo atrás, eu quase não tinha amigos. Mas quando nós nos acostumamos a ter companhia, a falta dela, dói.

Caminhei até minhas pernas doerem, e o céu escurecer, então decidi voltar pra casa. Eu estava calma, apenas um pouco sozinha, porém meus próprios pensamentos me ocupavam. Pensamentos sobre o baile, sobre Viktor, sobre Jade e até mesmo pensei sobre o porque de Alexy ter faltado.

Meio distraída com esses pensamentos, eu caminhava por entre as ruas escuras, para chegar até minha casa. Eu já deveria ter aprendido com as insistentes vezes em que minha mãe me disse para voltar pelo caminho mais claro, porém eu fui teimosa, e não segui essas ordens.

Enquanto eu passava por um dos últimos becos, que beiravam a esquina do meu apartamento, alguém rapidamente me imobilizou por trás, e colocou um pano com um cheiro forte em meu nariz. Tentei me soltar, mas não consegui, ouvi um barulho baixo de algo caindo no chão. A última coisa que me lembro antes de desmaiar, foi conter um grito.

Agora estou aqui, amarrada e vendada, numa sala escura, onde eu não ouço nenhum som externo, fora os grilos que estão cantando. Perdi completamente a noção do tempo, e só sei que é noite, pois os grilos raramente fazem sua musica durante o dia.

Eu estava desesperada, mas tinha medo até mesmo de gritar. E se alguém viesse me matar? O que queriam comigo? Maldito momento em que eu decidi caminhar.

Depois de alguns minutos desnorteada, no silencio e na escuridão, ouvi o som da porta abrindo, e então uma vozes conhecidas, porém eu não me recordava ao certo de quem.

– HAHAHAHA, então você realmente fez isso? E se te pegarem, o que você fará? Cativeiro é crime, seu maluco. – Disse a voz feminina.

– Não seja estúpida, é claro que não vão me pegar, gata. Eu sou menos idiota do que pensam. Estava escuro, e qualquer vestígio, eu trouxe comigo. Eu tenho certeza disso. – Disse o rapaz com convicção.

– Q-Quem são vocês? O-o que vocês q-querem comigo? – Eu falei, tremendo de medo. Algo naquelas vozes me davam calafrios.

– Você não me reconhece queridinha? Você me traiu e saiu com o meu amado, lembra? Hahahaha, não sei como aqueles idiotas da escola foram tão burros de acreditar que você era a vaca da história. Pobrezinha, além de vítima ainda é vilã. – Disse a voz feminina, e então eu finalmente pude reconhecê-la, era Letty.

– Dessa vez será pior, dessa vez eu também quero me divertir. Não quero ficar só com você Letty. – Reclamou a voz masculina, que enfim identifiquei que era Viktor.

– Divirta-se com ela Viktor, isso fica por sua conta. Eu só queria mesmo era que ela parasse de fingir ser toda santa, ou ela acha que eu não sei que ela era a tal menina mascarada do baile? Você roubou toda a atenção, sua piranha, agora eu vou deixar o Viktor fazer o que ele quiser, afinal, você merece cada coisa que for passar! – Ela disse com escárnio para mim, e eu pude ouvir seus passos ecoando e novamente o barulho da porta.

O medo me invadiu, mais uma vez, afinal agora eu estou sozinha com Viktor, e não sei o que ele pretende fazer.

Senti mãos em meus quadris, então tentei me afastar, caminhando para trás mas foi em vão, pois ele me segurou com força e me prendeu contra a parede.

Forcei o nó das cordas que amarravam meus braços, com o que podia, mas parecia impossível de desatar. Eu me remexia, tentando fugir, enquanto sentia Viktor se aproximar de mim. Ele segurou meu rosto e me beijou, enquanto eu usava minhas forças para me desvencilhar dele, mas ele era muito mais forte que eu. Eu continuei forçando as cordas, e estas machucaram meus pulsos até eu sentir o sangues escorrer até minhas mãos. Ele forçou sua língua contra minha boca, e eu sentia nojo de cada toque que ele me dava. Viktor insistia em passar suas mãos nojentas em mim, por fim eu o mordi.

– AI, SUA P*TA! – Berrou Viktor, com o lábio inferior sangrando.

Ele estendeu o braço e novamente, eu levei um sonoro tapa no rosto. O barulho ecoou no quarto até dispersar. Em seguida ele me empurrou com força para o chão, o que me fez bater a cabeça.

– Eu vou te deixar apodrecer aqui, até morrer de fome. – Disse ele com ódio, e finalmente eu pude ouvir o barulho da porta, se fechando com força, e novamente, eu fiquei na escuridão.

