Soba Ni Iru Né... escrita por JúhChan


Capítulo 45
Capítulo quarenta e cinco – Conjuntos de sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Olá, ainda há gente por aqui?? Perdi minhas leitoras?? Espero que não!!
Não vou explicar o motivo do meu sumiço e já desiste em fazer promessas de atualização... Só vou dizer que sinto que perdi minha habilidade em escrever, graças ao inferno que é a faculdade. Ela quase me enlouqueceu esse semestre, sério, é um porre estudar em período integral, e ainda cumprir carga horária extracurricular com projetos e semanas acadêmicas... Antes de ingressar na faculdade, deveria ter um curso de como sobreviver a ela e tudo q venha acompanhada...
Enfim, eu queria fazer um post duplo para compensar, mas minhas férias são curtas e foi isso que consegui escrever, espero que gostem... Até lá em baixo!! ô/



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Apesar do bilhete misterioso recebido no domingo à noite, a semana transcorreu de forma tranquila para Sakura. O momento de pavor que havia passado naquele dia, aos poucos, foi sendo esquecido por ela, que havia pensado seriamente em ligar para Sasuke e contar sobre os bilhetes misteriosos, ou procurar por uma delegacia, pois a ameaça implícita na última frase a deixou inquieta.

No entanto, decidiu manter-se calada sobre os bilhetes após três copos de água e algumas respiradas profundas. Ignorar poderia ser a melhor solução e não envolveria mais ninguém além dela e o ser possuidor de um senso de humor deturpado.

Além disso, Sakura conseguiu ocupar a mente com a companhia dos pais, de Tsukimi e dos amigos de Konoha, que a visitaram durante toda a semana, não deixando brechas para reviver a sensação ruim que o bilhete misterioso a causava. E, por isso, algo que ela estava desejando fazer a algum tempo, foi feito: redecorar o interior de sua casa, ou melhor, preencher os espaços das prateleiras, mesas, paredes e cômodas com as fotografias que sentia falta.

Sua empolgação pela nova atividade se triplicou quando encontrou os porta-retratos em uma caixa na parte mais alta de seu closet, mas, ao mesmo tempo, questionou-se mentalmente se os desentendimentos com Sasuke estavam fazendo com que se distanciasse dos amigos também.

Naquele momento, Sakura respirou fundo, percebendo que as dúvidas pela sua amnésia começaram a afetar, pois, desde que havia despertado, só sabia que havia adiado o casamento por causa da oportunidade de residência no Hospital Geral de Konoha, e por isso seu relacionamento de mais de cinco anos com Sasuke enfrentava uma grande crise.

Enquanto posicionava o porta-retratos do casamento do casal Nara, onde ela e as meninas estavam ao lado de Temari e os rapazes ao de Shikamaru, se questionava em pensamento, novamente, sobre o motivo de ter guardado as fotografias dos amigos. Logo em seguida, colocou o porta-retratos de seus pais junto de si em sua colação de grau da faculdade sobre uma das prateleiras da sala.

Lembrou-se da expressão mista de felicidade e alívio que Mebuki e Kizashi sempre ostentavam quando ela os recepcionava em sua casa. Por alguma razão, Sakura sentia que os progenitores não estavam somente bem por vê-la fora do estado de coma, era algo a mais.

Suspirou pesadamente, dando-se conta de que as recomendações do médico e da psicóloga não estavam surtindo o efeito desejado. Durante todos esses dias, nenhuma memória apareceu em sua mente, mesmo vendo fotos e vídeos, conversando com os pais e amigos, e forçando sua memória, a única resposta foram pontadas por toda a cabeça.

Foi despertada de seus devaneios pelo toque suave de seu novo smarthphone, depositado sobre a mesa de centro da sala. Olhou para tela que indicava uma chamada de vídeo de seus pais, e quase encostou o dedo polegar no ícone vermelho. Respirou fundo e sorriu fracamente.

—Boa tarde, filha. Te acordamos? – a voz de Kizashi soou no segundo seguinte de ter clicado no ícone verde.

O fundo do local, onde Kizashi e Mebuki estavam, foi o que prendeu a atenção de Sakura. A parede num vermelho vivo, os shojis* envernizados e com branquíssimos papeis de seca, e a iluminação feita pelas lâmpadas tradicionais eram muito mais que familiar a ela.

—Claro que não, pai. Eu nem estava dormindo. – respondeu, observando o traje branco de sushiman do Haruno. –Estão no restaurante?

—Estamos. O movimento foi intenso essa semana, por isso só conseguimos lhe visitar na segunda, desculpe querida.

—Tudo bem, pai. Eu ainda me lembro de que sua comida é bem famosa. Mas, o restaurante está diferente.

—Tivemos que nos modernizar. Até o zashiki* tivemos que tirar, porque tinha muita gente caindo quando ia descer.

—Contratamos mais três pessoas, porque seu pai e eu já não temos mais idade para correr pelo restaurante. Porém, a comida continua deliciosa.

—Posso ir ai no meu aniversário. – informou com um sorriso. –Quero ver as mudanças no HR.

—Ficaremos muito felizes, filha, mas no seu aniversário nós vamos para Konoha. – disse Mebuki. –E quando digo nós, é todo mundo mesmo.

A expressão animada da rosada murchou.

—Isso não era para ser surpresa? – o Haruno perguntou enquanto coçava o queixo e lançava um olhar confuso à esposa.

—Era... – Mebuki respondeu incerta, percebendo que falou mais do que deveria. –De qualquer forma, faça cara de surpresa, filha. – e a atenção deles voltou para ela.

—Sakura. Está tudo bem? – perguntou Kizashi, com o cenho franzido em preocupação.

—Por que está triste? Aconteceu algo com Tsukimi ou Sasuke?

A Haruno mais nova somente balançou a cabeça de um lado para o outro.

