-São esses aqui?- perguntou para Lynda, um senhor bem barrigudo se referindo a mim e ao Lúcio, com barba bem grande e cabelos grandes também; se botasse roupas vermelhas, eu diria que era o papai Noel.

-Sim, senhor. São esses dois pestinhas!

-Lynda, isso é modo de falar deles? Como ousas? Estou começando a achar que você não foi feita para esse tipo de trabalho. Viemos para reeducar e não infernizar a vida dos residentes! Venham comigo meninos.

Nos levantamos e seguimos o senhor barbudo que nos defendeu. Ele parecia legal diante da atitude que vi agora. Eu estava meio aflita com a situação de ter ido para um estilo de detenção bem no meu primeiro dia. Então eu grudei no Lúcio, foi automático e agarrei o braço dele. Ele pareceu não se importar e segurou no meu braço, me trazendo mais segurança; eu realmente gostei daquilo. Chegando em uma sala formalmente arrumada, o barbudo mandou que nos sentássemos e falou:

-Então, conte-me a versão de vocês sobre o que aconteceu lá no refeitório, pois eu ouvi a versão dela exagerada e não me pareceu muito convincente.

Eu encarei o Lúcio e dei-lhe um olhar de que eu falaria. Engoli seco e falei

-Bom, senhor...- ele arregalou os olhos e falou – não me chame de senhor, me chame de Tito! Agora prossiga!

-Bom...T-tito... O meu colega de quarto, o Lúcio, não se adaptou ao uniforme de atividades. A Lynda veio falar conosco e perguntar o por que dele não estar vestido como todos nós. Ele falou de um modo meio grosseiro e ela retrucou. Na minha opinião, ela como profissional, deveria relevar isso, portanto, acho que no início ele poderia estar errado, mas agora acho que ambos estão. Por defendê-lo, ela me trouxe junto.

-Correto! Adorei sua versão! Bom, ela é uma chata, vive falando abobrinhas e só me irrita. Ela foi contratada para relevar esses tipos de grosserias, já que o objetivo da nossa equipe é relevar e reeducar. Ela realmente não é profissional.

Eu realmente fiquei feliz em ouvir as palavras dele

-Bom, o velho Tito poderia estar numa estrada dessas daí, numa motoca, escutando um som pesado no rádinho, com a barba ao vento e uma vagabunda na garupa, mas velho Tito ta aqui atoa atendendo vocês, que não fizeram nada. Também achei ridículo aquele uniforme brega, um perfeito pedaço de merda mesmo, como o garoto disse!

Nós rimos e ele falou:

-Então... Mais alguma coisa? Algum problema, reclamação?-, o Lúcio levantou os ombros, eu o encarei e falei:

-Não, nenhum problema, não é, Lúcio?- ele riu e falou

-Não, nenhum problema, Tito... Eu gostei muito dos meus colegas de dormitório... Só quero poder usar as roupas que gosto, até porque o meu outro colega também não curtiu o uniforme de atividades.- eu sorri em saber que agora ele estava se expressando melhor e ele realmente nos reconheceu.

O velho Tito sorriu e falou

-Anda, vão! Agora vocês irão conhecer os arredores! Olha, eu gostei de vocês! Respondam ela mais vezes e venham aqui me visitar, na próxima vez, lhes darei algo interessante!

Saímos da sala e eu falei com o Lúcio

-Simpático o coroa, né?- sorri.

-Sim, gostei dele... O que será que ele vai nos dar da próxima vez?

-Não sei... Ei, Lúcio, adorei que você se soltou mais...

-Ah, estou me esforçando...

-Posso te chamar de Lu?

-P-pode sim...Kay..-  fiquei realmente feliz que ele esteja se soltando... Ele é assim, mas no fundo vejo algo especial nele...

Estávamos andando para encontrar o pessoal que estava sendo guiado pela Lynda mais na frente.

Encontramos Ama e Alê, estavam os dois dançando atrás de um arbusto, rindo e se divertindo. Parecia que o clima estava ficando melhor entre todos. Ama nos viu de longe e veio correndo em nossa direção falando

- Lu-kun, Kay-chan!- ela era realmente muito fofa e parecia ter saído de um anime... Eu já citei isso, não foi? Haha.

Então Alêm ajeitando sua franja loira, cheio de estilo(mesmo no uniforme, ele estava lindo, ele abriu mas a gola para que todos vissem seu peitoral, que ele fazia questão de mostrar) e falou:

-Então gente... Como foi..-, como eu já estava me acostumando a sempre falar, eu já ia começar a falar e explicar o que havia ocorrido, então fui surpreendentemente interrompida pelo Lúcio que começou a falar

-Bom, Alê, foi muito legal... Eu achei que iríamos levar uma bronca daquelas, mas o velho que nos atendeu foi extremamente legal! Amanhã xingaremos a Lynda de novo para poder visitá-lo!- Alê surpreso por tanta fala, logo do Lúcio riu e falou

-Nossa em Lu, o velho te emrrabou bonito, ta até falando mais e sendo legal!- o Lúcio fez cara de raiva e deu um tapa no ombro de Alê e depois riu.

A Ama fez cara de preocupada e abraçou o Alê e começou a falar

-Ahí ahí, ahí ahí(acalma, acalma)!- com aquela voz fininha, o abraçando de olhos fechados e pulando. Uma fofa! A presença dela era realmente saudável para todos nós. O Alê que a segundos estava pronto para revidar, se acalmou pela Amaterasu.

Eu e falei

-Boa Ama-chan, bate aqui!- ela bateu na minha mão e todos nós seguimos a Lynda para conhecer os arredores.

Então quando estávamos no caminho, o Alê e Ama-chan rindo, o Lúcio agarrou no meu braço e sussurrou

-Bom, aqui poderia ser uma boa hora para eu falar uma coisa...

Eu preocupada, mandei que ele falasse logo!

-Bom, kay... Eu não quero me fazer de coitado, longe disso... Mas ainda estou me recuperando de uns transtornos passados... E vocês estão me ajudando que eu me recupere mais rápido.

-Mas que tipo de transtornos?- perguntei preocupada

-Ah, isso eu lhe conto os detalhes depois, mas vocês estão me ajudando com isso. Mesmo... Meu psicólogo mesmo me recomendou que eu escrevesse, desenhasse e me entretece em algo quando eu estivesse com pessoas... Mas isso não vem me ajudando muito; antes ele tivesse dito que era para eu tentar amizades, eu teria me recuperado melhor, igual agora, agora eu tenho vocês, certo?- meus olhos brilharam diante das palavras do Lúcio, então eu falei

-Claro que tem! Agora você tem a nós! Não é gente!?

Em sincronismo, Alê e Ama disseram:

-Hai!- ele sorriu todo envergonhado quando todos corresponderam.

Passamos a tarde conhecendo o acampamento, visitamos cachoeiras, lagos, escalamos árvores, nos divertimos bastante juntos; mas eu sempre puxando o Lúcio para as atividades.

Foi realmente um dia divertido, cantando, dançando e se conhecendo mais; quanto a tudo... Gostos musicais, gostos culinários e muito mais... Talvez fosse o início de muitas coisas entre nós e muitas aventuras! Bom, acho que não me arrependo de ter subido para o ônibus por causa daquele garoto lindo que depois achei que era um estúpido. As coisas mudam! E espero que daqui da frente, mudem apenas para melhor!