Soba Ni Iru Né... escrita por JúhChan


Capítulo 34
Capítulo trinta e quatro – Por um triz


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem-vindas(os) à terceira fase de Soba ni Iru né!! Tudo bem com vocês?? Como passaram os últimos meses?? Espero que se lembrem de minha pessoa.
Sim, minha gente, eu voltei não com um capítulo, mas sim três, para vocês, que tomaram um balde de água fria com o último... Agora sim, posso dizer que a fic chegou na metade e falta alguns acontecimentos para ela se encerrar... (algo que eu quero muito fazer antes que 2016 termine)
Muita gente sabe da minha atual situação nada favorável, mas nos meus descansos tenho escrito e planejado a fic, então por favor, tenham calma quanto as atualizações... Mas também peço desculpas por ter sumido durante seis meses... =/ Sei o quanto é chato esperar atualizações (acho que virou um costume postar capítulos seguidos e desaparecer, e voltar só algum tempo depois)
Antes de encerrar, gostaria de agradecer e dedicar o capítulo à fofa da Mari Araújo que me mandou uma MP de apoio!! Thank you, flor!! =D
Enfim, aproveitem o capítulo!! Até lá embaixo. ô/



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Uchiha Itachi?— uma voz feminina soava aflita do outro lado da linha.

—Ele mesmo, quem é? - respondeu.

Aqui é Toyama Aoi, o senhor pode vir o mais rápido possível ao hospital geral?

—O que aconteceu? – seu coração disparou e rapidamente sentou-se sobre a cama.

Houve um acidente na rodovia que liga Konoha a Tóquio.— a enfermeira falou meio hesitante. -Seu irmão, Uchiha Sasuke, está gravemente ferido.

—Estarei ai em cinco minutos. – e encerrou a chamada.

Itachi se pôs de pé vestindo a primeira camisa que encontrou pela frente. O que seu irmão estava fazendo naquela rodovia para se envolver em um acidente?

Com todo o barulho que fazia, nem percebeu que havia focado a atenção da namorada em si.

—Quem era? Qual o motivo da pressa? E por que você está trocando de roupa? – disparou as perguntas assistindo a movimentação do Uchiha.

—Rápido Namie. Precisamos ir até o hospital!

—Mas hoje não é dia de plantão da Sakura. – falou se espreguiçando.

—Eu sei. –respirou fundo. -Só, por favor, troca de roupa. – pediu olhando-a por sobre os ombros já na porta do quarto, pronto para sair.

Sentiu um frio na barriga quando seus olhos se cruzaram com os do namorado, ele parecia nervoso como se estivesse aflito. Ela queria saber o que aconteceu para Itachi agir daquela forma, porém decidiu se apressar em trocar de roupa, descobriria o motivo da aflição no caminho do hospital.

~~*~~*~~*~~

As últimas palavras da enfermeira ainda ecoavam em sua mente. Tinha a sensação de que tudo estava acontecendo novamente, porém, agora era com seu irmão mais novo. Já havia perdido os pais em um acidente aéreo e foram as mesmas palavras da enfermeira que havia ouvido da governanta de sua antiga casa quando soube da situação dos pais. Apertou o volante com força, até as próprias mãos passarem do tom de pele natural ao branco em segundos.

Pedindo a todos os deuses que não levassem Sasuke para a outra vida, pisou no acelerador quando o semáforo mudou de vermelho para o azul. Apesar do distanciamento que sofreram, não suportaria perde sua única ligação de sangue que viu crescer.

—Ita. – o chamou preocupada.

—O que?

—O que houve? – perguntou, mas se arrependeu no segundo seguinte ao visualizar uma careta apreensiva no rosto do namorado.

E seu coração disparou quando o viu respirar fundo como se estivesse tomando coragem, se antes estava preocupada, agora estava desesperada.

—Sasuke sofreu um acidente e está gravemente ferido. – disse em tom baixo e rápido, ele mesmo se enrolou com as palavras.

—Estamos indo a Tóquio? – foi a única pergunta que conseguiu formar.