—Então por que está com essa cara? – indagou Mebuki, mas o silêncio foi a resposta da filha.

Sakura desviou o olhar para a televisão ligada em um canal de séries americanas.

—Querida. – ouviu a voz do pai chamando-a.

—Eu estou preocupada com a minha amnésia. – passou o celular para a outra mão. –No aniversário de Akemi, fez um mês que eu despertei e não me lembrei de nada nesse período. Hoje, enquanto arrumava alguns porta-retratos, me dei conta de que não estou me esforçando para recuperar a memória.

—Mas a Maeda-san falou que você precisa ser paciente.

—Eu sei mãe. Mas me sinto estagnada. Além do mais, eu sinto que a minha situação com o Sasuke antes do coma é mais complicada do que um relacionamento que caiu na rotina, algo dentro de mim diz isso. – puxou o ar para controlar a vontade de chorar. –Sinto que decepcionei até meus amigos. Eu queria que vocês me contassem mais. – lamentou-se.

—Nós também queríamos contar mais, só que moldar sua memória a partir dos nossos relatos é a última coisa que Nishin-san e Marda-san querem. – disse sua mãe.

—Por favor, filha, não chore. – pediu Kizashi ao visualizar a careta de choro na expressão de Sakura.

—Eu tenho medo da minha memória nunca mais voltar. – confessou. –Parece que está tudo bem, mas eu sinto que essas lembranças que eu perdi são importantes demais.

—Nós sabemos disso, querida, e sentimos muito por não poder ajuda-la mais. – disse Mebuki.

—Vocês dois estando do meu lado já é o suficiente. – limpou a única lágrima que escapou de seu olho esquerdo. –Eu amo vocês!

~~*~~*~~*~~

Terminou de pintar a sua parte do livro de colorir dos personagens da Disney. Fazia um bom tempo que Sakura não via o ursinho Pooh se deliciando em mel, como o desenho ilustrava.

Sorriu com a constatação, ao mesmo tempo em que se sentia leve, e desviou sua atenção para a loirinha sentada ao seu lado no chão, segurando firmemente o lápis da cor rosa.

O cenho infantil franzido pela concentração em pintar sem passar as linhas que delimitavam o desenho do amigo do urso Pooh, o Leitão, a fizeram soltar um riso.

—Do que você está rindo? – questionou Tsukimi, com a atenção no livro de colorir.

—De você.

—Mas eu não fiz nada de engraçado.

—Essa carinha por si só já é uma graça, querida. – e cutucou a bochecha rosada da Yamashita.

—Tia Sakura! – exclamou. –Assim eu vou errar.

A rosada soltou mais uma risada e apoiou a cabeça no antebraço esquerdo sobre a nova mesa de centro da sala.

—Duvido muito que você pinte fora do desenho. Comparado com os primeiros que nós pintamos, você melhorou bastante. - comentou, acompanhando o movimento do lápis cor de rosa preencher o espaço de uma das orelhas do Leitão.

—Foi graças a você, tia Sakura. – começou a pintar a outra orelha. – Eu entrei na escola, mas não fiquei muito tempo lá, acho que foram três meses. Foi só com você que voltei a ler, escrever e pintar, até o meu sobrenome em kanji* eu sei escrever agora! – vibrou com um grande sorriso nos lábios.

—Me lembro de que seus primeiros desenhos eram... – foi interrompida.

—Não fala. Eu tenho vergonha! – disse, guardando o lápis cor de rosa no estojo com as bochechas vermelhas.

—Fofos. – completou sua fala, sorrindo sapeca.

—Tia Sakura! – protestou.

—Mas é verdade, Tsukimi. Seus primeiros desenhos eram fofos. – folheou o pequeno monte de folhas A4, guardadas em uma pasta vermelha. –Eu gosto, particularmente, desse. – e pegou a folha onde três pontos, um rosa, outro preto e mais um amarelo estavam em pé ao lado de linha trêmulas delimitando uma escola.

Os olhos azuis se arregalaram em surpresa.

—Minhas mãos ainda estavam moles. – balbuciou, observando como seus desenhos melhoraram bastante.

—O que eu quero saber é por que você não desenhou os seus pais? – questionou séria, fixando os olhos verdes no rosto de traços infantis.

Tsukimi franziu o cenho e sentiu os olhos se encherem de lágrimas, o que fez encolher os ombros. 

—Calma querida. Eu não vou brigar com você, só quero saber. – disse em um tom de voz ameno.

Sakura a assistiu fechar o livro de colorir e respirar fundo para não chorar, causando um aperto em seu coração. Talvez Tsukimi ainda não estivesse pronta para falar de assuntos mais complexos.

—Se não quiser falar, eu entendo e me desculpe por fazer você lembrar-se dos seus pais. – pediu, sentindo-se a pior pessoa do mundo.

A menina não disse nada no tempo de um minuto, apenas levantou-se e foi em direção de sua médica predileta, sentando-se em seu colo. As lágrimas não embaçavam mais a sua visão.

A Haruno a envolveu em seus braços, desculpando-se novamente.

—Pode não parecer, mas eu sei que meus pais não vão mais voltar e, mesmo assim, eu ainda amo eles. Bastante. – disse com os dedos segurando firmemente o tecido da camiseta da rosada. –Eu nunca vou me esquecer deles e sinto muito a falta deles também, é por isso que eu desenhei as nuvens de azul e roxo.

—Eles estão te observando lá de cima.

—Isso mesmo, tia Sakura. Enquanto por aqui, eu sinto que você e o tio Sasuke fazem o mesmo.

A rosada não aguentou e a abraçou mais forte após ouvir a menina. Emocionada pela tamanha percepção e sensibilidade que a loirinha tinha, mesmo com apenas oito anos de idade.

Naquele momento, Sakura tinha a absoluta certeza de que nunca a deixaria sozinha.

