Primeiro o lago, depois os gritos, a fumaça invadindo meu pulmão, a sensação de solidão mesmo com milhares de pessoas correndo por todos os lados, como se elas não me vissem. Depois disso eu fechava os olhos, e eu sempre fechava os olhos, e sentia a atmosfera mudando. Não importava o que eu queria, isso sempre acontecia, com o meu consentimento ou não. Quando voltava a abrir os olhos, lentamente, me via sentada em um banco de madeira parecido com os de uma praça, mas bem mais decorado, como se fosse medieval. O lugar onde eu estava devia ter sido muito bonito um dia, agora tinha sido completamente devastado, era como um jardim de uma bela mansão. Eu ainda ouvia os gritos, mas estavam longe, eu parecia ser a única coisa viva naquele lugar. Eu sempre pensava isso. Sempre. Mas no fundo eu sabia que estava sendo observada, minha nuca ardia com o olhar de alguém, como uma cobra que espera para dar o bote, eu ficava parada por alguns instantes, e quando arrumava coragem para virar eu acordava.

Eram sempre assim, todos os dias desde os sete anos, os mesmos pesadelos, o mesmo lago e os mesmos gritos. Não sei como aguento tudo isso... preciso de ajuda, sei que preciso, não vou suportar mais isso sozinha, sem ninguém saber o que eu vejo. As coisas estão saindo do controle agora, não do controle, mas dos meus sonhos. Mas acho melhor você saber tudo o que aconteceu desde o dia da viagem, então vamos às apresentações!

Olá, meu nome é Willa Duncan. Tenho 14 anos, faço aniversário no dia 27 de Julho, sou de signo de Leão (e gosto muito disso). Eu sou adotada então minha data de aniversário corresponde ao dia que meus pais me acharam, eu não tenho problemas com isso já que eles me amam do mesmo jeito que amariam um filho deles. Minha mãe se chama Egídia Duncan ela tem uma lojinha de artesanato em um shopping perto de casa, meu pai se chama Berghman Duncan e é Supervisor de Obras de minas (não sei exatamente o que ele faz, mas gosto do nome grande!). Eu nasci no Nordeste do Brasil,bom pelos menos foi onde eu fui encontrada, mesmo meus pais sendo franceses, mas essa é uma longa história. Moro na França desde os quatro anos em uma antiga e simpática vilinha perto de Paris, eu gosto daqui, mas eu sinto falta do calor do Brasil às vezes.

Agora que já me apresentei, é hora de te contar a história, quando eu terminar você decide se me ajuda ou não, por que, afinal, vai ser uma tarefa perigosa, cansativa e... eu não sei se nós voltaríamos para terminar a história.