—Não Namie. Ele está sendo atendido no hospital de Konoha, parece que o acidente aconteceu na rodovia que liga nossa cidade a Tóquio. – explicou com uma calma inexistente e parou o carro no estacionamento do hospital.

Sem trocar mais nenhuma palavra, o casal saiu do carro e andaram a passos apressados à entrada hospitalar.

—Sou irmão de Uchiha Sasuke. – vociferou ao se aproximar da recepção.

—Boa noite, Uchiha-san. – cumprimentou a mulher do outro lado do balcão assustada. –Seu irmão está sendo preparado para a cirurgia. Por gentileza sente-se ali e aguarde o médico responsável. – falou em tom profissional.

—Mas eu quero saber se ele está bem, o que aconteceu! – elevou a voz. –Não quero me sentar e esperar!

—Ita, se acalme. – tentou conter o namorado que já estava beirando o mal-educado para com a recepcionista.

—Sei que está preocupado com a situação de seu irmão, mas até que mais informações cheguem até mim, só posso pedir para que espere.

—Vem Ita. Você precisa se acalmar. – puxou-o pelo pulso. –Desculpe-me pela atitude dele. – lançou um último olhar à mulher que sorriu aceitando o pedido.

Passando o braço pela cintura do namorado, Namie foi guindo-o até as cadeiras que ficavam ali na recepção enquanto dizia milhares de palavras de conforto.

Derrotado, Itachi acomodou-se em uma das cadeiras e aceitou o copo de água que era estendido para si. Tinha consciência de que havia sido rude com a recepcionista e sentia-se mal por tal atitude, mas no momento em que ouviu a palavra cirurgia, um medo tomou conta de seu corpo e acabou despejando seu nervosismo na mulher.

—Doutor Nishi e doutora Goto, favor comparecerem às salas de cirurgias cinco e seis respectivamente. Emergência! – uma voz feminina soava pelos alto-falantes instalados em todo o hospital.

—Uchiha-san, seu irmão será operado agora. – a voz da recepcionista o avisou após se aproximar de si. –Ele estará em boas mãos, a doutora Goto é uma das médicas mais experientes de nossa equipe.

—Obrigado. – respondeu e assistiu a silhueta da mulher voltar para detrás do balcão.

~~*~~*~~*~~

 Depois de três horas sentando na cadeira estofada da recepção, Itachi e Namie estavam impacientes pela demora em algum médico ou enfermeira, ou até mesma a recepcionista de horas atrás trazer alguma notícia.

O Uchiha já havia perdido a conta de quantos copos tinha bebido no período em que estava no hospital e apesar de mostrar uma expressão calma, o tique em sua perna direita era prova de que faltava muito pouco para arrancar o cabelo.

Uma expectativa cresceu em seu corpo quando em seu campo de visão uma mulher de aparência cansada e vestida de branco apareceu.

—Você é irmão de Uchiha Sasuke?

A expectativa se transformou em alivio, e fez com que ele se colocasse de pé. Com um assentir de cabeça a respondeu.

—Me acompanhe. – pediu virando sobre os calcanhares e recomeçando o trajeto que havia feito.

Pela frieza que a mulher lhe direcionou, pensou na possibilidade de que o pior tivesse acontecido e por isso procurou uma das mãos da namorada entrelaçando os dedos, em uma forma de pedir por forças. A leve pressão que recebeu foi o impulso para começarem a andar.

—Vocês preferem conversar no necrotério ou em minha sala? – questionou a mulher de meia-idade.

Naquele momento o casal não teve reação, apenas ficaram encarando a médica com os olhos arregalados.

—Deviam ver a cara de vocês, está impagável! – e caiu na gargalhada, deixando os dois confusos. –Bem, me desculpem pela brincadeira, mas fiz uma cirurgia de emergência depois do meu plantão. Precisava descontrair.

—Então deveria ir a um show de standup. – contrapôs Itachi irritado pela suporta brincadeira da médica. –Posso te processar por falta de ética e profissionalismo.