—O que você acha de voltar à escola nessa primavera? Sasuke e eu vamos leva-la ao primeiro dia de aula. – questionou com um sorriso nos lábios.

—Eu adoraria!

~~*~~*~~*~~

No dia seguinte, Sasuke apareceu em sua casa, como era de costume para passar o final de semana. Ela aproveitou e contou o que a tarde de pintura do dia anterior resultou, sendo prontamente apoiada com a ideia de Tsukimi voltar a estudar. Logo, a promessa de que o casal em construção estaria no dia primeiro de abril em frente ao portão do Hokage Shougakuen* estava feita. E, entre sonecas no sofá-cama e beijos na cozinha, os dois dias de total relaxamento do moreno acabaram.

Para a Haruno finalizar o prazeroso final de semana que teve, ela desceu as escadas e rumou para a cozinha, onde tomou um copo de leite morno, relaxando ainda mais o seu corpo, que já estava mole pelo longo banho quente.

Com a caneca esquentando a mão direita, andou para sala e sentou-se no meio do sofá-cama com as pernas dobradas. Respirou fundo, sua casa ficava silenciosa depois que Tsukimi e Sasuke iam embora.

Naquela tarde, ela havia contado ao moreno a sensação incomoda que sua amnésia temporária estava a causando, e sorriu com a lembrança dos lábios masculinos se movendo para um pequeno consolo.

—Sem pressa, o seu ritmo está bom. Sua cabeça sabe quando as memórias devem retornar. – disse as palavras dele, encarando o resto do leite ao fundo da caneca, ao lembrar-se da expressão fechada que Sasuke demonstrou.

Aquilo não havia combinado com as palavras de conforto, mas resolveu relevar.

Foi tirada dos devaneios pela luz do celular, que foi deixado para carregar sobre o rack da televisão. A mensagem no aplicativo, avisando que a loirinha já foi deixada na casa de Namie e que ele estava na rodovia que o levaria para Tóquio, foi aberta, no segundo seguinte. Sorriu e enviou emojis sorrindo com as bochechas coradas.

—Tome cuidado, Sasuke, está escuro e, me avise quando chegar. – murmurou enquanto digitava.

Retirou o carregador da tomada ao mesmo tempo em que largava a caneca sobre o rack, resolvendo subir para o quarto. Apagou a luz da sala, saindo para o corredor.

Passou os olhos ao seu redor, dando uma última checagem no andar de baixo, se houvesse alguma lâmpada acesa entre suspiros e passos arrastados, ela iria apagar. Porém, arrependeu-se profundamente por ter feito aquela verificação, pois em frente à porta de entrada um de seus temores estava caído.

Já bastava sua frustração pela amnésia, agora teria de se preocupar com mais um bilhete vindo de um desconhecido possuidor de um humor deturpado.

O mesmo pavor da semana passada a assolou, fazendo com que sua respiração fosse contida ao se aproximar da entrada de sua casa. Certamente, aquilo já estava passando do limite.

Catou o envelope branco, abrindo-o com as batidas aceleradas de seu coração ecoando pelos canais auditivos. Teria sempre algo para estragar seu dia. Tirou o papel rosa de dentro do envelope e o desdobrou.

A verdade está para ser revelada.

Não adianta ignorar.

Mas lá vai outro aviso: ele é meu, porque você o faz infeliz, como fez nesses últimos três anos.

Os olhos verdes se arregalaram e com certa dificuldade, puxou o ar para os pulmões. Quem estava fazendo aquilo com ela? Uma pontada lhe atingiu a cabeça.

~~*~~*~~*~~

—Ainda estou esperando um pedido de desculpas.

—Um pedido de desculpas? Comece por você então, porque não foi eu que brincou com o amor por sete anos.

—Quem é você para falar de amor?

=====

—Já falei que eu não sou a vilã, então pare de me tratar como tal e, quem errou primeiro foi você!

—Errei no que Sakura? Se tudo que fiz por você pôr em um pedestal, protegendo-a de tudo e de todos como um bom namorado. Eu errei em ter amado?

~~*~~*~~*~~

Apertou os dentes uns contra os outros, tentando amenizar a dor aguda que tomava conta de sua cabeça. O que eram aqueles flashes? O barulho do papel rosa amassando-se em suas mãos a tirou dos devaneios e sem pensar duas vezes, desbloqueou o celular, indo para seu histórico de ligação e encostou o dedo no primeiro contato daquela lista.

Dez segundos, uma voz rouca e sonolenta lhe atendeu.

—Itachi? – o chamou chorosa.

—Sakura? O que houve?

—Posso dormir ai?

~~*~~*~~*~~

Durante a semana que se seguiu, Sakura passou na casa de Namie.

Havia contado ao casal sobre os bilhetes, e deixou o pavor que sentia por eles tomar conta de si. Levou em torno de trinta minutos para que a rosada se acalmasse.

Namie e Itachi sabiam que Sakura não possuía nenhuma inimizade em Konoha, então não viam motivos para aquele tipo de maldade. Cogitaram na ideia de que alguém – muito mal intencionado- estava rindo à custa da atual situação da mesma, e foi o suficiente para que no dia seguinte os mesmo policiais de meses atrás, Kinoshita e Inoue, fossem chamados pelo Uchiha.

Com a rosada mais calma naquela manhã de segunda, a conversa entre os policiais, o moreno e ela, fluiu até que chegassem à conclusão de que abririam uma investigação e, se resolvessem até o final do mês, verificariam se há alguma ligação com o incidente de novembro. 

No restante da semana, Sakurra passou em companhia dos amigos e dos pais, o que a fez esquecer brevemente dos bilhetes. Porém a sensação de estar estagnada voltou e tomou conta de si na quarta-feira, após acordar. Sentir que não estava fazendo absolutamente nada para que suas lembranças voltassem, deixou-a confusa, ao ponto de se questionar mentalmente o real sentido da vida.