Chorei de medo, e chorei até adormecer.

Acordei com fome, porém ainda não podia ver, nem mover minhas mãos.

Acho que fiquei algumas horas pensando em tudo o que aconteceu, e chorando em silencio, sentindo minha barriga roncar de fome e doer, pois eu ainda não havia ido ao banheiro.

Logo Viktor apareceu, e finalmente soltou minhas mãos. Ele me segurou brutamente pelo braço, e saiu me arrastando pra algum lugar, não lutei contra ele, eu já não tinha tanta força pra lutar.

Ele me fez subir escadas, e me levou até algum cômodo. Então me jogou dentro dele e disse:

–Se você não usar o banheiro você vai passar muito mal. Seja rápida, ou eu vou invadir o banheiro com você dentro. – Foi o que disse antes de fechar a porta.

Eu fui tateando as coisas, até encontrar a privada, e depois o papel higiênico. Fiz o que precisava. Depois fiquei cogitando a ideia de quebrar o espelho e usar um caco para ameaçar Viktor, e se eu pudesse ver, provavelmente faria isso, mas logo Viktor abriu a porta e ao me ver já pronto me arrastou novamente para o lugar onde eu estava antes.

Ele me deu um pequeno pacote com um clube social recheado e um suco, e eu comi. Em seguida ele me amarrou, e foi embora, assim, sem falar nada.

Eu pensava o tempo inteiro, se estariam preocupados com meu sumiço repentino, mas eu não sabia. Todas as vezes que eu dormia, era de tanto chorar.

Depois de dois dias, fazendo isso, de me alimentar somente uma vez por dia, e me dar um pouco de água ou suco, vez ou outra, e me levar ao banheiro somente uma vez por dia também, comecei a perder todas as minhas forças.

Comecei a passar mal, sentindo que em pouco tempo eu iria perder novamente a consciência. Novamente forcei a corda, tentando me soltar, pois ao menos poderia me mover, e só isso já seria de grande ajuda, porém isso só serviu para reabrir os machucados em meus pulsos e agrava-los, fazendo sangrar ainda mais do que antes e arder. Pensei que finalmente desmaiaria, pois eu já não tinha forças nem mesmo para continuar a me mover. Foi aí que ouvi gritos vindos do que parecia ser um andar acima.

– VOCÊS ME SEGUIRAM? O QUE VOCÊS TÃO FAZENDO AQUI? É MINHA CASA, VAI EMBORA! VOU ACUSAR VOCÊS POR INVASÃO DE DOMICÍLIO! – Gritava irado, Viktor, com alguém que eu não sabia quem era.

– SÓ VAMOS EMBORA QUANDO TIVERMOS CERTEZA DE QUE NÃO TEM NADA AQUI. – Eu ouvi a voz de Rosalya dizer alto, enquanto muitos passos passeavam no piso acima de mim.

Ouvi barulhos de coisas quebrando e do que parecia ser uma briga, por fim ouvi o som de um carro de polícia.

– GENTE, CORRE AQUI, EU ACHEI UMA COISA MUITO MANEIRA, ATRÁS DESSE GUARDA-ROUPA TEM UMA PORTA, COM UMA ESCADA! – Ouvi o que parecia ser a voz de Armin, muito próxima à porta que daria para o fim do quarto.

Ouvi vários passos, e a porta foi aberta com força, então ouvi um grito.

– EU CHEGUEI TARDE DEMAIS, ELA MORREU! – Chorou alto Risa, e então pude ouvir o baque surdo de seus joelhos contra o chão.

– Eu tinha certeza de que aquele Viktor era alguém ruim, eu não devia ter deixado ela voltar sozinha. – Disse Jade, se lamentando ao ver aquela cena.

– Não sejam idiotas, ela ainda está respirando, mas eu não sei de onde vem todo esse sangue... Descobri! Os pulsos dela estão muito machucados, a gente precisa fazer alguma coisa! Se ela continuar perdendo sangue assim, vai acabar morrendo. – Dessa vez foi a voz de Alexy, que me segurou em seus braços, após tirar a venda de meus olhos e me desamarrar. E então eu finalmente fechei meus olhos para a escuridão.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Agora eu confundi mais ainda vocês, será que era o Jade o príncipe? Será que a Mie morreu? Como eles acharam ela? tudo isso vocês vão descobrir nos próximos capítulos...

E aqui está o Viktor: http://static.zerochan.net/Star.Project.full.1221517.jpg



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