—Tudo bem. – levantou a mão em sinal de rendição. –Me desculpe. – e apertou o botão de número dois no painel do elevador.

As portas metálicas se fecharam e uma falsa tosse foi solta pela médica.

—Vou começar antes que o clima aqui fique estranho e você me mate com o olhar. – comentou reparando no olhar mortal que recebia do Uchiha e ficando de frente para o casal. –Meu nome é Goto Chizuru e fui responsável pela cirurgia de Uchiha Sasuke. – disse em tom profissional, mudando a expressão alegre para séria, ato que fez o casal arquear as sobrancelhas.

Na opinião de Namie, a médica de meia-idade tinha uma oscilação de comportamento muito estranha.

—Devo dizer que por pouco uma das costelas quebradas não perfurou o pulmão de seu irmão, mas isso não quer dizer que a situação dele não seja grave, pois todo o lado esquerdo do copo do Uchiha-san está coberto de hematomas e escoriações. – fez uma pausa para respirar.

O som estridente avisando que o elevador estava no andar desejado soou e saíram deste assim que as portas se abriram, em silêncio.

—Além disso, quebrou três costelas, deslocou o ombro, mas já colocamos no lugar e, lesionou o músculo do pescoço quando recebeu o impacto do outro carro. – falou enquanto andava pelo extenso corredor de paredes brancas. –Apesar de grave, a estado de Uchiha-san é estável.

Chizuru cessou os passos e virou sobre os calcanhares encarando o casal de expressões preocupadas nas feições. Respirando fundo, puxou um pirulito do bolso esquerdo do jaleco.

—Como o acidente aconteceu? – perguntou Itachi com o cenho franzido em desagrado.

—De acordo com os paramédicos o carro de seu irmão invadiu a pista contrária parando de forma atravessada nela e um carro se chocou com o dele, pois não deu tempo para frear e mesmo que desse o acidente não seria evitado pela chuva, que atrapalhou a visão dos dois. – contou tirando o plástico que envolvia o doce e em seguida o pondo na boca.

O que fez o Uchiha bufar.

—Doutora Goto, me desculpe, mas, poderia levar a nossa conversa a sério. – a Okada veio em socorro do namorado que parecia muito irritado pelas atitudes um tanto quanto zombeteira da médica.

—E eu estou levando a sério, só porque estou chupando um pirulito não quer dizer que estou brincando em meu trabalho. – respondeu com um sorriso gentil. –Mas se sentiram ofendidos, me desculpem, tanto pela piada de minutos antes quanto a isso aqui. – e retirou apenas o palito que sustentava o pirulito. –Às vezes preciso de um doce para não ficar pensando em meus pacientes que acabaram de sair de uma cirurgia. – justificou-se e uma expressão preocupada tomou conta do rosto de Chizuru. –Fizemos a cirurgia para conter uma hemorragia interna causada pelo impacto que o corpo de seu irmão recebeu, se não fosse pelo cinto de segurança, ele seria encontrado com o lado esquerdo totalmente esmagado.

—Você tinha comentando que Sasuke lesionou o pescoço. O que quer dizer?

—Na verdade foi como uma distensão muscular que com um colar cervical logo melhorará, mas me parece que ele bateu a testa então pedi uma radiografia de cada parte do corpo dele. – falou e desviou o olhar do casal procurando algo pelo corredor e seus olhos brilharam em contentamento ao se deparar com o que procurava. -É preciso analisar as chapas e fazer alguns exames para tirar o grave da situação de seu irmão. 

Itachi respirou fundo enquanto contava até dez para não deixar seu nervosismo transbordar em xingamentos enquanto assistia com uma expressão descrente a doutora Goto beber água após dizer todas aquelas informações que lhe soavam preocupantes. Ele não conseguia acreditar que a mulher a sua frente, terminando de beber um copo de água, estava levando o trabalho a sério, suas ações desde que o chamou na recepção eram duvidosas, na visão do moreno.