E num solavanco ligou para Karin.

Se ficar afastada do hospital para sua recuperação não estava dando nenhum resultado, voltaria ao trabalho, ela não se importaria de auxiliar as enfermeiras, somente sabia tinha de se mexer. Afinal, ocuparia sua mente para não deixar a frustração de sua amnésia lhe atormentar, além de esquecer os envelopes brancos e papéis rosas.

No entanto, seus planos foram interceptados quando a amiga gritou um sonoro NEM PENSE NISSO pelo celular, e cinco minutos depois estava sentada ao seu lado, com o bebê conforto no outro sofá. Naquela quarta-feira, Sakura não aguentou e despejou todas as suas inseguranças.

—Acabou de fazer um mês que você acordou, mas também eu sei o quanto deve estar sendo complicado para você, afinal não podemos contar como foi os anos que você esqueceu. – passou os dedos entre os fios róseos. –E com isso, você só pode supor coisas. Eu sinto muito, Sakura. – disse com pesar, sentindo as lágrimas da Haruno molharem a sua calça. –E sinto mais ainda pelos sustos que você está passando por conta dos bilhetes.

—Só não comente com os meus pais e a galera sobre isso.

—Não vai contar nem para o Sasuke?

—Não. – murmurou antes de fungar. –Eu não quero que ele tenha mais uma coisa para se preocupar.

E com isso, a ruiva não pensou duas vezes em leva-la ao hospital. Uma visita à psicóloga responsável pela Haruno, Maeda Takako, a ajudaria a sair daquele estado de tensão.

~~*~~*~~*~~

Os olhos verdes se abriram quando o sol já estava quase em seu auge. Um sorriso de satisfação tomou forma nos lábios avermelhados dela enquanto se espreguiçava ainda deitada.

Na quarta-feira, a conversa com a psicóloga a ajudou de uma forma inexplicável. Mesmo sendo apenas uma sessão, Sakura havia saído do hospital com a mente levemente organizada, ao compreender que deveria ser muito paciente para recuperar a memória. E, para relaxar totalmente, na tarde de sexta-feira, foi levada à massagista e ao banho nas águas termais. 

A agitação de Tsukimi na enorme banheira de água quente foi um momento engraçado.

—Feliz aniversário, tia Sakura! – a exclamação animada irrompeu o seu quarto, logo após a porta do cômodo ser aberta bruscamente. –Já são onze da manhã, e você ainda está dormindo! Acorda! – a loirinha pulou sobre o monte de edredom que o corpo da rosada fazia. –Porque é seu aniversário!

O sorriso de Sakura ficou maior, ser acordada daquela maneira era o sinal de que seu dia seria maravilhoso.

—Bom dia para você também. – desejou, sentando-se sobre o colchão ao mesmo tempo em que a aconchegava em seu colo. Depositou um beijo no topo da cabeça da Yamashita.

—Seu presente só chega a noite.- informou e riu ao ver o cenho da rosada franzido em confusão. –É que durante o dia ele trabalha, mas hoje o tio Sasuke sai na hora do almoço por ser sábado.

As bochechas de Sakura ficaram coradas.

—Você acabou de tomar o café da manhã e já está toda engraçadinha, comeu o cereal da Tomoka de novo? – a menina negou veemente, sorrindo. -Então me deixe dizer uma coisa, Sasuke, e muito menos os tios de Tóquio, trabalha nos finais de semana. – e a abraçou forte, para em seguida, passar os dedos pelas costelas dela.

O rosto, que já estava vermelho pelo abraço de urso, avermelhou-se mais ainda por conta da risada.

—Tia Sakura... – a chamou entre risos. –Eu preciso de ar... Para!

—Só se você me ajudar a limpar a minha casa para hoje a noite.

Afinal, a comemoração por seus vinte e oito anos não era mais surpresa.

A limpeza ficaria por sua conta, pois a decoração seria feita pelos quatro amigos de Konoha. A comida seria uma mescla de sushi de seu pai, alguns de seus pratos favoritos encomendado por Karin e Namie, e salgadinhos e bolo comprados por Hinata, Ino, Temari e Tenten. Enquanto que os rapazes estavam responsáveis pelas bebidas e ficar de olho nos pequenos.

No meio da tarde, Namie, Itachi, Karin e Suigetsu vieram para realizar a tarefa da decoração.

Mebuki e Kizashi, junto com o casal Hyuuga e Akemi, foram os primeiros a chegar de Tóquio; sendo seguido de Sasuke e o casal Uzumaki. E por último o casal Nara com Ino e Gaara de carona. Todos com os braços cheios, tanto de comida e filho, quanto de presentes.

O clima festivo em que a casa se encontrava era sentido da rua: as conversas paralelas entre os adultos, os risos de Tsukimi e Akemi e as exclamações dos dois bebês tornava o ambiente aconchegante para Sakura, que depois de dias, sentia-se bem.

Inconscientemente, suspirou aliviada, atraindo a atenção de Sasuke.

—Está tudo bem?

—Sim, muito bem. – respondeu com um sorriso, puxando-o pelo braço para guia-lo até a sala de jantar. –Vamos comer pessoal. – avisou ao restante que estavam na sala de estar, assistindo a um amistoso de beisebol.

No entanto, um vulto amarelo parou em frente do casal em construção com as mãos na cintura, o fazendo parar no corredor.

—A Namie-san disse para você não dar o presente agora, porque não cortamos o bolo ainda. É para esperar. – disse Tsukimi cheia de si.

No segundo seguinte, ambos desviaram o olhar para a Okada, que brincava com Yuuta na cozinha. O sorriso malicioso dela, os deixou sem jeito.

Que belo duplo sentido, ainda bem que a Tsukimi ainda é inocente.— pensou Sakura, lançando um olhar irritado para a amiga, que apenas deu de ombros.

