Sorri porque achei que falara demais novamente.
Suspirei.
- Reita. Sinto que não deveria estar aqui. – abaixei a cabeça.
- Kyo vai brigar com você, Kaorichan?Ele é seu dono agora? Não pode sair comigo como amigos?
Eu só temia que Kyo, quando soubesse, entendesse tudo de maneira distorcida. Era bem a cara dele fazer isso.
- Cerveja. – murmurei. – Mandem trazer cerveja.
Tomei uma, duas, três, quatro. Cinco. Engraçado como sinto vontade de beber quando me sito sozinha, mesmo com Reita na minha frente, falando sem parar.
- Kaorichan. Você bebeu demais. – Reita me segurou enquanto caminhávamos, minha cabeça dóia muito.
- Não. – era uma tarde de um dia ensolarado, e eu estava bêbada, nos braços de Reita, meus olhos pareciam pesados. – Estou me sentindo.. estranha. Reita, me leva pra casa.
- OK.
A humilhação e a vergonha estavam tomando conta de mim enquanto eu vomitava na privada, e Reita me olhava com nojo, repulsa, curiosidade e susto.
- Kaorichan. Você tem sérios problemas com a bebida.
- Vai se ferrar.. – Tomei um refrigerante para ver se melhoraa. – Já pode ir embora, sabia?
Me sentei na cama, e logo adormeci, após tomar um comprimido para a minha dor de cabeça.
Já era noite quando acordei, ainda me sentindo mal (Kyo e Reita tinham razão, eu tinha de parar de beber).
Reita cochilava ao meu lado roncando, ( estávamos vestidos, não acontecera nada de mais, nada impróprio) decerto a cerveja fizera com que ele ficasse com sono também.
- Reita. – o empurrei para o lado, quanto mais cedo ele fosse embora melhor. A situação era constrangedora. – Reita!
Ele sempre fora assim. Dormia como uma pedra.
O telefone tocou. O barulho estridente fazia minha cabeça doer.
-Alô?
- Você não tem vergonha, Kagami-san...
- Ahn?
- VOCÊ DORMIU COM REITA-KUN SENDO NOIVA DE KYO-KUN! – A voz berrava, eu tremia, mal ousando falar. – SUA IMORAL!
- Quem.. quem .. – eu gaguejava, trêmula. – Quem é você?
- Apenas alguém que se importa com Reita-kun e Kyo-kun, sua mentirosa. – a voz feminina desligou enquanto eu tremia de medo e horror na cama.
- Reita.. – o empurrei novamente. – REITA! – Berrei o mais alto que pude, o empurrando para o chão, nervosa e descontrolada.
- Você não sabe mesmo acordar uma pessoa! – ele gritou, furioso, caído no chão.
- Vai embora.
Reita passava a mão em seu rosto, pálido e assustado pelo choque repentino.
O telefone tocou novamente.
Tremi mais ainda.
Atendi com força:
- O QUE É QUE VOCÊ QUER? – Berrei o mais alto que pude.
- Você..
Me assustei, era..
-Kyo..
- Está brava porquê?
- Dane-se –eu estava muito nervosa. – Coisas me irritando.
- Ok. Tudo bem com você?
- Que atrevimento o seu. Kyo, você se esquece de mim por dias e depois se lembra de ligar para mim!
Kyo riu.
- Saudades minhas, é ? Bem, estou em em Narita. Logo estou em casa.
- Sério? Você chegou? – mal consegui esconder a empolgação e a animação em minha voz, que tomavam conta de mim subitamente. – Pode vir aqui então?
Ele suspirou.
-Sabe.. não. Estou cansado da viagem. Amanhã nos vemos. Sayonara. – ele desligou.
Inferno. Porque ele me tratava assim?
- Eu já vou, Kao-chan. Foi ótimo sair pra beber com você, mesmo que não tenha acontecido nada entre nós.. – ele parecia levemente desapontado, me deu um beijo na testa. – Sayonara.
Sorri..
Ele foi embora. Sentei-me tentando raciocinar e controlar minha vontade de ver Kyo depois de tanto tempo..
Ouvi gritos na rua.
Estranho isso, minha rua é tão calma.. olhei pela janela.
Engraçado..
Parece que Reita e Kyo estão brigando.. meu Deus.. é o KYO E O REITA!!
Corri pelas escadas descalça e descabelada, alguns transeuntes os observavam.
- KYO! REITA! – Berrei.
Kyo chutava Reita que socava-o.. entrei no meio, gritando, o nariz de Reita sangrava, o rosto de Kyo estava roxo e saía sangue de sua boca... os separei.
- Sua mentirosa.. vagabunda.- Kyo murmurou, cheio de ódio..- Cheguei aqui para lhe fazer uma surpresa e encontrei este cretino saindo da sua casa!