—E pelo sedativo que aplicamos nele, é provável que Uchiha-san só desperte amanhã de manhã. Então teremos como fazer os exames que faltam e tirar o grave da situação dele, por ora ele passará uma noite na UTI em observação. – informou voltando ao tom profissional. –Mas não se preocupe, a cirurgia foi um sucesso. Ele está bem e logo se recuperará. – levou ambas as mãos para um ombro do casal. –Vocês têm que agradecer que ele não morreu, foi sorte do Uchiha-san não ter sofrido um traumatismo craniano ou algo com mais sangue. - disse séria encarando a Okada devagar e fazendo a mesma coisa com o Uchiha. –Vocês podem comprovar que ele está bem por aquela janela. – e direcionou um sorriso reconfortante ao casal apontando para o seu lado direito onde havia outro corredor.

—Obrigada doutora Goto. – agradeceu Namie e foi acompanhada por Itachi que lhe dirigiu um aceno de cabeça.

Quando o casal já estava na metade do corredor, passos apressados foram se aproximando da médica, que dava as últimas mordidas no pirulito.  

—Doutora, o doutro Nishi lhe pede ajuda em sua cirurgia. – informou uma voz feminina soando aflita. –Pelo o que me informaram, está sendo complicado. Por favor, ajude a salvá-la. – suplicou tomada pela emoção. 

Um estalo abafado foi ouvido pela mulher.

—Espero que tenha preparado um avental esterilizado. – disse após engolir o restante do doce e começar a andar em direção ao elevador ignorando o agradecimento da mulher que vinha logo atrás. Agora poderia se desfazer da máscara e se concentrar em sua maior preocupação, que de longe era seu mais novo paciente.

Em contrapartida, Itachi demonstrava surpresa ao visualizar o caçula que dormia por conta do sedativo. Estava pior do que havia imaginado quando Goto listou rapidamente os machucados do irmão. Além da lesão no pescoço que estava envolvido pelo colar cervical, a mão esquerda se encontrava coberta pelo gesso que se estendia até a metade do antebraço e só se via as pontas dos dedos de Sasuke, deduziu que havia quebrado a mão ou o pulso.

O ombro parecia estar em seu devido lugar, mas os pequenos curativos espalhados por todo o corpo dele, a máscara de oxigênio no rosto e os fios ligados a ele fizeram com que o mais velho percebesse que o estado do caçula era realmente grave e que não deveria ter acreditado nas palavras da médica.

—Pelo menos ele não está gritantemente pálido. – foi desperto pelo comentário da namorada.

—Sim, mas ainda está muito machucado.

—Fala isso só porque a doutora Goto não falou sobre a mão engessada?

Desviou o olhar para o rosto da Okada dando de ombros.

—Isso também, mas... – foi interrompido pelo abraço da namorada que apertava sua cintura em uma forma de consolo.

—Mas nada, Ita! Só torça para que Sasuke melhore logo. Essa cara assustada não combina com você. – e depositou um doce beijo na testa do namorado após ficar na ponta dos pés.

—Quando Tomoka resolver sofrer um acidente a gente conversa. – falou e rodou os braços em volta da cintura feminina.

E novamente sons de passos ecoaram pelo corredor. Despertando o casal que estava prestes a selar o momento com um beijo. Com os cenhos franzidos em frustração, permaneceram abraçados, mas com a atenção fixa na janela que mostrava Sasuke.

Se aproximando, vinham duas pessoas vestidas com o uniforme de enfermagem, uma mulher e um homem, os dois de expressões tristes, quase como se estivessem desamparados.

—A minha vontade de trabalhar foi embora, Sanada-senpai.

—Não diga isso Mori-san. A doutora Goto foi ajudar e lembre-se que Tsunade-sama convocou os melhores para a cirurgia. Ninguém vai deixa-la morrer. 

—Queria estar lá auxiliando, assim eu não sinto que não estou fazendo nada.

—Eu também, mas fomos escalados para o plantão da UTI, e pretendo me dedicar aqui para compensar.

A mulher soltou um suspiro.

—Só espero que dê tudo certo. A doutora Haruno é muito nova para morrer.