—Mas ela também disse que eu posso dar o meu. Então, eu acho que ela não gosta de você, tio Sasuke. – continuou incerta.

—Você sabe que a Namie vive me provocando. Não ligue para isso. – disse e a pegou no colo. –Agora vamos jantar.

—Mas eu tenho que dar o meu presente.

—Depois de comer. – e começou a andar em direção à sala de jantar.

Quando os três adentraram o cômodo, todos já estavam ali, servindo-se. Sakura recebeu mais alguns abraços pelo aniversário enquanto ajudava Tsukimi a fazer seu prato.

Sem sombras de dúvidas, seus amigos estavam animados depois da primeira garrafa de vinho ingerida.

~~*~~*~~*~~

A animação nas expressões de Ino e Tomoka era bem visível ao final do jantar. O sorriso quase não cabia em seus rostos, que poderia ser pelas taças de vinho que tomaram, mas quando ambas se colocaram de pé, ficando uma ao lado da outra, Sakura sabia que não receberia felicitações novamente.

—Pessoal. Um minuto da atenção de vocês. – a Okada pediu, atraindo os olhares dos presentes. Apesar de suas inconveniências para com o Uzumaki, era tratada com educação. Trocou olhares com a Yamanaka e em seguida assentiram. –Sei que é o dia da Sakura-san, mas Ino e eu gostaríamos de fazer um grande comunicado.

—O que você fez? Quanto custará? E porque envolveu a Ino? – Namie indagou, não esperando notícias boas.

Tomoka encarou a irmã espantada.

—Por que pensa que só dou prejuízo?

—Porque você é a caçula.

Olhares ofendidos foram direcionados à Okada mais velha.

—Calma gente, eu só disse uma verdade. – tentou explicar ao encarar o cunhado e o ruivo. –Itachi e Temari vão concordar comigo. – lançou uma piscadela, tirando risos dos presentes.

—Pessoal, ainda temos uma novidade. Por favor. – disse Ino.

—Verdade. Vamos ouvir. – interveio Mebuki, antes que uma discussão entre os irmãos se iniciasse. –Pode falar, estamos curiosos.

—Nesta primavera, Ginza ganhará um estabelecimento novo, apoiado pela Koshino Hiroko, Chanel, Gucci e Dior.

—Vocês estão olhando para as donas da Violet ateliê e boutique! – vibrou Tomoka, mostrando a logotipo impresso no papel A3.

Então, finalmente, as atitudes estranhas da irmã mais nova naquelas últimas semanas fizeram sentindo. As idas para Tóquio, as longas vídeos conferências no quarto e sempre movimentando os dedos pela tela do celular. Um sorriso orgulhoso brotava nos lábios de Namie ao puxar as palmas.

—Os caçulas vêm para o sucesso! – exclamou Tomoka, abraçada à Ino. –Os convites da festa de inauguração já estão no correio.

Aquele projeto tinha que dar certo, pois ela não havia passado os últimos seis meses, isolada em seu quarto para não obter sucesso.

—Depois dessa novidade, vamos cantar parabéns. – a Haruno falou, levantando-se. –Estou louca para comer aquele bolo.

~~*~~*~~*~~

O riso da Haruno ecoava por toda a sala, em suas mãos o smartphone da Yamanaka mostrava a foto das quatro crianças encarando fixamente o bolo de aniversário, a expressão de interesse era nítida até nos bebês.

—Yuuta e Shikadai já sabem o que é bom para a vida, e não têm um ano ainda. - comentou Itachi e levou o último pedaço de bolo à boca. -Eles serão muito felizes.

—Claro que serão, olha o tanto de tios e tias para estragarem eles. - disse Naruto, colocando-se de pé. -Mais uma garrafa de vinho? – ofereceu, sendo respondido com acenos de cabeças dos amigos prontamente.

Com um sorriso, seguiu até a cozinha. Seria a terceira garrafa de vinho daquela noite, e todos se questionavam como voltariam para Tóquio ao final da festa. Provavelmente, ficariam em algum hotel ou na casa da Haruno mesmo.

Uma risada anasalada foi solta pelo Uzumaki ao pegar a terceira e última garrafa de vinho.

—Na – Ru – To. – foi surpreendido por Tomoka, chamando-o pausadamente, para em seguida abraça-lo por trás.

Os braços femininos se apertaram em volta do loiro, ao mesmo tempo em que um som de satisfação escapava pela garganta da Okada.

Naruto depositou a garrafa sobre a bancada ao lado da geladeira e virou-se para ela.

—Tomoka. – disse cansado.

—Namie pediu para lhe ajudar. – e o abraçou de novo.

—Obrigado, mas eu posso levar a garrafa sozinho. – respondeu e se remexeu. Porém, o aperto em volta de sua cintura se intensificou. -Pode me soltar? – perguntou com um sorriso sem graça.

—Mas eu ainda não recebi suas felicitações pela Violet.

—Os cumprimentos de Hina-chan foram por mim também.

—Nem um abraço? – insistiu com uma expressão tristonha. -Se bem que, eu prefiro muito mais que um abraço... – um bico manhoso se formou em seus lábios. -Estou entre um beijo e namorar meu amigo de infância, que me prometeu que ficaríamos juntos quando crescêssemos.

Com o intuito de desviar dos olhos sonhadores da Okada, o Uzumaki passou os seus ao redor da cozinha, mas se arrependeu no segundo seguinte, pois sua noiva estava parada no batente da porta e, ele não sabia por quanto tempo.

A expressão em seu rosto se tonou séria.

As intenções de Tomoka poderiam ser consideradas como más, pois havia o desejo de que seu compromisso com Hinata fosse rompido, mas Naruto também enxergava um brilho inocente nos olhos vermelhos, pois os sentimentos eram verdadeiros.

—Tomoka, eu vou pedir só mais uma vez: por favor, me solta. – e retirou os braços femininos de sua cintura. –E, serei sincero para não ter mais dúvidas...

Porém, foi interrompido.

Naruto somente arregalou os olhos quando sentiu seus lábios serem pressionados pelos de Tomoka.

—Naruto-kun! – a Hyuuga exclamou surpresa, fazendo com que ele afastasse a Okada pelos ombros bruscamente.

—Não é o que você está pensando. Você viu ela me beijar. – tentou explicar-se, enquanto Hinata dava três passos em sua direção.

—Não importa quem tomou a iniciativa, Naruto. Nos beijamos. – disse, virando sobre os calcanhares e encarando a Hyuuga com um sorriso presunçoso.

—Tomoka, eu suportei suas inconveniências nesses últimos meses, mas isso passou do limite. – disse sem elevar a voz em nenhum momento. -Por que você tem que insistir tanto? Por que o beijou, sabendo que o Naruto-kun é meu noivo? – enfatizou as duas últimas palavras. -Você está ciente de que o que acabou de fazer e o que vem fazendo é uma tremenda falta de respeito?

—Está dizendo que lutar pela pessoa que eu amo é uma falta de respeito?

—Não foi o que eu quis dizer e, você sabe disso.

—Eu não preciso de lição de moral, se é isso que está tentando fazer. – o rosto corou. -Eu só quero que a nossa promessa seja cumprida, que o Naruto goste de mim, como antes! – exclamou raivosa.

—Chega Tomoka! – a voz da Okada mais nova soou pela cozinha. -Desculpe-se com Hinata e Naruto agora. – mandou, lançando um olhar bravo à irmã caçula.

—Eu não! Não tem o que me desculpar. – cruzou os braços.

—Você não é mais criança, para não entender o quanto suas atitudes estão prejudicando os dois. Eu já lhe disse para esquecer essa promessa e crescer. – a medida que Namie falava, se aproximava de Tomoka encarando-a zangada. -Agora, desculpe-se com Naruto e Hinata.

—Por favor, Namie-san, não se intrometa. – a morena pediu. -Se ela não quer enxergar o mal que causa nas pessoas por sua infantilidade, não é você que vai fazer isso.

—Vamos embora, Hime. Isso tudo já deu o que tinha que dar.

—Não me chame assim! – esbravejou e lançou um olhar irritado ao noivo. -Eu estou brava tanto com Tomoka quanto com você! Por que a deixou te beijar? – elevou a voz.

O Uzumaki recuou o passo que deu em direção da Hyuuga.

—Você, Tomoka, tem sorte que é a irmã da Namie-san e amiga da Ino-chan, pelas quais eu tenho muita consideração. – comentou irritada, lançando um olhar frio à Okada mais nova. Virou-se de costas e saiu da cozinha de punhos fechados, tamanha era sua irritação.

Naruto foi o próximo a sair, indo atrás da noiva, envergonhado. Apesar de ninguém mais ter entrado na cozinha, além de Namie e Itachi, ele estava ciente de que o restante dos amigos ouviu a discussão. Se não ouviram, eles faziam certa ideia do que aconteceu ali.

Ainda no cômodo da cozinha, o Uchiha e a Okada mais velha encaravam decepcionados uma Tomoka vermelha de raiva.

—Vamos conversar quando chegarmos em casa. – sentenciou Itachi com um olhar sério. Até ele se sentiu envergonhado pelas atitudes da cunhada.

~~*~~*~~*~~

O segundo bocejo foi solto por Sakura, que organizava os papeis A4 espelhados pelo tapete felpudo da sala. Depois da bagunça de Tsukimi e Akemi naquela noite, ela tinha certeza de que existia crianças em forma furacão.

Depositou a pilha de papel sulfite colorido, que não foi usada ainda, sobre a mesa de centro e jogou-se no sofá-cama com um sorriso.

Apesar do clima festivo e animado de sua comemoração de aniversário ter sido interrompido, após o desentendimento do casal Uzumaki com a Okada mais nova e, ela desejava que a situação fosse resolvida sem mais discussões ou uma Hyuuga irritada ao extremo, Sakura ainda pode aproveitar os últimos minutos abraçando a todos em agradecimento.

—Só ficaram alguns copos pia. – foi despertada pela voz de Namie.

—Obrigada. – agradeceu, pondo-se de pé. -Eu não sei o que seria de mim amanhã de manhã, se vocês não tivessem me ajudado com a organização. – disse aliviada, enquanto piscava os olhos para espantar o sono.

Ao fixar o olhar na mesa de centro, Sakura sentiu uma forte dor por toda a sua cabeça, a fazendo fechar os olhos com força. Quando os abriu, visualizou cacos de vidro e a quina da mesa manchada de sangue.

—Sakura?

—Minha cabeça está doendo. – murmurou e, os cacos de vidro e o sangue sumiram.

—Quem mandou ser teimosa e tomar aquela taça de vinho? – repreendeu Itachi, encarando-a preocupado. A forma como o corpo de Sakura se contraiu antes de chama-la o deixou em alerta.

Um fraco riso foi ouvido pelo casal.

—Acho que eu deveria ter escutado vocês. – disse, aproximando-se deles.

—Depois de toda essa agitação, você precisa dormir. Pode ser isso que está causando a dor de cabeça. – supôs Namie.

—Pode ser que sim.

—Então, nós vamos indo, para você descansar. - disse Itachi, a puxando para um abraço.

—Ainda bem que amanhã é domingo e paramos na segunda garrafa de vinho. Obrigada por hoje, Itachi. – agradeceu, abraçando-o de volta.

—Pelo menos amanhã, eu vou poder dormir até mais tarde. Só de pensar que a minha noite e a do Ita não acabou... – um suspiro cansado foi solto em seguida por Namie. -Eu estou tão envergonhada pelo que a Tomoka aprontou. Não consigo mais olhar para seus amigos.