—Não fale uma coisa dessas Mori-san!

—Como não falar se nós sabemos que retirar uma bala que está perto do coração é arriscado e, que se pode esperar o pior?

—Neste momento não me faça agir como um profissional. – falou Sanada com pesar na voz. –Vou agir como uma pessoa normal e somente pensar positivo.

—Às vezes eu não queria ter tanto conhecimento assim, sabe. Parece que só traz coisas ruins. – apertou a prancheta contra o peito.

— A doutora é forte. – foi a única coisa que conseguiu processar.

—Mas fico pensando quem atirou nela.

—Disseram que ela foi vítima de bala perdida.

—Estranho, porque o bairro onde ela mora é um dos mais seguros de Konoha. Nunca ouvimos algum acidente como este vindo de lá.

Entretanto, o que não perceberam foi que conversaram abertamente sobre um caso perto de visitantes, que ouviram com atenção todo o diálogo dos dois enfermeiros.

Namie desviou o olhar para o namorado e ao visualizar o pavor brilhar nos olhos negros de Itachi, sua visão se embaçou.

—Me diz que é mentira. – pediu em um fio de voz escondendo o rosto a curvatura do pescoço do moreno. –Por favor. Me diz que não ouvimos isso. –apenas movimentou os lábios.

Sem pensar duas vezes, a envolveu em seus braços, apertando Namie com força, tentando digerir o que havia acabado de ouvir e, ao mesmo tempo pedindo aos deuses que a conversa ente os dois enfermeiros era um mal-entendido.  

Saber que o irmão caçula sofreu um acidente já era o bastante.  

~~*~~*~~*~~

Tinha a estranha sensação de que seu corpo foi pisoteado por uma manada de elefante e em seguida ter sido obrigado a encarar um lutador de judô, pois nem para abrir os olhos Sasuke tinha forças.

Ele não sabia por qual motivo sentia cada parte do corpo dolorido, os últimos acontecimentos que estavam vivos em sua cabeça não se encaixavam com seu atual estado. Lembrava-se perfeitamente de que passou a manhã inteira na casa de Shikamaru para felicitar os mais novos papais e tirar uma foto do bebê para mostrar à rosada, almoçou com Naruto e Hinata, a tarde foi visitar Akemi com um bicho de pelúcia e quando o céu se tingiu de alaranjado disparou para Konoha, ansioso para vê-la.

O que aconteceu depois, ele não conseguia lembrar. Forçou a mente para pegar alguma lembrança solta, mas nenhuma pista para sua impossibilidade de se mover ou despertar aparecia.

O que vinha a sua mente eram os momentos calorosos e com alto grau de intimidade que continuou tendo com a Haruno mesmo sabendo o quão errado era sua atitude. Tinha que se manter distante da rosada, porque depois das revelações, conversas e discussões que enfrentaram, precisavam de um tempo para organizar as ideias dentro de suas cabeças.

Esta atitude era o comum a ser tomada, mas a cabeça do Uchiha funcionava de maneira diferente; ele poderia fazer a mesma coisa de quando aceitou suas lembranças de um modo alternativo, mesclando o divertido com a necessidade e, ainda percebeu que dando um tempo à Haruno, estaria afastando-a de si.

E por mais que pareça que era ele que estava correndo atrás dela, e não o inverso, Sasuke aproveitou com deleite a reaproximação que aconteceu entre ele e Sakura. Mesmo que antes hesitou muito, chegando ao ponto de ficar implantado em frente à porta da rosada, decidindo se entrava – às escondidas – ou não, afinal encarar um clima pesado era desconfortável para ambos os lados, mas também ele não tinha a menor vontade de permanecer em sua casa, imaginando mil e uma suposições e alternativas.

Os curtos diálogos que tinham foram suficientes para despertar de transes em que a rosada entrava, dando a impressão de que estava em outro mundo e, com o mistério do quase casamento deles resolvido, os momentos íntimos haviam se tornado mais leves e livres de remorso ou mágoa.

Porém a única coisa que Sasuke não negava era o brilho de culpa que muitas vezes aparecia nos olhos de Sakura, deixando-o em alerta e para evitar que o clima tranquilo que os rondava fosse perturbado, distraia-a com apertos na cintura e beijos molhados no pescoço feminino.

Seu corpo relaxou por inteiro ao recordar-se que suas visitas transcorriam num ótimo ritmo, sem nenhum ressentimento. Mas, com a mesma velocidade em que a calmaria apareceu em Sasuke, ela se foi deixando agudas pontadas nas laterais da cabeça como presente.  

—A nossa relação é apenas sexo. Qual o problema nisso?

—O problema é que eu não quero mais esse tipo de relação. Não é porque namoramos no passado que você pode vir na minha casa e agir como antes, pois não é como antes.

—Cansei dessa brincadeira estúpida que estamos fazendo.

—Eu não sei o que deu em você, mas saiba que você estragou tudo como sempre.

—Só percebi que suas visitas estavam sendo desnecessárias.

E como um estalo de dedos, a mente do Uchiha se iluminou, o fazendo entender como havia chegado a seu atual estado; envolveu-se em um acidente de carro graças à chuva e seu ato impensado ao pisar com tudo no freio.

Havia saído da casa da Haruno com uma careta nada agradável, pois Sakura resolveu bancar a exigente, pegando-o de surpresa. Porém Sasuke entendia um pouco o lado dela, pois não se tratavam com hostilidade voltando a ser amigáveis com um extra entre eles e isso poderia ser comparado com o relacionamento intenso que tiveram anos atrás. E ao mesmo tempo em que entendia, se irritava pela atitude da rosada, afinal, nada seria como antes.

A reconquista de sua confiança seria difícil e namorar estava fora de cogitação – por enquanto -, porque não sabia o que sentia exatamente pela rosada, só tinha consciência de que não era o amor que ela o fez sentir com seu jeito único e muito menos o ódio que proclamou com tanta certeza quando a viu pela segunda vez em sua visita a Konoha.

As pontadas na cabeça cessaram e, assim o moreno conseguiu relaxar e deixar a inconsciência tomar conta de si.

~~*~~*~~*~~

—Naruto, é o Itachi. — um suspiro foi solto. —Aconteceu uma coisa séria, venha o mais rápido possível à Konoha. Mas tome cuidado, porque o Sasuke sofreu um acidente.

Apertou o volante mais ainda. O áudio, que o tirou da cama naquela madrugada, ia e vinha em sua cabeça. Os nós dos dedos já estavam brancos.

—Naruto-kun. – foi chamado em um sussurro preocupado.

—Está tudo bem, Hime. – disse também em um sussurro enquanto levava a mão direita em direção da noiva, depositando-a sobre a coxa da mesma, apertando levemente aquela região.

Voltou sua atenção à direção a tempo de ver a familiar placa que indicava o começo de Konoha. Naquele momento, a cidade não poderia ser considerada o paraíso da Terra, não para o Uzumaki que mal sabia o estado do amigo e nem por que bulhufas o mesmo estava fazendo ali antes do acidente.

—Algo me diz que isso tem a ver com a Sakura-chan. – a Hyuuga murmurou.

—Você pressente muita coisa, Hime. A rodovia que viemos liga tantas cidades à Tóquio, talvez o teme tenha ido a uma reunião em Yokohama* ou Yokosuka*.

—Em pleno sábado e voltar apenas à noite?

—Talvez foi algo de última hora e a reunião foi longa.

—Naruto-kun, tanto eu quanto você sabe que o Sasuke não tem nenhuma filial nessas duas cidades. Por que não admite que pensou a mesma coisa que eu?

Trocou a marcha do carro com um suspiro, derrotado. Estava obvio que pensou em Sakura no momento em que Itachi falou o que havia acontecido. Porém Naruto evitada relacionar os fatos para não chegar a uma conclusão um tanto quanto improvável.