—Não foi culpa sua. – consolou Sakura, abraçando-a. -A Tomoka fez o que fez sabendo das consequências. Na verdade, ela teve muita sorte, pois a Hinata não é adepta a tapas e puxões de cabelo.

—Mesmo assim, Sakura. Eu estou com muita vergonha. Fico imaginando como a Hinata e o Naruto vão resolver essa situação, falta menos de dois meses para o casamento deles. – outro suspiro foi solto pela Okada. -Eu não sei o que farei se eles resolverem cancelar o casamento ou romper o noivado pelo que minha irmã fez.

—Só se preocupe em dar uma bronca na Tomoka. A Hinata e o Naruto ficarão bem, eu prometo. – tentou tranquilizar a amiga. -Agora vão para casa, está muito tarde e, eu preciso dormir!

—Ok. – concordou com um sorriso.

~~*~~*~~*~~

Ouviu passos descendo as escadas. Segundos depois, o seu lado direito do sofá-cama afundo e, o fraco perfume de Sasuke invadiu seu alfato.

—Ela dormiu sem nenhum problema?

—Chamou por você antes de dormir de fato. – respondeu, acomodando-se melhor sobre o sofá. A cabeça com fios cor de rosa descansou sobre suas coxas.

—Itachi e Namie me ajudaram com a organização da cozinha. Foram embora há quinze minutos. – comentou e fixou seus olhos verdes nos do moreno. -Acabei de ver a mensagem da minha mãe, eles chegaram bem em Tóquio. Mas eu queria que eles dormissem aqui essa noite, achei perigoso eles pegarem a estrada as dez da noite.

—Amanhã eles estarão ocupados.

—Domingo é uma loucura, eu não me esqueci disso. – e riu, sendo acompanhada pelo Uchiha.

Após uma semana de lamentação por sua amnésia, poder fazer uma piada de sua situação foi como relaxar os músculos que não conseguiu com as fontes termais.

—Mas eu queria muito que eles ficassem aqui, tinha até preparado o quarto de hóspede. – fez bico. -Onde já se viu ir embora logo após o bolo?

—Eles já não têm idade para nos acompanhar, Sakura. – começou a passar os dedos entre os fios cor de rosa, a fazendo fechar os olhos em apreciação. -Se você quiser, podemos ir amanhã no HR. Faz tempo que eu também não vou lá.

Os olhos dela se abriram no mesmo momento. O sorriso que se formou nos lábios femininos fez o coração de Sasuke falhar uma batida.

—Eu adoraria, Sasuke! – exclamou com a feição iluminada. -Além do mais, eu não me lembro da última vez que fui lá. – piscou o olho esquerdo.

Com um fraco riso, o Uchiha pendeu o tronco para frente e cobriu os lábios avermelhados dela com os seus, num singelo selinho.

A segunda chance, que permitiu dar para ele mesmo e para ela, estava valendo os seus esforços. Apesar de ser inevitável lembrar da situação complicada da amnésia, e até se sentir mal ao imaginar que poderia estar se enganando. Afinal, ainda se ressentia pelo abandono.

No entanto, quando visualizava a expressão serena da Haruno, sem nenhum vinco de tensão no rosto dela, as lembranças ruins eram jogadas para o fundo de sua memória para dar lugar ao desejo de, realmente, darem certo o inundar.

O moreno chegou a conclusão que, talvez, colocar a rosada acima de tudo fosse sua sina.

Foi desperto de seus devaneios com a movimentação do corpo feminino sobre seu colo. Ele já não se encontrava debruçado sobre ela, mas sim, com os braços em volta da cintura dela, apertando-a contra si, pela mesma estar sentada de lado em suas coxas.

O singelo selar de lábios havia se transformando em um beijo intenso. Agora que estavam sozinhos, o casal em construção poderia trocar os desejados beijos.

Um suspiro foi solto pelo moreno ao sentir os curtos fios da nuca serem puxados, aproveitou o momento para separar os seus lábios dos delas para respirar.

Novamente, Sakura se movimentou sobre seu colo, passando a perna esquerdo pelo seu tronco, para que ela ficasse de frente para si.

Os lábios se juntaram, após uma troca de olhares desejosos. Aquele tipo de situação era nova para eles, pois até o último fim de semana, o máximo que fizeram foi beijos mais duradouros na cozinha.

As mãos da Haruno foram deslizando do cabelo negro do Uchiha, passando pelo pescoço, tórax e abdômen, e subiu de volta até os botões da camisa azul marinho.

Em resposta, Sasuke acariciou a coxa direita e apertou o corpo feminino, trazendo para mais perto de si enquanto afundava a outra mão nos fios cor de rosa.

O farfalhar de tecido alcançou seus ouvidos quando os primeiros botões de sua camisa eram tirados das casas, ao mesmo tempo em que, um suspiro era solto por Sakura, pelo arrepiou que passou por todo o seu corpo quando um beijo molhado foi depositado em seu pescoço.

—Sakura! – a chamou surpreso, afastando-se abruptamente dela.

Uma expressão confusa se formou na expressão facial da Haruno.

—Acho melhor pararmos por aqui. – disse entre a respiração entrecortada e desviou o olhar para baixo, visualizando sua camisa aberta até a metade.

Se continuasse encarando-a, esqueceria o motivo de ter interrompido.

—Eu fiz algo de errado? – Sakura perguntou e acariciou o pescoço masculino. O medo de ser rejeitada crescendo dentro de si.

Um riso anasalado foi solto pelo moreno, que voltou a olhar para frente. A expressão receosa o fez xingar-se mentalmente.

—Não, Sakura. Eu que farei algo errado se continuarmos. – pegou uma das pequenas e macias mãos da Haruno e a trouxe para perto de seus lábios.

—Transarmos é algo errado?

—Não foi nesse sentido que eu quis dizer.