—Esqueci de falar que Sasuke, assim como você, Neji, Shikamaru e Gaara, não trabalha aos sábados nem que houvesse um aumento obrigatório no salário. – completou com um sorriso presunçoso, fazendo o noivo relaxar os ombros e soltar uma sonora risada.

—Você venceu Hina-chan!  - e o toque de um celular avisando que havia chegado uma mensagem soou pelo carro. –Você pode ver para mim?

Sem responder, Hinata rapidamente pegou o celular no painel do carro.

—É de Itachi-san, diz aqui que Sasuke está internado no hospital geral da cidade.

—Ainda bem que ele mandou essa mensagem, porque foi só agora que me lembrei de que não sabia em qual hospital o teme está. Ele disse o endereço? – perguntou enquanto observava pelo canto de olho a noiva clicar freneticamente na tela do celular.

—Sim, e já mandei para o GPS do carro.

—Obrigado, Hime. – e apertou pela segunda vez a coxa feminina.

~~*~~*~~*~~

—Qual é o quarto do Sasuke? – perguntou abruptamente, assustando a mulher do outro lado do balcão. –Uchiha Sasuke está em qual quarto? – exigiu elevando a voz a uma oitava.

—Naruto-kun. – a morena o repreendeu com o rosto vermelho pela vergonha, pois se o noivo não se sentia assim por entrar no hospital barulhentamente, ela se sentiria.

—Ei você. Controle a voz, está em um hospital. – uma voz feminina soou, atraindo mais ainda a atenção das pessoas presentes na recepção.

—Eu só quero saber quarto que meu amigo está.

—A recepcionista informará quarto, mas abaixe a voz! – lançou um olhar bravo em direção do loiro.

—Então me diga logo qual é o quarto. – desviou o olhar para a recepcionista, exigindo.

—Nem amanheceu direito, então dá um tempo, Naruto!

E todos os olhares pousaram sobre o dono da voz. O Uzumaki e a Hyuuga tencionaram, involuntariamente, os ombros ao reconhecer a figura masculina parecida com o Uchiha acidentado.   

—Itachi. - o cumprimentou.

Em resposta, o moreno apenas moveu de leve a cabeça em uma mensagem muda para segui-lo e virou sobre os calcanhares. Sem pensar duas vezes, o loiro pegou a mão da noiva e começou a andar.

—Sinto muito. Ele não tinha intenção de causar uma cena como a de minuto atrás. Desculpe-nos. – pediu de cabeça baixa e apressou os passos para poder acompanhar o loiro.

Já dentro do elevador que os levaria para o terceiro andar, o clima tenso entre os três era palpável.

—O efeito do sedativo acabou pouco antes das quatro e meia e ele acordou as cinco e quinze, por enquanto está tudo bem. – Itachi cortou o silêncio. –Ele estava no UTI em observação, mas nem havia se passado dez minutos que tinha acordado e foi levado para o quarto. – contou e puxou o celular do bolso. –Faz uma hora que Sasuke foi levado para o quarto. – e guardou o aparelho ao mesmo tempo em que o som agudo soava avisando que estavam no andar desejado.

No corredor, apenas os passos dos três produziam barulho. O casal não se atrevia a quebrar o silêncio, pois temiam a maneira que o Uchiha poderia responder. O cenho franzido em irritação e as mãos nos bolsos, que provavelmente estavam fechadas em punho, e a mandíbula cerrada gritavam que Itachi estava a ponto de explodir.

Será que Sasuke está correndo algum risco?— perguntava-se mentalmente ao observar o estado do irmão mais velho do amigo.

—Ita. – novamente uma voz feminina soou pelo corredor, chamando a atenção dos três presentes.

A mulher encostada na parede, ao lado de uma porta de número 237, foi o foco dos olhos azuis e perolados, principalmente por ter o cabelo estranhamente branco.  

—Não demorei nem dez minutos. Namie. – contrapôs Itachi estendendo a mão em direção da namorada que a pegou sem rodeios. -Esses são Uzumaki Naruto e Hyuuga Hinata. Esta é minha namorada.

—Muito prazer. – responde a morena educadamente.