—Fizemos algum voto de castidade nesses últimos anos?

—Claro que não!

—Então, por que não podemos? Por acaso, está tomando algum medicamento que causa impotência? – recebeu um olhar ofendido no segundo seguinte.

—Eu disse que farei algo errado e não que tenho um problema... – respondeu, arrancando uma risada da Haruno.

—Torno a perguntar: por que não podemos transar? – e fixou o olhar no dele.

Sasuke abriu a boca para responder, mas as palavras não vieram. Qual era mesmo o motivo de ele achar que era algo errado? Nem mesmo ele sabia claramente. Dizer que isso ainda era cedo para a relação deles, ou que não estava pronto, soariam como uma desculpa.

Percebendo que ficaria sem resposta, a rosada começou a abotoar a camisa do moreno. Ao passar o último botão pelo espaço, levantou o olhar deparando-se com a incerteza nos olhos pretos. Ela apenas suspirou.

—É por causa da amnésia? – um brilho de entendimento apareceu nos olhos verdes. -Você acha que se nós transarmos na minha atual situação é errado, não é?  

Sasuke abaixou a cabeça como resposta e permaneceu em silêncio por vinte segundos.

—Sinto muito. – murmurou e passou os braços em volta dela, abraçando-a fortemente com a cabeça apoiada entre os seios. Ouvia os batimentos cardíacos acelerados da rosada.

—Eu deveria estar decepcionada, mas juro que só estou brava com você, Sasuke! – respirou de olhos fechados, já sentindo as lágrimas vindo. -Você me disse para ser paciente com a minha amnésia, me fez sentir que esse detalhe não é grande, que ele não precisa interferir de forma negativa na minha vida, porque as minhas memórias vão ser recuperadas. – acariciou o cabelo macio do moreno. -E, eu até entendo o seu lado em achar que fazermos sexo é errado, mas também me deixa triste. Você fala, indiretamente, que eu sou normal, mesmo sem minhas memórias, mas quando se é para provar isso... – deixou a fala no ar ao sentir as primeiras lágrimas escorrerem por suas bochechas.

Os braços em sua volta se apertaram.

—Eu não posso te culpar pelo que sente. – disse num fio de voz, acariciando a lateral do rosto masculino.

—Sinto muito, Sakura. – era a única coisa que o Uchiha conseguia pronunciar.

Ele afrouxou o abraço e se afastou o suficiente para poder encara-la nos olhos. Capturou com os polegares as duas últimas lágrimas que molhavam a pele macia da Haruno.

Em seguida, selou os seus lábios nos dela em um beijo calmo, mas que a cada movimento deles, fosse a promessa de que a provaria que ela é normal, ou melhor, completa, mesmo com a amnésia.

A camisa azul marinho foi deixada no encosto do sofá-cama, após os botões serem tirados de seus espaços novamente.

O caminho até o quarto da Haruno foi feito com os lábios unidos e as línguas massageando uma a outra.

As peças de roupas restantes foram retiradas e deixadas em um monte ao lado da cama.

As trocas de olhares eram profundas, onde o sentimento de adoração da rosada se cruzava com o de determinação do moreno, enquanto que as carícias eram feitas de forma lenta e intensa.

Era a melhor presente de aniversário que Sakura poderia receber.

E, quando se conectaram entre suspiros de prazer, todos os receios e incertezas desapareceram de suas mentes, dando-lhes mais esperança ainda de que poderiam acreditar na segunda chance deles.

~~*~~*~~*~~

Grunhidos de dor e farfalhar de tecido acordaram o Uchiha. Não sentia o peso do corpo da Haruno sobre seu peito, muito menos sua respiração.

—Não, não... – ouviu murmúrios desesperados.

Rapidamente, se sentou sobre a cama e ligou o abajur, se deparando com a rosada encolhida, de olhos fechados com força e com as mãos na cabeça.  

—Ei, Sakura. – a chamou em um tom de voz baixo. Mas, nenhuma resposta, apenas grunhidos dolorosos.

Sem pensar duas vezes, Sasuke a puxou para si, abraçando o corpo feminino e acomodando a cabeça em seu ombro esquerdo.

—É só um pesadelo, Sakura, está tudo bem. – sussurrou, na tentativa de acalma-la. Ação que o Uchiha julgou ter funcionado, pois ela ficou imóvel e silenciosa.

No entanto, vinte segundos depois, soluços eram soltos pela Haruno, que faziam os ombros da mesma se mexerem bruscamente.

—Está tudo bem... – tentou novamente, mesmo estando assustado. -Está tudo bem. – repetiu, como se fosse para ele manter a calma ao ouvir o choro ruidoso de Sakura. -Foi só um pesadelo.

A Haruno balançou a cabeça de um lado para o outro, mostrando que havia despertado

—Não foi um pesadelo. – disse com a voz trêmula. -Elas voltaram. Eu lembrei de tudo.


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Notas finais do capítulo

Tam tam Tam!! kkkkkkkk' E assim, terminamos a parte da amnésia. Que bela forma de recuperar as memórias, não acham??
Enfim, vocês podem achar, em algum momento, que tudo que isso que estou escrevendo será tratado superficialmente, algo que só coloquei para prolongar a fic, e até cheguei a me perguntar isso, mas vi que posso amadurecer o nosso casal mais ainda com toda essa situação... Então, fez ainda mais sentindo em ter dividido a fic em 4 partes...
Agora, vamos ao dicionário:
Kashiki: eu quis me referir ao grande degrau que abriga mesas baixas, tipicas do Japão, que tem nos restaurantes de lá, mas que por ser alto, pode ocasionar quedas.
Kanji: é uma das escritas japonesas, os conhecidos pauzinhos.
Hokage Shougakuen: não existe de verdade, seria uma escola primária.
~~
O que acharam?? Espero vocês nos reviews!! Beijos!! ;D



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