—Digo o mesmo Hyuuga-san, mas acho que não temos tempos para formalidades. - sorriu fracamente para em seguida desviar o olhar para o namorado, encarando-o impaciente.

—Tem razão. – concordou enquanto abraçava a namorada. –O Sasuke está neste quarto. – indicou com o queixo a porta de número 237. -Podem entrar, nós já conversamos com ele.

—Ele está bem? – não aguentou a curiosidade e a preocupação que o incomodavam há minutos.

—Tirando um pulso quebrado, uma distensão muscular no pescoço e algumas costelas quebradas, Sasuke aparenta estar bem. As nove ele vai fazer uns exames, porque ele bateu a cabeça, então não estranhe se a testa dele tiver um galo e ele mal-humorado. – sentiu sua mão ser apertada, o que o fez encarar os olhos cor de mel da namorada. –Se acalma, anjo. Voltamos à tarde para vê-lo. – falou a última parte olhando o casal.

—Até mais. – falou Namie já de costas andando em direção ao elevador.

~~*~~*~~*~~

A sala da diretoria do hospital geral de Konoha estava cheia em quantidade de pessoas e em sentimentos. Dentre as pessoas estavam Namie e Itachi que já tinham noção do porquê de estarem ali, sentados nas cadeiras estofadas de frente para Tsunade com uma fila de médicos atrás dela.

—Por favor, Tsunade, fale logo. – o Uchiha pediu tencionando os ombros ao assistir a diretora engolir em seco.

—É sobre Sakura. – disse após reunir um pouco de coragem. 

—Então é verdade. – balbuciou Namie de cabeça baixa.

—Como assim?

—Nós ouvimos a conversa entre dois enfermeiros sem querer na ala da UTI quando fomos ver o meu irmão. – explicou. –Mas não queríamos acreditar, porque existem muitas pessoas com o nome Sakura. Porém se estamos aqui é por que...

—Haruno Sakura foi baleada na última noite. – interrompeu Tsunade. -A bala se alojou perto do coração, mas felizmente conseguimos retira-la, mesmo assim Sakura corre risco de vida.

—Por quê?

—Porque ela bateu a cabeça e não sabemos se o cérebro sofreu algum dano. – o médico, que aparentava ser o mais velho, respondeu. -Está com cinco pontos. – completou. Nishi Gakuto era seu nome.  

—Até que ela acorde, não sabemos se realmente está tudo bem. – a conhecida voz de Goto Chizuru soou.

—E quando a anestesia acaba? Podemos vê-la? – questionou Namie sentindo o coração bater cada vez mais rápido.

E os batimentos cardíacos se intensificaram quando visualizou a expressão facial dos presentes ficar mais séria ou até mesmo mudar para uma careta de apreensão.

—Até o começo da manhã, a anestesia perderá seu efeito. Porém não temos a certeza se ela acordará. – respondeu Nishi.

—Está dizendo que a Sakura vai morrer? – a Okada se exaltou. –Só podem estar brincando, vocês acabaram de nos dizer que removeram a bala.

Tsunade lançou um olhar repreendedor à Namie.

—Sakura tem mais chances de entrar em coma do que morrer. Foi por isso que os chamei aqui, são as pessoas mais próximas que ela tem no momento e poderão entrar em contato com os pais dela.


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Notas finais do capítulo

Yokohama e Yokosuka são cidades japonesas que são próximas de Tóquio.
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Aiaiai' Sasuke todo machucado e a Sakura em coma?? '0' E olha que só é o primeiro capítulo da 3ª fase... Alguma ideia de onde isso vai dar??
Vou adiantar que algumas coisas serão reveladas...
E deixo uma pergunta a vocês: o que vai acontecer com o casal NaruHina na fic?
(a) Nada de chocante.
(b) Apenas o casamento e os momentos felizes, porque eles já sofreram no começo da história.
(c) Algo de chocante, tipo: romper o noivado
Enfim, espero que tenham gostado!! Beijos e até daqui a pouco com o capítulo 34... ;D



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